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Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher

Print version ISSN 0874-6885

Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher  no.47 Lisboa June 2022  Epub Aug 01, 2022

https://doi.org/10.34619/oizz-ubho 

Estudos

Rememorando Virgínia Quaresma (1882-1973)

João Esteves1 

1Historiador, Portugal


Resumo

Este artigo pretende ser uma reflexão sobre as vivências da primeira jornalista profissional portuguesa, proporcionada pelo distanciamento de quase quarenta anos decorridos sobre as iniciais investigações em torno do seu feminismo e republicanismo. Procura-se enquadrá-la no tempo em que viveu, percecionar os caminhos seguidos e as contradições que a marcaram, entre a militância da primeira década do século XX até à adesão ao salazarismo e ao esvaziar da matriz feminista que, outrora, fora a sua marca, quer enquanto cidadã, quer enquanto jornalista e repórter.

Palavras-chave: Virgínia Quaresma; associativismo; pacifismo; feminismo; imprensa

Abstract

This article is intended as a reflection on the experiences of the first Portuguese professional journalist, provided by the distance of almost forty years since the initial investigations into her feminism and republicanism. It seeks to place her in the time in which she lived, to understand the paths she followed and the contradictions that marked her, from the militancy of the first decade of the 20th century to the adhesion to Salazarism and the emptying of the feminist matrix that had once been her hallmark, both as a citizen and as a journalist and reporter.

Keywords: Virgínia Quaresma; associativism; pacifism; feminism; press

A “redescoberta” de Virgínia Quaresma enquanto ativista pacifista, feminista e republicana (a par da intervenção na imprensa feminina, feminista e republicana que antecedeu a opção definitiva de enveredar pelo jornalismo) data de meados dos anos 1980, com a dissertação de mestrado A Liga Republicana das Mulheres Portuguesas - Uma organização política e feminista (1908-1919) (Esteves, 1988), completada com a sua reformulação e edição (Esteves, 1992). O prosseguimento das investigações na mesma área por este autor com a análise exaustiva do periódico O Mundo e da sua secção “Jornal da Mulher”, entre outra documentação inédita, proporcionou o emergir da relevância de Virgínia Quaresma entre as suas contemporâneas, inclusivamente como polemista, apresentando-se os resultados em artigos, comunicações e conferências no âmbito dos Estudos Sobre as Mulheres. Já no dealbar do século XXI, Maria Augusta Seixas apresentou a abrangente dissertação Virgínia Quaresma (1882-1973): A primeira jornalista portuguesa (Seixas, 2004), recorrentemente citada, seguida de detalhada biografia para o Dicionário no Feminino (Seixas, 2005). Outros estudos sobre a jornalista foram surgindo, nomeadamente enquanto pioneira na criação da primeira agência de notícias exclusivamente portuguesa (Sales & Mota, 2020), e o interesse alargou-se ao outro lado do Atlântico em virtude dos anos que permaneceu no Brasil (Cruz & Castro, 2021). Também nos últimos anos, o fascínio por esta Mulher chegou ao audiovisual, sob forma de documentários ainda em fase de montagem, e surgiram as primeiras referências, ainda insuficientemente documentadas e fundamentadas, a um eventual feminismo negro.

O que se propõe, tal como está implícito no título “Rememorando”, é reavaliar, décadas depois do primeiro enfoque sobre Virgínia Quaresma, o seu percurso, tendo como metodologia orientadora uma reflexão a partir da imprensa coeva, cruzando o que escreveu com o que sobre ela ficou registado e foi sendo evidenciado. A intervenção no associativismo pacifista e feminista na década inicial do século XX, o pioneirismo na área do jornalismo e o rumo que deu à vida pessoal, sem tabus e indiferente a constrangimentos sociais próprios de uma época pouco habituada a mulheres emancipadas, tornaram-na num nome pleno de atualidade e fazem com que, ciclicamente, seja evocada e motivo de reinterpretações.

Filha de Ana da Conceição Guerra Quaresma e de Júlio César Ferreira Quaresma, capitão de cavalaria, e irmã de Carlos Alberto (que, tal como o pai, seguiu a carreira militar), de Carlos César, de Berta e de Adelaide, Virgínia Sofia da Guerra Quaresma nasceu há cento e quarenta anos, em 28 de dezembro de 1882, em Elvas, na mesma cidade da médica republicana e feminista Adelaide Cabete (1867-1935).

Formou-se em Letras, quando escassas mulheres usufruíam de condições para aceder a uma academia dominada pelo sexo masculino; foi editora de periódicos que avocavam a reivindicação de direitos para quem nada tinha; escreveu na imprensa, antes de enveredar pela profissão de jornalista após o falecimento do pai; associou-se ao pacifismo e feminismo emergentes; tentou aceder a uma bolsa do reino para estudar a educação das raparigas em outros países e enveredar pela diplomacia; experimentou, momentaneamente, o ensino; assumiu-se, timidamente, como republicana; abraçou o jornalismo em Portugal e no Brasil, introduziu a publicidade redigida, representou agências publicitárias e revelou-se pioneira na organização da primeira agência de notícias internacional portuguesa. Culta e irreverente, geriu, durante décadas, sociabilidades contraditórias, viajou muito, em lazer e em serviço, e no Brasil, onde permaneceu dezenas anos, ainda que intercalados, esta antiga republicana aproximou-se, ideologicamente, do regime ditatorial português, virando, a partir dos anos trinta, admiradora confessa de Salazar, não enfileirando, mesmo que pontualmente, na Oposição democrática.

Desde a primeira década do século XX até ao falecimento, nos anos setenta, raramente a jornalista passou despercebida, sendo amiúde adjetivada como brilhante, culta, competente, profissional, objetiva, viajada, entusiasta, a que se acrescentam as caraterísticas enquanto colega de profissão, deixando impressões duradouras em todos os que a conheceram neste cenário. Se o percurso ímpar, com visibilidade na imprensa e reconhecimento reiterado pelos pares e instituições, justifica, só por si, a recuperação da sua memória, não menos relevante é a vida pessoal que assumiu sem constrangimentos, só possível pela independência económica que soube assegurar, não se privando de a desfrutar como bem entendia. Recuperada, primeiro, como feminista pacifista e republicana e, depois, como jornalista, é, no entanto, de evitar anacronismos, transformando-a numa bandeira do lesbianismo (apesar de nunca ter ocultado a sua orientação sexual), ou do feminismo negro (ainda que tivesse origens negras por via, provavelmente, da avó materna, referida no assento de batismo da neta, datado de 14 de abril de 1883, como “incógnita”).

Independentemente das circunstâncias que a rodearam, Virgínia Quaresma conseguiu, durante décadas, notoriedade nas atividades que abraçou, assegurada pela imprensa, que raramente a destratou. Em 1900, estava nos Açores, na Ilha Terceira, onde o pai, já general de brigada, era o comandante do Regimento de Guarnição n.º 1 sediado na Fortaleza de São João Batista. Aí terá conhecido Maria Evelina de Sousa (1879-1946), que voltou a reencontrar quando esta se deslocou a Lisboa em setembro de 1909, participando nas receções que lhe foram proporcionadas, e cruzou-se com a amiga Olga Morais Sarmento (1881-1948), também filha de militar e com quem passara parte da infância em Elvas, estudando juntas.

Virgínia Quaresma começou a frequentar o Curso Superior de Letras em 1903, que funcionava na Academia das Ciências, situada na então Rua do Arco a Jesus, tendo-o concluído no ramo Diplomático. Terá feito, em simultâneo, o Curso de Habilitação para o Magistério, sediado na mesma instituição e com cadeiras em comum, versando a sua dissertação de pedagogia os tipos diferentes do curso liceal e coeducação. Aliás, a pedagogia e a história da pedagogia apenas constavam desse currículo e destinavam-se aos alunos que frequentavam o curso profissionalizante para lecionar. A Revista Pedagógica, de 30 de setembro de 1909, refere que Virgínia Quaresma era redatora/colaboradora de O Século e, simultaneamente, professora de instrução secundária da Real Casa Pia, o que inviabiliza a possibilidade, repetidamente referida, de ser diplomada pela Escola Normal.

Em 1904, Virgínia Quaresma surge como Secretária da Redação dos três últimos números da revista Sociedade Futura (1903-1904), dirigida por Olga Morais Sarmento e, paulatinamente, vai-se impondo no grupo restrito da elite letrada feminina, conjugando a participação em serões literários com a escrita em periódicos e o associativismo. Os anos entre 1906 e 1910 corresponderam ao espaço temporal em que mais se evidenciou como oradora e publicista pacifista e feminista.

Sete anos depois do aparecimento da Liga Portuguesa da Paz, presidida pela pedagoga Alice Pestana (1860-1929), deu-se, em 18 de maio de 1906, a formação da sua Secção Feminista, em sessão presidida por Olga Morais Sarmento, que discursou, secretariada por Emília Patacho (1870-1940) e Domitila de Carvalho (1871-1966): tratou-se, segundo Virgínia Quaresma, Secretária da Direção, do primeiro episódio público feminista, passando-se das palavras aos atos e da intervenção individual à coletiva. No ano seguinte, em discurso no Banquete da Paz, de 22 de fevereiro, é reafirmado o vínculo entre feminismo e pacifismo: «O feminismo tem encontrado na propaganda pacifista a sua maior força, os seus mais fervorosos adeptos. E não é estranho que estes dois ideais se compreendam, se confundam, se mergulhem no mesmo sonho de luz e de amor» (Jornal da Mulher: Crónica pacifista. O pacifismo em Portugal, 1907, p. 4).

