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Revista de Enfermagem Referência
versão impressa ISSN 0874-0283
Rev. Enf. Ref. vol.serIV no.13 Coimbra jun. 2017
EDITORIAL
Editorial
Alacoque Lorenzini Erdmann*
* Vice-Reitora da Universidade Federal de Santa Catarina, Professora titular e coordenadora do GEPA-DES_UFSC, Pesquisadora 1 A - CNPp.
Os desafios da enfermagem rumo à ciência e tecnologia mais avançada!
A evolução humana desafia-nos continuamente com novas situações ou condições nos modos de viver e sentido da vida humana, o que implica a procura de novos domínios de conhecimentos científicos e tecnologias que promovam a construção do melhor viver.
Afinal, como viver melhor garantindo saúde e qualidade de vida, valorizando a nossa presença e existência como ser vivo e cidadão deste planeta? Como monitorizar as nossas funções vitais orgânicas e sociais para um viver mais saudável, como pessoa e coletivo?
Os campos de conhecimentos e as suas respetivas configurações sinalizam políticas para avanços nas diversas áreas, motivadas pela consciência da necessidade de agir diante destes desafios sobre o viver humano. A inteligência humana é um tributo inestimável do ser humano. Ela aporta-nos sabedoria e sentido para a vida!
Quais são os domínios de conhecimento e tecnologias necessários para subsidiar e avançar mais nos nossos modos de viver e na valorização e respeito para com a vida humana? Quem são os responsáveis por essa construção? Qual é o sentido ou valor da vida do outro, da vida de todos nós, do coletivo ou da sociedade?
A enfermagem como ciência, arte e tecnologia ou disciplina própria e como profissão social, voltada para a saúde humana, possui potenciais de domínios que podem contribuir com novos olhares sobre a realidade e novas formas de ser e atuar que promovam o melhor viver humano.
O avanço científico e tecnológico reorganiza a vida humana na sociedade. Abre possibilidades e oportunidades para novos modos de vida.
As nossas bases científicas e tecnológicas ancoram-se na produção de boas práticas de relações, interações e associações, centradas na construção da civilidade humana, na vida mais digna e cidadã, no viver mais saudável e mais seguro perante as possibilidades de riscos, no aportar melhor qualidade de vida aos cidadãos em condições ou situações de menos saúde ou estado de enfermidade mais aguda.
As tecnologias, aplicação dos conhecimentos e saberes produzidos, são propulsores de melhor fazer para o viver e ter melhores condições ou situações de vida. Estas tecnologias do ser e fazer da enfermagem são peculiares, complexas e envolvem, especialmente, aspetos subjetivos e intersubjetivos relacionais e interativos de sensibilidade, emoção e habilidades, além do raciocínio clínico e de instrumentais para interagir com a integridade do ser biológico, social e espiritual em dimensões diversas de necessidades e possibilidades.
A atenção à saúde no campo interdisciplinar vem compondo novos protocolos de intervenção clínica ou de diagnóstico e tratamento de saúde às pessoas, os quais são altamente resolutivos e revolucionários, especialmente no campo da nanotecnologia, de materiais e de equipamentos sofisticados.
Portanto, os desafios da enfermagem estão em acelerar os avanços científicos e a geração de novas tecnologias, acompanhando a evolução das demais áreas de conhecimentos, cientes de que o cuidado clínico de enfermagem e as suas ações de promoção e recuperação da saúde podem e já vêm trazendo soluções mais ágeis, abrangentes e eficazes na melhoria da qualidade de vida e valorização do viver humano.
O nosso objeto de conhecimento e do fazer profissional é o cuidado humano. O cuidado para com a vida e saúde, para com o viver a vida e o sentido desse viver... para com a saúde no seu processo de viver!
O cuidado é um tributo à vida e ao viver melhor. E, a saúde é um bem social a ser preservado, respeitado e valorizado. O cuidar da vida de cada cidadão é de competência e responsabilidade mútua de si mesmo, das pessoas de vínculo e do coletivo: cuidar de si, do outro e do nós, em condições de maior ou menor autonomia. E é nos limites dessa autonomia, quer para potencializá-la ou quer para supri-la, que nós profissionais de enfermagem temos muito para ser e fazer pelo e para a melhor saúde e o melhor viver do outro e por nós mesmos.
