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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.15 no.3 Lisboa dez. 2014

https://doi.org/10.15309/14psd150304 

Impacto de intervenções de reminiscência em idosos com demência: revisão da literatura

Impact of reminiscence interventions in elders with dementia: a literature review

 

Teresa Lopes 1,2, Rosa Afonso2,3, & Óscar Ribeiro 2,4

1Centro Hospitalar Cova da Beira, EPE, Serviço de Ortopedia, Covilhã, Portugal.

2UNIFAI - Unidade de Investigação e Educação sobre Adultos e Idosos, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Porto, Portugal;

3 Departamento de Psicologia e Educação, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal.

4 Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal.

 

Endereço para Correspondência

 

RESUMO

Apesar de relevância da intervenção de reminiscência com pessoas idosas, o seu impacto em pessoas com demência encontra-se pouco estudado. Este estudo pretende efetuar uma revisão integrada de literatura sobre os principais efeitos da reminiscência em pessoas com demência. Foram encontrados 28 artigos nas bases de dados MEDLINE, PsycInfo, CINAHL, LILACS e Scielo, que obedeciam aos critérios de inclusão definidos, sendo a última pesquisa efetuada a 30 de Janeiro de 2013. Os resultados da revisão efetuada sugerem um impacto globalmente positivo da terapia de reminiscência nos participantes com demência e seus cuidadores, destacando-se o seu impacto ao nível da cognição, comportamento, humor, sintomatologia depressiva, bem-estar, qualidade de vida, comunicação, capacidade funcional e sobrecarga dos cuidadores. No entanto, salienta-se a falta de investigações metodologicamente consistentes, com amostras alargadas, critérios de inclusão definidos e desenhos longitudinais que permitam que sejam retiradas conclusões fundamentadas sobre os efeitos da reminiscência em pessoas com demência. Este tema carece, ainda, de avaliações robustas sobre a sua eficácia em dimensões como a identidade e o bem-estar e ainda de evidências sobre o seu impacto como terapia complementar ao tratamento farmacológico ou não farmacológico em casos de demência.

Palavras-chave - Reminiscência; Demência, Memória autobiográfica, Revisão de literatura.

 

ABSTRACT

Despite the relevance of reminiscence intervention with older people, their impact on people with dementia lies understudied. This study aims to implement an integrated literature review on the main effects of reminiscence in people with dementia.

Twenty eight articles met the inclusion criteria defined in the research databases MEDLINE, PsycInfo, CINAHL, LILACS and SciELO, being the last survey conducted on 30 January 2013.The results suggest an overall positive impact of reminiscence therapy in participants with dementia and their caregivers, particularly in dimensions: cognition, behavior, mood, depressive symptoms, well-being, quality of life, communication, functional ability and caregiver burden. However, highlight the lack of research methodologically consistent with extended samples, defined inclusion criteria and longitudinal designs that allow firm decisions about the effects of reminiscence in people with dementia that allows conclusions. This theme also lacks robust reviews of its effectiveness in dimensions as the identity and well-being and yet evidence of its impact as a complementary therapy to the pharmacological or non pharmacological treatment in cases of dementia.

Key- words - Reminiscence; Dementia; Autobiographical memory, Literature review

 

Ao falarmos de reminiscência é necessário diferenciar dois processos distintos, que fazem uso do mesmo conceito: reminiscência enquanto processo normativo de pensar sobre o seu passado, inerente e transversal ao ser humano e reminiscência enquanto estratégia estruturada de intervenção na velhice (Afonso, 2011; Gonçalves, Albuquerque, & Martin, 2008). A reminiscência é um processo mental que implica a recuperação de memórias autobiográficas significativas (Cappeliez, Guindon, & Robitaille, 2008). A reminiscência, como estratégia de intervenção, consiste, assim num processo psicológico de recuperação de experiências pessoais, vividas no passado que são utilizadas para fins terapêuticos.

A reminiscência tem vindo a ser utilizada em pessoas idosas como técnica de intervenção para promover a autoaceitação e bem-estar (Pinquart, & Forstmeier, 2012). Os resultados sobre os seus benefícios apoiam a sua implementação na melhoria da saúde mental e tem suscitado a atenção de vários investigadores da área de gerontologia (e.g. Webster, Bohlmeijer, & Westerhof, 2010; Westerhof, Bohlmeijer, & Webster, 2010). Apesar das evidências sobre a eficácia da reminiscência nos casos de demência não serem tão consistentes e consensuais como para os idosos em geral, a reminiscência tem-se apresentado, também, como uma técnica com potencial para a intervenção nestes idosos (e.g. Lin, Dai, & Hwang, 2003; Woods et al., 2005).

Podem distinguir-se três formas de aplicação de reminiscência como intervenção com pessoas idosas: reminiscência simples, revisão de vida e terapia de revisão de vida (Pinquart, & Forstmeier, 2012; Webster et al., 2010; Westerhof et al., 2010). A reminiscência simples estimula as funções sociais da reminiscência (comunicação, ensino, informação) através da recuperação de acontecimentos autobiográficos positivos de forma não estruturada (Pinquart, & Forstmeier, 2012; Westerhof et al., 2010). A revisão de vida implica uma descrição mais abrangente e avaliativa dos principais acontecimentos autobiográficos do ciclo de vida, no sentido dos mesmos serem integrados numa história de vida coerente (Pinquart, & Forstmeier, 2012; Westerhof et al. 2010). Por último, a terapia de revisão de vida reporta a sua aplicação a pessoas com problemas de saúde mental, tais como a depressão, com o intuito de reduzir os efeitos potencialmente negativos da reminiscência (reavivamento da amargura, tédio) aliviando a sintomatologia depressiva (Pinquart, & Forstmeier, 2012; Westerhof et al. 2010).

Pinquart, e Forstemeier (2012) destacam, a partir da realização de uma meta análise sobre o efeito da reminiscência nas variáveis psicossociais, que esta terapia produz melhorias ligeiras a moderadas na sintomatologia depressiva, integridade do ego, bem-estar, propósito na vida, maestria, cognição, integração social e preparação para a morte. Os resultados sobre o impacto dos programas de revisão de vida evidenciam melhorias significativas na autoestima (Chiang, Lu, Chu, Chang, & Chou, 2008), satisfação com a vida (Chiang et al., 2008), depressão (Pot et al., 2010; Serrano, Latorre, & Montañes, 2005; Serrano et al., 2012) e maestria (Pot et al., 2010). A evidência relativamente à eficácia da reminiscência simples é, todavia, menos consistente no que concerne aos seus efeitos na saúde mental (Westerhof et al., 2010), encontrando-se mais relacionada com a felicidade, enquanto a revisão de vida aparece mais relacionada com o bem-estar psicológico e a terapia de revisão de vida com o alívio da depressão (Westerhof et al., 2010). A reminiscência em pessoas idosas apresenta efeitos positivos na melhoria da sintomatologia depressiva (e.g. Afonso, & Bueno, 2010; Bohlmeijer, Kramer, Smit, Onrust, & Marwijk, 2009; Bohlmeijer, Valenkamp, Westerhof, Smit, & Cuipers, 2005; Chiang et al., 2010; Shellman, Mokel, & Hewitt, 2009; Watt, & Cappeliez, 2000), bem-estar psicológico (Afonso, Bueno, Loureiro, & Pereira, 2011; Chiang et al., 2010), solidão (Chiang et al., 2010), auto-estima (Chao et al., 2006), maestria (Bohlmeijer et al., 2009; Bohlmeijer et al., 2005), integridade do ego (Afonso et al., 2011).

Em pessoas com demência, a evidência sobre a eficácia da terapia de reminiscência não é conclusiva, apesar dos indícios relativos aos seus benefícios. Woods et al. (2005), por exemplo, referem, com base numa análise sistemática de literatura que incluiu cinco estudos, que a cognição, o estado de ânimo, o comportamento das pessoas com demência e o desgaste do cuidador apresentam melhorias durante a aplicação da terapia de reminiscência até um período de quatro a seis semanas após a intervenção. Os autores ressalvam, no entanto, o facto do impacto da reminiscência depender da fase de demência em que a técnica é implementada. Nos casos de demência grave, o impacto ao nível da cognição e comportamento não era estatisticamente significativo, ao contrário do que acontecia nos casos de demência leve a moderada (Woods et al, 2005). Outra revisão, desenvolvida por Cotelli, Manenti, e Zanetti (2012) que incluiu sete estudos, concluiu que a terapia de reminiscência melhora o humor e algumas habilidades cognitivas na população com demência.

Tendo como ponto de partida, por um lado, a relevância da intervenção de reminiscência com pessoas idosas (Gonçalves, Albuquerque, & Martin, 2008) e, por outro lado, a necessidade/escassez de estudos consistentes sobre o seu impacto em pessoas com demência, pretende-se, com este artigo, efetuar uma revisão integrada de literatura que permita sistematizar os principais efeitos observados e analisados nos estudos de investigação existentes.

 

MÉTODO

Este estudo adotou a metodologia de revisão integrada de literatura. Esta metodologia consiste na análise da literatura/estudos realizados com distintas metodologias, permitindo elaborar uma síntese e compreensão que possa gerar e validar conhecimentos para aplicação na prática (Wittemore, & Knafl, 2005). Trata-se de uma revisão com recurso às bases de dados MEDLINE (PubMed), PsycInfo, CINAHL, LILACS e Scielo, sendo a última pesquisa efetuada a 30 de Janeiro de 2013. As palavras-chave utilizadas para pesquisa eletrónica foram “Reminiscence and Dementia” e “Life Review and Dementia”, tendo-se usado o termo “Reminiscence” no caso das pesquisas com as duas primeiras expressões não oferecerem resultados. Esta pesquisa foi complementada com a procura de referências bibliográficas que constavam nos artigos disponíveis.

Foram incluídos nesta revisão os artigos de investigação empírica e monografias académicas (dissertações de mestrado e teses de doutoramento), publicados em português, inglês, francês e espanhol, cujo texto integral estivesse disponível. Constituíram critérios de inclusão, neste âmbito, trabalhos que apresentavam investigações com: (i) pessoas com mais de 65 anos com demência; (ii) aplicação de terapia de reminiscência ou revisão de vida; (iii) avaliação do impacto da intervenção de reminiscência através de metodologia quantitativa ou qualitativa. Excluíram-se os artigos de revisão de literatura, protocolos de estudo, monografias e manuais.

No total, como se pode observar no quadro 1 e na figura 1, foram encontradas 121 referências através de pesquisa eletrónica, rastreadas através da leitura do título e resumo, para verificação dos critérios de inclusão e decisão sobre a inclusão dos artigos nesta revisão. Numa primeira análise foram selecionadas 35 referências, às quais se acrescentaram 6 artigos encontrados através de pesquisa manual. Posteriormente, com base nos critérios de inclusão estabelecidos para este estudo de revisão da literatura, foram selecionados 28 estudos que obedeciam aos mesmos. Os restantes 13 foram excluídos pois não focavam os resultados da intervenção de reminiscência.

 

 

 

RESULTADOS

Dos 28 estudos incluídos nesta revisão da literatura, 26 foram publicados sob a forma de artigos científicos e 2 constituem teses de doutoramento. Relativamente à metodologia dos trabalhos selecionados, foram identificados 11 estudos experimentais, 6 estudos quási-experimentais e 11 estudos não experimentais.

O impacto das intervenções de reminiscência nos estudos considerou distintos domínios: cognição, comportamento, depressão/humor, comunicação, qualidade de vida, bem-estar e atividades de vida diária. Cada um destes domínios foi avaliado com recurso a instrumentos específicos, cuja sistematização se pode observar no quadro 2.

A avaliação do impacto da reminiscência na cognição é encontrada em 18 dos estudos revistos (e.g. Akanuma et al., 2011; Sue et al., 2012), observando-se uma melhoria significativa desta variável em cinco (Haight et al., 2003; Haight et al., 2006; Nawate et al., 2008; Tadaka, & Kanagawa, 2007; Wang, 2007). Os restantes estudos não encontraram diferenças estatisticamente significativas na cognição e nenhum reportou efeitos negativos desta terapia a este nível. Dois dos estudos analisados no âmbito desta revisão, avaliaram especificamente a componente memória, indicando melhorias estatisticamente significativas após o uso de reminiscência (Beavis, 2008; Yamagami, Oosawa, Ito, & Yamaguchi, 2007) ao nível da memória geral e da recordação imediata.

O impacto da reminiscência ao nível do comportamento foi analisado em 16 estudos, sendo que 11 indicaram melhorias comportamentais (e.g. Azcurra, 2012; Cleary et al., 2012), nomeadamente a diminuição do distúrbio social (Wang et al., 2009) e apatia (Hsieh et. al, 2010), aumento da participação ativa (Ashida, 2000), da participação social (e.g. Azcurra, 2012; Huang et al, 2009), da ingestão de alimentos (Cleary et al., 2012) e da concentração e atenção (Yasuda et al., 2009). Nos restantes estudos não se obtiveram resultados estatisticamente significativos, sendo de referir, todavia, que os autores de 3 estudos indicaram que se observaram melhorias nesta dimensão (Gudex et al., 2010; Haight et al., 2006; Thorgrimsen, Schweitzer, & Orrell, 2002) e 2 referiram a manutenção dos comportamentos (Baillon et al., 2005; Ito et al., 2007).

A avaliação do impacto da terapia de reminiscência na sintomatologia depressiva de pessoas com demência foi analisada em 8 dos estudos abrangidos por esta revisão indicaram uma diminuição estatisticamente significativa dos sintomas depressivos em 5 estudos (e.g. Chung, 2009; Hsieh et al., 2010). De referir que um dos estudos utilizou dois instrumentos para avaliar a depressão e que a diminuição da sintomatologia depressiva só foi significativa nos resultados obtidos a partir da aplicação de uma das escalas - CSDD (Wang, 2007). Nos restantes estudos, embora tenha ocorrido diminuição da sintomatologia depressiva nos sujeitos submetidos a terapia de reminiscência, esta não foi estatisticamente significativa (Akanuma et al., 2011; Huang et al., 2009; Sue et al., 2012). Em relação ao nível de humor, o impacto da terapia foi avaliado em 6 estudos, sendo que 3 constataram melhoria significativa desta variável após o uso de reminiscência (O`Rourke et al., 2011) e após revisão de vida (Haight et al., 2003; Haight et al., 2006).

O impacto da reminiscência na comunicação de pessoas com demência é encontrado em 5 estudos, sendo que 4 destes estudos indicaram melhorias na comunicação (Haight et al., 2006; Huang et al., 2009; Okumura et al., 2008; O`Rourke et al., 2011), mais especificamente ao nível da comunicação não-verbal (Okumura et al., 2008) e interação pessoal (comunicação positiva, interação positiva e participação) (Huang et al., 2009). Os resultados dos estudos analisados indicaram, também, melhorias significativas ao nível da linguagem (O´Rourke et al., 2011) e, em particular, ao nível da fluência verbal (Okumura et al., 2008).

A qualidade de vida foi avaliada em 5 estudos, dos quais 3 indicaram melhorias estatisticamente significativas na qualidade de vida em geral (Azcurra, 2012; Chung, 2009) e na subescala resposta ao ambiente, até seis meses após a terapia (Gudex et al., 2010). Os restantes estudos não indicaram diferenças estatisticamente significativas a pós a intervenção de reminiscência (Lin, 2010; Thorgrimsen et al., 2002).

A dimensão do bem-estar foi analisada em 5 estudos, dos quais 4 estudos observaram melhoria desta variável (Brooker, & Duce, 2000; Lai et al., 2004; Lin, 2010; O`Rourke et al., 2011). O impacto da reminiscência na felicidade das pessoas com demência foi positivo, tendo sido avaliado em 2 estudos (Huang et al., 2009; Lin, 2010).

Quanto ao impacto da reminiscência nas atividades de vida diária, avaliado em 5 estudos, apenas 1 estudo observou melhoria estatisticamente significativa nesta variável, na subescala contacto social (Tadaka, & Kanagawa, 2007).

O impacto ao nível da identidade foi avaliado num estudo experimental desenvolvido por Beavis (2008), não tendo sido observadas diferenças estatisticamente significativas após a intervenção de reminiscência em pessoas com demência.

MacKinlay, e Trevitt (2010) analisaram o impacto da terapia de reminiscência nas pessoas com demência ao nível do sentido na vida e do crescimento pessoal. Os resultados indicaram que a família e as relações sociais eram as principais dimensões do sentido de vida nos participantes, sendo considerados os principais motivos para continuarem a viver. Em relação ao crescimento pessoal, os participantes referiram a manutenção da esperança, sentido de realidade, humor e luta, apesar da demência. O estudo de MacKinlay (2009) focou-se na análise do impacto da reminiscência em três emigrantes (pertencentes à amostra do estudo anterior). A autora identificou, após análise das gravações das sessões de terapia de reminiscência espiritual, os temas: sentido de vida, ligação e relações sociais, práticas espirituais e religiosas, vulnerabilidade e transcendência, sabedoria e memória e esperança e medo. A terapia de reminiscência proporcionou momentos de partilha, sabedoria e estratégias de coping para lidar com as perdas e incapacidades progressivas relacionadas com a situação de demência.

Alguns dos estudos analisados, avaliaram o impacto da reminiscência em indicadores biológicos. Dos 3 estudos que focam esta variável observou-se um aumento do metabolismo da glicose cerebral, nas pessoas com DV (Akanuma et al., 2011), diminuição da frequência cardíaca, após terapia de reminiscência e Snoezelen, embora não se tratasse de uma diferença estatisticamente significativa (Baillon et al., 2005) e aumento das ondas rápidas cerebrais com diminuição das ondas lentas (sugestivo de melhoria do estado mental) após reminiscência (Huang et al., 2009).

Além da análise do impacto da reminiscência ao nível dos indivíduos com demência, alguns estudos debruçaram-se sobre o seu efeito nos cuidadores formais e informais (e.g. Gudex et al., 2010; Yamagami et al., 2007) e voluntários participantes nos grupos de reminiscência (Chung, 2009). O impacto foi analisado de forma qualitativa e quantitativa.

Os resultados quantitativos sobre o impacto da reminiscência com pessoas com demência nos seus cuidadores avaliaram o stresse (Thorgrimsen et al., 2002) e a saúde geral, (Thorgrimsen et al., 2002; Gudex et al., 2010) não obtendo diferenças estatisticamente significativas. Dos estudos analisados, 2 avaliaram a sobrecarga do cuidador, sendo que num deles se observou diminuição estatisticamente significativa desta variável (Haight et al., 2003). O estudo de Gudex et al. (2010) avaliou variáveis relacionadas com o ambiente laboral e burnout, observando melhorias ao nível do papel profissional, desenvolvimento, atitude perante as pessoas com demência residentes e ainda melhorias ao nível da realização pessoal, despersonalização e exaustão emocional.

Os resultados qualitativos sobre o impacto ao nível dos cuidadores das pessoas com demência indicaram melhorias no relacionamento interpessoal com os colegas de trabalho, com as pessoas com demência e uma atitude mais cooperante (Yamagami et al., 2007). Os cuidadores formais referiram um feedback positivo do programa de reminiscência, considerando-a uma boa ferramenta de trabalho com idosos, que promove a comunicação, compreensão e relação com as pessoas com demência (Gudex et al., 2010).

Os voluntários participantes em grupos de reminiscência foram avaliados em relação aos conhecimentos sobre a demência e autoestima, verificando-se melhorias significativas nos conhecimentos sobre demência, não tendo sido encontradas diferenças ao nível da autoestima após participação no programa de reminiscência.

O quadro 2 sintetiza as dimensões avaliadas e instrumentos usados no estudo do impacto da terapia de reminiscência em pessoas idosas com demência.

 

DISCUSSÃO

A análise dos resultados obtidos nesta revisão sugere um impacto globalmente positivo da terapia de reminiscência nos participantes com demência e seus cuidadores. Pode destacar-se o impacto da reminiscência em pessoas com demência nas dimensões: cognição, comportamento, humor, sintomatologia depressiva, bem-estar, qualidade de vida, comunicação, capacidade funcional e sobrecarga dos cuidadores.

Os resultados das investigações revistas, indicam melhorias no funcionamento cognitivo (Haight et al., 2003; Haight et al., 2006; Nawate et al., 2008; Tadaka, & Kanagawa, 2007; Wang, 2007) e no comportamento (Akanuma et al., 2011; Ashida, 2000 ; Azcurra, 2012; Cleary et al., 2012; Hsieh et al., 2010; Huang et al., 2009; Lai et al., 2004; Nawate et al., 2008 ; Yamagami et al., 2007; Yasuda et al., 2009 Wang et al., 2009), o que corrobora os resultados evidenciados noutras revisões prévias (e.g. Cotelli et al., 2012; Woods et al., 2005).

Quanto ao impacto da reminiscência ao nível do humor das pessoas com demência, encontra-se um impacto positivo da reminiscência (Haight et al., 2003; Haight et al., 2006; O`Rourke et al., 2011), na linha do referido Cotelli et al. (2012), ocorrendo diminuição da sintomatologia depressiva (Ashida, 2000; Chung, 2009; Haight et al., 2006; Hsieh et al., 2010; Wang, 2007) e melhoria do bem-estar (Brooker & Duce, 2000; Lai et al., 2004; Lin, 2010; O`Rourke et al., 2011) e da qualidade de vida (Azcurra, 2012; Chung, 2009; Gudex et al., 2010).

A comunicação dos participantes com demência parece, também, evidenciar algumas melhorias com intervenções baseadas na reminiscência (Haight et al., 2006; Huang et al., 2009; Okumura et al., 2008; O`Rourke et al., 2011). Esta dimensão não foi analisada em revisões anteriores, embora tenha sido recomendada a sua avaliação em estudos com esta população (e.g. Woods et al., 2005).

O impacto da reminiscência, ao nível da identidade e da capacidade funcional das pessoas com demência, nos artigos revistos, é menos analisado. Apesar do impacto ser expectável, em termos teóricos, na identidade dos pacientes (Pinquart & Forstmeier, 2012; Woods et al., 2005), não foi apoiado pelos resultados do estudo de Beavis (2008). O impacto na capacidade funcional dos participantes com demência (atividades de vida diária) analisado por Tadaka e Kanagawa (2007), sugere melhorias a este nível, resultado similar ao de Woods et al. (2005) que referem uma ténue melhoria nesta variável. Destaca-se ainda o impacto que a reminiscência apresenta nos cuidadores de pessoas com demência, observando-se diminuição da sobrecarga (e.g. Haight et al., 2003), o que vai de encontro ao referido por Woods et al. (2005).

Globalmente, podem apontar-se algumas fragilidades metodológicas das investigações revistas sobre o impacto da reminiscência em pessoas com demência, que limitam a análise da eficácia deste tipo de intervenção tais como o tamanho da amostra, o tipo de estudos e amostragem e a sensibilidade dos instrumentos utilizados. Em primeiro lugar pode referir-se o tamanho da amostra, tendo-se constatado que a maioria dos estudos foi realizado com grupos pequenos (e.g. O´Rourke et al., 2011; Yamagami et al., 2007; Yasuda et al., 2009) o que, tal como já foi referido por outros autores, não permite a generalização dos dados (Cotelli et al., 2012; Woods et al., 2005). Destaque-se, no entanto, que nos últimos anos a investigação se tem direccionado no sentido de se constituírem amostras mais alargadas (e.g. MacKinlay, & Trevitt, 2010; Sue t al., 2012). Em segundo lugar, destaca-se a escassez de estudos experimentais, sobretudo devido à amostragem não aleatória dos participantes (Cotelli et al., 2012; Olazarán et al., 2010; Woods et al., 2005). De facto, apesar de terem sido analisados 11 estudos experimentais randomizados (e.g. Akanuma et al., 2011; Azcurra et al., 2012; Hsieh et al., 2010), a maioria da investigação (17 estudos) foi realizada com amostragens por conveniência (e.g.Cleary et al., 2012; Lin, 2010), não experimentais e sem comparação entre grupos (e.g. Chung, 2009; Okumura et al., 2008).

Para além da lacuna na aleatorização dos participantes, outro aspeto metodológico que se destaca é a falta de clareza na definição dos critérios de inclusão nos estudos, aspeto já anteriormente referido por outros autores (e.g. Ashida, 2000; Huang et al., 2009; Woods et al., 2005). Estas lacunas podem estar relacionadas com a heterogeneidade dos quadros e fases demenciais que dificulta a homogeneização dos grupos/ amostras com quem são realizados os estudos. De ressalvar, no entanto, que estudos mais recentes tendem a definir mais claramente critérios de inclusão e métodos de rastreio da tipologia e estádios de demência (e.g. Akanuma et al., 2011; Azcurra et al., 2012; Cleary et al., 2012).

O terceiro aspeto que parece limitar a evidência de resultados da reminiscência nas pessoas idosas com demência reporta-se ao uso, muitas vezes desadequado, de escalas pouco sensíveis para esta população. Sabe-se que esta população tem particularidades que dificultam o seu estudo e avaliação, relacionadas com as limitações a nível cognitivo e comportamental da demência, nomeadamente dificuldades na comunicação com esta população (Tolson & Schofield, 2012) assim como dificuldades das pessoas com demência em expressar emoções (Lawton, Van Haitsma, & Klapper, 1996). Acresce-se ainda a necessidade premente de criação de novas escalas e/ou técnicas e estratégias, multidimensionais, que avaliem a panóplia de sintomas presentes e se tornem aplicáveis aos vários estádios de demência (Robert et al., 2010). Apesar disso, ainda se observam muitos estudos da demência com utilização de escalas geriátricas (e.g. Geriatric Depression Scale; Multidimensional Observation Scale for Elderly Subjects) não adaptadas à pessoa com demência e sem resultados estatisticamente significativos (e.g. Akanuma et al., 2011; Ito et al., 2007; Sue et al., 2012; Thorgrimsen et al., 2002). Tendo como ponto de partida que as escalas para a demência têm pouca sensibilidade e não avaliam aspetos com impacto no participante e cuidador (Robert et al., 2010), parece evidente que utilizando escalas ainda menos sensíveis, os resultados não poderão ser visíveis ou com impacto nas dimensões a avaliar.

Os estudos sobre a eficácia da reminiscência com pessoas com demência sugerem indícios da sua eficácia, no entanto, salienta-se a falta de investigações metodologicamente consistentes, nomeadamente estudos experimentais, com amostras alargadas, critérios de inclusão definidos e desenhos longitudinais que permitam conclusões consistentes sobre os efeitos desta intervenção (Cotelli et al., 2012; Olazarán et al., 2010; Woods et al., 2005).

Para além da melhoria dos aspetos metodológicos, a investigação da terapia de reminiscência carece ainda de avaliação efetiva da sua eficácia em algumas dimensões, tais como a identidade e o bem-estar. De acordo com Beavis (2008) entender a relação entre as perdas cognitivas e a identidade, com as suas implicações no bem-estar, é um aspeto importante nesta população devido à sua provável influência na perda de sentido de continuidade do ego. Outro ponto a investigar é a influência desta terapia como complemento ao tratamento farmacológico ou a outras terapias não farmacológicas, eventuais benefícios e vantagens para a pessoa idosa e família.

 

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Endereço para Correspondência

UNIFAI - Unidade de Investigação e Educação sobre Adultos e Idosos, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Porto. Largo dos Condes nº 1, 6250-111 Caria. Telef.:+351965756754. E-mail: aseret.lopes@gmail.com

 

Recebido em 04 de Fevereiro de 2014/ Aceite em 25 de Setembro de 2014