Ainda em 1906, surgiu a secção portuguesa da agremiação La Paix et le Désarmement par les Femmes, com sede em Paris, sob a direção internacional de Sylvie Petiaux-Hugo Flammarion (1836-1919). Em Portugal, a secção tinha como Vice-Presidente Madeleine Frondoni Lacombe (1857-1936), a qual se propunha solucionar os conflitos pela arbitragem, implantando comités constituídos somente por mulheres nos diversos países. Após a reunião realizada em Paris, em novembro, Madeleine Frondoni Lacombe foi indigitada para organizar o núcleo português: a primeira reunião decorreu em 6 de dezembro na sede provisória, na Rua de Santo Antão, 193, e entre os corpos gerentes estava Virgínia Quaresma, devidamente identificada como diplomada pelo Curso Superior de Letras, juntamente com Adelaide Cabete, Albertina Paraíso (1864-1954), Aureliana Teixeira Bastos, Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911), Cláudia de Campos (1859-1916), Domitila de Carvalho, Emília Patacho e Maria do Carmo Lopes. Ser apresentada como diplomada era uma forma de a credibilizar perante os outros, assim como dos movimentos que integrava enquanto Secretária-Geral.

Se o ideal pacifista teve a particularidade de agregar, temporariamente, monárquicas, republicanas e maçónicas, não seria para algumas das intervenientes mais do que uma forma de sociabilização e notoriedade: por exemplo, a vogal Albertina Paraíso, em carta a Ana de Castro Osório (1872-1935), relatou criticamente o que se passou na reunião fundadora desse Comité, descreu do eventual desarmamento feito por mulheres e duvidou do seu futuro, transparecendo da epístola incredulidade quanto ao projeto (Esteves, 2001; 2014).

O ano de 1906 revelou-se crucial para Virgínia Quaresma, já que a partir de 25 de junho surgiu ligada ao “Jornal da Mulher”, secção autónoma do diário republicano O Mundo dirigida por Albertina Paraíso e inteiramente dedicada às mulheres, onde se cruzavam informações, textos literários, escritos de opinião, traduções da imprensa internacional e biografias, com a temática feminista a destacar-se. Tinha 23 anos, e talvez tenha sido este o projeto que mais contribuiu para a sua afirmação pública. Aí escreveu sobre o feminismo, denunciando a forma como era depreciado pela sociedade, acarretando ofensas às suas defensoras, divulgou o que se passava no mundo, com destaque para os casos inglês, francês e americano, destacou feministas nacionais e internacionais, e deu a palavra a muitas das mulheres que se dedicavam à escrita, à educação e ao ensino.

A orientação da secção motivou uma polémica com Maria Veleda (1871-1955), onze anos mais velha, optando ambas mais por ataques pessoais do que pela troca de argumentos: desde os seus primórdios que o feminismo português não era uno. Apesar de, socialmente, as duas autoras estarem nos antípodas uma da outra e de quase nunca se terem cruzado no seu ativismo (até porque Virgínia Quaresma nem sequer era maçon e Maria Veleda, tal como Ana de Castro Osório, nunca foi pacifista), são exemplos de mulheres independentes que trilharam caminhos próprios, correram riscos e assumiram as consequências ao tomarem decisões inabituais quanto à vida privada: Maria Veleda recusou um casamento quando estava grávida, permanecendo como mãe solteira e criando uma outra criança, por falecimento da mãe; Virgínia não ocultava a sua homossexualidade.

De certa forma, aquela secção diária permitiu que Virgínia Quaresma ganhasse rotinas de jornalista, pesquisando, selecionando, relatando, divulgando, entrevistando e opinando. Aquando da mera hipótese de vir a reger uma cadeira de feminismo, surgida num contexto particular de contestação estudantil ao conservadorismo da Academia de Coimbra, o “Jornal da Mulher” descreveu-a da seguinte forma:

Conhecemo-la pessoalmente de a vermos, por vezes, aqui, ao nosso lado, redigindo, em poucos minutos, um artigo cheio de fé e de ardor pela causa feminista. Num artigo que escreve, num discurso que profere, numa opinião que expõe, a sua alma apaixonada e os seus nervos irrequietos de apóstolo dum Ideal tão combatido e mal julgado, são o maior e mais inconfundível cunho da sua individualidade literária, conquistada aos 24 anos que hoje conta, longe e indiferente a tudo o que a sociedade estupidamente legaliza de convencionalismo e de hipocrisia. (Jornal da Mulher: Crónica feminista, 1907, p. 4)

Ainda em 1906, em 29 de outubro, a jornalista discursou na Sociedade Promotora do Ensino Popular, onde se assumiu como feminista («a minha única carta de recomendação, o meu único título de glória no mundo intelectual») e proclamou que «não me dispenso dessa honra em parte nenhuma, embora eu saiba muito bem que o nosso meio social, ainda em grande parte, não compreende todo o orgulho, toda a altivez, toda a satisfação de razão e de consciência que me podem advir dela» (Jornal da Mulher: Um discurso feminista, 1906, p. 4).

A recente notoriedade levou a que O Mundo publicasse, em 16 de março de 1907, a fotografia de Virgínia na secção “As Mulheres Portuguesas” e o Jornal da Mulher, na “Crónica feminista”, noticiasse a possibilidade de vir a lecionar Feminismo numa Universidade Popular a ser criada, entrevistando-a sobre tal hipótese: Virgínia confessou, mais uma vez, que era uma sincera e convicta defensora do feminismo e, por isso, «tudo que o possa levantar entre nós, enche-me de prazer e de vaidade» (Jornal da Mulher: Crónica feminista, 1907, p. 4). A ideia da criação daquela Universidade, contendo uma hipotética disciplina «sob o nome genérico de feminismo», fora avançada por Teófilo Braga em 7 de março de 1907, em simultâneo com os acontecimentos na Universidade de Coimbra que levariam à célebre greve daquela academia na sequência da reprovação, de forma vexante, da candidatura do bacharel em Direito José Eugénio Dias Ferreira (1882-1953) à obtenção do grau de doutor. A proposta vinha de alguém que conhecera muito bem o nome indicado, já que Teófilo Braga tinha sido, juntamente com Adolfo Coelho e Zófimo Consiglieri Pedroso, entre outros, professor de Virgínia Quaresma no Curso Superior de Letras.

Entre maio de 1907 e janeiro de 1908, Virgínia Quaresma foi Secretária de Redação dos vinte e quatro números da revista Alma Feminina, cuja Diretora era, mais uma vez, Albertina Paraíso. Jornal de mulheres e feito para mulheres, propunha-se, entre outros objetivos mais comezinhos, dedicar em cada edição algum espaço a “esse grande problema social” que era o feminismo: Ana de Castro Osório, Angelina Vidal (1847-1917), Beatriz Pinheiro (1872-1922), Domitila de Carvalho e Maria Veleda constavam do rol de colaboradoras. Nesse periódico, Virgínia voltou a pronunciar-se sobre “Feminismo e feministas…” e, para além de constatar que «duas correntes intensas e desencontradas representam no nosso meio social as reivindicações feministas», considerava, a partir do seu caso pessoal quando frequentara «uma Escola Superior no nosso país», que a educação da mulher não poderia ser ministrada simplesmente com o intuito de a tornar uma educadora dos filhos, pois nem todas as mulheres tinham como destino o casamento ou o serem mães. Por isso, os estudos eram primordiais para assegurar a própria subsistência, tornando-se o aspeto económico «o ponto capital em que deve assentar o problema feminista» (Quaresma, 1907, p. 66).

Nos meios frequentados por Virgínia Quaresma, havia monárquicas, republicanas, maçónicas ou espíritas, mas a jornalista estendia os laços ainda à elite republicana de antes de 5 de Outubro de 1910. Tornara-se, em pouco tempo, um dos nomes femininos mais afamados, requisitados e elogiados. Em 1908, num artigo em que compara “A mulher francesa e a mulher portuguesa”, Madeleine Frondoni Lacombe apresentava-a como um exemplo que destoava das compatriotas:

Temos também em Portugal mulheres de subido valor intelectual correspondente ao nosso meio - que têm cursos superiores que as fazem sobressair do vulgar. Exemplo: Virgínia Quaresma, jornalista do Século que se destaca superiormente entre nós, possuindo o curso superior de letras, trabalhando com coragem em luta com a vida, desprendida de todas as convenções e conservando a mesma linha de mulher honesta e superior, na companhia de jornalistas que a estimam e apreciam a sua colega com o máximo respeito e carinho fraternal!... (Lacombe, 1908, p. 2)

Em 1909, Virgínia Quaresma engrossou, tal como outros nomes femininos conhecidos por contribuírem para a afirmação das mulheres no espaço público, o movimento de apoio à discussão e aprovação, pelo Parlamento, de um projeto de lei sobre o divórcio, subscrevendo, enquanto escritora e diplomada com o Curso Superior de Letras, a petição da autoria da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP) (Jornal da Mulher: Em favor do divórcio, 1909, p. 5).

Aquando do triunfo da República, a proximidade ao Partido Republicano era evidente. Em 2 de outubro de 1910, durante uma festa de beneficência para crianças da freguesia de Santos, realizada no Centro Republicano local, a jornalista enalteceu o papel daquele partido, pois «É pela instrução que os povos são grandes e se impõem e isso é o que o partido republicano está fazendo, pertencendo-lhe por isso o futuro» (Festas republicanas: No Centro Republicano de Santos, 1910, p. 4). E, sem nunca ter sido sócia da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (Quaresma, 1912a, p. 1), foi oradora na reunião de 26 de outubro, na qual se aprovou o documento a ser entregue ao governo, contendo as principais reivindicações da organização. A 11 de dezembro, voltou a estar presente na sessão realizada em honra da sufragista Madeleine Pelletier (1874-1939), de visita a Portugal enquanto jornalista, onde «produziu um substancioso discurso sobre o feminismo, concluindo por dizer que a propaganda feminista devia, de facto, começar agora e prosseguir persistentemente, fossem quais fossem os escolhos encontrados no seu caminho» (Liga Republicana das Mulheres Portuguesas: Sessão de propaganda feminista, 1910, p. 2).

Só que, sob o novo regime, a ação pública de Virgínia Quaresma esbateu-se em favor de outras protagonistas, mais envolvidas na militância feminista, sufragista ou republicana. Também as inflamadas proclamações de convicta defensora do feminismo começaram a ser espaçadas e o tempo encarregar-se-ia de as secundarizar, coincidindo com a consolidação da carreira como jornalista e a partida, em 1912, para o Brasil.

Entretanto, em 10 de fevereiro de 1911, o jornalista Francisco da Silva Passos (1884-1931), seu colega em A Capital, escreveu em defesa da nomeação de Virgínia Quaresma para um cargo diplomático, para o qual tinha formação académica específica, na sequência de um pedido da direção da LRMP para que ela « não deixasse de concorrer aos futuros e urgentemente necessários concursos para segundos-secretários de Legação, há tanto prometidos pelo atual ministro dos estrangeiros» (Passos, 1911, p. 1), o ex-correligionário Bernardino Machado. Na argumentação do articulista transparece um conjunto de informações cedidas pela visada quanto às suas habilitações.

Pela segunda vez, Virgínia Quaresma via-se impossibilitada de exercer uma função por uma questão de género. E talvez por se ter candidatado, em 1907, «a uma bolsa do governo para fazer um relatório sobre as Escolas femininas da França, Suíça, Bélgica e países escandinavos», sendo «excluída do concurso por ser do sexo feminino, facto contra o qual reclama, numa exposição endossada ao ministério do reino» (Seixas, 2005, p. 891), o jornal A Capital, de 26 de agosto de 1911, informava que ela seria «nomeada para, em comissão de serviço público, estudar, em França, Itália, Suíça e Alemanha, a organização e funcionamento dos estabelecimentos modelares de educação feminina» (D. Virgínia Quaresma, 1911, p. 2).

Num dos últimos atos de cariz feminista antes de emigrar pela primeira vez, Virgínia participou na homenagem a Beatriz Ângelo, organizada pelo Grupo das Treze em 3 de novembro de 1911, um mês após o falecimento, tendo na sua alocução afirmado «sentir-se satisfeita por poder fazer ali um pouco de propaganda. Conhecia D. Carolina Beatriz Ângelo e pôde apreciar-lhe o papel altíssimo na marcha do feminismo português. Aponta também o facto da grande feminista ter tomado parte no ato eleitoral e elogia a sua atitude» (Os mortos (…) Na Liga Republicana das Mulheres proferem-se palavras de saudade, 1911, p. 3).

Mas foi como jornalista remunerada que vivia exclusivamente dessa profissão, frequentando as redações dos jornais, redigindo notícias, fazendo entrevistas e reportagens, explorando versões contraditórias para melhor informar, que Virgínia Quaresma passou a ser citada, sendo «presentemente, entre nós, a única profissional feminina de imprensa». Numa declaração ao diário onde trabalhava, a propósito de profissões exercidas por mulheres, Virgínia expressou o quanto gostava da sua:

Estou satisfeita com a carreira que escolhi, nem quero outra. Da vida do jornal é a reportagem a que prefiro. Agradam-me o movimento, a variedade, o imprevisto e, por isso, a reportagem tem, para mim, um atrativo muito especial, sobretudo quando ela oferece dificuldades a vencer. Os estratagemas, os artifícios, os disfarces de que às vezes é necessário lançar mão para conseguir o que desejamos saber ou obter, encantam-me. Gosto da dificuldade, creia, chego mesmo a ter por ela o culto. Além disso, a vida do jornal obriga-me a acompanhar a par e passo, o movimento político e social. E as questões políticas e, sobretudo, as sociais, merecem-me todo o interesse. (…) A mulher, porém, que queira enveredar por este caminho tem que ter uma educação especial, tem de ser despida de certos preconceitos para poder suportar os preconceitos dos homens. Daí a necessidade e as vantagens da coeducação. Com o contacto, com a camaradagem dos rapazes nas escolas, nós, as mulheres, adquirimos um pouco da sua energia e da sua vontade, qualidades essas de que, em geral, a mulher está muito necessitada para poder, pelo seu trabalho, emancipar-se economicamente do homem. Tanto nas escolas por onde passei, como nas redações dos jornais, eu tenho-me dado excelentemente com os meus camaradas, sempre rodeada da amizade e do respeito de todos eles. (Inquérito às profissões femininas, 1911, p. 1)

Se havia mulheres a escrever na imprensa, nomeadamente em revistas literárias, periódicos femininos, folhas de instrução e jornais conotados com o republicanismo (Esteves, 1999), tal não implicava vencimento, nem vínculo profissional. Eram colaboradoras designadas, como muitos homens que escreviam, como “publicistas”.

Virgínia Quaresma começou no Jornal da Noite, em 1907, onde teve como colegas Alfredo Lamas, António Guimarães, Paulo Osório e Rocha Martins; passou, em 1908, devido à proibição deste periódico aquando do regicídio, para O Século, de José Joaquim da Silva Graça (1858-1931) e, em 1910, entrou em A Capital, fundado em julho desse ano por Manuel Guimarães (1868-1938). Aí se relacionou com Avelino de Almeida, Camilo Sousa e Almeida, Fernando da Silva Passos, Garibaldi Falcão, Herculano Nunes, Hermano Neves, Jorge de Abreu e Mayer Garção. Neste período, arrendou uma casa na Rua do Norte, mesmo em frente ao jornal, que funcionava no n.º 3.

Ao fim de escassos anos, Virgínia Quaresma era um nome respeitado na profissão. Partiu, então, para o Brasil, acompanhada da escritora Maria da Cunha Zorro (1872-1917), considerada por Cândido de Figueiredo (1846-1925) como «a maior poetisa do seu tempo» (Oliveira, 1983, p. 57), e desembarcou no Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1912, depois de uma passagem por Paris (Cruz & Castro, 2021, p. 390). Embora já tivesse procurado fixar-se noutro país, nomeadamente quando aspirou a trabalhar na Legação de Portugal em Paris, esta decisão, algo inesperada para quem se sentia tão bem a trabalhar com os pares, não pode ser desligada da pressão social sobre condutas homossexuais, penalizadas com pena de prisão pela Lei da Mendicidade de 20 de julho de 1912, e da crescente hostilidade contra monárquicos, entre os quais estavam algumas das suas amizades de há muito.

No novo país, para onde seguiu sem ter nada assegurado, foi admitida em A Época que, em 27 de setembro de 1912, informava na primeira página a contratação dos «serviços da jornalista portuguesa recentemente chegada», considerando que ela introduzia «Uma nota de modernismo na imprensa carioca» (‘A Época’ contratou os serviços da jornalista portuguesa recentemente chegada, 1912, p. 3). Seria, desde então, reconhecida como a primeira repórter feminina da cidade carioca, assinando entrevistas políticas, reportagens e crónicas.

Passou, seguidamente, pelas redações do Correio da Manhã e da Gazeta de Notícias e, em maio de 1915, retornou a Portugal, ao jornal A Capital e, posteriormente, a O Século, mantendo-se como correspondente de A Época. Devido à sua mestria, foi o primeiro jornalista a saber que a Alemanha declarara guerra a Portugal em 9 de março de 1916, ato confirmado por Augusto Soares que, no Palácio das Necessidades, acabara de receber o barão Von Rosen, Ministro da Alemanha em Lisboa. Finda a guerra, foi agraciada, em 19 de março de 1919, com o Grande Oficialato da Ordem de Santiago.

Virgínia Quaresma estava ainda no país quando, em 1 de janeiro de 1917, faleceu no Rio de Janeiro Maria da Cunha, antiga companheira. Contudo, em julho de 1916, chegara a ser noticiada a sua partida para o Rio de Janeiro, a fim de continuar «a sua vida de imprensa». A Época dedicou-lhe, então, relevante elogio na primeira página, ilustrado com a sua fotografia:

Eis uma notícia que não pode deixar de ser grata a todos quantos no Rio tiveram a felicidade de conhecer Virgínia Quaresma. Jornalista profissional na mais ampla aceção da palavra, conhecendo o ‘métier’ e sabendo, como ninguém, tratar e ferir o ponto que mais pode impressionar o leitor. Virgínia Quaresma escreveu nestas colunas muitas e muitas linhas, todas elas caracterizadas por uma viveza de espírito que fez e consolidou a reputação que, entre nós, soube conquistar - pelo seu esforço e pela sua inteligência. É por tudo isto e ainda porque Virgínia Quaresma é um modelo de excelente camaradagem, que ‘A Época’ se regozija com o regresso ao Rio da sua ex-repórter, embora lastime perder as cartas que, de Lisboa, estava encarregada de lhe mandar. (Portugal: Virgínia Quaresma, 1916, p. 1)

Surpreendentemente, em 1919, segundo o Almanaque das Senhoras para 1920, Virgínia teria sido «presa duas vezes, para que o seu espírito aventuroso não ignore nenhum dos espinhos da carreira profissional que durante quinze longos anos lhe tem gasto e apaixonado a existência» (D. Virgínia Quaresma, 1920, p. 129).

Com a imprensa a enfrentar dificuldades decorrentes da Guerra, a jornalista introduziu nos jornais a publicidade redigida, ou seja, textos devidamente elaborados sobre empresas, e pagos por estas, dando outro rumo à sua vida profissional. Em 1918, fundou a Atlântida, «um escritório de publicidade em todos os jornais nacionais e estrangeiros», a funcionar na Rua António Maria Cardoso, n.º 26 - passando a ser empresária nessa área. Ainda nesse ano, transformou a Atlântida no Escritório de Publicidade Latino-Americano (cujos colaboradores eram jornalistas) e, em 1919, «entra no universo das agências de notícias ao tornar-se diretora da sucursal de Lisboa da agência brasileira Americana» (Sales & Mota, 2020, p. 294), criada no Rio de Janeiro com o propósito de divulgar na Europa o Brasil e, em menor escala, outros países da América do Sul. Manter-se-ia na Americana até 1921, quando abriu, em outubro, a sua própria agência telegráfica internacional de notícias, denominada Latino-Americana, que, segundo José Sales e Susana Mota, seria a «primeira agência de notícias de serviço internacional exclusivamente portuguesa, fundada com capitais portugueses» (Sales & Mota, 2020, p. 309).

Em finais desse ano, a contratação da Empresa Latino-Americana e de Virgínia Quaresma pelo comissário Alfredo Augusto Lisboa de Lima (1866-1935) para publicitar e fazer o Catálogo da presença portuguesa na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, a inaugurar em 7 de setembro de 1922, levantou celeuma e foi contestada no Parlamento, na sessão de 17 de maio de 1922, pelo senador Joaquim Crisóstomo da Silveira Júnior (1876-1939). Pelo acordo firmado, alcança-se a real influência da jornalista junto da imprensa (nacional, província, ilhas adjacentes e colónias), pois propunha-se assegurar contactos com cerca de duzentos jornais, ganhando inusitada notoriedade durante os preparativos e vigência daquela Exposição. Em agosto, Virgínia deslocou-se ao Brasil: mais do que jornalista, ela era, cada vez mais, um importante elo entre os dois países, sendo que as designações “Atlântida” e “Latino-Americana” evidenciavam a influência que o outro lado do Atlântico passou a ter na sua vida, profissional e familiar. Reencontrou Ana de Castro Osório, então de passagem naquele país, e teve, em dezembro de 1922, «colaboração ativa no Congresso pelo Progresso Feminino, presidido pela feminista brasileira Bertha Lutz», integrando a comissão de trabalho “Carreiras apropriadas à mulher” (Cruz & Castro, 2021, p. 413).

Em 1933, já sob o Estado Novo português, Virgínia Quaresmo rumou, pela última vez, ao Brasil, no âmbito da organização e promoção da Semana Cultural Portuguesa, patrocinada pelo jornal O Século e a folha carioca A Noite, cujos objetivos se identificavam com a ideologia propagandeada pelo novo regime. Acabou por ficar um longo período, passando a trabalhar no Diário Português, a convite de António Guimarães. Na década seguinte, dirigia a publicidade no diário Brasil-Portugal, órgão de enaltecimento do Estado Novo de Getúlio Vargas. Tornou-se, entretanto, relações-públicas da Companhia Colonial de Navegação, da qual o cunhado, Fernando Trindade Vasconcelos, era gerente.

No derradeiro fôlego no lado de lá do Atlântico, a antiga feminista, cuja relevância no início do século XX não é demais salientar, e a mulher que comungara ideais republicanos tornara-se, inequivocamente, partidária do regime que vigorava em Portugal. Como Eduardo da Cruz e Andreia Castro revelam em recente artigo, era defensora dos «interesses de instituições conservadoras, nacionalistas e bastante afinadas com o Estado Novo português». Em 1954, criticou a posição da União Indiana em relação a Goa (Cruz & Castro, 2021, p. 422), «aquela pequena nesga lusa na Índia», que para os portugueses representaria «um luminoso marco da História» (Fechará o comércio para a concentração de portuguêses hoje, 1954, p. 2) e, em 1961, aquando do assalto ao navio Santa Maria, comandado por Henrique Galvão, lamentou o sucedido por representar «um golpe vibrado não contra um governo, mas contra uma nação» (Ato de pirataria: A assalto ao transatlântico português, 1961, p. 6).

Virgínia Quaresma regressou a Portugal nos anos sessenta, após o falecimento, em 9 de dezembro de 1964, de Maria Luiza Vallat da Silva Passos, viúva de Francisco da Silva Passos, também jornalista e companheira de tantos anos que, a pouco e pouco, numa postura bem pouco feminista, fora despersonalizada e transmutada em sua “governanta” ou “dama de companhia”, instalando-se em casa da irmã Adelaide.

Virgínia Quaresma soube construir o seu caminho e ser economicamente independente permitiu-lhe ser livre quanto à sua sexualidade, conhecida de quem com ela convivia, bem como dos círculos sociais que frequentava, não sendo por aí que se impôs ou se tornou numa bandeira antes do tempo. E se aparentemente, talvez só aparentemente, não sofreu discriminações na intensa vida social e profissional que levava era porque integrava uma elite. Se calhar, a exclusão mais notória foi ser enterrada no Cemitério de Benfica, em campa rasa, e não no jazigo da família no Alto de São João.

Agustina Bessa-Luís, num texto de 2001 sobre o caso de Maria Adelaide Coelho da Cunha (1869-1954), bem revelador de um conservadorismo eivado de estereótipos e de preconceitos, envolveu o nome de Virgínia Quaresma. Escreveu então que Virgínia «foi provavelmente uma protetora» de Maria Adelaide, baseada na suposição de que se tratava de uma mulher «sem peias sociais, claramente assumida como lésbica e que tinha o seu lugar de encontros entre as mulheres mais belas de Lisboa mesmo defronte do local de trabalho»; reconhecia, porém, que a «sua sexualidade desviante, como hoje se diz, não parece ter implicado com a profissão, que desempenhou brilhantemente». Também sem qualquer fundamentação, a não ser o facto de Virgínia Quaresma ter aberto em Paris, no Boulevard des Capucines, um escritório da agência Latino-Americana, alvitrava que seria «provavelmente uma agente secreta e os seus proventos não se resumiam ao ordenado de redatora d’A Capital» (Bessa-Luís, 2001, p. 79).

Tal como Ana de Castro Osório, Virgínia Quaresma revelou mágoa pelo país não ter aproveitado as habilitações que a credibilizavam para o desempenho de certos cargos, tal como esclarecia na entrevista ao político brasileiro José Gomes Pinheiro Machado: «Nunca solicitei favores no tempo da monarquia como nunca os solicitei da república, não obstante o meu curso tirado com distinção na faculdade de Letras da Universidade de Lisboa me tivesse permitido o direito de pedir um lugar à mesa do orçamento, o que nunca fiz» (Quaresma, 1912a, p. 1). Essa amargura voltou a ser expressa quando, no artigo “A ingratidão dos que mandam em Portugal” (Quaresma, 1912b, p. 2), referia o abandono a que a República deixara Angelina Vidal, que há muito se debatia com dificuldades financeiras, tendo Virgínia conseguido assegurar-lhe, à distância, a colaboração de um ano no jornal onde trabalhava: entre 20 de novembro de 1912 e 30 de novembro do ano seguinte, a escritora publicou em A Época «52 textos, sendo 46 como correspondência de Lisboa» (Cruz & Castro, 2021, p. 405). E, como Ana de Castro Osório, Virgínia foi assumindo uma postura pública conservadora, silenciando o passado feminista e gerindo, cada vez com mais cautela, a vida íntima, e defendendo no Brasil a visão salazarista do país.

Virgínia Quaresma tinha 90 anos quando faleceu, em 26 de outubro de 1973, em Lisboa, na Rua do Salitre, 106 - 3.º, junto das duas irmãs, Adelaide e Berta, ambas viúvas. Terminava uma vida intensamente desfrutada e cujo reconhecimento se centrava, exclusivamente, nas qualidades de repórter que, com reconhecida capacidade profissional e faro jornalístico, fizeram história quando publicadas nos dois lados do Atlântico. A morte repôs, momentaneamente, a notoriedade que tantas vezes a acompanhara, dela dando notícia vários periódicos, já que a “Senhora D. Virgínia” tinha conseguido marcar o seu tempo e os seus contemporâneos.

Década e meia decorrida sobre o falecimento, as investigações no âmbito dos Estudos Sobre as Mulheres deram-lhe nova visibilidade e repuseram-na na História, permitindo que seja, recorrentemente, objeto de releituras, tal se tem revelado a singularidade do percurso desta Mulher livre, profissional e afetivamente, que foi muito mais do que uma jornalista: a primeira.

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Recebido: 03 de Março de 2022; Aceito: 23 de Abril de 2022

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