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Ex aequo

versão impressa ISSN 0874-5560

Ex aequo  no.26 Vila Franca de Xira  2012

 

A Velhice como Performativo: Dissidências (Homo)Eróticas

 

La vieillesse comme performativité: dissidences (homo)érotiques

 

Ageing as performative: (homo)erotic dissidences

 

Fernando Pocahy*

Universidade de Fortaleza, Brasil

 

Resumo

Este artigo problematiza os discursos de objetificação dirigidos a homens idosos que exercem práticas (homo)eróticas. O trabalho se constitui em reflexão teórica desde os resultados de uma investigação mais ampla produzida no âmbito de uma tese de doutoramento em Educação. O estudo tratou de compreender a produção de estratégias de contestação às significações desqualificantes sobre a homo/sexualidade e o envelhecimento.

Palavras-chave: Corpo, Gênero, Sexualidade, Envelhecimento, Performatividade, Homoerotismo, Homossexualidade.

 

Résumé

Cet article problématise les discours d’objectification visant à les hommes plus âgés qui exercent des pratiques (homo)érotiques. Ce travail de réflexion théorique est le résultat d’une recherche plus large réalisée dans le cadre d’une thèse de doctorat en Sciences de l´Education. L´étude a essayé de comprendre la production des stratégies de contestation des significations disqualifiant sur l’homo/sexualité et le vieillissement.

Mots clés: Corps, Genre, Sexualité, Vieillissement, Performativité, Homoérotisme, Homosexualité.

 

Abstract

This paper tries to build a problematization of the discourses of objectification aimed at older men engaged in homo/erotic practices. It also contains a theoretical reflection based on the results of a wider investigation produced during the preparation of a PhD thesis in Education. Therefore, one of the aims of the analysis was also to understand how strategies that contests the derisive meanings given to homo/sexuality and ageing are produced.

Keywords: Body, Gender, Sexuality, Ageing, Performativity, Homoeroticism, Homosexuality.

 

Entre sussurros e gemidos1, os cochilos de uma norma. Arranjos introdutórios

Este artigo apresenta algumas dentre as reflexões derivadas dos resultados de minha pesquisa de doutorado2 (Pocahy, 2011) realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, localizada em Porto Alegre, região sul do Brasil. O estudo amplo analisou formas de regulação do gênero e da sexualidade em sua articulação com os discursos normativos acionados na produção discursiva do envelhecimento. Com este estudo maior objetivou-se compreender os enunciados sobre a sexualidade dos idosos, na perspectiva de como esta é fabricada e descrita como verdade, produzindo materialidade (discursiva) e suposta evidência. Este estudo buscou problematizar os jogos de verdade (conforme Michel Foucault (2001 [1984a]) que cercam as experimentações de homens idosos em práticas homo/eróticas, junto a espaços de sociabilidade como bares, videolocadoras pornô (complexos de pequenas salas de cinema pornô/erótica) e saunas gays.

Através de uma cartografia da «vida social do corpo», nos termos de Judith Butler (2004 [1997]: 238), a pesquisa elaborou dois esquemas de análise que nos permitiram compreender como é produzida a objetificação da produção discursiva sobre homens idosos em práticas homo/eróticas, ao mesmo instante em que as resistências são/eram agenciadas. O primeiro esquema de contestação analisado refere-se às experimentações da sexualidade de homens idosos em uma sauna e vídeo-locadora pornô. O segundo plano de análise, por outro lado, abordou as sociabilidades produzidas em torno de homens idosos e garotos de programa (homens jovens profissionais do sexo) em um bar de prostituição masculina. Estes dois contrapontos ou esquemas de problematização permitiram uma abordagem sobre as disputas presentes nas tramas discursivas da hetero e da homonormatividade, de acordo com Lisa Duggan (2003) e Guacira Lopes Louro (2009), como importantes dispositivos na produção e/ou manutenção da ‘velhice’ como materialidade discursiva de abjeção (Butler, 2004).

O corpo do idoso que protagonizou esta pesquisa foi compreendido como contestando seu destino, através de performances desempenhadas com (algum) prazer, com (alguma) invenção, com (algum) tesão, com (alguma) graça e com (algum) desafio de si. E com alguma intenção, produzindo uma sorte de movimento de ascese para uma vida criativa (Foucault, 2001 [1984b]).

Neste percurso investigativo foram realizados alguns alinhavos analíticos a partir de narrativas ditas inusitadas, situacionais e efêmeras de um corpo interpelado como ‘menor’. Seguindo as pistas que desenhavam uma imagem aproximada para um idoso, a partir de um terreno clandestino e estigmatizado, o que pude acompanhar foi uma imagem provisória deste ‘homem velho’, ocupando um lugar possível na cidade e em seus movimentos de erotismo, ‘deformando’ as representações ‘normais’ para o dito corpo ‘desejável’.

O que significa afirmar que esta pesquisa foi constituída como uma cartografia de uma (homo)erotiCidade e cenas dissidentes. Ela acompanha o desenho de uma cena de erotismo que vai se definindo no instante mesmo da sua própria experimentação e do seu traçado político-epistemológico. Não se tratando de um mapa, nada neste estudo esteve definido a priori, tampouco são passíveis de representatividade. As paisagens existenciais e eróticas foram e continuam se (re)desenhando e se modificiando. O que se acompanha aqui é apenas um instante de algo produzindo um esboço da experiência política da corporal/idade.

Não seria exagero prosseguir em conjecturas, mas uma economia e uma direção (linguísticas, até) são necessárias nesse momento de apresentação da problemática desta pesquisa: como a idade se insere nos jogos de prescrição e de regulação das experimentações da (homo)sexualidade? Como o ‘corpo idoso’ encarna ou desencarna (resiste) n/o jogo das disputas de pertencimento e reconhecimento social que são acionados nos processos de inteligibilidade a partir do gênero e da sexualidade? Inteligibilidade que é «decidida antes de toda a decisão individual», segundo Butler (2004[1997]: 203).

 

Derivas epistemológicas e rastros metodológicos da pesquisa

O trabalho de campo da pesquisa desenvolveu-se através de minha permanência silenciosa e, por vezes, mais falante, mas sempre bastante participativa, em uma sauna e videolocadora pornô, em dias variados e uma vez por semana, durante as tardes dos anos de 2007 e 2010 na cidade de Porto Alegre.

Entre as linhas do texto de memórias de campo, há ainda aquelas que permanecem quietas, aquelas que não se prestam ou não se emprestaram para o trabalho nesse instante. Mas, há outras que estão aqui mais fortes e intensas para arriscar dizer algo de uma experimentação (homo)erótica que considero vertiginosa em suas possibilidades de encontros entre homens que estariam ‘fora do mercado do sexo’: ‘velhos’, ‘gordos’, ‘deficientes’ e outros ditos ‘feios em geral’.

No rastro das linhas do pensamento de Michel Foucault e de Judith Butler (entre outras teóricas feministas lésbicas e/ou queer) procurei compreender como as normas instituem um regime de gênero e da homonormatividade, a partir da idade e das representações sobre o envelhecimento. E, embora não traga qualquer novidade dizer que as normas governam os discursos, cabe recapitular que elas produzem e regulam o sujeito do discurso, fazendo a vida (corporal) dos indivíduos (Butler, 2004), habitando os corpos (no caso do protagonista desta pesquisa, a materialidade discursiva o corpo ‘idoso’/o corpo ‘velho’).

Meu interesse deitou-se com estas ideias e procurou, desde um trabalho de campo na perspectiva de uma participação-observante, conforme proposto por Rommel Mendes-Leite (1992, 2003) e Mendes-Leite e colegas (2000), e em ponto de vista discursivo-desconstrucionista, produzir alguma intimidade com movimentos eróticos que pudessem indicar formas de contestação ou resistência à norma. Minha provisória certeza guia é/foi de que as experimentações das sexualidades ditas ‘minoritárias’ (Louro, 2004), indóceis, dissidentes ou desobedientes, podem evidenciar algo dos jogos discursivos que encarnam o corpo, entre as continuidades e descontinuidades habilitantes do gênero e da sexualidade, demonstrando o seu caráter ficcional/fabricado histórica e culturalmente.

A partir deste arranjo, pondero que as práticas sexuais e eróticas podem de alguma forma perturbar o gênero (Louro, 2004), desde o interior mesmo de sua produção discursiva, desestabilizando os instituídos que evidenciam as identidades gênero-sexualizadas.

De alguma forma, as práticas sexuais produzem desarranjos nas representações. Mas acredito que elas dizem pouco ou quase nada sobre os sujeitos em si mesmo. Eu considero que os sujeitos presentes nesta pesquisa são interlocutores de uma cena e um instante que rasga a moral que cerca o corpo generificado e os prazeres sexuais na velhice.

Muito embora eu não tenha encontrado elementos contundentes na desestabilização do gênero, mesmo diante das desobedientes formas de experimentação da sexualidade que tive a oportunidade de acompanhar durante o período em trabalho de campo, as imagens das performances dos sujeitos (a ‘perform/ação’ de um discurso) me ofereceram possibilidades de abrir a reflexão sobre o teatro da heterossexualidade compulsória e os pocket shows cotidianos das heteronormas e homonormas.

 

As muitas densidades de um corpo: a velhice como performativo

Nesta pesquisa um processo singular de envelhecimento ocupou status de centralidade: o envelhecimento de homens que se autoreferenciam como homossexuais e/ou homens que experimentam uma sociabilidade homoerótica e desempenham práticas sexuais com outros homens. Portanto, mesmo que eu reconheça todas as possíveis dificuldades encontradas por idosos que se entendem como homossexuais, diante das violências a estes impetradas em nossas sociedades heterossexistas e ‘velhicistas’ (ageism, âgisme, idadismo), minha estratégia seguiu em outra perspectiva e a partir de outras alianças táticas.

Operei em esforços que se dirigiam a compreender a velhice como efeito de performatividades nas tramas discursivas da «heterossexualidade obrigatória» ou a «naturalização da heterossexualidade», em consonância com Adrienne Rich (2001[1985]) e Monique Wittig (2001[1992]), bem como da hetero e da homonormatividades.

Este foi um dos desafios conceituais e políticos importantes deste trabalho: compreender como as pessoas negociam e arranjam suas vidas diante dos discursos que as fazem ser/dizer o que pensam ser?

Sabemos que a idade que levamos é a forma também de dar inteligibilidade ao que pode ser considerado como uma vida possível socialmente, desde engajamentos políticos institucionais e arranjos culturais. Desta maneira, estamos diante de um agenciamento discursivo que não faz outra coisa que tentar situar o sujeito de forma reconhecível e como um sujeito que possa ser citado – que produz experimentações de si desde/como atos performativos – como sujeito possível ou pensável.

Assim, ao me aproximar da ideia de movimentos de citação e de recitação performativas, que tornam inteligível um corpo/sujeito, não pude deixar de pensar nos sentidos para a vida que um corpo é capaz de encarnar; e, por isso, me interessei em compreender como o corpo se oferece a (e/ou como ele desestabiliza) estes processos, como o envelhecimento. Rose-Marie Lagrave (2009: 113) propõe que «questionar uma ordem das idades é uma maneira de reencantamento, no sentido em que interrogamos sob novos riscos as evidências tributadas à velhice, realocando os recursos cognitivos e políticos inusitados cruzando os efeitos recíprocos entre a ordem dos gêneros e das idades».

Desse modo, compreendo a idade como uma categoria política, histórica e contingente, assim como o são o gênero, a classe social, a sexualidade ou a raça. Mas não de forma isolada, pois o marcador etário e geracional dificilmente pode ser pensado sem essas intersecções.

Isto significa dizer que a idade organiza a vida ao conferir status de ‘humanidade’ em diferentes formas e condições político-culturais, no mesmo instante em que gênero e sexualidade se tornam visíveis e possíveis nesta trama discursiva, estabelecendo possibilidades e limites para cada uma das idades da vida.

Júlio Simões (2004) nos oferece uma forma de entendimento sobre o envelhecer e a homossexualidade, remetendo-nos às tensões políticas presentes no interior de uma cena/experiência de fronteira, especialmente ao pontuar as margens que estabelecem no interior das ditas experiências/modos de vida ‘marginais’ em uma sociedade heterossexista. Afirma o autor: «se por um lado as identidades gestadas dentro da ‘cultura gay’ podem ser vistas como aprendizado e desenvolvimento de estilos de vida corporais, (…) por outro elas também só fazem reforçar os contrastes entre a juventude resplandecente e a velhice sombria » (Simões, 2004: 419).

A constatação de Simões é fundamental para que possamos compreender os movimentos de contestação no interior desta disputa por um lugar nos planos de circulação e sociabilidades marcadas pelo exercício da sexualidade e pelo reconhecimento social desde as sociabilidades homoeróticas (sobretudo as comerciais).

De outra parte, nesta disputa, percebemos as representações de niilismo e recolhimento impetradas a muitos idosos gays, como derivadas muito provavelmente de tramas discursivas signatárias da política da exaltação do corpo jovem (algo que parece se arrastar no jogo das políticas de identidade, inclusive com grande expressão em muitas políticas da visibilidade gay nas campanhas no enfrentamento à AIDS ou de direitos da população LGBT). Essa profusão de representações evidencia e informa uma imagem de si para muitos gays que se recusam a envelhecer – ou que negam qualquer possibilidade de erotismo e direito de cidade para o corpo idoso –, revelando um traço homonormativo no interior de uma margem de exclusão social.

Um argumento que corrobora esta perspectiva das ciladas da cultura gay matizada no corpo belo, bom e a ser zelado e protegido (como se os outros não fossem merecedores), vem ao encontro da crítica de Didier Eribon (2003: 22):

O culto da juventude parece ser um dos traços mais constantes da cultura gay (sem dúvida isso é menos verdadeiro na cultura lésbica). […] De fato, em relação aos discursos e às imagens hostis descrevendo a homossexualidade como um agente de decadência e de destruição da sociedade são historicamente opostos aos contradiscursos e às contraimagens que buscaram legitimar o amor entre homens em momento da beleza dos jovens. O que seguidamente nos dá a impressão ao ler revistas gays que somente os jovens belos podem ser homossexuais.

Juntamente a estas reflexões pode-se afirmar que as idades da vida criam condições de inteligibilidade para o que definimos em nossas sociedades ocidentais (pós) modernas como humano, também em termos de gênero, sexualidade e raça/etnia. No rastro do projeto (bio)político da modernidade, a experiência geracional e algumas das interseccionalidades que acabei de citar nos permitem algumas interrogações: o que deve o sujeito contemporâneo à sua idade e quais são as hierarquias produzidas em nosso tempo para a objetificação de discursos de inteligibilidade social? O que pode uma vida com a sua idade? O que pesa e o que conta a idade que levamos? Pode um sujeito existir – oferecer inteligibilidade social – sem a sua idade? E uma idade pode ser a mesma de uma geração a outra? O que o corpo deve aos regimes políticos na gestão da vida (generificada)?

Em relação à juventude e à velhice, eu tomo estas duas experiências discursivas como materialidades em negociações culturais e desde regimes de verdade que não podem ser pensados sem a organização e a produção de expectativas para as idades/fases da vida:

El otro campo de intervención de la biopolitica va a ser todo un conjunto de fenómenos, de los cuales algunos son universales y otros accidentales pero que, por una parte, nunca pueden comprimirse por entero, aunque sean accidentales, y que también entrañan consecuencias análogas de incapacidad, marginación de los individuos, neutralización, etc. Se tratará del problema de la vejez, muy importante desde principios desde siglo XIX (en el momento de la industrialización), del individuo que, por consiguiente, queda fuera del campo de capacidad, de actividad. Y, por otra parte, los accidentes, la invalidez, las diversas anomalías. En relación con estos fenómenos, la biopolitica va a introducir no sólo instituciones asistenciales (que existían desde mucho tiempo atrás) sino mecanismos mucho más sutiles, económicamente mucho más racionales que la asistencia a granel, a la vez masiva y con lacunas, que estaba esencialmente asociada a la Iglesia. Vamos a ver mecanismos más racionales, de seguros, de ahorro individual y colectivo, de seguridad, etcétera (Foucault, 2006 [1976]: 221).

Para isso, aliado às ideias de Pierre Bourdieu (2005[1978]), podemos dizer que estamos diante de uma disputa sobre o domínio dos sujeitos ao limitar a experiência geracional a divisões arbitrárias – erigidas evidentemente a partir de conceitos e práticas regulatórias. Segundo Bourdieu (op. cit.), estas classificações por idade (mas também por gênero, ‘orientação’ sexual e também por classe) remetem-nos sempre à imposição de limites e de produção de uma ordem pela qual cada um deve se fixar, na qual cada um deve se colocar em seu lugar. O que pressupõe certamente medidas e expectativas sobre a vida.

 

Dissidências homo/eróticas

Muitas são as disputas que envolvem as significações do envelhecer, mas arrisco aqui pensar que a sexualidade talvez funcione como este dispositivo dinâmico da biopolítica (Foucault, 1997 [1976]), que opera de forma particular com o ‘peso’ cultural da idade, prendendo durante mais tempo este corpo às moralidades médicas, religiosas, educacionais e jurídicas. De alguma forma, poder-se-ia levar em consideração a ideia de que as pessoas idosas teriam dificuldades para incorporar certas flexibilizações em relação às condutas de gênero e sexualidade. Mas isso, creio, oferece-se mais como um fantasma normativo. Evidentemente, como demonstra Michel Bozon «(…) as gerações idosas de hoje praticam um repertório mais largo do que aquelas de ontem, na medida em que elas passaram sua vida adulta em um contexto de ampliação das possibilidades e de diversificação dos percursos afetivos» (2009: 125).

Podemos pensar que uma norma, suas representações e as performances, que se produzem desde seus engendramentos discursivos, ficcionam formas que procuram conservar perenes os atributos de gênero e sexualidade para uma idade – para cada idade da vida. No entanto, essa regulação e medida deixam escapar na agonística das tensões geracionais formas de contestação e de resignificação.

É desde essa problematização que tentei costurar uma reflexão, a partir de algumas linhas de uma experiência de trabalho de campo envolvendo espaços de sociabilidade (homo)erótica. Problematizar significa, aqui, nos termos de Michel Foucault, realizar um movimento de análise que possibilita compreender como um conjunto de práticas discursivas ou não discursivas faz ‘algo’ entrar no jogo do verdadeiro e do falso e, ao mesmo, tempo constitui este algo como objeto para o pensamento (Foucault, 2001 [1984a]).

O interesse nesse estudo foi também problematizar como o corpo performativizado como ‘improdutivo’, ‘precário’, ‘bizarro’, ‘monstruoso’ e ‘desqualificado’ – ou alguns dos nomes que se podem dar aqui ao abjeto – é contestado (ressignificado) ou mantido no seio das ditas ‘subculturas’ Lésbica, Gay, Travesti, Transexual, Transgênero ou Bissexual (ou aparentemente referendadas como tais).

Ensaiei uma aproximação entre algumas das linhas que se articulam na malha moderna da gestão da vida e do governo dos vivos (Foucault, 2006 [1976]). Organizei, portanto, uma reflexão sobre o campo de possibilidades aberto em uma das margens do grande continente cinza (Le Breton, 2008 [1990]) como é representada a sexualidade na velhice. Um continente traçado no projeto moderno onde: «a velhice desliza lentamente para fora do campo simbólico, ela se afasta dos valores da modernidade: a juventude, a sedução, a vitalidade, o trabalho, a performance de desempenho, a rapidez» (Le Breton, 2008 [1990]: 210).

No curso da análise que aqui é parcialmente retomada tratei de re/compor cenas que permitiriam-me pensar a ideia de performatividade. As performatividades que invadem esta pesquisa tensionam, certo modo, os jogos discursivos na produção da identidade e da diferença, como nos aporta Tomaz Tadeu da Silva (2007). Afinal, dizer-se gay, veado, bicha, entendido ou «sou homem e ponto», «velho», «coroa» (e outras formas de significação de suas identidades ou práticas sexuais) pode ser tanto um ensaio de resistência/ressignificação, quanto pode refletir o assujeitamento a uma nova ordem do gênero nos regime discursivo da homossexualidade e da idade. Isto é: «quando uma pessoa se declara homossexual é a declaração que é performativa, não a homossexualidade» (Butler, 2004 [1997]: 51).

Os sujeitos que participam desta pesquisa tinham à época da sua realização a idade de 60 anos ou mais (o mais idoso setenta anos). E não se pode deixar de considerar que são pessoas que negociam em seus cotidianos com categorias políticas e discursos que se produziram desde os movimentos de liberação/contestação sexual; e que são tensionados nas políticas culturais e sociais contemporâneas envolvendo o gênero e a sexualidade, sobretudo no contexto brasileiro marcado por décadas de ditadura militar.

No entanto, não foi meu interesse buscar marcas do passado, evocando as feridas da vergonha, da humilhação, da negligência e da violência para aqueles sujeitos que se reconheciam afirmativamente como gays ou entendidos ou homossexuais (e que viveram tempos mais difíceis, em termos de proteção social e garantia de direitos). E menor ainda foi a minha intenção de restituir ou buscar no passado um tempo glamourizado – seja por acreditar na habilidade de cada um para driblar os controles de uma época, seja por querer evitar uma espécie de nostalgia do corpo e da vida jovem – cuidado que mantive, particularmente, nas interlocuções realizadas através dos momentos de entrevista.

Considero que a ideia de remeter o idoso sempre ao passado pode, por sua parte, significar uma maneira de sequestrá-lo do presente, furtando-o do futuro e reafirmando que seu tempo não é hoje, tampouco será o de amanhã. Por isso, associo-me novamente a Lagrave (2009), quando esta autora propõe que trabalhar sobre a vergonha de si é também refletir sobre o status e o lugar do desejo na economia política da velhice; mas certo desvio intencional se fez necessário na pesquisa: o silêncio sobre a vergonha de si.

De fato, não se trata de um silêncio, mas do avesso de um silenciamento – ocupo-me do agora com estes ‘velhos’ na possibilidade de uma historicização do presente. Operei, portanto, com a estratégia de evitar que se instalasse o ressentimento – que bem poderia ser ilustrativo de uma parte do cotidiano das vidas dos sujeitos envolvidos neste estudo – mas que poderia tomar a forma da lamentação, abafando os gemidos e os sussurros do que me pareceu ser mais subversivo desta pesquisa: o conjunto das cenas onde o corpo se joga na intensidade do erotismo. Mesmo que ele não esteja livre de coleiras normativas.

Nas narrativas que se produziram nas conversas com os interlocutores, o murmúrio do sofrimento para a explicação da experiência da sexualidade não ocupou espaço. Esse foi um direcionamento construído na aproximação com o campo da pesquisa, o que permitiu um modo de ver a experiência do envelhecimento de outra forma. Isto é, não como lamento ou vitimização, mas tendo todo o respeito e os respaldos éticos necessários.

Foi possível, deste modo, pensar estes sujeitos no presente e no agora e, evidentemente, com suas marcas singulares. De certa forma, cabe dizer, certo lamento se interpôs. Mas de uma forma um pouco diversa da que acima mencionei. Esse lamento referiu-se àquela sorte de queixa sobre as pendências do «amor romântico » (Serge Chaumier, 1999; Jurandir Freire-Costa, 1998), que não surge senão como «tráfico de significados» (Beatriz Preciado, 2010) e desde performances muito particulares, no plano das relações de sociabilidades explicitamente tarifadas.

Não temos aqui um encontro de queixas ou de ressentimento, reafirmo. Mas um (re)encontro que pretendeu buscar possibilidades de contestação que importam para pensar o que estamos fazendo de nós mesmos; um encontro com o que deixa escapar e fruir, com o desfrute, com a presença de certa forma desinteressada que brinca com os fantasmas da homossexualidade e da velhice. A questão aqui não foi a de saber o que o sujeito é, o que alguém é, mas de acompanhar o devir – no que podemos ter a sorte de nos tornar. Esta proposição foucaultiana é apontada por Judith Butler (2005: 31).

Ao escrever sobre momentos, situações e arranjos estéticos que não procuram a coerência do discurso politicamente correto, tentei destacar os movimentos que buscaram a deriva, os devaneios, as invenções, as artimanhas, a pluralidade dos nós vividos por alguns sujeitos diante das disputas inusitadas que uma norma pode produzir para definir um corpo e gerir uma vida.

Do ponto de vista do exercício pleno da sexualidade a ‘velhice homossexual’ parece residir mais distante da ideia de uma experimentação possível. Ditos perversos, libidinalmente devassos, promíscuos, sujeitos cuja sexualidade perdura como uma sequência natural de uma vida ‘atormentada’, a marca do estigma da perversão se arrasta e acumula episódios e práticas ‘abomináveis’ e ‘condenáveis’ com o correr do tempo. Não se economizam representações largamente aceitas para a figura do ‘homossexual velho’ como monstruoso abjeto sexual, particularmente sobre aqueles que ousam desacatar uma (homo)norma.

Assim sendo, teriam os idosos de se contentar com a representação questionada por Júlio Simões (2004: 419), de que «aos mais velhos, só restaria pagar para desfrutar de companhia fugaz e arriscada»? Que problemas, acrescento, traria a ideia de pensar que um idoso pode experimentar práticas fugazes e arriscadas? Este é outro ponto que encontrou ancoragem em meu trabalho de campo, ao discutir as sociabilidades que são marcadas de forma evidente pela impessoalidade do contato erótico e sexual, pelo risco real que integra em certa medida o imaginário do homoerotismo.

Como indica Horácio Sívori (2005), não são somente formas de dominação e de resistência, mas também a criatividade de sujeitos, colocados em uma particular situação de subalternidade instituída no interior da norma (homo) sexual que passaria a ser estranhada, ao considerarmos algumas cenas dentro da própria margem do vasto território das práticas de uma ‘minoria sexual’.

Diante de uma agonística do envelhecimento encontramos o idoso que surpreende. O idoso que, sacudido pelos discursos que definem o envelhecimento como categoria de pertencimento a abjeção, se agita e ousa dizer seu nome (e talvez sua idade), em uma situação dita ‘pouco aconselhável’ – vivendo a sexualidade na zona dos prazeres ‘desviados’. Embalado por esse encontro, perguntei- -me constantemente: não poderíamos pensar as práticas em torno do sexo entre homens e do homo/erotismo como uma forma de contestar todo esse desinvestimento em relação ao idoso?

Estas interrogações acompanham a pesquisa que produzi – uma problematização sobre as tramas discursivas que se articulam no rastro e nas ruínas do projeto da modernidade. A articulação de regimes discursivos que se organizam através da gestão da vida, controle, ‘deciframento’, incitação do corpo, organização espacial e institucional, toma particularmente a sexualidade como dispositivo eficaz nos jogos de prescrição e de controle, evidenciando pedagogias ou modos de aprender e viver a ideia de ‘ser/parecer humano’, considerando-se as idades da vida como intersecções importantes.

 

Notas para concluir: derivas de um corpo em tese

Neste estudo procurei trazer à cena o escárnio de uma de suas medidas: a idade (da juventude) como atributo de aparência, de ‘felicidade’ e de prazer. Mostrei com interlocutores homossexuais idosos a idade que geme e sussurra nos jogos de público e privado das tramas do prazer.

A idade é um regime discursivo e a velhice uma de suas performatividades – corpo velho e homossexual como representação abjeta; que pode ser contestada, mas também reedificada e apaziguada. Sua única continuidade, acredito, é a disputa – o desatino de um corpo que é tecido de poder/saber.

Assim, se as diversas cenas que compuseram o estudo amplo desta pesquisa são representativas de resistência ou não, efêmeras, fugazes ou atitudes politizadas, isso importa apenas como tela de vida – isto é, significa que seus protagonistas fazem rasgar a sua própria cena exibida na tela da pesquisa – um instante da vida social projetada no texto acadêmico. Nos seus cotidianos, pode ser que reiterem uma norma, pode ser que a subvertam.

Meu problema é/foi a medida. E meu empenho é/foi pensar a norma. Os sujeitos da pesquisa de campo não representam em seus movimentos a tradução de articulações pós-identitárias ou grandes rupturas nos regimes de verdade sobre o gênero, mas nos mostram a ficção e o esgotamento das formas de representação normativas e desqualificantes.

A profusão de significados que cercam as cenas de sociabilidade que encontrei tonteiam algumas linhas discursivas da norma e o corpo idoso passa a ser tocado não pelas mãos da ciência, mas disputado entre o mercado gay e os desejos eróticos pelo corpo ou a figura de um homem de mais idade.

O corpo do velho como monstruosidade e abjeção é contestado no instante mesmo em que os enunciados desqualificantes mudam de lugar, produzindo para si outras possibilidades de representação – vestindo outros figurinos e jeitos de viver esta cena. Noutros momentos, cabe ressaltar, estas figuras podem deslizar em uma nova norma, no interior da própria cena de contestação – no interior da decoração deste novo cenário de si.

Este trabalho de pesquisa se constitui como um estudo de exceção, um ensaio sobre os estiramentos/rasgos nas normas diante da normal-idade e nas prescrições morais que cercam a experiência da subjetivação através da sexualidade e gênero em interseccionalidades.

Pudemos encontrar algumas pistas sobre os modos como se engendram e como se materializam os regimes discursivos em torno da coerência corpo- -gênero-sexualidade, uma dentre as linhas de inteligibilidade que segue, no rastro do projeto arruinado da modernidade. Estas são inquietações para revisitar concepções de envelhecimento e sobre o status de humanidade que é definido a partir de certas regulações e normas.

O corpo pleno, veloz, dinâmico é o corpo da utopia biopolítica do projeto moderno, um corpo que não chega a ser alcançado. É um corpo planejado, desenhado, calculado, medido, mas não é mais do que ficção. O corpo pode ser entendido como uma ficção política, forjada e tecida em dispositivos de gênero, sexualidade, idade, tamanho, forma, peso, raça… Afinal, quais são as marcas obrigatórias que devemos portar para acedermos ao status de humanos, o que é necessário aparentar, ser, dizer, para que alguém ou alguma relação seja considerada como socialmente reconhecida?

Um dos interlocutores da pesquisa, freqüentador da prostituição nos auxilia nessa problematização. Dionísio nos oferece uma perspectiva diante das dobras subjetivas que um homem cliente idoso tem de fazer:

Eu tenho que viver a vida com a cabeça de homem de 100 anos e com comportamento de 25. Que é o que eles querem. Eu não vou dizer para ele: ai, eu estou com dor nos meus rins… ai, eu não posso caminhar, eu to com tosse… Isso é coisa de velho. De velho que já entregou os pontos. Eu cuido dos meus olhos, dos meus dentes, da minha aparência, da roupa que eu uso. Eu cuido da vida dele, do comportamento dele, da educação dele. Então, eu sou um pai, um amigo, um amante e um irmão ao mesmo tempo. E o que ele é pra mim? Ele é o meu amor. Ele… os meus filhos já estão casados, tenho uma filha que estuda na França, ele é meu filhão, é meu amor, é meu bebezão, é o meu tesão. Ele é tudo pra mim, até o dia em que acabar (Dionísio, 69 anos).

A destreza de viver nas fronteiras pode bem ser o que nos aplaca diante da cena dita ‘suja’ e ‘devassa’ que experimentam certos idosos. Mas com os idosos que encontrei nos espaços de sociabilidade ditos orgásticos temos a aprender da possibilidade de uma brecha no bloqueio da ficção política do corpo. Se estas cenas ‘aterrorizam’ ou ‘escandalizam’, não seria por estarmos encarnados do ‘amor romântico branco burguês’ e idadista?

Candido e André, outros interlocutores da pesquisa na zona de prostituição, argumentam:

Porque hoje funciona diferente comigo a relação, a transa. Ela é diferente. Por que hoje, quando eu estou com um menino, um menino de programa, numa cama… Como ontem eu tive experiência: quando cheguei eu peguei e disse isso pra ele: eu não quero nada rápido. Eu quero sentir, eu quero presença, eu quero… Já que é tão agradável conversar contigo aqui, que seja agradável lá também na privacidade. (Cândido, 63 anos)

(…) não ter o reconhecimento, isso é muito triste. É doloroso. Cada vez que eu faço um show para o povo hétero, eles me aplaudem de pé, eu venho às lágrimas. Cada vez que eu me lembro de que eu, não somente eu, mas todos os artistas gays da minha época estão chaveados no armário, eu tenho vontade de morrer (Dionísio, 69 anos).

De costas para uma norma, a cena dos idosos em saunas e clubes pornôs é apenas uma abertura espaço-temporal onde as pessoas encontram algum prazer, negociando e/ou contestando as mentiras ‘brancas’ que muitos são obrigados a recitar para a suposta inteligibilidade das idades da vida. Segundo Cândido, interlocutor já citado:

Sem hipocrisia. Muitas vezes eu vou ali e não vou fazer programa com ninguém, nem tenho intenção de fazer programa com ninguém… Eu vou mais para estar com um grupo, de pessoas da minha idade, que também estão sem parceiro e saem na noite para conversar, para passar algumas horas. Ao menos, eu penso: não estou saindo pra fazer sexo. E tem noites que saio, realmente, com um objetivo, porque existe também todo esse fator biológico, não sei se é biológico, psicológico, seja lá o que for, mas… (risos) (Cândido, 63 anos).

No rastro de uma cena orgiástica no centro da Cidade de Porto Alegre sussurram corpos ardentes e prazeres dissidentes, ‘sujando’ os lençóis brancos da invenção moderna de humanidade.

A experiência de Cândido, para quem dedico este trabalho in memoriam, parece trazer um pouco desta re/invenção, fechando-abrindo as apostas e hipóteses deste estudo como uma fotografia de um espaço-tempo de prazeres, dores, alegrias e amizade:

Eu saí outro dia com um jovem e ele disse: deixa eu te olhar, eu gosto de te olhar. Eu gosto de estar na cama com pessoas mais velhas (Cândido, 63 anos).

 

Referências

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Artigo recebido em 21 de janeiro de 2012 e aceite para publicação em 31 de outubro de 2012.

 

Notas

*Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza. Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas Multiversos – Processos de Subjetivação, Educação e Sexualidades. Possui Pós-Doutorado em Antropologia Social (UFSC), Doutorado em Educação e Mestrado em Psicologia Social e Institucional (UFRGS). pocahy@uol.com.br (CV em: http://lattes.cnpq.br/0341333007755425)

1 O uso de expressões êmicas e/ou metafóricas na articulação com o texto teórico se insere em uma aposta particular no campo dos estudos queer enquanto tática linguística a produzir provocações e deslocamentos-deslizamentos semânticos. O objetivo desta profusão de expressões quentes surge como forma a estranhar e ‘derreter’ os modos canônicos de representar e produzir subjetivações nas tramas discursivas da sexualidade e do erotismo.

2 A pesquisa realizada junto ao GEERGE – Grupo de Estudos em Educação e Relações de Gênero e foi orientada pela Professora Doutora Guacira Lopes Louro. O trabalho de pesquisa contou com financiamento da CAPES.

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