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Ex aequo

versão impressa ISSN 0874-5560

Ex aequo  n.23 Vila Franca de Xira  2011

 

O Sexo dos Anjos: os cuidados às pessoas idosas dependentes como uma esfera de acção preferencialmente feminina

 

Luísa Pimentel*

ESECS – Instituto Politécnico de Leiria / CIES-IUL

 

Resumo

Face ao reconhecimento da importância dos cuidados familiares para a promoção do bem-estar das pessoas dependentes e à deficiente cobertura das redes formais de apoio social, tem-se consolidado um discurso de revalorização das solidariedades informais e, em particular, do envolvimento da família na prestação de cuidados aos seus elementos mais dependentes. Este discurso negligencia, contudo, o impacto que essa revalorização pode ter nas trajectórias femininas, desconsiderando o esforço que as mulheres têm feito para se demarcarem dos papéis que tradicionalmente lhes eram atribuídos. Partindo de uma pesquisa de âmbito qualitativo, baseada no testemunho de 34 cuidadores/as, intentamos reflectir sobre o papel das mulheres na prestação de cuidados a pessoas idosas dependentes.

Palavras-chave solidariedades familiares, pessoas idosas, feminização dos cuidados.

 

The sex of the angels: caring for the well-being dependent elderly people as a mainly feminine role.

Abstract

Due the limited coverage of formal social support networks and the importance of family care for the well-being dependent elderly people, informal solidarities have recently re-attained great meaning. This fact neglects the impact that it can have on women's trajectories and does not consider the effort that women have made to demarcate themselves from the roles that were traditionally assigned for them. The main aim of this text is to reflect about the women's role in caring of dependent elderly people. To reach this aim, we used the results of a qualitative research, based on 34 caregivers' testimony.

Keywords family solidarity, elderly people, feminisation of care.

 

Le sexe des anges: les soins aux personnes âgées dépendantes comme champ d'action préférentiellement féminine.

Résumé

Face à la reconnaissance de l'importance des soins apportés par la famille pour le bien-être des personnes dépendantes et à l'insuffisance des institutions d'aide sociale, nous avons pu observer un discours qui valorise à nouveau la solidarité qui n'est pas institutionnalisée et, en particulier, l'implication de la famille dans les soins apportés à ses éléments les plus dépendants. Ce discours néglige, cependant, l'impact que cette revalorisation peut avoir sur le chemin parcouru par les femmes, en ignorant ces effort pour se détacher des rôles qui, traditionnellement, leur a été attribués. À partir d'une recherche basée sur le témoignage de 34 personnes s'occupant d'autrui, nous nous sommes penchés sur le rôle des femmes dans les soins aux personnes âgées dépendantes.

Mots-clés solidarité familiale, personnes âgées, féminisation de soins.

 

 

1. Nota introdutória: objectivos e estratégias metodológicas da pesquisa

Através deste artigo pretendemos apresentar algumas das conclusões de um estudo que teve como principal objectivo compreender a complexidade das interacções que se estabelecem no contexto das famílias que cuidam dos seus elementos mais idosos, em situação de dependência, dando particular relevo aos processos de regulação e ao delineamento de estratégias de cuidar no interior das fratrias. O estudo realizado enquadra-se numa lógica interpretativa dos factos sociais, centrada na análise das singularidades e na valorização dos pormenores da vida quotidiana dos actores sociais.

A população-alvo é constituída por prestadores de cuidados (filhos/as ou genros/noras dos/as idosos/as) integrados em fratrias, o que permitiu analisar as relações que se estabelecem no processo de construção e de manutenção da rede de apoio. Esta opção não invalidou a possibilidade de contemplar casos em que o/a prestador/a de cuidados, apesar de pertencer a uma fratria, está isolado/a no desempenho das suas tarefas; casos em que haja, como complemento, uma contratação de serviços externos à família (públicos ou privados); ou casos em que outros/as parentes ou amigos/as dêem um apoio pontual e gratuito.

Optámos por uma técnica de amostragem não probabilística, mais especificamente a «amostragem útil». Face à reduzida visibilidade social das famílias que cuidam, partimos de indicações dadas por informantes privilegiados/as, conhecedores/as da realidade local. Depois de realizados os primeiros contactos, solicitámos aos/às entrevistados/as que nos indicassem outras situações por eles/elas conhecidas, desenvolvendo, assim, o «efeito bola de neve». Efectuamos entrevistas semidirectivas a 34 cuidadores/as (2 homens e 32 mulheres, residentes nos concelhos de Soure, contexto rural, e Coimbra, contexto urbano).