Precisamos avançar nestas competências e corresponsabilidades para vivermos mais seguros, mais saudáveis e mais felizes... e ocupar os espaços políticos, sóciocríticos e de domínio de conhecimentos e saberes da nossa disciplina e profissão na sociedade.
Nós, enfermeiros e cidadãos, temos a possibilidade de contribuir para avanços de conhecimentos no cuidado à saúde com atitudes que podem ser alimentadas por informações pertinentes e importantes e de acesso a todos.
Os sistemas de informacionais, comunicacionais e computacionais propiciam a socialização dos conhecimentos. E, os nossos periódicos de natureza científica são os reservatórios mais apropriados de artigos para serem acessados através das suas bases de indexação.
Destacamos aqui, muito em especial, a Revista de Enfermagem Referência, editada em Portugal, cuja qualidade já alcançada, acumula volume significativo e expressivo de conhecimentos de enfermagem e saúde, disponibilizados nos sistemas de informação em bases de dados relevantes e acessível em política de Open Acess.
Os artigos publicados neste número 13 trazem conteúdos atuais, relevantes e contributivos para as bases teóricas e tecnológicas e ações específicas de enfermagem e saúde em diferentes aspetos, contextos e países, quais sejam: enfermagem e a vacinação em Portugal; medicina chinesa nos cuidados de saúde em Macau; estado da arte da implementação da metodologia de cuidado Humanitude em Portugal; promoção da saúde do idoso; pessoa submetida a transplante de fígado; presença de familiares na reanimação; identificação por pulseira do paciente em terapia intensiva; adaptação transcultural do Bonn Palliative Care Knowledge Test; sistema de triagem de Manchester e acidente vascular cerebral; escala de observação do risco de lesão da pele em neonatos; vivências e necessidades dos pais no internamento do filho adolescente com comportamento autolesivo; eficácia de consultas realizadas por enfermeiros em pessoas com artrite reumatoide; biotecnologias, revolução digital e conhecimento estético em enfermagem; pensamento crítico dos estudantes de enfermagem em ensino clínico; e, impacto de um programa de intervenção educativa nos comportamentos sexuais de jovens universitários.
Estes conhecimentos de enfermagem e saúde podem subsidiar novas formas de pensar e novas práticas de cuidar, abrindo caminhos ou dando lugar a experiências de cuidados que consolidem e fortaleçam a nossa profissão como ciência de enfermagem e as suas interfaces com as ciências da área da saúde, bem como, que potencializem os nossos cidadãos com conhecimentos sobre o cuidado da sua saúde e da sua vivência.
Sejamos determinados na procura de respostas às questões formuladas e também confiantes diante dos desafios complexos, abrangentes, singulares e acima de tudo, nobres e vitais! A ciência da enfermagem é vital para o desenvolvimento humano e pode sustentar e acelerar a evolução de tecnologias mais avançadas para o cuidado de enfermagem! Os potenciais intelectuais de enfermeiros cientistas e pensadores estão presentes na geração de conhecimentos e ações nos diversos contextos da saúde e vida de nossa sociedade.
Nursing challenges towards a more advanced science and technology!
Human evolution is constantly challenging our lifestyles and meanings of life with new challenges, situations, and conditions that make us search for new fields of scientific knowledge and technologies that improve our quality of life.
After all, how can we lead a better and healthier life and appreciate our presence and existence as a human being and a world citizen? How can we monitor our organic and social vital functions to enjoy a healthier life, both at the individual and collective level?
The fields of knowledge and corresponding frameworks guide policies for advances in multiple areas, driven by an awareness of the need to act and face these challenges to human life. Intelligence is an invaluable trait of the human being, giving wisdom and meaning to life!
Which domains of knowledge and technologies do we need to sustain and advance our modes of living and increase the value and respect for human life? Who is responsible for creating them? What is the meaning or value of the life of others, the lives of all of us, the collective or society?
Nursing as a science, art, technology, discipline, and social profession, focused on human health, has the potential to contribute with new perspectives about reality and new ways of being and intervening to promote better conditions for human living.
Scientific and technological advances reorganize human life in society. They open up possibilities and opportunities for new ways of life.
Our scientific and technological foundations are based on the production of best practices for relationships, interactions, and associations focused on building the human civilization, a more dignified and citizenship-based life, a healthier and safer life when faced with risks, and a better quality of life for unwell or acutely ill citizens.
Technologies, as the product of knowledge application, trigger interventions to improve life conditions or situations. These technologies related to different ways of being and doing things in Nursing are peculiar and complex, and involve particularly subjective and intersubjective, relational and interactive aspects of sensitivity, emotion, and skills, in addition to clinical reasoning and instrumental skills to interact with the biological, social, and spiritual being as a whole in its various dimensions of needs and possibilities.
In the interdisciplinary health field, new protocols have been developed for clinical intervention or diagnosis and treatment, which are highly effective and revolutionary, namely in the field of nanotechnology, materials, and sophisticated equipment.
Therefore, nursing challenges are the acceleration of progress and the creation of new technologies by keeping up with other areas of knowledge and being aware of the fact that clinical nurses and their health promotion and recovery interventions can develop, and have already developed, more responsive, comprehensive, and effective solutions for improving the quality of life and promoting human life.
Human care is the object of our knowledge and professional intervention - caring for life and health, for the experience and meaning of life itself... for a healthy life!
Care is a tribute to life and living better, and health is a social asset that must be preserved, respected, and valued. Each citizen is responsible for caring about his/her life, the life of their beloved ones, and the collective: caring for oneself, the other, and the “we” under conditions of greater or lesser autonomy. And it is within the limits of this autonomy, whether to maximize or repress it, that we - nursing professionals – should use our behavioral and technical skills to improve our health and quality of life and that of others.
We must enhance these skills and co-responsibilities to live a safer, healthier, and happier life... and occupy political and sociocritical positions in the field of expertise and knowledge in nursing as a discipline and profession within society.
We - as nurses and citizens - have the opportunity to contribute to advance knowledge in health care with attitudes that can be driven by relevant and important information that should be available to everyone.
Information, communication, and technology systems promote the socialization of knowledge and our scientific journals are the most adequate reservoirs of articles to be accessed through index databases.
The Journal of Nursing Referência a high quality journal published in Portugal, currently holds a significant volume of knowledge in nursing and health that is available in relevant databases and accessible in open-access format.
The articles published in this 13th issue analyze contemporary and relevant topics that contribute to nursing and health theoretical and technological foundations and interventions in different aspects, contexts, and countries, namely: nursing and vaccination in Portugal; Chinese medicine in healthcare in Macau; state-of-the-art of the implementation of the Humanitude care methodology in Portugal; elderly health promotion; liver transplant recipients; presence of family members in resuscitation situations; identification of intensive care patients using wristbands; cross-cultural adaptation of the Bonn Palliative Care Knowledge Test; Manchester triage system and stroke; observation scale of skin injury risk in neonates; experiences and needs of parents of adolescents with self-harm behaviors during hospitalization; effectiveness of nursing consultations in people with rheumatoid arthritis; biotechnologies, digital revolution, and aesthetic knowledge in nursing; critical thinking of nursing students in clinical training; and impact of an education intervention program on university students' sexual behaviors.
This body of knowledge in nursing and health can provide new ways of thinking and new care practices, opening pathways and generating care experiences that consolidate and strengthen our profession as nursing science and its interfaces with health-related sciences, as well as experiences that provide our citizens with knowledge about how to care for their own health and ways of life.
Let us be determined in our search for answers to questions raised and confident when facing complex, comprehensive, unique, and, above all, noble, and crucial challenges! Nursing science is vital for human development and can sustain and accelerate the development of more advanced technologies for nursing care! Nurse scientists and thinkers' intellectual potential is evident in the production of knowledge and interventions in the multiple health and life contexts of our society.