SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 issue46Luisa Ribeiro LopesMaria Alice Pereira: A Tenente-Coronel da Força Aérea - Pioneira na representação das Forças Armadas de Portugal no NATO Committee on Gender Perspectives (NCGP) author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher

Print version ISSN 0874-6885

Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher  no.46 Lisboa Dec. 2021  Epub Feb 04, 2022

https://doi.org/10.34619/mkff-s00n 

Entrevista

Entrevista a Rosalia Vargas, presidente da Ciência Viva

Sofia Nunesi 

iUniversidade NOVA de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA), Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, 1069-061 Lisboa, Portugal


Rosalia Vargas é licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo depois frequentado uma pós-graduação em Comunicação Educacional Multimédia na Escola Superior de Educação de Santarém. Realizou posteriormente o mestrado em Comunicação Educacional Multimédia na Universidade Aberta de Lisboa. É presidente da Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica e diretora do Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva, sendo também a responsável pela coordenação e criação da Rede Nacional de Centros Ciência Viva em Portugal. Entre 2013 e 2015 foi presidente do ECSITE - European Network of Science Centres and Museums, do qual já tinha sido membro do Board entre 2001 e 2007. Desempenhou também o cargo de vereadora da Educação, Juventude e Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (2007-2009).

A experiência e a posição de liderança de Rosalia Vargas, reforçadas pelo seu esforço e contributo para envolver as mulheres e raparigas na área das ciências, tornam as suas palavras particularmente relevantes.

Gostaria que contasse um pouco sobre o seu percurso até chegar à posição de liderança que ocupa, a de presidente da Ciência Viva e de diretora do Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva.

Estou na liderança da Ciência Viva há 25 anos, que assinala este ano o 25.º aniversário, o que me enche de alegria. Manter um programa vivo faz jus ao nome Ciência Viva, programa que se mantém vivo pelas parcerias que tem e pela atenção à comunidade científica e à sociedade, porque é para a sociedade que trabalhamos. É um programa que, 25 anos depois, está bem enraizado na sociedade portuguesa. E como é que tudo começou? Como qualquer boa história, com um “Era uma vez...”. Era uma vez, tinha eu a minha formação de base em Filosofia e resolvi fazer o mestrado em comunicação educacional multimédia, escolhendo para tema da minha tese os discursos de divulgação científica. Nesse sentido, fui ter com a pessoa que eu achava - e bem - que era a mais indicada no país para me acompanhar no desenvolvimento dessa ideia e desse projeto: o professor Mariano Gago. Na altura não era ministro, mas já tinha escrito sobre as políticas científicas, no sentido da necessidade de melhoria do ensino experimental das ciências nas escolas, da necessidade de colocar a ciência na sociedade, a cultura científica no sentido lato. E quando foi ministro, o que aconteceu cerca de um ano depois de eu ter feito a minha tese, convidou-me para fundar a Ciência Viva. Não tínhamos ainda o nome “Ciência Viva”, mas o professor Mariano Gago sabia muito bem para onde queria ir. Foi assim que comecei a trabalhar com este grande mestre, meu grande mentor, e chegámos até ao desenvolvimento que o programa tem hoje.

Qual o papel que a Ciência Viva e o Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva desempenham na sociedade?

Quando começámos chamavam ao programa o Ciência Viva e as pessoas que estão connosco desde o princípio, ou que têm essa memória do começo, dizem o Ciência Viva e não a Ciência Viva. Há muito carinho nessa designação. Era um programa apenas, mas cresceu tanto que depois nos transformámos na Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.

A Ciência Viva é uma rede que vai crescendo ao mesmo tempo que se vai consolidando, porque trabalhar em rede significa trabalhar na diversidade, trabalhar com os outros. Há uma coisa que aprendemos desde o início que é “Ninguém sabe o suficiente para fazer tudo sozinho”, de resto uma frase que Mariano Gago dizia muitas vezes. Portanto, parcerias e interações são a nossa grande chave para fazermos as coisas de forma diferente e melhor e continuar sempre, porque o ponto do qual partimos já está lá longe e nós temos de continuar a renovar. Quando, há 25 anos, começámos este trabalho de uma forma sistemática, já noutros países isso era feito há muito, portanto levavam-nos um grande avanço. Mas soubemos bem recuperar esse atraso de onde vínhamos e hoje temos cooperações nacionais e também internacionais muito valiosas e com resultados que nos colocam ao nível dos melhores.

Fomos fazendo um trabalho muito diversificado. A Ciência Viva atua em várias dimensões. Uma é a melhoria do ensino experimental das ciências nas escolas, que representa todo um trabalho em todos os níveis de ensino e alimentando as escolas de projetos. Levamos os estudantes, desde os mais novos aos mais velhos, e todo o corpo docente a envolverem-se naquilo que é aprender, de uma forma exigente, mas criativa, muito “mãos na massa” e muito fazendo perguntas. É o espírito científico no seu nível mais evidente, que é fazer perguntas e fazer as perguntas muito bem, porque se fizermos bem as perguntas a possibilidade de chegarmos a uma boa resposta é bem maior. Ao longo de todos estes anos, o nosso trabalho com escolas tem sido feito em várias frentes, de várias formas, levando a que o modelo a adotar seja o Inquiry-Based Science Education, um modelo internacional que consiste em aprender fazendo, aprendendo pela pergunta e pela pesquisa. E fazemo-lo de muitas maneiras: quer pondo os jovens em contacto com a comunidade científica sempre, quer com os laboratórios no verão. A Ciência Viva no Laboratório é um programa que temos repetido todos os anos, no verão, e nele o contacto dos jovens do ensino secundário com os investigadores é intenso e verdadeiro. Eles mergulham em ambiente real de investigação, e mantemos isto vivo desde há 25 anos. São centenas de instituições científicas no país que recebem estes jovens e de facto já podemos dizer que tocámos uma geração ou duas neste contacto direto com a ciência.

Mas temos também os projetos com os mais pequeninos: a ciência nos pátios das escolas, uma vez que se aprende em todos os lugares, e os espaços de conhecimento que são os Centros Ciência Viva. Temos uma rede magnífica de 20 centros em todo o país e neste momento continuamos a trabalhar no alargamento da rede.

Podemos dizer que a nossa prova de vida é a comunidade científica em todas as áreas e dimensões e valorizamos muito isso.

De facto, a comunidade científica reconhece o nosso trabalho e isso tem sido uma mais-valia. Paralelamente, fomos alargando e diversificando as nossas linhas de atuação. Hoje temos uma equipa muito jovem e muito qualificada. E estamos em várias frentes, nas escolas, mas também na sociedade em geral, através de conferências, da Semana da Ciência e da Tecnologia, e do Dia Nacional dos Cientistas. Portugal deve orgulhar-se de ter esta data - 16 de maio -, pois significa o valor que o país dá à comunidade científica. Esta celebração é em honra do dia do nascimento de José Mariano Gago e foi aprovada por unanimidade na Assembleia da República por proposta do deputado Alexandre Quintanilha, aquando do falecimento do professor Mariano Gago. Portugal tem também o Dia Nacional da Cultura Científica, que se assinala a 24 de novembro, e que foi criado ainda em vida da pessoa que Mariano Gago, então ministro, quis homenagear, e que foi Rómulo de Carvalho, nascido nessa data.

Estes são elementos que também mostram a importância deste trabalho contínuo e renovado que a educação e a cultura científica têm feito no nosso país.

Continua a haver uma sub-representação das mulheres em lugares de topo relativamente aos homens nas mais diversas áreas, desde as maiores empresas cotadas em bolsa (mulheres em posições de executivo representam 15,7% e homens 84,3%) à Assembleia da República (mulheres - 39,5%; homens - 60,5%) e a organizações de financiamento da investigação (presidentes mulheres - 33,3%; homens - 66,7%) (European Institute for Gender Equality, 2020). Considera que teve determinados obstáculos ou foi sujeita a certos estereótipos na progressão da sua carreira para chegar à sua atual posição?

Nunca senti, e a verdade é que deve ter sido por ter tido um apoio de alto nível dado por uma pessoa extraordinária no nosso país, o professor Mariano Gago, que era respeitado e respeitava todos os homens e todas as mulheres. Quando começámos o programa Ciência Viva - e a verdade é que, enquanto ministro, falava muito da Ciência Viva -, apresentava-nos muito nas universidades, nas ações nos politécnicos, nos laboratórios de investigação, nas unidades de investigação. Ele apresentava-nos e dizia: “Colaborem”.

Há uma história interessante, logo no início da Ciência Viva, quando recebemos a visita de um técnico, pertencente a uma instituição ou a um departamento do governo, que tinha o objetivo de promover a igualdade de género, garantindo que de facto havia condições de acesso a cargos, a lugares de topo, para homens ou mulheres. Onde há um défice de mulheres nos lugares onde elas devem estar por direito, tem de existir essa preocupação. Quando esse técnico chegou à Ciência Viva e disse que gostaria de falar com o diretor - já levava o preconceito, assumindo que seria um homem. Eu não estava lá, estava em serviço fora, e disseram-lhe que era “uma diretora”. O técnico explicou que tinha ido fazer o levantamento e sensibilização para o número de mulheres nas instituições, mas olhando à volta só viu mulheres. Então disse: “Mas parece que já tenho a resposta que queria”. Isto já foi há vinte e muitos anos, e não quer dizer que fôssemos só mulheres, mas estávamos em maioria e assim continuamos! Hoje temos a equipa mais equilibrada entre homens e mulheres, um bocadinho mais mulheres do que homens, mas temos muita atenção a essa realidade.

Existe também uma grande disparidade no número de mulheres nas áreas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) em relação aos homens ao nível de educação, o que depois se traduz no mundo laboral. De acordo com a Comissão Europeia, em 2019 as mulheres representavam apenas 17% dos especialistas em TIC e 34% dos licenciados em STEM, na União Europeia (European Schoolnet, 2020). Tem notado em Portugal uma crescente aposta das mulheres nas áreas STEM ao longo do tempo?

Efetivamente, o facto de as raparigas hoje em dia ainda não estarem a escolher áreas como as engenharias ou a tecnologia (IT) coloca-as em patamares mais baixos de competitividade, o que implica também vencimentos mais baixos e um desenvolvimento profissional menos favorável. Portanto, temos de criar condições para que acedam a escolhas diversificadas e de qualidade, que lhes permitam experimentar antes para perceberem se é isso que querem e não deixarem de seguir diferentes caminhos por desconhecimento.

Mas não falaria em grandes disparidades em termos da área da ciência. Temos um número de mulheres na ciência em Portugal acima da média europeia e esse número tem vindo a crescer. Há ainda uma dificuldade no acesso às lideranças, embora haja cada vez mais mulheres nesse patamar, e temos exemplos de grandes instituições científicas em Portugal onde isso acontece, como por exemplo, o Instituto de Medicina Molecular (IMM) e o Instituto Gulbenkian de Ciência, onde estão a Maria Mota e a Mónica Bettencourt-Dias, respetivamente. São grandes mulheres na ciência a liderar grandes grupos de investigação. É também o caso de Elvira Fortunato, no CENIMAT. Muitas mais têm liderado projetos e equipas de investigação, e o número é cada vez maior. Todo o caminho que fizermos é bom, mas sem dúvida que há sempre muito ainda para fazer.

Na Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação - Portugal + Igual (ENIND), Resolução do Conselho de Ministros n.º 61/2018 de 21 de maio, está previsto que a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica - Ciência Viva promova iniciativas que envolvam mais as raparigas nesta área. Pode falar um pouco sobre o que está a ser realizado ou planeado neste âmbito?

Temos um projeto a que chamamos ‘Mulheres na Ciência’. Trata-se de um livro com retratos de centenas de investigadoras portuguesas captadas por fotógrafos muito conhecidos. São mulheres de várias áreas científicas, mais juniores ou mais seniores na ciência. Todas escrevem um pequeno texto, dois curtos parágrafos, no qual dizem porque é que seguiram determinada área, o que é que fazem e porquê, de modo a inspirarem os jovens e servirem como role models. Existem já três edições e, além disso, temos um módulo na área expositiva do Pavilhão do Conhecimento onde estão todas as mulheres fotografadas até hoje. Este projeto é feito em colaboração com a AMONET (Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas) e cada nova edição é lançada simbolicamente a 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A primeira edição é de 2016 e a última de 2021. E vamos continuar. Dizemos sempre que este é um trabalho em progresso. No módulo que temos na área expositiva, acessível a todo o público, existe um grande monitor que tem a fotografia das mulheres cientistas. Pode escolher-se a área, pesquisar pelo nome ou simplesmente ir lendo os seus testemunhos. “Eu sou matemática” e a cientista diz porquê, porque é que se encantou com a matemática. “Eu sou bióloga molecular”, “Eu sou arquiteta”, “Eu sou demógrafa”… Neste momento estamos a preparar uma outra abordagem, que são as raparigas na ciência. Queremos que este livro seja lançado no Dia Internacional das Raparigas na Ciência, mas o que interessa é fazer o projeto. Desde as mais pequeninas, que frequentam o 1.º Ciclo, até ao ensino secundário e aos primeiros anos da universidade. Algumas podem não saber naquela altura, do 7.º ao 12.º ano, o que querem. Não quer dizer que irão seguir uma carreira na área das ciências, mas tiveram a possibilidade de fazer um percurso em que puderam ter essa escolha. Independentemente de irem para literatura ou artes, por exemplo, elas experienciaram um caminho e uma realidade. Participaram em projetos de robótica na escola, nas olimpíadas da matemática, da geologia ou da biologia. Portanto, estamos a olhar para as jovens que sabemos que estão em projetos magníficos ao longo do seu percurso escolar e vamos fazer um livro. Serve para quê? Para inspirar, estimular e contar as histórias que as pessoas gostam de saber, e que poderão motivar outras raparigas.

Outra área importante é a linguagem em termos da igualdade e do acesso para todos. A linguagem, e a linguagem inclusiva, é muito importante, e como tal estamos a trabalhar num documento que iremos adotar, inspirado noutros que já existem, mas muito adaptado à nossa realidade. Por exemplo, em tudo aquilo que estamos a escrever na Internet, nas nossas páginas web, que são muitas, termos sempre cuidado com a linguagem que usamos. Adotar uma linguagem inclusiva não só relativamente ao género, mas a muitos outros campos de comunicação na sociedade. Termos cuidado com as legendas que usamos nas exposições é muito importante também. Uma pessoa que está a ler deve sentir-se incluída naquilo que estamos a dizer, e não sentir que tem de interpretar um texto que a exclui, que exclui minorias ou franjas da sociedade. Estamos com muita atenção e determinação a fazer este trabalho. A nossa língua é muito difícil, não é como as línguas saxónicas, e, portanto, a certa altura cansamos o projeto ou cansamos as pessoas se dizemos ‘Estamos determinados e determinadas’, ou seja, usar o masculino e feminino, ‘todos e todas’. Queremos que a linguagem flua, mas que ao mesmo tempo seja inclusiva. Isto exige um treino muito grande, mas não há impossibilidades. Tem sido muito engraçado fazer essa descoberta com as equipas. Este é um caminho que consideramos claro: abertos ao público, a públicos tão diferentes, fazer com que todos se sintam integrados e que sejam parte deste slogan que queremos viver verdadeiramente: a ciência é para todos, a ciência é para toda a gente. Como é que vamos dizer isto? Temos de arranjar uma maneira.

Finalmente, que mensagem deixaria para as mulheres e raparigas no sentido de estas terem a ambição de desenvolver todo o seu potencial nos mais diferentes domínios da sociedade?

Para começar, terem confiança em si próprias, mas sabemos que a confiança se constrói e que às vezes não basta a própria dizer ‘Eu tenho confiança’. É preciso que a realidade envolvente no percurso que fazem lhes dê essa confiança e que não seja coerciva no seu crescimento e nas suas ambições. Portanto cada uma tem de dizer ‘Eu tenho confiança em mim mesma, eu gosto disto e vou atingi-lo’. É um grande começo ter essa confiança, é ser persistente no caminho que se quer seguir. Vivemos num lugar privilegiado do planeta e privilegiado dentro da Europa. Mesmo em Portugal podemos viver num lugar que não dá condições às mulheres. Há realidades diferentes dentro do nosso país e temos tendência a achar que aquilo que vivemos é igual em todos os outros lugares, e não é assim. Os nossos olhos veem a realidade que temos, a mais próxima de nós, e por vezes tendemos a esquecer outras realidades, onde as mulheres não conseguem chegar àquilo que gostariam de ser. E deve-lhes ser dado esse caminho e essa escolha.

Portanto, primeiro ter confiança, depois fazer um caminho e pedir ajuda, porque não devemos ter problema com isso - pedir ajuda para fazermos melhor o nosso trabalho, para tomarmos opções mais conscientes e com maior probabilidade de termos um lugar melhor na sociedade. Estamos nesse caminho sabendo que ainda há muitas desigualdades e que estas vêm da aplicação deficiente de políticas públicas. A sociedade ainda está politicamente muito masculina e tem muitos estereótipos, embora possamos dizer que nas listas eleitorais, por exemplo, existe a “preocupação” - que eu ponho entre aspas - de se criarem listas paritárias. Muitas vezes é para responderem a um primeiro nível e não vão a outros níveis mais exigentes, em que se abrem lugares de chefia que tradicionalmente são mais masculinos. As mulheres ainda têm de conquistar esses lugares com um esforço maior do que os homens. Acredito que estamos no bom caminho para mudar claramente essa tendência, porque há um maior equilíbrio e há formas de gestão e de decisão que têm ganhos significativos se as coisas forem mais equilibradas.

Referências bibliográficas

European Institute for Gender Equality. (2020). Gender statistics database: Women and men in decision-making. https://eige.europa.eu/gender-statistics/dgs/browse/wmidmLinks ]

European Schoolnet. (2020, February 10). Working towards gender equality in STEM education. http://www.eun.org/pt/news/detail?articleId=4810467Links ]

Resolução n.º 61/2018 do Conselho de Ministros. (2018). Diário da República, I série n.º 97. https://dre.pt/home/-/dre/115360036/details/maximizedLinks ]

Aceito: 08 de Novembro de 2021

Sofia Nunes. Universidade NOVA de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA), Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, 1069-061 Lisboa, Portugal. Email: sofiabnunes_@hotmail.com

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons