SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.27 número3Ver como um routier: borderscapes entre o Sul da Europa e a África Ocidental índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Etnográfica

versão impressa ISSN 0873-6561

Etnográfica vol.27 no.3 Lisboa dez. 2023  Epub 08-Jan-2024

https://doi.org/10.4000/etnografica.14459 

Introdução

Agora

1 UTAD, UMinho, CRIA, Portugal, humbmsm@yahoo.com,


Inauguramos, com a publicação do terceiro número do volume 27 da Etnográfica, o novo website da Revista. O Agora (no duplo sentido de significação do tempo presente, do que está a acontecer, e como lugar público figurado de reunião e encontro) apresenta-se como um novo espaço de comunicação da Revista com dois objectivos simples: expandir criativamente as possibilidades de comunicar, alargando o espaço de recepção do conhecimento em, sobre e desde a antropologia. Apresentamo-lo simultaneamente como “uma ante, extra, exa e pós-Revista”; uma proposta editorial que é um desafio para editores, autores, revisores e leitores, porque arriscamos em novas modalidades de representação e de produção de conhecimento que desafiam os limites da convenção académica e científica. “Pisamos o risco”, com o propósito, que assumimos declaradamente, de ter uma Revista inclusiva, criativa, capaz de se pensar no universo do digital e de novos espaços de comunicação, que exigem, por exemplo, múltiplas temporalidades de escrita, de fala e de representação e tarefas de curadoria por parte dos diferentes editores das secções. Mas a criação do site constitui igualmente um desafio em termos de recepção criativa e participativa, apelando a formas de interactividade permanente e dinâmica com leitores e espectadores.

O Agora, apostando num diálogo profícuo com o espaço regular da Etnográfica, oferece conteúdos exclusivos, que não só recuperam e reconfiguram secções já existentes, como é o caso das entrevistas (agora em formatos audiovisuais), como dão corpo, para já, a seis novas secções, “Antropologia Urgente”, “Dos Arquivos”, “Lado B”, “Notas de Campo”, “Corte”, “O Livro e os Seus Críticos” (estas duas últimas com igual presença futura na Revista). As diferentes secções são apresentadas nos seus âmbitos editoriais e formatos nos respectivos espaços do website, pelo que importa salientar neste momento, sobretudo, o que me parece ser uma linha editorial que queremos afirmar - um projecto que possa alargar o universo das autorias, dos formatos de produção e dos espaços de comunicação e partilha. E, neste sentido, destaco a criação de uma outra nova secção - “Multimodal” -, que inicia, com este número, o seu espaço editorial regular e que, à semelhança do “Corte” e do “Livro e os Seus Críticos”, apresentará uma versão no Agora. Esta é uma proposta editorial há muito desejada, pois definimos como uma das nossas e novas ambições a disponibilização de modalidades de representação que extravasem o texto escrito e possam oferecer soluções criativas na combinação de formatos vários em termos do uso do som e da imagem, explorando possibilidades em termos da não-linearidade, formas hápticas de conhecimento, multi-dimensionalidade, entre outras.

Muito em breve outras secções, já em produção, aparecerão no Agora: “Atalhos”, “Arte e Antropologia”, “Found in Translation”, “Notas Rápidas” e “Para Pensar”, com outras criações a ser imaginadas com recurso ao digital - como a produção regular de um podcast - que a seu tempo serão anunciadas. Como se vê, não é pouco o trabalho nem pequeno o desafio neste projecto colectivo ligado à antropologia desde Portugal, mas aberta ao mundo e a diálogos transdisciplinares.

Recupero, com toda a propriedade neste momento, parte do último parágrafo do editorial que inaugurou a Revista em 1997:1 “[A Etnográfica] é um contributo necessário à afirmação da antropologia portuguesa como uma disciplina com capacidade de gerar espaços alargados de debate no seu interior e fora de si própria. Mas também sabemos que o triunfo deste projecto depende em última análise da capacidade de resposta e envolvimento de todos os que - como nós - partilham a convicção de que ele vale a pena. A Etnográfica será, nessa exacta medida, não apenas aquilo que a sua Comissão Editorial fizer dela, mas também e sobretudo aquilo que os seus colaboradores e leitores quiserem fazer dela”. O desafio mantém-se passados 26 anos, e não é menos crucial para a sobrevivência da Etnográfica e, agora, do Agora.

Esperamos que gostem do novo website e que usufruam das novas secções e das propostas apresentadas, com o sentido claro de que a Etnográfica é hoje um projecto editorial consolidado nas ciências sociais e que a responsabilidade que advém da sua criação - a de assegurar a representação cuidada da condição humana na sua diversidade (e relacionalidades existenciais com tudo o resto) - jamais poderá ser abandonada. Sugeri, no editorial que assinei em Outubro de 2021 2 quando a nova comissão editorial assumiu funções, que “a vida é feita e vivida desigualmente, assim como são os acessos e as possibilidades de dizê-lo, contá-lo e conhecê-lo […] [cabendo à] Etnográfica uma responsabilidade editorial e política no âmbito do que poderíamos designar por diversidade epistemológica”. A criação do site representa um pequeno passo nessa direcção.