 

2. Fundamentos teóricos: as diferenças de género na esfera das actividades reprodutivas

Por motivos que se prendem, grosso modo, com o reconhecimento da importância dos cuidados familiares para a promoção do bem-estar das pessoas que deles carecem e com a deficiente cobertura das redes de apoio social de carácter formal, tem-se vindo a consolidar um discurso de revalorização das solidariedades informais e, em particular, do envolvimento da família na prestação de cuidados aos seus elementos mais dependentes.

Este discurso negligencia, contudo, o impacto que essa revalorização pode ter nas trajectórias femininas, desconsiderando o esforço que as mulheres têm feito para se demarcarem dos papéis que tradicionalmente lhe eram atribuídos, especialmente quando o seu desempenho implica dedicação exclusiva, sem mérito reconhecido.

Na perspectiva de Gunhild Hagestad (1995), as representações sociais em relação aos que desempenham tarefas reprodutivas, não pagas, mas igualmente exigentes, são injustas. As responsabilidades masculinas concentram-se nos aspectos materiais e inscrevem-se no domínio económico, enquanto as mulheres são responsáveis por um conjunto difuso de necessidades e de problemas humanos no seio da família, fazendo com que grande parte do trabalho que realizam no espaço doméstico e no domínio dos cuidados seja desvalorizado ou mesmo ignorado. A invisibilidade das tarefas que realizam e que não estão associadas à esfera produtiva nem à conquista de um salário, reforça essa desvalorização.

As pesquisas revelam que cuidar dos elementos mais velhos da família pode ser altamente compensador do ponto de vista emocional e estar associado a um sentido de dever cumprido, mas que também tem implicações negativas na saúde (física e psíquica), na organização do quotidiano, na vida social e relacional, assim como na vida profissional (Brito, 2002; Figueiredo, 2007; Pimentel e Albuquerque, 2010), onde as mulheres fazem um investimento cada vez mais significativo.

De facto, nas últimas décadas, as mulheres ganharam protagonismo em contextos sociais e económicos que lhes estavam habitualmente vedados. O homem deixou de ser o único provedor do sustento da família, afirmando-se o modelo conjugal de dupla carreira ou duplo emprego (Aboim, 2010, Wall e Guerreiro, 2005). Contudo, apesar destas mudanças, os padrões de afectação do tempo às actividades profissionais e às actividades domésticas continuam a variar em função do sexo, particularmente o tempo dedicado às actividades domésticas. Os homens dedicam o seu tempo preferencialmente às actividades laborais e as mulheres dividem-se entre umas e outras (Amâncio, 2004; Perista, 2002).

A reflexão sobre esta realidade deve ainda contemplar o facto de que, em Portugal, contrariamente ao que acontece em outros países europeus, são poucas as mulheres que trabalham em regime de part-time e muitas as que têm de cumprir um horário completo, semelhante ao dos homens (Torres, 2006). Um estudo realizado no âmbito do Soccare Project – Comissão Europeia corrobora isso mesmo, ao concluir que é muito raro as mulheres portuguesas (assim como as Finlandesas) trabalharem em part-time. Pelo contrário, essa é uma realidade muito comum em outros países da Europa, com particular destaque para a Inglaterra (Kroger, 2003: 43).

A distribuição do tempo das mulheres é, assim, mais complexa e fragmentada, uma vez que têm de conjugar trabalho pago e não pago, desempenhar um maior número de actividades e dividir a sua atenção por mais tarefas, ficando com menos tempo disponível para o lazer e para si próprias.

Chiara Saraceno (2004), a propósito da realidade italiana, dá-nos conta de tendências muito semelhantes.

Uma maior carga de trabalho familiar para as mulheres reduz, por um lado, o tempo que as mesmas podem dedicar não só ao repouso, mas também ao trabalho remunerado, bem como o tipo de emprego que possam aceitar – em termos de distância, horários de trabalho, entre outros. Por outro lado, coloca-as no risco de serem encaradas pelas entidades laborais como profissionais pouco fiáveis e/ou mais dispendiosas. No quadro das responsabilidades familiares, é sobretudo o trabalho de prestação de cuidados que se apresenta exigente em temos de tempo e não facilmente delegável pela falta de serviços adequados, em particular no que concerne à primeira infância e à fragilidade e dependência na velhice (Saraceno, 2004: 30-31).

Esta perpetuação das diferenças de género na esfera reprodutiva reflecte-se também no domínio dos cuidados familiares aos mais dependentes. É inegável a evidência de que os encargos decorrentes da prestação de cuidados a uma pessoa dependente recaem sobre um número reduzido de elementos das redes de parentesco, muito particularmente sobre as mulheres (Vasconcelos, 2002 e 2005; Portugal, 2008; Torres, 2006). Os homens, de um modo geral, assumem uma posição secundária ou mesmo ausente.

