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Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher

versão impressa ISSN 0874-6885

Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher  no.36 Lisboa dez. 2016

 

DIÁLOGOS

As mulheres e a filosofia

Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Margarida Gomes Amaral


 

Maria Luísa Ribeiro Ferreira (MLRF) é Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Aposentada desde 2013, leccionou disciplinas de Filosofia Moderna, Didáctica da Filosofia, Filosofia da Natureza e do Ambiente, Filosofia do Espaço Público, Filosofia de Género, em cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento. Tem publicado inúmeros artigos nestas áreas, em revistas de especialidade e em colectâneas de textos. Coordenou projectos de investigação sobre “Filosofia no Feminino”, “Espinosa” e “Didáctica da Filosofia”, no âmbito dos quais publicou trinta livros, quer como autora quer como coordenadora. Pertence à equipa de redacção das revistas Conatus, da Universidade Estadual do Ceará, e Communio, da Universidade Católica Portuguesa. É coordenadora de Filosofia da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa. É membro investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e da Sociedade Portuguesa de Filosofia, tendo ocupado cargos directivos nestas instituições. É também membro do GT Benedictus de Spinoza, da Universidade Estadual do Ceará, Brasil; do Núcleo de Estudo Psicossocial da Dialética Exclusão/Inclusão, da USP, São Paulo; do Seminário Spinoza, Espanha; da Association des Amis de Spinoza, França; da Spinoza Huis, Holanda; da Accion Integrada Hispaña-Portugal, Leibniz. Presentemente integra os corpos directivos da Sociedade de Ética Ambiental e da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa.

Margarida Gomes Amaral (MGA) obteve o grau de Doutora em Filosofia, na especialidade de Filosofia Contemporânea, com uma tese sobre Hannah Arendt (Universidade de Lisboa, 2011). Desde esse ano, é Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, onde já leccionou disciplinas de Licenciatura em Filosofia e uma disciplina de Mestrado em Filosofia. É membro investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa desde 2007, na linha de investigação “Filosofia da Acção e dos Valores”, que se inclui no grupo intitulado “Ética, Filosofia Política e Filosofia Ambiental”. Publicou dois livros e diversos artigos cujos assuntos se incluem nestas três áreas. É também membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa desde 2015. Lecciona a disciplina de Filosofia no ensino secundário desde 1998.

As mulheres na filosofia – há mulheres filósofas?

MLRF – Parece uma questão absurda, mas o facto é que continua a colocar-se, revelando a mentalidade preconceituosa de quem a formula. Para lhe responder farei um pequeno inventário de algumas filósofas, pois, como diz o ditado, “contra factos não há argumentos”. Na verdade, no que se refere à contemporaneidade, com uma mera pesquisa no Google deparamos com uma plêiade de nomes femininos marcantes no actual panorama filosófico. E quanto ao passado basta estarmos atentos à história da filosofia para percebermos que sempre houve mulheres filósofas, com mais ou menos protagonismo consoante o meio e a época em que viveram. Desde há alguns anos que investigadoras e investigadores se têm preocupado em recuperar e publicitar o pensamento de filósofas da Antiguidade, como por exemplo, Aspásia, Eudóxia, Hipátia, ou Diotima, cujas teses foram meramente referidas em doxografias. De entre as filósofas medievais, de acesso mais fácil pois deixaram obra escrita, destacam-se Hildegaard de Bingen, Heloísa, Cristina de Pisano. Na modernidade relevamos a Princesa Elisabeth da Boémia, Anne Conway, Lady Masham, Mary Astel e a pioneira do feminismo, Mary Wollstonecraft. Todas elas conseguiram ultrapassar os preconceitos misóginos da sua época, muitos deles construídos com a participação explícita dos filósofos.

Mas, se é preconceituoso levantar esta questão quanto às filósofas do passado, fazê-lo relativamente ao presente apenas revela ignorância. E a dificuldade que temos em responder à questão colocada deve-se ao “embaraço da escolha”. Limitar-me-ei a citar alguns nomes de filósofas que tenho investigado, inserindo-as nas correntes de que são representativas. Tomando como referência o grupo de filósofas contemporâneas não feministas, dele destaco Hannah Arendt e Simone Weil pela originalidade das suas teses sobre ética e sobre política; como filósofas empenhadamente feministas, lembro Simone de Beauvoir e Mary Daly, dois marcos importantes respectivamente nos feminismos da igualdade e da diferença. No campo da ética, relevo os contributos de Martha Nussbaum e a sua ética das capacidades, bem como de Adela Cortina na defesa de uma razão cordial; no ecofeminismo temos grandes figuras como Val Plumwood e Vandana Shiva; enquanto representativas da pós-modernidade, Judith Butler e Elisabeth Spelman.  Igualmente lembramos o papel de Nancy Tuana e de Geneviève Lloyd na perspectivação de uma história da filosofia, analisando a responsabilidade dos filósofos no silenciamento da presença feminina e realçando esta ao longo dos tempos.

MGA – Esta questão só pode ter uma resposta: é claro que há mulheres filósofas! Na minha formação universitária tive o prazer de ser aluna de mulheres que considero (e não apenas eu, mas a comunidade filosófica) filósofas. Uma delas é a minha interlocutora nestes diálogos… Além disso, há pouco tempo foi publicada uma obra, na qual participei com um texto sobre Hannah Arendt, intitulada Marginalidade e Alternativa. Vinte e seis filósofas para o século XXI1. Esta obra prova bem que há mulheres filósofas, isto é, mulheres capazes de um pensamento especulativo que respeita o rigor conceptual da filosofia. É, aliás, absurdo dar a esta questão uma resposta negativa. Isso corresponderia a afirmar que a filosofia é exclusiva dos homens, ou seja, que só o género masculino é dotado da capacidade intelectual de pensar filosoficamente e, assim, de produzir textos filosóficos. A admissão desta hipótese não faz qualquer sentido, sendo portanto desprovida de razoabilidade. Mas, já que me referi a Hannah Arendt, não posso ocultar uma afirmação sua numa entrevista a Günter Gaus, quanto este afirma que a considera uma filósofa e, além disso, sublinha o carácter peculiar de uma mulher estar incluída no “círculo dos filósofos”. A este respeito, Hannah Arendt responde: “Receio ter de protestar. Não pertenço ao círculo dos filósofos. A minha profissão, se assim se pode dizer, é a teoria política. Nem me sinto uma filósofa, nem penso ter sido admitida no círculo dos filósofos, como tão amavelmente supõe. Mas para falar de outra questão presente na sua apresentação: diz que a filosofia é geralmente pensada como uma ocupação masculina. Não tem de continuar a sê-lo! É perfeitamente possível que um dia uma mulher possa ser filósofa”2. Esta resposta é ambígua. Por um lado, Hannah Arendt declara que a filosofia pode ser uma actividade desenvolvida por homens e por mulheres, mas, por outro lado, sobretudo na última afirmação, dá a entender que ainda não há mulheres filósofas. Creio, contudo, que podemos interpretar de outra forma esta passagem. A admissão arendtiana de que a filosofia não é uma ocupação exclusiva dos homens permite-nos afirmar que, segundo a autora, sendo as mulheres capazes de pensar filosoficamente, a comunidade ainda não lhes reconheceu o estatuto de filósofas. De qualquer forma, penso que isso mudou desde 1964, a data desta entrevista. Esta mudança agrada-me muito, porque ela significa que vamos ultrapassando o obstáculo do género, que é apenas um dos muitos obstáculos que temos de enfrentar, naquilo que verdadeiramente me interessa enquanto leitora de filosofia: não se um texto é escrito por um homem ou por uma mulher, mas se está bem escrito e se ajuda a iluminar os meus próprios caminhos intelectuais.

A filosofia no feminino – haverá um pensamento filosófico especificamente feminino?

MGA – É um lugar-comum considerar que há características femininas, reveladas na escrita e em muitos outros parâmetros, que nos distinguem dos homens. Identificamos com tal rapidez a capacidade para a sensibilidade com as mulheres que quando alguns homens se revelam seres sensíveis são considerados efeminados ou, no mínimo, capazes de surpreendentemente revelarem características femininas. Isto é válido para os escritores, como para a vida quotidiana. Sou também vítima deste lugar-comum, mas devo dizer que não aprecio sê-lo, já que ele resulta de um preconceito assente em ideias que me parecem ultrapassadas acerca da diferença entre homens e mulheres. Ao longo dos meus estudos filosóficos, tive a oportunidade de aprofundar os meus conhecimentos sobre uma autora, Hannah Arendt, que nem sempre se revela capaz da sensibilidade extrema atribuída às mulheres. Por seu turno, outro autor que aprecio muito, George Steiner, é capaz de, para mim, atingir este registo. Isso quer dizer que, por vezes, Arendt pensou e escreveu como se fosse um homem e que, do mesmo modo, Steiner pensou e escreveu como se fosse uma mulher? Não creio que esta divisão seja justa e também não tenho a certeza de que se possa identificar um pensamento filosófico masculino e um pensamento filosófico feminino, distintos um do outro. Isso não significa que as mulheres não desempenhem um papel fundamental no pensamento filosófico. Pelo facto de, por tantas vezes ao longo da História, as mulheres terem sido relegadas para segundo plano, as suas reflexões, de certeza existentes, não conheceram na maior parte das vezes a luz pública. O fim desta condição a que as mulheres foram condenadas – a qual, por assim dizer, as obrigou a atrasarem a sua exposição intelectual – permite-lhes trazer ao domínio público a riqueza do seu pensamento. O que me parece pouco interessante, e até contraproducente relativamente à própria valorização da mulher, é insistir na ideia de um pensamento filosófico feminino ancorado no pressuposto de uma diferenciação de superioridade das mulheres em relação aos homens. Creio que toda a humanidade teria a ganhar se se ultrapassasse a questão da superioridade intelectual entre homens e mulheres, se esta questão deixasse de ser sequer um assunto, e nos concentrássemos na compreensão de um mundo já por si suficientemente, e cada vez mais, complexo.

MLRF – A existência de um pensamento especificamente feminino é uma questão que divide as próprias filósofas feministas. Exemplifico com Mary Warnock e Geneviève Lloyd. A primeira pretende reabilitar a presença das mulheres na filosofia, dando-lhes visibilidade e importância, mas considera irrelevantes as diferenças sexuais, combatendo mesmo uma “gendered philosophy”3; a segunda debruça-se sobre os estereótipos masculinos que têm marcado a filosofia ocidental, citando como exemplo o ideal de linearidade, de clareza e de distinção bem como as dicotomizações e oposições, nomeadamente entre o sujeito e a Natureza4.

Devo dizer que neste campo a minha posição não é tão nítida quanto a da Margarida. Estou de acordo quando critica os feminismos agressivos que se empenham em defender a superioridade das mulheres relativamente aos seus parceiros masculinos. Trata-se de uma luta inglória que em nada interessa (e pode mesmo prejudicar) as justas pretensões das mulheres a serem consideradas seres humanos de pleno direito. No entanto, interrogo-me quanto ao modo diferente como homens e mulheres fazem filosofia. É verdade que, se me apresentarem textos filosóficos anónimos, terei alguma dificuldade em identificar o sexo dos seus autores ou autoras. Daí algumas reservas que levanto a movimentos como os da “escrita feminina” e às considerações que tecem sobre a diferença de ritmo, de estrutura e de tom nos textos de mulheres filósofas5. Mas reconheço que há diferenças na eleição de temas, como é o caso da identidade e da diferença, das éticas do cuidado, da defesa (filosoficamente justificada) dos direitos das mulheres, da especificidade de uma cultura feminina, do questionamento do conceito de género, da relação entre mulheres e Natureza. De facto eles são uma constante que encontramos recorrentemente nos escritos de filósofas contemporâneas.

Os filósofos e o feminino – como lidar com a visão negativa de alguns autores sobre as mulheres?

MGA – São diversas as referências literárias e filosóficas que revelam uma visão negativa das mulheres. Para começar, basta pensar na primeira mulher grega, Pandora, e na primeira mulher da tradição cristã, Eva. As duas foram incapazes de conter a sua curiosidade e, por isso, geraram todos os males do mundo. Ao longo dos tempos, as mulheres foram vistas como dotadas de uma natureza colérica e perigosa, seres frágeis, pouco confiáveis, interesseiras, meros elementos decorativos, incapazes de se deixarem compreender ou de, elas próprias, compreenderem fosse o que fosse… Uma mulher que estude filosofia e que leve a sério tais “ofensas”, ao ponto de deixar de parte os autores que as pronunciaram, vê-se circunscrita a um universo muito reduzido. Sobre este aspecto posso contar um pequeno episódio. Um dia fiz uma comunicação sobre Rousseau em que pretendi defendê-lo da acusação de “irresponsável” que Hannah Arendt lhe dirige. Assumi, uma vez mais, a minha preferência por autores “malditos”, entre os quais estão Descartes e Rousseau, os dois talvez por coincidência de língua francesa. No final, fui interrogada sobre como podia defender um autor que disse tão mal das mulheres. A minha resposta imediata foi que admitia defender autores que diziam mal das mulheres desde que estivessem mortos… Esta resposta, que causou alguns risos na sala, não era totalmente uma brincadeira. Confesso que seria para mim impossível admirar um filósofo actual que discriminasse um dos géneros. No nosso tempo, isso seria simplesmente inaceitável. Agora, quanto ao passado, como podemos deixar de parte filósofos que se pronunciaram negativamente sobre as mulheres? Esse, para mim, não pode ser um critério, até porque, se o fosse, ficaríamos muito restringidos… Algo semelhante pode ser dito de autores que assumiram posições políticas terríveis: Heidegger, Céline, Ezra Pound, para citar apenas alguns exemplos. Neste caso, devo admitir que a resistência a pensar com eles é bem maior do que com aqueles que foram pouco simpáticos com as mulheres. De uma forma muito triste, a história recente ensinou-nos que nem sempre os homens cultos são homens bons. George Steiner dedica grande parte da sua obra à tentativa de compreensão deste paradoxo: como pode a cultura não nos salvar da barbárie? Para usar as suas belas palavras: “Como se pode tocar Schubert à noite, ler Rilke de manhã e torturar ao meio-dia?" 6 O autor confessa a sua incapacidade para dar uma resposta definitiva a esta questão. Referindo-se concretamente a Heidegger, Steiner recorre às palavras que Gadamer lhe terá dito quando, na cerimónia comemorativa do centenário do nascimento do seu mestre, estava já cansado de ver esmiuçada a proximidade deste ao nazismo: “Já chega, é tão simples! Porquê todas estas explicações torturadas, históricas: Martin Heidegger era o maior dos pensadores e o mais pequeno dos homens”7. A tentativa que faço diante daqueles “pequenos homens” – que o são porque manifestaram opiniões negativas sobre as mulheres ou porque, de forma ainda mais infeliz, apoiaram sistemas políticos deploráveis – é concentrar-me nos “grandes pensadores”. Confesso que nem sempre é fácil, mas, ainda assim, procuro sempre encarar o génio para lá dos seus comportamentos.

MLRF – É habitual pensarmos nos filósofos como indivíduos que lutaram contra preconceitos, que anteciparam teorias libertadoras e que prepararam grandes revoluções intelectuais. No entanto é doloroso constatar que grandes filósofos foram misóginos, ignorando as mulheres ou tratando-as como seres de segunda ordem, impedindo a sua entrada em lugares onde se filosofava (academias, universidades, etc.) e ignorando o tema “mulher” enquanto digno de ser abordado filosoficamente. Se fizermos uma incursão pela história da filosofia à procura de textos que os pensadores dedicaram às mulheres, verificamos que são raros e que, quando existem, revelam geralmente uma visão negativa. Exemplifico com alguns clássicos: Platão no Timeu (41d-42d) ameaça os homens que se portaram mal nesta vida com o castigo de reencarnarem num corpo de mulher; Aristóteles sustenta que a fêmea é um macho mutilado (Geração dos Animais, 737a 24-25); Espinosa recusa a participação das mulheres num governo democrático e constata a sua “imbecilitas” (Tratado Político, XI, §4); Kant considera difícil a passagem das mulheres à maioridade intelectual (Resposta à pergunta: que é o Iluminismo?); Nietzsche afirma que até na cozinha a mulher é estúpida (Para Além do Bem e do Mal, § 23). O espaço que nos é concedido neste diálogo impede que façamos um levantamento do modo como os filósofos pensaram as mulheres. Mas, ao fazê-lo, concluímos que os filósofos nem sempre anteciparam o seu tempo com novas teorias e que muitas vezes foram filhos da sua época, aceitando sem discussão preconceitos generalizados no homem comum8. De tal modo generalizados que muitas mulheres os interiorizaram. É verdade que, como diz a Margarida, hoje o problema da mulher e da condição feminina começa a ganhar terreno no domínio da filosofia, embora ainda possamos considerar actual a denúncia de Nancy Tuana: “Uma mulher ao ler filosofia logo se apercebe de que nos textos dos filósofos ela é apresentada como ‘o outro’ mais do que como ‘sujeito’ 9. Penso que esta situação é um desafio para as estudiosas de filosofia, levantando-lhes novos problemas e propondo-lhes outras chaves de leitura. Por um lado motivando-as para uma abordagem diferente dos filósofos, questionando se as suas perspectivas misóginas sobre as mulheres são um pormenor sem importância ou se, pelo contrário, têm um peso relevante nos sistemas que construíram. Por outro, avançando com novas temáticas e novos conceitos, justificativos de um protagonismo feminino. Deste modo far-se-ia justiça ao papel que as mulheres desempenham no panorama filosófico, tanto no passado como no presente.

1 Maria Luísa Ribeiro FERREIRA e Fernanda HENRIQUES (coord.) Marginalidade e Alternativa. Vinte e seis filósofas para o século XXI, Lisboa, Colibri, 2016.         [ Links ]

2 Hannah ARENDT, “What remains? The language remains”, in Essays in Understanding, New York, Schocken Books, 2005, pp. 1-2.         [ Links ]

3 Mary WARNOCK, Women Philosophers, London, Everyman, 1996.         [ Links ]

4 Geneviève LLOYD, The Man of Reason. ‘Male’ & ‘Female’ in Western Philosophy, London, Routledge, 1986.         [ Links ]

5 Como defensoras do movimento “écriture féminine”, destacam-se Julia KRISTEVA, Luce IRIGARAY, Helène CIXOUS.

6 George STEINER, Ramin JAHANBEGLOO, Entretiens, Paris, Éditions du Félin, 1992, p. 62.         [ Links ]

7 George STEINER, Antoine SPIRE, Barbarie de l’ignorance, Saint-Étienne, Éditions de l’Aube, 2000, p. 511.         [ Links ]

8 Vj. Maria Luísa Ribeiro FERREIRA (org.), O que os filósofos pensam sobre as mulheres, Lisboa, Centro de Filosofia, 1998.         [ Links ]

9 Nancy TUANA, Woman and the History of Philosophy, New York, Parangon, 1992, p. 4.         [ Links ]