Humberto Martins escreve segundo o antigo acordo ortográfico

*

With the publishing of Etnográfica’s issue 27 (3), we launch the Journal’s new website. Agora (in the double sense of meaning of the present time, of what is happening, and as a figurative public place of meeting and gathering) offers itself as a new communication space for the Journal with two simple objectives: to creatively increase the possibilities of communicating, expanding the space for receiving knowledge in, about and from anthropology. We present it simultaneously as “an ante, extra, exa and post-Journal”; an editorial proposal that is a challenge for editors, authors, reviewers and readers, because we risk new modalities of representation and production of knowledge that challenge the limits of academic and scientific convention. We “cross the line”, with the purpose, which we openly assume, of having an inclusive, creative Journal, capable of thinking in the digital universe and new spaces of communication which require, for example, multiple temporalities of writing, speaking, representation and curation tasks by the different section editors. But the creation of the website also constitutes a challenge in terms of creative and participatory reception, calling for forms of permanent and dynamic interactivity with readers and viewers.

Based on a fruitful dialogue with Etnográfica’s regular space, Agora offers exclusive content, which not only recovers and reconfigures already existing sections, such as interviews (now in audiovisual formats), but also gives shape to six new sections: “Urgent Anthropology”, “From the Archives”, “Side B”, “Field Notes”, “The Cut”, “The Book and Its Critics” (the latter two with equal future presence in the Journal). These different sections are presented in their editorial scopes and formats in their respective spaces of the website, so it is important to highlight at this moment, above all, what seems to be an editorial policy that we want to state - a project that can expand the universe of authorship, of production formats, and of communication and sharing spaces. And in this sense, I highlight the creation of another new section - “Multimodal” -, which begins with this issue its regular editorial space and which, like “The Cut” and “The Book and Its Critics”, will have its version in Agora. This is an editorial proposal that has long been desired, as we define as one of our new ambitions the provision of representation modalities that go beyond the written text and can offer creative solutions in the combination of various formats regarding the use of sound and image, exploring possibilities in terms of non-linearity, haptic forms of knowledge, multi-dimensionality, among others.

Very soon other sections, already in production, will appear in Agora: “Shortcuts”, “Art and Anthropology”, “Found in Translation”, “Quick Notes” and “To Think About”, with other creations to be imagined using digital means - such as the regular production of a podcast - which will be announced in due course. As you can see, there is no easy feat nor a small challenge in this collective project linked to anthropology from Portugal, but open to the world and transdisciplinary dialogues.

Reinstating part of the last paragraph of the editorial that inaugurated the Journal in 1997:3 “[Etnográfica] is a necessary contribution to the affirmation of Portuguese anthropology as a discipline with the capacity to generate broad spaces for debate within it and outside of itself. But we also know that the successful outcome of this project ultimately depends on the responsiveness and involvement of all those who - like us - share the conviction that it is worthwhile. Etnográfica will be, to that exact extent, not only what its editorial board makes of it, but also and above all what its collaborators and readers want to make of the Journal”. The challenge remains after 26 years, and is no less crucial for the survival of Etnográfica and, as of now, Agora.

We hope you enjoy the new website and enjoy the new sections and proposals presented, with the clear sense that Etnográfica is nowadays a consolidated editorial project in social sciences and that the responsibility that comes from its creation - i.e., to ensure careful representation of the human condition in its diversity (and existential relationalities with everything else) - can never be abandoned. In the editorial that I signed in October 2021 when the new editorial committee took on their duties,4 I suggested that “life is made and lived unequally, as are the accesses and possibilities of saying, telling and knowing it […] [Etnográfica has an] editorial and political responsibility within the scope of what we could call epistemological diversity”. The creation of the website represents, in this sense, a small step in that direction.

Humberto Martins

Referências

Comissão Editiorial (1997), “Editorial”,Etnográfica (1) 1, http://journals.openedition.org/etnografica/2638, DOI: 10.4000/etnografica.2638. [ Links ]

Martins,Humberto (2021), “Pelo prazer da Antropologia, do Conhecimento e da Leitura”,Etnográfica, 25 (3), http://journals.openedition.org/etnografica/10578; DOI: 10.4000/etnografica.10578. [ Links ]

1 Disponível em https://journals.openedition.org/etnografica/2638.

2Disponível em https://journals.openedition.org/etnografica/10578.

3Available at https://journals.openedition.org/etnografica/2638.

4Available at https://journals.openedition.org/etnografica/10578.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons