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Psicologia

Print version ISSN 0874-2049

Psicologia vol.17 no.2 Lisboa July 2003

https://doi.org/10.17575/rpsicol.v17i2.459 

Qualidade da vinculação à mãe e à educadora1

Quality of attachment towards mother and teacher

 

Manuela Veríssimo*; Ilidia Duarte**; Lígia Monteiro***; António J. Santos****; Alda Meneses*****

*Professora associada, ISPA, Lisboa, unidade de investigação em psicologia cognitiva do desenvolvimento e da educação;

**Discente do mestrado de psicologia Educacional, ISPA, Lisboa; unidade de investigação em psicologia cognitiva do desenvolvimento e da educação

***Doutoranda; unidade de investigação em psicologia cognitiva do desenvolvimento e da educação, ISPA

****Professor Associado, ISPA, Lisboa, unidade de investigação em psicologia cognitiva do desenvolvimento e da educação;

*****Discente do mestrado de psicologia educacional, ISPA, Lisboa; unidade de investigação em psicologia cognitiva do desenvolvimento e da educação.

 


RESUMO

Embora, desde o início da formulação da teoria da vinculação com Bowlby e Ainsworth, se tenha reconhecido a existência de figuras alternativas de vinculação, a maioria das investigações realizadas têm-se centrado na relação de vinculação entre a criança e a figura de vinculação privilegiada: a mãe. A inclusão de diferentes pessoas que regularmente cuidam e interagem com a criança, nomeadamente a educadora, no estudo das relações de vinculação, veio, segundo Howes, Hamilton e Philipsen (1998), colocar novas questões de carácter teórico e empírico na investigação da vinculação. Este estudo procura comparar a qualidade da vinculação à mãe e à educadora no sentido de melhor clarificar a organização das várias representações das relações de vinculação no modelo interno dinâmico da criança. Participaram neste estudo 50 díades, mãe-criança e educadora-criança. Assinalou-se uma média de idades de aproximadamente 41 meses para as crianças, 32 anos para as mães e 42 anos para as educadoras de infância. Foi aplicado às mães e às educadoras de infância o questionário Attachment Q-Sort (Vaughn &Waters, 1990). Através da análise de clusters, e com base nas descrições das mães, foram identificados três grupos: grupo 1 (seguro e independente), grupo 2 (inseguro e dependente) e grupo 3 (inseguro e independente). As educadoras distinguem as crianças apenas com base no critério da segurança e na escala de "interacção suave", e consideram que as crianças que mais interagem com elas são as que apresentam maior segurança na relação. Este estudo reafirma a qualidade da vinculação como uma característica da relação e não da criança. Ou seja, não existem crianças seguras ou inseguras, mas crianças com relações seguras ou inseguras com determinadas figuras.

Palavras-chave Vinculação, figuras alternativas de vinculação, modelo interno dinâmico.


ABSTRACT

Even if in recent research, the monotropic model of attachment is contested, most part of the studies on the area still focus on mother-child relation. The inclusion of different partners, namely the father or the preschool teacher brought new theoretical and empirical questions to the study of attachment (Howes, Hamilton, & Philipsen, 1998). The present study attempts to compare the quality of the attachment to the mother and teacher, in order to better clarify the organization of the different relations at the level of the internal models of the child. The participants were 50 mother-child dyads and 50 teacher-child dyads from Lisbon, Portugal. Children mean age level was 41 months, 27 girls, and 23 boys. Mothers' age ranged from 21 to 42 years (M=32,26, SD=4,34), teachers mean age was 42 years old. Children spend in average 6,80 hours in school. All the families were from middle class for Portuguese standards. Mothers and teachers were asked to complete the Attachment Q-Sort (Vaughn, & Waters, 1990). Cluster analyses of obtained Q profiles revealed three distinct types of attachment relationships, group 1 (secure, independent), group 2 (insecure, dependent) and group 3 (insecure, independent). Teachers consider the security score the most relevant to describe the children. Results were not conclusive at the level of agreement between mothers and teachers. This study stresses the idea that attachment is a relational construct depending on the characteristics of both partners.


 

Introdução

Com o aumento crescente, que se tem verificado desde o início do século XX, do número de mulheres que trabalham fora de casa, a configuração tradicional da família alterou-se. A antiga imagem da mãe como educadora e do pai como suporte financeiro da casa modificou-se, para passarem ambos a trabalhar fora, assumindo essencialmente as educadoras, no espaço da creche/jardim de infância, o papel de cuidar da criança, durante um grande período do dia. Assim, actualmente a criança adquire pelo menos uma outra pessoa significativa que lhe presta cuidados fora do âmbito familiar, tendo, por outro lado, de enfrentar separações diárias da mãe e de se adaptar a um novo contexto. Esta alteração na dinâmica familiar veio proporcionar um novo desafio à teoria da vinculação. Surgem, assim, questões relativas ao modo como a criança desenvolve a relação de vinculação com a mãe e com a educadora e quais os seus possíveis efeitos no desenvolvimento da criança (Howes, Rodning, Galluzo & Myers, 1990).

Embora Bowlby tenha reconhecido a existência de figuras alternativas de vinculação, a maioria das investigações realizadas têm-se centrado na relação de vinculação entre a criança e a figura de vinculação privilegiada — a mãe —, sendo os instrumentos de avaliação desta relação, nomeadamente, o procedimento da situação estranha e o attachment behavior Q-Sort, validados para a mesma. Contudo, nos últimos anos, vários estudos têm sido realizados com vista a analisar as relações estabelecidas pela criança com as pessoas que dela cuidam fora do âmbito familiar (Goossens & Van Ijzendoorn, 1990; Howes & Hamilton, 1992a, Howes, Phillips & Whitebrook, 1992; Sagi, Ijzendoorn, Aviezer, Donnell, Koren-Karie, Joels, & Harel, 1995).

Para Howes (1999), o estudo da vinculação no contexto de diversas figuras de vinculação, implica que se tenha em consideração a organização das várias representações das relações de vinculação, no modelo interno dinâmico da criança. Diferentes modelos de organização das relações de vinculação no modelo interno dinâmico da criança foram sugeridos, a referir: o modelo monotrópico, o modelo hierárquico, o modelo de organização integrativa e o modelo de organização independente (Howes, 1999; Van Ijzendoorn, Sagi & Lambermoon, 1992).

O modelo de monotropia implica que existe uma única figura de vinculação, normalmente a mãe. Relativamente ao modelo hierárquico, Bretherton (1985) considera que as representações das vinculações estão organizadas de um modo hierárquico, em que a representação da figura de vinculação mais importante, usualmente a mãe, é a mais influente para a criança. Assim, a segurança de vinculação da criança à mãe influencia as relações que a criança estabelece com outras figuras, podendo-se esperar que as diferentes relações de vinculação sejam concordantes com a vinculação à figura materna.

O terceiro modelo, o de organização integrativa, sugere que as crianças integram todas as suas relações de vinculação (Van Ijzendoorn et al., 1992). Não há qualquer suposição de que uma relação de vinculação seja mais influente do que outra, sendo dado igual peso a todas as relações. Duas relações de vinculação seguras são assumidas como sendo mais poderosas na previsão de um desenvolvimento mais harmonioso, do que uma relação segura e outra insegura. Neste modelo não há previsão de que diferentes tipos de vinculação sejam concordantes. Contudo, Howes (1999) salienta que a literatura existente sobre a organização integrativa de diferentes relações de vinculação, no modelo interno dinâmico, não inclui a discussão do processo pelo qual a criança integra estas múltiplas representações.

Por fim, o quarto modelo, o de organização independente, considera que cada vinculação é independente, tanto em qualidade como na sua influência no desenvolvimento da criança. De acordo com este modelo, as representações de diferentes relações de vinculação têm influências diferentes em diversas áreas do desenvolvimento. Assim, por exemplo, a representação da relação de vinculação criança-pai pode influenciar os afectos negativos ou a tensão no conflito interpessoal, enquanto que, de um modo geral, a qualidade da vinculação mãe-criança influencia o desenvolvimento emocional (Sroufe, 1988). Este modelo pode ser testado através da análise da relação entre a segurança da vinculação da criança com várias figuras e o seu comportamento em diferentes áreas do desenvolvimento. Na perspectiva de Howes (1999), este processo funcionará melhor quando existir uma teoria que descreva o porquê de diferentes figuras de vinculação serem mais ou menos influentes num determinado domínio do desenvolvimento.

De acordo com Howes (1999), há que analisar dois tipos de investigações de modo a encontrar suporte empírico para os modelos anteriormente referidos. O primeiro refere-se à análise da concordância ou não da qualidade das relações de vinculação. O segundo analisa a previsibilidade do desenvolvimento das crianças a partir da qualidade de vinculação com diferentes figuras.

Relativamente ao primeiro grupo de estudos, a maioria das investigações têm-se centrado na comparação da segurança de vinculação da criança à mãe e ao pai. Fox e Kimmerly (1991) referem que a qualidade de vinculação da criança ao pai e à mãe não é independente, talvez pelo espaço, os valores e os comportamentos serem partilhados por ambos, na educação do filho. Contrariamente, em estudos que analisam a vinculação das crianças à mãe e à educadora não se encontra concordância entre a qualidade de vinculação a estas duas figuras (Goossens & Van Ijzendoorn, 1990; Howes & Hamilton, 1992b).

No segundo grupo de estudos, salientam-se os que analisam a segurança de vinculação da criança à mãe e ao pai, como prevendo a competência das crianças. Main, Kaplan e Cassidy (1985) e Volling e Belsky (1993) referem que a vinculação segura da criança à mãe é mais influente do que as outras. Estes estudos suportam, assim, o modelo hierárquico. Contudo, os resultados de estudos que analisam as consequências da qualidade da vinculação da criança com a educadora e com a mãe, vão ao encontro dos modelos integrativo e independente (Howes, 1999). Howes, Matheson e Hamilton (1994) demonstraram que a vinculação da criança à educadora prevê melhor, do que a vinculação da criança à mãe, a competência social da criança com os seus pares. Também Oppenheim, Sagi e Lamb (1988) não encontraram relação entre a qualidade da vinculação e o comportamento da criança no pré-escolar. No entanto, as crianças com uma relação segura com a educadora revelam maior empatia e independência do que as crianças inseguras.’

Segundo Howes (1999), a relação da criança com a educadora poder-se-á iniciar aos quatro meses com a entrada para a creche, ou seja, numa fase anterior à emergência das representações de vinculação, que ocorre entre os seis e os oito meses. Assim, as crianças com experiência de creche constroem, simultaneamente, modelos internos de duas ou mais relações de vinculação. Se a relação da criança com a figura de vinculação alternativa se inicia numa fase posterior, em que a criança já estabeleceu uma ou mais relações de vinculação, essa relação surge num contexto de vinculação já existente. Contudo, o contexto e a história da relação são diferentes daqueles que afectam a vinculação materna.

Howes (1999) propõe três critérios de identificação de figuras de vinculação, para além da mãe: a prestação de cuidados físicos e psicológicos; a continuidade ou consistência na vida da criança; e o investimento emocional na criança. O uso destes critérios supõe, assim, a análise da rede de relações sociais da criança onde, para as crianças que frequentam a creche ou jardim de infância, assume particular destaque a educadora.

Ainsworth, Blehar, Waters e Wall (1978) salientam a necessidade de se diferenciar a qualidade de vinculação de acordo com a figura envolvida, uma vez que o que está em jogo é a relação específica que se estabelece com essa figura. As classificações da qualidade de vinculação são um reflexo da história específica de interacção entre a díade. Diversos autores consideram que não só a criança é capaz de estabelecer uma relação de vinculação com a sua educadora, como esta relação é independente da qualidade de vinculação da criança aos seus pais (Goossens & Van Ijzendoorn, 1990; Howes & Hamilton, 1992b; Sagi et al, 1995).

Segundo Howes (1999), uma criança com história de vinculações inseguras é pouco provável que tenha comportamentos, na creche ou no jardim de infância, que facilitem o estabelecimento de uma relação de vinculação segura com a educadora. Contudo, quando em contextos adequados e face a educadoras sensíveis e responsivas, algumas crianças parecem ser capazes de reorganizar as suas representações de vinculação ou de construir relações independentes, baseadas em novas experiências com a educadora.

A qualidade da relação da criança com a educadora está, segundo Goossens e Van Ijzendoorn (1990), relacionada com a sensibilidade da educadora, tal como no caso da vinculação da criança aos pais. Fornecendo a educadora uma alternativa estável e sensível, a criança poderá sentir-se compensada do stress causado pela separação dos pais, formando uma vinculação segura à educadora. Estudos realizados por Howes e Hamilton (1992b) verificaram que as educadoras tinham comportamentos mais sensíveis e responsivos com as crianças categorizadas como seguras, e menos sensíveis com as crianças inseguras/evitantes. As crianças inseguras/ambivalentes experimentaram menos sensibilidade e envolvimento por parte da educadora, do que as crianças seguras, e mais sensibilidade e envolvimento, do que as da categoria insegura/evitante.

Alguns autores sugerem que as relações alternativas e não concordantes podem compensar uma relação de vinculação insegura da criança à mãe, sendo então possível que a criança construa um modelo alternativo de relacionamento social, contribuindo para o desenvolvimento das suas competências sociais, nomeadamente no espaço do jardim de infância. Mesmo que a vinculação parental seja segura, uma relação adicional de vinculação positiva, presumivelmente, contribui para aumentar as competências das crianças (Goossens & Van Ijzendoorn, 1990; Howes, Rodning, Galluzo & Myers, 1990; NICHD, 1997).

Contudo, nem todas as educadoras têm qualidade ou possibilidade de dar às crianças uma alternativa estável, podendo daí advir stress para as mesmas. A educadora é responsável por prestar cuidados diários de higiene, alimentação, além de funcionar como companheira, e de estimular as aprendizagens cognitivas e sociais da criança. A qualidade dos cuidados prestados está dependente da experiência e da sensibilidade da educadora (Hayes, Palmer & Zaslow, 1990).

A estabilidade da relação com a educadora pode ainda ser afectada pela organização do próprio jardim de infância, uma vez que é frequente as crianças não terem a mesma educadora de um ano para o outro ou devido ao número de crianças por educadora ser elevado, o que dificultaria uma atitude mais sensível e responsiva por parte do adulto. Contudo, Goossens e Van Ijzendoorn (1990) consideram que as educadoras têm capacidade de compensar a menor atenção dada a cada criança, com outros comportamentos e estratégias por elas desenvolvidas.

O sistema de comportamentos vinculativos desenvolve-se no contexto de interacções criança-mãe/educadora e, como consequência dessas interacções, a criança e a mãe/educadora constroem uma relação de vinculação (Posada, Waters, Crowell & Lay, 1995). Com o presente estudo pretende-se analisar qual a relação entre a qualidade da vinculação das crianças à mãe e à educadora e, desta forma, contribuir para a discussão dos modelos de vinculação.

Método

Participantes

Este estudo envolveu a participação de 50 díades mãe-criança e educadora-criança. As crianças envolvidas têm idades compreendidas entre 36 e 47 meses, observando-se uma média de aproximadamente 41 meses (M = 40,8; a = 3,084). Destas 50 crianças, 27 pertencem ao sexo feminino e 23 ao sexo masculino. As crianças frequentam o jardim de infância entre 5 e 9 horas por dia, observando-se uma média de 6,80 horas (a = 1,591). Em relação às mães, as suas idades estão compreendidas entre os 21 e os 42 anos, apresentando uma média de 32,26 anos (a = 4,342) e uma média de escolaridade de 12,96 anos (a = 4,238). No que diz respeito às educadoras, as suas idades estão compreendidas entre os 39 e os 58 anos, apresentando uma média de 42,04 anos (a = 3,057). O tempo de serviço varia entre 13 e 31 anos, apresentando uma média de 18,84 anos (a = 4,235), e permanecem com as crianças no jardim de infância entre 5 e 9 horas diárias, observando-se uma média de 5,3 horas (a = 0,463).

Instrumento

Para a realização do presente estudo foi utilizado o Attachment Behaviour Q-Set (versão 3.0 de Waters, 1987), para avaliar o tipo de vinculação das crianças à mãe e à educadora, e obter uma descrição pormenorizada do comportamento vinculativo da criança. O Attachment Behaviour Q-Set—AQS — (Waters, 1987) é composto por 90 itens, apresentados em cartões que descrevem o comportamento vinculativo da criança, e que devem ser divididos pela mãe numa escala de nove níveis definida num tabuleiro: "Extremamente característico"; "Fortemente característico"; "Suficientemente característico"; "Pouco característico"; "Não se aplica"; "Pouco incaracterístico"; "Suficientemente incaracterístico"; "Fortemente incaracterístico" e "Extremamente incaracterístico", de uma forma quasi normal. Nesta versão, os valores dos critérios de segurança e dependência da versão original (Waters & Deane, 1985) são mantidos, tendo sido eliminado o valor do critério de sociabilidade. O AQS pode ser realizado por observadores não treinados, onde se incluem também as educadoras (Teti & McGourth, 1996). Tal como outras técnicas de Q-Sort, também o Attachment Behaviour Q-Sort possui uma regra própria: os dados devem obedecer a uma distribuição quasi normal. Este instrumento adaptado ao contexto de jardim de infância, mantendo o conteúdo dos itens, foi também aplicado às educadoras.

Procedimento

Numa primeira fase, o questionário Attachment Behaviour Q-Sort (Waters, 1987) foi administrado às mães das crianças de uma forma individual, nas instituições e em local calmo, sem a presença da criança, de forma a evitar distracções. O investigador esteve sempre presente durante a realização do questionário, explicando o seu funcionamento, além de clarificar todas as dúvidas que pudessem surgir. A duração média de realização de cada questionário foi de 45 minutos. Numa segunda fase, e seguindo o mesmo procedimento, o questionário Attachment Behaviour Q-Sort (Waters, 1987) foi administrado individualmente às educadoras.

Apresentação e análise dos resultados

Análise descritiva

Tomando-se por referência os valores dos critérios (Waters, 1987) definidos por um conjunto de peritos, relativos a uma criança ideal, correlacionou-se a informação recolhida através do Q-Sort, com o valor do critério da criança ideal, tendo como objectivo conseguir o resultado dessas mesmas crianças no construto em causa.

Estes valores foram elaborados de maneira a simplificar a diversidade das informações adquiridas através deste tipo de instrumento. Deste modo, e segundo Posada et al (1995), o comportamento de base segura está harmoniosa e adequadamente organizado, existindo, assim, um equilíbrio entre os comportamentos de procura de proximidade com a mãe e os comportamentos de exploração do meio. Tal como Posada et al (1995), e utilizando o mesmo procedimento, procurou-se verificar neste estudo se a noção de base segura estava subjacente nos AQS das crianças. Os valores obtidos em relação ao critério de segurança, para as mães e educadoras, são apresentados na figura 1.

Ambos os gráficos (figura 1) mostram poucos valores de segurança negativos ou nulos, tanto para as mães como para as educadoras. De acordo com Waters (1995), estes resultados indicam que a criança usa quer a mãe quer a educadora como base segura, indo também no sentido dos resultados obtidos por Posada et al (1995), quando analisaram este fenómeno em diferentes contextos socioculturais com base nas descrições do Q-Sort realizadas pelas mães.

Qualidade da vinculação à mãe e à educadora

Uma análise preliminar, revelou-nos não existirem diferenças no valor da segurança para as mães e educadoras (F(49,l)=0,74; p>0,3). Contudo, as mães consideram os seus filhos mais independentes do que as educadoras (F(49,l)=l1,47; p<0,001). O quadro 1 apresenta as médias emergentes desse procedimento.

Com vista a analisar os dados obtidos quer para as mães quer para as educadoras, recorreu-se a quatro escalas, elaboradas por Posada et al (1995) de forma a descrever a criança: interacção suave com a mãe; contacto físico com a mãe; interacção com outros adultos; e proximidade da mãe. Procurou-se inicialmente, por meio de uma análise de variância, verificar a existência de diferenças significativas, quer para as mães quer para as educadoras, ao nível das quatro escalas mencionadas. A figura 2 apresenta as médias ao nível das várias escalas.

Da observação e análise da figura 2 constatou-se que apenas nas escalas de "contacto físico" com a mãe e educadora e de "proximidade" com a mãe e educadora se registaram diferenças significativas. Na escala de "contacto físico" foi encontrado um valor significativamente mais alto para as mães do que para as educadoras (F (49,1)=21,032; p<0,001). Ao nível da "proximidade", também foi encontrado um valor significativamente superior para as mães (F(49,l)=17,851; p<0,001). Em relação à escala "interacção suave", embora não existindo diferenças significativas entre mães e educadoras (F(49,l)=3,2; p=0,Q76), a ocorrência de valores mais elevados observa-se nas educadoras. Na escala de "interacção com outros adultos" também não foram encontradas diferenças significativas entre mães e educadoras (F(49,l)=0,53; p=0,48), contudo os valores mais elevados encontram-se ao nível das mães. Ao nível global da amostra, verificou-se que o valor do critério de segurança se encontra significativamente correlacionado com a escala de "interacção suave com a mãe" (r=0,822; p<0,001). Assim, as crianças consideradas pelas mães como mais seguras têm valores mais elevados na "interacção suave". Este resultado vai ao encontro do que é referido por Ainsworth et al (1978). Nas restantes escalas não foram encontradas correlações significativas com o valor da segurança. Em relação ao resultado da dependência verificou-se que está significativamente correlacionado com a escala de "proximidade com a mãe" (r=0,320; p<0,001). As crianças consideradas pelas mães como mais dependentes apresentam valores mais elevados na escala de "proximidade com a mãe", tal como é referido no estudo realizado por Sroufe, Fox e Pancake (1983).

Nas educadoras, verificou-se que o valor da segurança se encontra significativamente correlacionado com as escalas de "interacção suave" com a educadora (r=0,820; p<0,000), e de "contacto físico" com a educadora (r=0,321; p<0,023). As crianças consideradas seguras pelas educadoras apresentam valores mais elevados nas referidas escalas. Nas restantes escalas não foram encontradas correlações significativas. Nos resultados de dependência, verificou-se a existência de uma correlação negativa na escala de "interacção suave" com a educadora (r=-0,429; p<0,002). Este resultado leva-nos a referir que quanto menos interacção suave com a educadora, mais estas consideram as crianças dependentes. Também se verificaram correlações significativas na escala de "proximidade" com a educadora (r=0,822; p<0,000) e na escala de "contacto físico" com a educadora (r=0,410; p<0,003). Estes resultados levam-nos a referir que as crianças consideradas como mais dependentes pelas educadoras apresentam valores mais elevados nas escalas referidas.

Classificação dos participantes nos valores de critérios da segurança e dependência com base nas representações das mães

A etapa seguinte consistiu na classificação das crianças através dos critérios de segurança e dependência. Segundo Bronfenbrenner (1992), é de salientar o problema da assunção da homogeneidade da regressão na comparação entre dimensões relevantes para o estudo do desenvolvimento. Muitos investigadores, quando é reportado que duas variáveis estão correlacionadas a 0,50, assumem que este resultado é compartilhado por todos os elementos da amostra. De acordo com o autor, a magnitude da associação pode variar de forma dramática quando distinguimos as crianças com resultados de níveis alto, médio e baixo.

A análise hierárquica de cluster permite deste modo dividir a amostra em grupos, fornecendo uma análise detalhada dos mesmos nas dimensões referidas nos itens do AQS, e sintetizados nos valores da segurança e dependência (Strayer, Veríssimo, Vaughn & Howes, 1995). Como resultado obtivemos o registo de três grupos diferentes. A figura 3 apresenta as médias desses grupos.

Analisando a figura 3, podemos observar as percepções das mães quanto à relação estabelecida entre elas e os seus filhos. O grupo 1, constituído por 28 participantes, é descrito pelas mães como seguro e independente. O grupo 2, composto por 14 crianças, é considerado inseguro e dependente. Finalmente o grupo 3, compreendendo 8 elementos, foi percepcionado como inseguro e independente. Ao nível do valor da segurança verifica-se a existência de diferenças significativas entre os grupos (F(49,2)=12,334; p(0,000). No que diz respeito ao valor do critério de dependência, observam-se diferenças significativas entre os grupos de crianças (F(49,2)=14/416; p(0,000).

Seguidamente, procurámos analisar as características destes três grupos identificados pelas mães, nas escalas definidas por Posada et al (1995). A figura 4 apresenta as médias dos grupos nessas escalas para as mães.

Ao analisar e comparar os três grupos identificados, verifica-se que as crianças consideradas como seguras e independentes (grupo 1), apresentam valores mais altos na "interacção suave" e no "contacto físico" com a mãe e mais baixos na "proximidade". As crianças inseguras e dependentes (grupo 2) apresentam valores mais altos para a "proximidade" e "contacto físico" e mais baixos na "interacção" com a mãe. As crianças percepcionadas como inseguras e independentes (grupo 3) apresentam valores mais altos para a "interacção" e "proximidade" com a mãe e mais baixos para o "contacto físico". Contudo, quando comparamos as crianças deste grupo com as crianças dos outros grupos, verificamos que têm valores mais baixos no "contacto físico" e "proximidade". Comparativamente com as crianças do grupo 1 (seguras e independentes) revelam valores inferiores na escala interacção suave com a mãe. Ao nível da escala de interacção com outros adultos não se verificam diferenças significativas para os três grupos, pelo que os seus valores não são aqui analisados.

Diferenças nos valores dos critérios da segurança e dependência com base nas representações das educadoras

Tendo em atenção as representações das mães que definiram os três grupos procurou-se, através de uma análise de variância, verificar como é que as educadoras percepcionavam essas crianças ao nível dos valores dos critérios de segurança e dependência. Como resultado, obtivemos o registo de três grupos. A figura 5 apresenta-nos as médias desses grupos.

A partir da observação e análise da figura 5, pode-se verificar que as educadoras distinguem os grupos apenas ao nível do valor do critério da segurança (F (49,2)=6,831; p<0,002). Numa análise post-hoc, constatamos que existem diferenças entre os grupos 1 (seguro e independente) e 3 (inseguro e independente) e entre os grupos 2 (inseguro e dependente) e 3 (inseguro e independente). Esta análise não revelou diferenças significativas entre o grupo seguro e independente e o grupo inseguro e dependente, o que nos leva a referir que as educadoras não distinguem os grupos 1 (seguro e independente) e 2 (inseguro e dependente), apenas discriminam dois grupos, um seguro e um inseguro. Com base numa análise de variância, verificou-se não existirem diferenças significativas nas escalas de "contacto físico", "proximidade" e "interacção com outros adultos", sendo apenas significativa a escala de "interacção suave" com a educadora (F (49,2)=3,752; p<0,031). Mais uma vez, as diferenças significativas são encontradas nos grupos (1) seguro e independente e (3) inseguro e independente, (p<0,013), e nos grupos (2) inseguro e dependente e (3) inseguro e independente, (p<0,018).

Discussão

Segundo Ainsworth e Marvin (1995), o fenómeno de base de segurança é o principal indicador da existência de uma relação de vinculação. Ou seja, a criança pode ser considerada vinculada a um adulto se organizar o seu comportamento de vinculação no espaço e no tempo em tomo desse adulto, usando-o como base de segurança para explorar o meio e como porto de abrigo onde regressar em situações de stress. Este é um fenómeno universal, não dependendo de grupos socioculturais, o que se confirmou neste estudo.

Através de uma análise hierárquica de clusters, com base nas descrições da mãe, identificaram-se três grupos, seguro/independente, inseguro/dependente e inseguro /independente. No grupo 1, verificou-se que os comportamentos utilizados pelas mães para caracterizarem os filhos estão significativamente relacionados com as escalas de "interacção suave" com a mãe e "contacto físico" com a mãe. O que vai ao encontro do referido por Ainsworth et al (1978), que uma criança com vinculação segura arrisca uma maior exploração do meio, porque está confiante em pais disponíveis, protectores e tranquilizantes. Os valores mais baixos do grupo surgem na escala de "proximidade" com a mãe. Sroufe, Fox e Pancake (1983) referem que as crianças que necessitam de um elevado grau de proximidade física, aprovação ou atenção por parte do adulto, revelam comportamentos que se desviam do curso normal do desenvolvimento da sua autonomia, ou seja, revelam comportamentos de dependência.

O grupo 2, identificado pelas mães como inseguro e dependente, é considerado um grupo ambivalente. De acordo com a classificação da situação estranha (Ainsworth et al., 1978), poderá corresponder ao grupo de crianças inseguras e resistentes, em que a característica principal é a procura ávida de contacto com a mãe. Uma vez que este é atingido, oferecem grande resistência ao mesmo, não sendo capazes de utilizar adequadamente a mãe como base de segurança. Para Ainsworth et al. (1978), as crianças com vinculações inseguras não arriscam afastarem-se dos pais, uma vez que não confiam que estes estejam disponíveis e sejam responsivos face às suas necessidades de reconforto em situações de maior ansiedade. Comparativamente com os outros grupos de crianças, estas são as que revelam valores mais elevados na escala de "proximidade" com a mãe (associada à dependência), apresentando valores idênticos às crianças seguras na escala de "contacto físico" com a mãe e os valores mais baixos na escala de "interacção suave" com a mãe (associada ao valor do critério da segurança).

O grupo 3, composto pelas crianças percepcionadas como inseguras e independentes, corresponderá, na classificação da situação estranha (Ainsworth et al., 1978), ao grupo das crianças inseguras-evitantes. Este grupo, comparativamente ao das crianças seguras e independentes, apresenta valores significativamente mais baixos na escala de "interacção suave" com a mãe, associada como já foi referido ao valor do critério de segurança. Nas escalas de "proximidade" com a mãe e de "contacto físico" com as mães, são as crianças que apresentam valores mais baixos nos três grupos. Ainsworth et al. (1978) consideram que as mães evitantes expressam uma aversão ao contacto físico quando as crianças o procuram, bem como pouca emoção durante as interacções diádicas. Pederson e Moran (1995) referem que o princípio organizador de uma relação evitante é o afecto negativo. A relação está focada no sentido de manter a distância emocional, particularmente em situações de stress intermédio.

Com base nos grupos identificados pelas mães, analisou-se as percepções das educadoras face às relações estabelecidas com as mesmas crianças, o que permitiu verificar que as educadoras distinguem as crianças com base no valor do critério de segurança, definindo um grupo de crianças seguras (42 crianças) e outro de crianças inseguras (8 crianças), sendo estas últimas as mesmas identificadas pelas mães.

Os resultados obtidos neste estudo parecem ir assim ao encontro do referido por Sagi et al (1995), Goossens e Van Ijzendoorn (1990) e Howes e Hamilton (1992a), que não só a criança é capaz de estabelecer uma relação de vinculação com a sua educadora, como esta relação é independente da qualidade de vinculação da criança com a mãe. Se, tal como sublinha Howes (1999), as relações de vinculação são construídas com base nas interacções contínuas entre a criança e cada figura de vinculação e em diferentes contextos, é natural que as relações de vinculação das crianças com diferentes figuras possam ser diferentes.

Howes e Hamilton (1992b) e Goossens e Van Ijzendoorn (1990) enfatizam que a qualidade da relação da criança com a educadora está relacionada com a sensibilidade e responsividade da educadora, tal como no caso da vinculação da criança aos pais. Fornecendo a educadora uma alternativa estável e sensível, a criança poderá sentir-se compensada do stress causado pela separação dos pais, formando uma vinculação segura à educadora e utilizando-a como base de segurança no dia-a-dia do jardim de infância. Alguns autores referem que a educadora ideal será aquela que fornece um meio estimulante a nível de aquisições linguísticas e cognitivas, mas também aquela que, através dos seus cuidados e do seu relacionamento com a criança, a ajude a formar relações seguras fora do âmbito familiar (Howes, Hamilton, & Matheson, 1994; Sroufe et al., 1933). As educadoras desempenham, assim, um papel fundamental no desenvolvimento afectivo, social e cognitivo das crianças. Estudos realizados por Clarke-Stewart (1989) e Oppenheim et al (1988), sobre os efeitos dos diferentes tipos de vinculação, mostram que uma relação segura entre criança e educadora associada a vinculações inseguras em casa, pode conduzir a uma melhor adaptação socioemocional da criança, permitindo-lhe construir um modelo alternativo de relacionamento social.

Tal como no estudo de Cassibba, Van Ijzendoom e D'Odorico (2000), os nossos resultados suporiam quer o modelo de organização integrativo, quer o de organização independente ao nível dos modelos internos da vinculação. A qualidade da vinculação é o reflexo da história específica da interacção entre a díade; as interacções são marcadas pelos comportamentos de base de segurança por parte da criança e pela sensibilidade e responsividade por parte da figura de vinculação. Este estudo reafirma a qualidade da vinculação como uma característica da relação e não da criança. Ou seja, não existem crianças seguras ou inseguras, mas crianças com relações seguras ou inseguras com determinadas figuras. Com este trabalho procurámos também chamar a atenção para a necessidade de um maior investimento na qualidade do pré-escolar, nomeadamente na preparação das educadoras, uma vez que estas podem desempenhar um papel extremamente importante ao nível do desenvolvimento afectivo da criança.

 

Referências

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Notas

1Os autores gostariam de agradecer a todas as mães, crianças e educadoras que aceitaram participar neste estudo. Este estudo faz parte de um projecto de investigação financiado pela FCT (POCTÍ/1999/PSI/36429) com fundos comunitários do programa FEDER. Os autores gostariam também de agradecer os comentários valiosos do professor Brian Vaughn. Todos os comentários ao presente artigo devem ser dirigidos a Manuela Veríssimo, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Rua Jardim do Tabaco, 34,1100 Lisboa.

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