Pedro Vasconcelos (2002) afirma que a participação dos homens nas redes de entreajuda familiar se faz em ocasiões muito específicas e habitualmente em articulação com as mulheres. Quando estão em jogo grandes quantidades de dinheiro (enquanto dádiva ou empréstimo) ou bens materiais de elevado valor, os homens têm uma participação de relevo na decisão final. Contudo, as ajudas quotidianas são um domínio predominantemente feminino, sendo elas as «grandes fazedoras da solidariedade familiar».

Também Luísa Brito (2002), destacando que os familiares se encontram na primeira linha da prestação de cuidados a pessoas idosas, refere que maior parte dos cuidados a idosos/as dependentes são prestados pelas filhas. Seguem-se as noras (em substituição dos filhos), as esposas, e outros tipos de parentesco, predominando sempre as mulheres, que representam cerca de 80% do total das/os prestadoras/es de cuidados.

Ainda assim, começa a despertar uma nova curiosidade científica sobre o papel dos homens no domínio dos cuidados. Óscar Ribeiro (2005) alerta para a pouca atenção que tem sido dada aos homens cuidadores e para a perpetuação de alguns estereótipos sobre a sua fraca intervenção neste domínio. Os estudos que tem desenvolvido, dão conta do aumento da colaboração dos homens nos cuidados aos dependentes, realçando, em particular, o crescimento de um sub-grupo de cuidadores: os cônjuges idosos.

Como iremos constatar, os resultados do nosso estudo demonstram que estamos longe de um cenário de partilha igualitária das responsabilidades no domínio dos cuidados aos dependentes. Entender a realização das tarefas reprodutivas pelas mulheres como algo natural, conduz a uma desvalorização dessas tarefas pelas próprias, que as assumem como uma consequência inerente à sua condição de género.

 

3. As/Os cuidadoras/es na primeira pessoa: a análise do discurso

3.1. Entre as representações e as práticas: os papéis de género como um campo de ambivalências

As representações dominantes entre as/os entrevistadas/os vão no sentido de que, na esfera dos cuidados, homens e mulheres deveriam assumir responsabilidades idênticas. Não obstante, na prática, os homens são afastados das tarefas de cuidar por motivos difíceis de objectivar. Por vezes alegam-se factores socioculturais, outras vezes razões de índole mais prática, relacionadas com a falta de disponibilidade ou de habilidade. É comum as/os cuidadoras/es entrevistadas/os considerarem os homens da sua família pouco capazes, ainda que, em termos gerais, atribuam competências aos homens neste domínio, lembrando o profissionalismo dos enfermeiros ou dos médicos.

As linhas metodológicas que orientaram a selecção da população-alvo do nosso estudo não nos permitem ter uma perspectiva consistente sobre o papel dos cônjuges enquanto cuidadores, uma vez que em todos os casos seleccionados os principais cuidadores são as/os filhas/os. Contudo, sempre que existia um cônjuge masculino com alguma autonomia, foi possível perceber que o seu contributo se limitava a fazer companhia à idosa na ausência das/os filhas/os, podendo, apesar de tudo, ter uma função importante no caso de acontecer algum imprevisto ou alguma situação de emergência.

Se nos reportarmos aos homens da geração intermédia, e salvaguardando raras excepções (como as dos dois cuidadores que entrevistámos), a sua intervenção é subsidiária e reservada a ocasiões em que a mulher fica impossibilitada de cumprir as tarefas que lhe estão atribuídas. Não podemos, todavia, ignorar que o seu contributo pode ser precioso, mesmo quando não se traduz no desempenho das tarefas rotineiras e desgastantes do quotidiano. O apoio ocasional em situações imprevistas, a ajuda em tarefas pesadas, o suporte emocional e o reforço positivo proporcionado ao cuidador, podem ser elementos essenciais para atenuar a sobrecarga e viabilizar os cuidados.

Nesta matéria, o discurso de algumas entrevistadas é contraditório. Começam por defender a paridade entre homens e mulheres, mas acabam por admitir que há tarefas que não faz sentido atribuir aos homens. Aceitam e reproduzem a norma da diferenciação, defendendo que, enquanto as mulheres puderem e/ou estiverem disponíveis, não se justifica reclamar o envolvimento dos homens.

«Eu acho que é igual, mas elas cuidam mais, porque elas estão em casa, e os homens vão para o trabalho, vão para as terras. (…) as mulheres que têm mais jeito. Têm mais jeito para estas coisas. Pois! Porque mesmo para dar o banho à minha mãe, já não é os meus irmãos, é as minhas cunhadas. Prontos, é as minhas cunhadas é que vão dar o banho à minha mãe, e vesti-la, e calçá-la… os homens já não têm esse jeito. Os homens é mais para fora» (Madalena, viúva, 68 anos, trabalhadora agrícola – reformada).

«Não… até porque eu acho que a obrigação é deles, que são filhos, é certo! Mas não há como as mulheres, é evidente, não é?! Tem um cabelinho, a gente tira, a gente dá um jeitinho ao cabelo. Não é os homens que vão fazer isso, é evidente!» (Leonor, casada, 59 anos, empregada doméstica).

O papel das noras também é realçado. Na perspectiva de algumas entrevistadas, a repartição do encargo de cuidar no interior das fratrias deve obedecer ao princípio de igualdade (que estipula que todos/as os/as irmãos/ãs devem assumir iguais responsabilidades), e sempre que estas sejam constituídas por homens, compete às suas mulheres assumir o desempenho das respectivas tarefas.

«E – E acha que as filhas mulheres têm mais obrigação que os filhos homens ou é igual? Filomena – Não, é igual. Simplesmente, não faz o marido tem que fazer a nora, porque foi o meu caso. A minha sogra… O meu marido não o fazia, mas fazia-o eu à minha sogra. Porque o meu marido não ia lá lavar a coisa à mãe! Se fosse necessário… era obrigado, não é?!» (Filomena, casada, 47 anos, desempregada).

É frequente o sentido das respostas divergir consoante as pessoas são questionadas sobre a responsabilidade de ambos os sexos ou sobre a habilidade e a preparação para estes desempenharem as tarefas domésticas ou as tarefas relacionadas com os cuidados às crianças ou aos idosos. Frederica considera não só que os homens que cuidam ou que desempenham tarefas domésticas são uma excepção motivada por questões culturais e sociais, mas também que as mulheres são muito mais capazes e competentes no desempenho de qualquer actividade (não só de âmbito reprodutivo).

«Olhe, eu isso devo dizer-lhe que não, porque eu acho que as mulheres são muito mais habilidosas e têm muito mais capacidade, são muito mais inteligentes que os homens. Porque uma mulher desde que queira fazer alguma coisa, aponta e faz. (…) E nós conseguimos fazer quase tudo e os homens não» (Frederica, casada, 60 anos, doméstica).

Irene é da mesma opinião em relação à habilidade das mulheres para cuidar. Considera mesmo que têm um dom especial que está relacionado com a maternidade e que não pode ser igualado pelos homens.

«Mas… mas eu acho que as mulheres têm mais jeito, acho que têm mais um dom, não sei, têm outro dom, não sei, eu penso isso» (Irene, casada, 55 anos, costureira).

Existem, apesar de tudo, as excepções. Alguns/mas entrevistados/as afirmam que as diferenças não são significativas, outros/as entendem que são os homens que têm mais competências e que conseguem executar as tarefas de forma mais diligente.

«Acho que o homem tem mais habilidade que as mulheres. (…) Por geral, até mesmo em Hospitais e tudo, vejo a maneira… Têm mais habilidade. Até Enfermeiros e tudo. Eu acho» (Ângela, solteira, 44 anos, desempregada).

O entendimento dos cuidados como uma esfera preferencialmente feminina e a consequente demissão dos homens nesta área, podem ser interpretados como uma injustiça e vistos com alguma indignação, especialmente se o homem em causa é filho do idoso cuidado e se a cuidadora é a nora, como acontece no caso de Júlia. Se bem que a sua atitude perante as responsabilidades domésticas e a prestação de cuidados sustente os estereótipos dominantes, nem por isso deixa de sentir alguma revolta pela forma como o marido se descarta deste dever.

«Também é responsabilidade deles. Por exemplo, aqui em relação ao Sr. J., vamos a ver uma coisa, eu é que me privo de sair e ele não é meu pai! O C. não se priva de sair, o C. não se priva de ir ao futebol e deixar aqui o pai, uma tarde inteira sozinho. E, no entanto, ele é pai dele, não é meu! E se fosse ao contrário? (…) O C. não fazia aos meus pais aquilo que eu estou a fazer ao pai dele» (Júlia, casada, 40 anos, empregada administrativa).

De realçar, pela sua especificidade, a opinião dos dois homens que tivemos oportunidade de entrevistar. Ambos rejeitam a exclusividade feminina neste domínio e defendem a partilha de responsabilidades como a solução ideal.

Contudo, reconhecem que este continua a ser um universo preferencialmente feminino e que culturalmente se estimula e se legitima um maior envolvimento das mulheres. Reconhecem ainda que a sua posição não é partilhada por muitos dos homens que conhecem, que adoptam uma postura crítica, ou mesmo sarcástica, perante as suas opções, considerando confortável e conveniente que se perpetue a regra social que os liberta dessa esfera de responsabilidade.

«Eu acho que são ambos. (…) Agora, evidentemente, há aí, e conheço muito homem que não é capaz de fritar um ovo, que é mesmo assim. Então, vai-se pedir a uma pessoa dessas, que aqueça uma refeição? Só o simples aquecer, ele não sabe, porque não sabe! (…) Tenho muita pessoa amiga, muito colega de serviço, antigos colegas de serviço, que: "– O quê? Eu, não. Chegar a casa, sentar-me, ver televisão, ler o jornal, a comida está pronta, vai-se comer"» (António, casado, 57 anos, empregado administrativo – reformado).

«Eu acho que a obrigação é igual. (…) Agora, nós, evidentemente, apesar de todos os progressos que se fizeram, as mulheres continuam a ser sobrecarregadas com isso, não é?! (…) Eu conheço muito boa gente que se estivesse na minha situação já teria casado para ter uma mulher para cuidar do sogro. É! Porque, às vezes, há amigos que me conhecem: "–Então, ainda vives sozinho? Não arranjas uma gaja? [aquela conversa assim… passo o termo, não é?!] Então, como é que tu cuidas da tua mãe? Então e para te lavar a roupa?" (…) Naturalmente sou contra essa visão, mas o que nós sabemos é que é assim. Quer dizer, por exemplo, os meus irmãos, apesar de também acompanharem a minha mãe, mas, dar-lhe o banho e tudo o mais, é as minhas cunhadas que o fazem, não é?!» (Lúcio, divorciado, 46 anos, empresário).

Lúcio acredita que homens e mulheres têm competências e aptidões diferentes e que estas têm uma maior sensibilidade para cuidar. Contudo, sabe que este é um argumento utilizado por muitos homens para escapar às tarefas que menos lhe agradam e para assim perpetuar um sistema de discriminação em função do género.

«Evidentemente que há aptidões que podem ser inerentes ao próprio sexo, agora estas coisas de… digamos, o instinto de sobrevivência também se treina. Quer dizer, eu, se não sei cozinhar, hei-de aprender, ou se não sei passar a ferro, hei-de aprender. (…) Portanto, eu acho que isso é mais uma tradição que se vai passando, e claro que os homens, por comodismo, acham que essa tradição não vale a pena estar a romper com ela» (Lúcio, divorciado, 46 anos, empresário).

3.2. O estado civil como factor de influência na definição dos papéis de género

As diferenças de género são particularmente acentuadas quando nos reportamos às expectativas criadas em torno do papel das filhas e dos filhos solteiras/os. Enquanto as primeiras assumem os encargos de cuidar, por vezes de forma tácita, sem que os restantes elementos da fratria se questionem sobre as suas competências ou sobre os constrangimentos que podem enfrentar, os segundos são afastados dessas tarefas, estando subjacente a ideia de que não são capazes de assumir o papel de principais cuidadores.

A representação negativa sobre as competências masculinas para cuidar é particularmente visível no caso dos filhos solteiros que viviam com as mães e que eram «cuidados» por estas. A representação que duas das entrevistadas constroem acerca do papel dos seus irmãos solteiros é a de homens que beneficiavam da ajuda das progenitoras para o desempenho das tarefas domésticas e que são incapazes de lidar com a progressiva dependência das mesmas. Por vezes, estes homens deixam de estar dependentes do apoio das mães e passam a estar dependentes do apoio das irmãs.

O irmão de Celeste vivia com a mãe, mas com o agravamento do estado de saúde da idosa, as mulheres da fratria começaram a perceber que ele não tinha capacidade para garantir os cuidados de que a mãe necessitava. Encontraram então um modo de cuidar que o afasta das tarefas práticas, mas que o mantém envolvido na rede, através de um contributo financeiro. Celeste, como irmã mais velha, sente-se responsável pelo bem-estar do irmão, garantindo o tratamento da roupa e da casa.

«O meu irmão, como é solteiro, não tem bem… prontos… não tem bem aquela coisa de tratar dela… e nós então falámos os quatro: "– Olha, para não sobrecarregar nem muito a mim, nem muito a ti, fazemos semana e meia cada uma. Fazemos a nossa e a do nosso irmão"» (Celeste, casada, 60 anos, trabalhadora agrícola).

Manuela apresenta-nos o exemplo do seu irmão, sem, no entanto, o culpabilizar ou diminuir pela sua inabilidade nesta esfera. O irmão vivia com a mãe e, logo que esta começou a ter problemas de saúde, houve necessidade de encontrar uma solução de apoio, na qual só participa de forma esporádica.

«Manuela – Ele vem ajudar, mas quando surge qualquer coisa ele fica desorientado, não sabe o que lhe há-de fazer, portanto, é limitado nesse aspecto. (…)

E – Em termos funcionais não tem grandes competências?

Manuela – Não, não é capaz. (…) E várias vezes veio com a minha mãe em pantufas e robe, porque ele nem era capaz de a vestir» (Manuela, divorciada, 52 anos, explicadora).

Estes homens surgem no pólo oposto ao das mulheres solteiras, que são entendidas como cuidadoras por excelência e a quem é reconhecida aptidão «natural» para o desempenho das tarefas em causa. Nos casos estudados, o facto de estas mulheres nunca terem saído de casa dos pais, poderá ajudar a compreender, por um lado, o seu envolvimento e, por outro, o desprendimento dos irmãos que constituíram núcleos domésticos autónomos. Das cinco mulheres solteiras que entrevistámos, só uma saiu de casa dos pais no início da vida adulta (tendo, no entanto, mantido uma ligação muito estreita com os mesmos). As restantes permaneceram no núcleo doméstico de orientação.

Não podemos afirmar que o celibato resulte de uma pressão dos/as progenitores/as ou das circunstâncias em causa, mas, por vezes, a assunção da responsabilidade de cuidar dos/as progenitores/as leva a um adiamento da concretização de projectos pessoais, transparecendo a ideia de que estas mulheres se sentem penalizadas pela situação em que estão envolvidas.

Conceição fala-nos da força dos laços que a unem ao pai e à irmã e do prazer que retira do desempenho do seu papel de cuidadora, em torno do qual toda a sua vida gira. Mas esta abnegação tem os seus custos. A falta de tempo para si própria, para sair de casa ou para investir numa relação amorosa, são algumas das implicações que aparecem, ora de forma clara, ora de forma velada, no seu discurso. De todo o seu testemunho destacamos uma frase dirigida à irmã que nos parece exemplar para ilustrar a forma como representa a sua condição de mulher solteira: «Deixa lá, tu tens vida e eu não tenho vida. Tu tens vida."

«O que é que eu penso assim: quem se sacrifica sou eu. Nunca mais fui a um passeio, às vezes ia assim a uma excursãozita, a um passeio. (…) Nestes dois anos tenho-me privado de muita coisa. (…) A minha irmã é mais velha três anos. Eu faço 42, ela faz 45. Mas damo-nos muito bem e eu procuro sacrificar-me sempre mais e deixá-la a ela mais aliviada, porque é o que eu digo: "– Deixa lá, tu tens vida e eu não tenho vida. Tu tens vida"(…)» (Conceição, solteira, 41 anos, motorista).

Joana também está envolvida num esquema de cuidados egocentrado, de relativo isolamento, com um apoio esporádico de dois irmãos. Assumiu a responsabilidade de cuidar depois de um período a viver sozinha. A saída de casa dos pais, aos 40 anos, foi interpretada por alguns irmãos como uma atitude irresponsável e despropositada. A tranquilidade que a sua presença representava para os restantes elementos da fratria ficou comprometida e o seu afastamento temporário deu origem a alguma tensão.

«…para eles, vir para Coimbra… também sabiam que o paizinho e a mamã estavam lá com a menina, em Loriga, que eles estavam livres para resolver… O mais velho, na altura em que eu comuniquei que vinha para Coimbra, foi quando ele reagiu: "– Vens para Coimbra aos 40 anos, não estás lá bem? Ainda queres melhor? Aí é que estás bem!" Quer dizer, não se estava a preocupar que eu tinha aspirações de futuro» (Joana, solteira, 48 anos, empregada administrativa).

3.3. Mulheres cuidadoras versus homens decisores

Ainda que o papel dos homens nas redes de solidariedade seja significativamente diferente do das mulheres, aqueles não estão completamente ausentes, havendo mesmo alguns tipos de trocas em que o seu papel é primordial, nomeadamente na mobilização de influências para arranjar emprego, na construção de habitação ou na dádiva/empréstimo de elevadas quantias de dinheiro ou de bens muito dispendiosos. No que concerne à prestação de cuidados aos/às dependentes, em algumas ocasiões, ainda que excepcionais, os homens têm um papel activo na prestação directa dos cuidados; em outras, contribuem com pequenas ajudas que facilitam o trabalho das cuidadoras principais.

Mas os dados empíricos que recolhemos revelaram-nos uma outra realidade que, apesar de singular, consideramos de interesse relevante. Deixando vislumbrar alguns resquícios de um modelo patriarcal, em que aos homens compete tomar as decisões sobre os destinos da família, encontrámos um caso em que o esquema de apoio é decidido pelo homem, ainda que quem o vá pôr em prática seja a sua mulher. Este papel masculino evidencia-se em outras fratrias, se bem que não de uma forma tão acentuada, pois os processos de regulação em causa tiveram também a colaboração das mulheres.

Claro que não podemos procurar a justificação para este comportamento somente nos modelos normativos que diferenciam os papéis masculinos dos papéis femininos, legitimando as assimetrias; igualmente relevante será a valorização do estatuto de filho e de filha em detrimento do estatuto de nora e de genro. Se, na maioria dos casos estudados, sempre que um processo de negociação tem lugar no interior da fratria, todos se envolvem na tomada de decisões, numa minoria, são somente os filhos – homens ou mulheres – que se reúnem para desenhar o esquema de apoio a prosseguir.

Florinda aceitou a decisão do marido e das cunhadas em relação aos cuida-dos a prestar à sua sogra. O facto de trabalhar impõe alguns limites ao desempenho das tarefas, mas não a levam a declinar esta responsabilidade.

«E – Portanto, foi o seu marido que tomou a iniciativa de ir falar com as irmãs?

Florinda – Sim, sim, sim. Foi.

E – A Sr.ª não foi nesse dia, não foi conversar com eles?

Florinda – Não, nesse dia não fui, não. Não.

E – E não conversou com o seu marido em casa acerca disso, antes de ele ir, para ver qual seria a melhor solução, o que é que seria melhor?

Florinda – A melhor solução para mim, como eu estava empregada e as duas filhas não estavam empregadas, a minha situação, era melhor para um Lar, porque eu não tinha tanto trabalho. Porque, assim, tenho que ter o dobro do trabalho, mas: "– Ah não, ela agora não dá trabalho. Ela não dá trabalho" (…) Depois o meu marido resolveu que andava aos quinze em quinze dias e pronto, e foi assim» (Florinda, casada, 38 anos, ajudante familiar)».

A gestão dos rendimentos dos idosos é mais um dos domínios em que se destaca a intervenção dos homens. Este é outro indicador da diferenciação baseada na reprodução dos papéis tradicionais, uma vez que, à semelhança do que acontece com o poder decisório, também a gestão financeira tem sido um campo de actuação preferencialmente masculino. «O Z. é que normalmente gere o dinheiro. Portanto… mas cada uma das cinco que acha que lhe falta qualquer coisa, compra e depois ele dá o dinheiro» (Graça, casada, 50 anos, auxiliar de acção médica). …é o meu irmão que trabalha na Caixa. Como ele está na Caixa movimenta as contas. Nós chegamos ao fim do mês… por exemplo, eu o mês passado pedi-lhe: «– Olha, deposita na minha conta 1450€"» (Ema, casada, 67 anos, professora – reformada).


3.4. A influência do meio geográfico e social na definição dos papéis de género

São as mulheres com estatutos socioeconómicos mais desvalorizados e de meio rural que mais facilmente aceitam, ou chegam mesmo a defender, a segregação entre os sexos em matéria de prestação de cuidados. Como se pôde perceber pelos excertos que apresentámos, são as trabalhadoras agrícolas e as trabalhadoras desqualificadas dos serviços que argumentam a favor de uma maior responsabilização das mulheres, associada à demissão dos homens. Pelo contrário, as mulheres de meio urbano, independentemente da sua condição social, e mesmo que assumam a prestação dos cuidados sem a colaboração dos homens da família, defendem valores de paridade entre os sexos.

A influência do meio social e geográfico é também relevante no que toca à colaboração real dos homens nas redes efectivas de apoio. Os homens que se envolvem mais directamente nos cuidados vivem preferencialmente em meio urbano e têm níveis de escolaridade médios ou elevados. Tanto no caso dos filhos como no dos netos cuidadores, estamos a falar de pessoas que residem em meio urbano e que concluíram o ensino secundário (António) ou que frequenta-ram/frequentam o ensino superior (Lúcio e os filhos de Lucinda e de Graça).

O caso de Lucinda é um exemplo deste envolvimento dos homens (filhos e marido) do agregado doméstico da cuidadora. Podemos realçar o papel de um dos netos da idosa, que dá uma ajuda substancial em todas as esferas dos cuidados, substituindo a entrevistada em muitas tarefas.

«Sem a ajuda deles, sobretudo de um, que é aquele que lhe está a prestar mais apoio, eu também não estava coisa… porque também não estava bem… (…) Leva-a ao colo… sentamo-la então nessa… na banheira, damos-lhe banho, ela gosta de tomar, fica muito fresquinha, muito bem-disposta. Tratamos, secamos-lhe o cabelo, corta-mos-lhe o cabelo, cortamos-lhe as unhas, pronto. (…) E à noite, também é ele que me… que de uma maneira geral, que lhe dá o jantar, dá-lhe sempre o jantar, gosta de lá ir, é ele que lá vai e tem esse compromisso» (Lucinda, casada, 52 anos, assistente social).

Também no caso de Graça se destaca o apoio do marido e do filho. Contudo, este decorre essencialmente de constrangimentos de cariz profissional e não de uma vontade explícita de cuidar, uma vez que, de acordo com a própria, os «homens da casa» só colaboram se ela não está. Aliás, o desinteresse e o desprendimento do seu filho são realçados pela entrevistada, que os interpreta como um sinal da desresponsabilização da geração mais jovem.

«Graça – Quando eu faço tarde, ele vê-se na necessidade de ajudar o pai. Ambos a lavam e a deitam. Mas se eu cá estiver, não. (…) Ai, quando eu estou de tarde, eles têm que a lavar e deitar, e pôr a fralda, e dar comer, e deitá-la.

E – O seu marido faz essas tarefas?
Graça – Faz mais o filho. Sim, sim, sim. (…) O meu filho tem… e já não é nenhuma criança, tem vinte e nove anos, e só cuida da avó se, por exemplo, eu lhe pedir» (Graça, casada, 50 anos, auxiliar de acção médica).

 

4. Análise conclusiva

Apesar das profundas e inelutáveis mudanças que se fizeram sentir nas últimas décadas, assistimos à continuidade de padrões de comportamento que perpetuam iniquidades e alimentam a segregação de género em diversos domínios da vida em sociedade. Os resultados da nossa pesquisa permitiram-nos perceber que, quer do ponto de vista das práticas quotidianas, quer do ponto de vista das representações, os cuidados às pessoas idosas dependentes continuam a ser uma esfera em que os papéis de género são claramente diferenciados, com uma forte penalização das mulheres.

Se pensarmos que a inserção laboral, em igualdade de circunstâncias, tem sido uma das principais reivindicações das mulheres e um dos factores que mais contribui para a diminuição das desigualdades de género, rapidamente percebemos que qualquer entrave ao bom desempenho profissional ou ao acesso ao mercado de trabalho, compromete os progressos alcançados nas últimas décadas. Philipp Hessel e Wolfgang Keck (2009), a partir dos resultados de um estudo comparativo da realidade dos países da União Europeia, revelam que é em Portugal e na Alemanha que a dedicação aos cuidados informais tem um impacto mais negativo na esfera profissional, nomeadamente nas oportunidades para encontrar trabalho. Na globalidade dos países, são particularmente as mulheres de meia-idade e as solteiras que diminuem o tempo que dedicam ao trabalho pago.

Assim, ao considerarmos que os cuidados às pessoas idosas continuam a ser prestados preferencialmente em casa (Daatland, 2009; Gil, 2009; Moody, 2009; Torres, 2006), contrariamente à ideia instalada de que a maioria das famílias opta pela institucionalização, e que essa tarefa continua a ser assegurada essencialmente pelas mulheres, impõe-se que deixemos algumas pistas de reflexão (e de inquietação):

– face ao aumento dos índices de morbilidade e de dependência das pessoas idosas (e, em particular, das muito idosas), terão as mulheres condições para suportar o potencial aumento de responsabilidades daí decorrentes?

– como lidarão com as crescentes solicitações e exigências neste domínio?

– como as compatibilizarão com as suas ambições pessoais e com a sua luta pela paridade?

– em que medida a própria noção de cuidar tenderá a mudar, no sentido de libertar as mulheres das tarefas quotidianas e de lhes permitir concentrar-se nas tarefas de organização/gestão desses mesmos cuidados, assim como nas tarefas expressivas?

Ainda assim, não obstante nos casos que estudámos se manter o modelo diferenciado e assimétrico, é expectável que as mudanças que se têm registado nas dinâmicas familiares venham a reflectir-se também nesta área. A actual geração de cuidadores/as, constituída preferencialmente por quinquagenários/as, foi educada de acordo com padrões valorativos tradicionais, dando-lhes continuidade. Pelo contrário, as gerações mais jovens estão já a caminhar no sentido da aceitação de uma maior indiferenciação de papéis e de uma maior afirmação da igualdade de género (Pereira, 2010). Os homens das novas gerações estão cada vez mais envolvidos nos cuidados aos filhos e às filhas e nas tarefas domésticas, podendo vir a assumir uma repartição mais equitativa das tarefas do cuidar das pessoas mais velhas.

 

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Artigo recebido em 31 de Outubro de 2010 e aceite para publicação em 28 de Março de 2011.

 

*Licenciada em Serviço Social, mestre e doutora em Sociologia, na especialidade de Sociologia da Família e da Vida Quotidiana. É Professora na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria. É investigadora do CIES-ISCTE. Dedica-se à investigação e à divulgação de conhecimento nos domínios da Velhice e do Envelhecimento e dos Cuidados Familiares às Pessoas Idosas. Autora do livro «O Lugar do Idoso na Família», editado pela Quarteto, em 2001. luisa_pimentel@hotmail.com

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