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Psicologia, Saúde & Doenças

Print version ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.16 no.3 Lisboa Dec. 2015

 

Burnout e Engagement em profissionais de saúde do interior-norte de Portugal

Burnout and Engagement among health professionals from interior-north of Portugal

Melani Silva1,2, Cristina Queirós1,2*, Miguel Cameira1,2, Natália Vara2,3, & Ana Galvão3

 

1Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

2Laboratório de Reabilitação Psicossocial da FPCEUP/ESTSPIPP

3Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança

 

Endereço para Correspondência

 

RESUMO

Os profissionais de saúde são trabalhadores com motivação e vocação para ajudar os outros. Contudo, também apresentam elevado stress provocado pelo trabalho, pois lidam com o sofrimento alheio, sendo frequentemente esquecidos no que se refere á sua saúde ocupacional. A literatura recente tem investigado os níveis de stress no trabalho, sobretudo quando este se transforma já em burnout, bem como os níveis de motivação (engagement) dos profissionais de saúde, existindo a consciência de que a diminuição do bem-estar destes profissionais pode ter consequências graves no cuidado que prestam aos utentes e na qualidade do serviço da instituição. Em Portugal, a investigação sobre este tema recolhe dados geralmente nas instituições de saúde das grandes cidades, sendo difícil conhecer a realidade dos profissionais de zonas mais afastadas, como é o caso do interior-norte de Portugal. Pretendem-se conhecer os níveis de engagement e burnout de uma amostra de 258 profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, radiologistas, fisioterapeutas e psicólogos) do interior-norte de Portugal, bem como a relação entre estas duas variáveis, através do Maslach Burnout Inventory e da Utrech Work Enthusiasm Scale. Os resultados indicaram níveis elevados de engagement em todas as dimensões, enquanto no burnout foram encontrados níveis baixos de exaustão emocional e despersonalização, inferiores aos do litoral. As correlações entre burnout e engagement, apesar de significativas, sugerem que estes dois conceitos são independentes e não o oposto de um contínuo emocional, explicando, o engagement entre 12% a 29% do burnout, enquanto as variáveis sociodemográficas explicam apenas 2% a 8% do burnout.

Palavras-chave: profissionais de saúde, burnout, engagement, saúde ocupacional, interior-norte.

 

ABSTRACT

Health professionals are workers with motivation and dedication to help others. However, they are a group where occupational stress is high, because they deal with others’ suffering, being often forgotten in what concerns their occupational health. Recent literature investigated work stress, especially when this becomes already in burnout, as well as the engagement of health professionals. Studies have the awareness that the decrease of the well-being of these professionals may have serious consequences in the care they provide to users, and in the quality of the institutional services. In Portugal, the research about this topic collects data generally in health institutions of main cities, rarely knowing the reality of the professionals working at outlying areas, like interior-north of Portugal. This study aims to know engagement and burnout levels of a sample of 258 health professionals (doctors, nurses, radiologists, physiotherapists and psychologists) of interior-North of Portugal, as well as the relationship between these two variables, using Maslach Burnout Inventory and Work Enthusiasm Utrech Scale. Results indicated high levels of engagement in all dimensions, while on burnout low levels of emotional exhaustion and depersonalization were found, inferior than at littoral regions. Correlations between burnout and engagement, although significant, suggest that these two concepts are independent and not the opposite of an emotional continuous. Engagement explained 12% to 29% of burnout, while socio-demographic variables explained 2% to 8% of burnout.

Key-words: health personnel, burnout, engagement, occupational health, interior-north.

 

Na última década, diferentes profissões têm sido alvo de investigação no âmbito da saúde ocupacional, seja no domínio dos fatores de stress e riscos psicossociais, seja pela sua motivação e empenho no trabalho (Bakker, Demerouti, & Sanz-Vergel, 2014; European Agency for Safety and Health at Work, 2013, 2014; Maslach, 2011). O stress laboral dos profissionais de saúde também tem sido estudado (Jenkins & Elliot, 2004), nomeadamente no que se refere ao fenómeno do burnout, ou ao que alguns autores consideram ser um fenómeno oposto, o engagement (Maslach, 2011).

Na década de 70, Freudenberger (1974, p.162) identificou um tipo de stress em particular associado ao trabalho, designando-o como Burnout, definindo-o como “estado de fadiga ou frustração surgido pela devoção a uma causa, por uma forma de vida ou por uma relação que fracassou no que respeita à recompensa esperada”. Mais tarde, Maslach e Leiter (1997, p.17) salientaram o perigo do desgaste progressivo do qual é difícil sair, definindo o burnout como “the dislocation between what people are and what they have to do. It represents an erosion in values, dignity, spirit, and will – an erosion of the human soul”.

O fenómeno do stress laboral merece, então, um olhar atento, sobretudo quando falamos do estádio último e crónico de stress profissional – o burnout (Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001), pois já em 2013 a European Agency for Safety and Health at Work concluiu que 51% dos profissionais da União Europeia referem a existência de stress nos seus contextos de trabalho, número que tem vindo a crescer, desde 2010 e que suscitou por esta entidade, em 2014 a campanha de “Locais saudáveis de trabalho”, também divulgada em Portugal (Zoio et al. 2014).

O burnout caracteriza-se por três dimensões independentes, embora relacionadas entre si: exaustão emocional (corresponde a um estado de esgotamento emocional, de desvitalização física e psicológica), despersonalização (caracteriza-se por atitudes e comportamentos de distanciamento, frieza, cinismo, desprezo e evitamento para com o trabalho e para com as pessoas associadas ao contexto laboral) e baixa realização pessoal no trabalho (dimensão caracterizada por sentimentos de ineficácia profissional e de desmotivação, em que os indivíduos interpretam como altamente exigentes, novas tarefas e projetos). Profissões que implicam contacto direto com o público, como é o caso dos profissionais de saúde, são apontadas como sendo as mais vulneráveis ao desenvolvimento de síndrome de burnout (Maslach et al. 2001). Pela natureza do trabalho desenvolvido, estes profissionais têm contactos diretos e constantes com outros seres humanos, não raras vezes em sofrimento físico e/ou emocional, face ao qual estes profissionais não conseguem ser totalmente indiferentes (Gómez-Gascón et al. 2013). Além disso, são forçados a adaptarem-se ao sistema de saúde, geralmente desumanizado e despersonalizado (Abranches, Morufuse, & Napoleão, 2005).

Dados recentes (Bakker, Demerouti, & Sanz-Vergel, 2014) classificam os desencadeadores do burnout em dois grandes grupos de fatores: fatores situacionais (características organizacionais ou inerentes ao trabalho desenvolvido) e fatores individuais (características pessoais e de personalidade). No que se refere aos fatores situacionais, Greenglass, Burke e Fiksenbaum (2001) citam vários estudos que demonstram que a sobrecarga de trabalho é um dos agentes stressores mais significativos, quer se trate de cuidados intensivos, de cirurgia ou de serviços gerais. O burnout pode então ser encarado como resultado do stress crónico, típico do quotidiano do trabalho, principalmente quando neste existem pressões excessivas, conflitos, baixas recompensas emocionais e pouco reconhecimento.

Relativamente aos fatores individuais, no que se refere aos traços de personalidade, estudos apontam relação positiva entre neuroticismo e burnout e relação negativa entre burnout e os traços de amabilidade, conscienciosidade e extroversão (Alarcon et al. 2009). Para as variáveis sociodemográficas, embora a influência não seja consensual, os resultados apontam para risco de níveis superiores de burnout nos indivíduos solteiros (Maslach et al. 2001; Schaufeli & Enzmann, 1998) por oposição a casados ou divorciados. A variável género surge geralmente no sentido de indicar as mulheres como mais vulneráveis ao burnout pela exaustão emocional, mas outros apontam os homens como mais vulneráveis á despersonalização (Maslach et al. 2001; Schaufeli & Enzmann, 1998). No que se refere às habilitações literárias, os estudos sugerem a presença de maiores níveis de burnout em profissionais com maior grau de formação académica, possivelmente pelo acumular de mais responsabilidades na profissão (Ihan et al. 2007; Maslach et al. 2001; Schaufeli & Enzmann, 1998). De todas as variáveis sociodemográficas estudadas, a idade parece ser, consensualmente, a que se associa mais consistentemente ao burnout, pois indivíduos mais jovens apresentam maior probabilidade de burnout relativamente aos mais velhos, o que parece estar associado às expectativas iniciais, que em profissionais em início de carreira tendem a ser desfasadas e pouco realistas (Maslach et al. 2001; Schaufeli & Enzmann, 1998). Não obstante, pela definição clássica de burnout, seriam também os profissionais no meio da carreira que apresentariam maiores níveis, pelo esgotar progressivo dos seus recursos (Maslach et al. 2001; Schaufeli & Enzmann, 1998).

No que se refere aos profissionais de saúde, tendo em consideração diferentes grupos profissionais, a exaustão emocional parece ser significativamente mais elevada nos médicos relativamente aos outros profissionais de saúde (Frasquilho, 2005), mas segundo estudos epidemiológicos europeus, o burnout afeta aproximadamente 25% de enfermeiros, existindo referência ao fato de os psicólogos também experienciarem burnout (Demerouti, Bakker, Nachreiner, & Schaufeli, 2001; Queirós, 2005).

O aparecimento da corrente teórica da Psicologia Positiva veio proporcionar uma mudança de foco, passando-se da perspetiva tradicional centrada na doença para a adoção de uma visão de bem-estar e funcionamento ótimo. Um dos conceitos emergentes da Psicologia Positiva é o engagement, definido por Schaufeli e Salanova (2007, 2014) como motivação, entusiasmo e compromisso com o trabalho, expressos em três componentes: vigor (energia, resistência mental, esforço e persistência no trabalho face às adversidades), dedicação (extrema envolvência no trabalho, entusiasmo inspiração e mudança) e por último absorção (completa concentração e imersão no trabalho). O engagement no trabalho tem benefícios a nível individual mas também a nível organizacional, por se tratar de um estado positivo que possibilita e facilita o uso dos recursos, estando intimamente ligado ao desenvolvimento da organização e estimulando os resultados individuais e organizacionais.

À semelhança do burnout, também o engagement é influenciado por diversos fatores de natureza situacional ou individual (Bakker et al. 2014), constituindo os recursos laborais os mais relevantes preditores do engagement no trabalho (Schaufeli & Bakker, 2004). Aspetos da personalidade como extroversão, otimismo, estabilidade emocional e autoestima constituem também características que influenciam a forma como os indivíduos se envolvem no trabalho (Bakker et al. 2014). Os estudos convergem na deteção de fatores potenciadores do engagement, realçando o apoio social e recursos pessoais como elevada autoestima e autoeficácia, otimismo e resiliência (Bakker et al. 2007; Prins et al. 2010).

Apesar de ter inicialmente sido referido que o burnout e engagement são dois polos extremos de um estado emocional contínuo (Bakker et al. 2007), estando o burnout no polo negativo e o engagement no polo positivo, esta ideia encontra oposição noutra linha de pensamento, que conceptualiza o engagement como antítese do burnout, sendo estes conceitos independentes (Schaufeli & Salanova, 2007, 2014).

No que diz respeito ao engagement nos profissionais da saúde, o número de estudos publicados é francamente inferior ao que se encontra no domínio do burnout (Burke et al. 2012), sendo habitualmente médicos e enfermeiros referidos como tendo elevado níveis de burnout (Maslach et al. 2001) mas também de engagement (Schaufeli & Bakker, 2004). Um estudo recente concluiu que cuidadores formais de idosos Portugueses apresentam-se engaged no trabalho e não parecem estar em risco de burnout (Monteiro, Queirós, & Marques, 2014).

Alguns estudos internacionais concluem que profissionais de oncologia preferem adotar uma postura de distanciamento emocional que os ajude a lidar com as exigências emocionais a que estão sujeitos (Maslach et al. 2001), enquanto outros concluíram que profissionais do sexo masculino estavam mais engaged com o trabalho (Prins et al. 2010).

Em Portugal, alguns estudos têm vindo a ser desenvolvidos no âmbito do burnout e engagement em profissionais de saúde (Campos, Trotta, Bonafé, & Maroco, 2010; Queirós, 2005) com recolhas predominantes em grandes centros urbanos (Lisboa e Porto), sendo menos acessível o conhecimento da realidade dos profissionais de zonas mais afastadas, como é o caso do interior-norte de Portugal.

O litoral, que compreende as principais zonas costeiras portuguesas, está associado a maior aglomeração populacional, a desenvolvimento e competitividade. O conceito de interior surge, em contraposição, à representação previamente descrita e, já em 1999, Mendes desenvolveu um estudo com o objetivo de compreender os fatores que estão na origem da diferença de competitividade entre regiões portuguesas, tendo concluído que as cidades do litoral pareciam apresentar vantagem absoluta nas dimensões desemprego, poder de compra e clima social, enquanto as cidades de interior apresentavam menor criminalidade, poluição e custo de habitação, bem como menor mobilidade e serviços. Mais tarde, em 2006, a European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions colocou em foco campanhas centradas nas diferenças geográficas (zonas rurais/ zonas urbanas) do continente europeu, tendo como unidade de análise diversos indicadores. No que se refere a Portugal, as principais diferenças encontradas reportam ao nível de escolaridade, significativamente superior nos meios urbanos. Já o stress laboral percebido parece ser menor no meio rural, com diferenças de género, beneficiando as mulheres. O número de horas de trabalho semanal surge como sendo superior nos meios rurais, mas parece existir no meio rural também mais tempo de contacto com familiares diretos (filhos e pais).

Este estudo pretende contribuir para o tema da saúde ocupacional através do conhecimento dos níveis de engagement e burnout de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, radiologistas, fisioterapeutas e psicólogos) do interior-norte de Portugal por comparação com profissionais do litoral, bem como identificar a relação entre estas duas variáveis no sentido de verificar se constituem extremos opostos de um estado emocional contínuo.

 

MÉTODO

Participantes

Os dados foram recolhidos durante o ano de 2013 junto de 258 profissionais de saúde que desempenham diferentes atividades, sendo 11% médicos, 73% enfermeiros, 3% psicólogos clínicos e 10% técnicos de diagnóstico e terapêutica (especificamente, fisioterapeutas, radiologistas, cardiopneumologistas, técnicos de análises clínicas, técnicos de saúde ambiental e terapeutas da fala). Todos os profissionais, à data da recolha de dados, encontravam-se em exercício de funções no interior-norte de Portugal, mais especificamente, na Unidade Local de Saúde do Nordeste, constituída por três unidades hospitalares sediadas em Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros (às quais corresponde 38% da amostra) e 13 centros de saúde, que reúnem 62% da amostra, localizados em Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso, Alfândega da Fé, Vila Flor, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vinhais.

A idade dos participantes variou entre os 25 e 59 anos (M=39,99 e DP=9,57), sendo maioritariamente do sexo feminino (81%), casados ou a viver em união de facto (67%), com filhos (68%), com contrato de trabalho por tempo indeterminado (75%) e com grau de habilitação de licenciatura (68%). A média de anos de serviço foi de 16 anos (M=15,72 e DP=8,94) e a média de tempo na instituição foi de 12 anos (M=12,47 e DP=9,24).

Material

Utilizou-se um questionário através do qual foram recolhidos dados de caracterização sociodemográfica, nomeadamente idade, género, habilitações literárias, estado civil, existência de filhos, atividade profissional, local de trabalho, tempo de serviço e tempo na instituição, e tipo de contrato de trabalho. Para avaliação do engagement utilizou-se a Utrecht Work Enthusiasm Scale (Marques-Pinto & Picado, 2011; Schaufeli & Bakker, 2003), constituído por 17 itens que avaliam as três dimensões da motivação no trabalho (Vigor, Dedicação e Absorção), numa escala de Likert de 7 pontos que varia entre 0 (“Nunca”) e 6 (“Todos os dias”). Para avaliação do burnout recorreu-se ao Maslach Burnout Inventory (Marques-Pinto & Picado, 2011; Maslach & Jackson, 1997), com 22 itens que avaliam as três dimensões (Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal), numa escala de Likert de 7 pontos que varia entre 0 (“Nunca”) e 6 (“Todos os dias”).

Procedimento

Após aprovação do estudo pela Comissão de Ética da Unidade Local de Saúde do Nordeste, os profissionais foram convidados a participar voluntariamente e os questionários distribuídos em suporte de papel, entre Fevereiro e Maio de 2013. Os participantes foram esclarecidos quanto às características e objetivos da investigação e foi-lhes garantida a proteção da confidencialidade e anonimato, bem como fornecido o consentimento informado. Os dados foram tratados através do programa IBM-SPSS 21.

 

RESULTADOS

No que se refere às variáveis estudadas (Quadro 1), os valores de consistência interna (Alfa de Cronbach) aproximam-se dos valores recomendados (>0,80, Field, 2009). Para o burnout, os dados sugerem níveis baixos para a Exaustão Emocional e Despersonalização, e nível moderado a alto para a Realização Pessoal. Para as dimensões do engagement obtiveram-se níveis elevados nas três dimensões, sendo a dimensão Dedicação a que apresenta o valor mais elevado. Existe também uma correlação negativa significativa entre as dimensões Exaustão Emocional e Despersonalização do burnout, e as dimensões Vigor, Dedicação e Absorção do engagement. Quanto à dimensão Realização Pessoal, correlaciona-se de forma positiva e significativa com as três dimensões do engagement. Efetuou-se ainda uma análise de prevalência, tomando como referência os pontos de corte sugeridos por Shirom (1989, citado por Carlotto et al. 2012) já utilizados noutros estudos sobre burnout (Carlotto et al. 2012) e considerados como uma alternativa válida, em países que ainda não possuem pontos de corte validados, para identificar os níveis de burnout baseados na frequência de sintomas. Assim, de acordo com este critério, os inquiridos que apresentam os sintomas com frequência igual ou superior a “uma vez por semana” (valor 4) desenvolveram já sinto­mas de burnout. Aplicando este critério às dimensões do burnout, verifica-se que 7% dos inquiridos apresentam elevada Exaustão Emocional, enquanto quase 2% apresentam elevada Despersonalização e 76% apresentam elevada Realização Pessoal. Utilizando esta mesma lógica para o engagement, encontraram-se 76% dos inquiridos com elevada Absorção, 84% com elevada Dedicação e 86% com elevado Vigor, o que sugere a inexistência de burnout e a presença de engagement.

Os resultados obtidos neste estudo foram também comparados com os resultados de outros estudos nacionais ou realizados no litoral de Portugal (Quadro 2) usando os mesmos instrumentos. Encontraram-se, num estudo de Pereira, Pinto e Queirós (2014) com dados recolhidos em 2013 junto de 66 enfermeiros e 108 médicos de USF (unidades de saúde familiares) de todo o país, maiores níveis de Exaustão Emocional e Despersonalização, mas também maiores níveis de Vigor e de Absorção. Numa recolha efetuada em 2010 junto de 450 enfermeiros de hospitais públicos e privados do Porto (Dias & Queirós, 2011) foram encontrados níveis superiores de burnout e níveis inferiores de engagement.

Foram ainda efetuadas comparações para o burnout e engagement em função das variáveis sociodemográficas, não se tendo encontrado diferenças estatisticamente significativas no que se refere à existência de filhos, local de trabalho, habilitações literárias e tipo de contrato de trabalho. Relativamente ao género, obtiveram-se valores significativamente superiores para o masculino apenas na dimensão Despersonalização do burnout (Quadro 3). No estado civil encontraram-se valores superiores de Exaustão Emocional nos participantes casados por oposição aos divorciados, e valores inferiores de Despersonalização nos divorciados por oposição aos solteiros e aos casados. No que se refere aos grupos profissionais, encontraram-se, nos enfermeiros, níveis inferiores de Exaustão Emocional por oposição aos médicos e a outros profissionais bem como menores níveis de Despersonalização, por oposição aos médicos.

Em seguida, foi analisado se as variáveis sociodemográficas (sexo, idade, estado civil, profissão) e a variável engagement predizem o burnout, efetuando-se uma análise de regressão linear através do método Enter, colocando no primeiro bloco as variáveis sociodemográficas e, no segundo bloco, as três escalas do engagement. Nas variáveis sociodemográficas qualitativas foi efetuada a necessária codificação para a regressão. O género foi codificado em masculino=0 e feminino=1, o estado civil foi codificado em casado ou união de facto=0 e solteiro ou divorciado=1, e, para a atividade profissional codificou-se enfermeiro=0 e médico ou outra profissão=1.

Os resultados da análise demonstram que a Exaustão Emocional é a dimensão mais influenciada pelos dois conjuntos de variáveis seguida da Realização Pessoal e por último a Despersonalização. O engagement explica 21% da Exaustão Emocional enquanto as variáveis sociodemográficas explicam 8% (Quadro 4). Para a Despersonalização, o engagement explica 7% e as variáveis sociodemográficas 5%, enquanto a Realização Pessoal é explicada em 17% pelo engagement e em 2% pelas variáveis sociodemográficas.

A análise mais detalhada do impacto de cada uma das variáveis sociodemográficas no burnout foi efetuada através da regressão linear pelo método Stepwise. Verificou-se que mesmo as variáveis sociodemográficas mais significativas explicam em média menos de 10% das várias dimensões do burnout (Quadro 5). Por isso, o seu impacto é relativamente reduzido, não emergindo qualquer preditor significativo no caso da Realização Pessoal. Na predição da Exaustão Emocional, destaca-se a Profissão com 5% e o Estado civil com 3%. Dos enfermeiros para os restantes profissionais verifica-se um aumento de 0,67 pontos na escala da Exaustão Emocional e dos casados para os não casados, uma redução de 0,44 pontos na mesma escala. Para a Despersonalização os valores foram mais modestos, e, dos enfermeiros para os restantes profissionais verifica-se um aumento de 0,29 pontos na Despersonalização e dos homens para as mulheres verifica-se uma diminuição de 0,31, explicando um total de 4% da variância da Despersonalização.

A análise do impacto do engagement no burnout efetuada através da regressão linear pelo método Stepwise (Quadro 6) revelou, como esperado, valores preditivos bastante mais elevados. De entre as três dimensões, o Vigor explica no sentido negativo (isto é, menos Vigor, mais Exaustão Emocional) 20% da Exaustão Emocional e 7% da Despersonalização. Concretamente, o aumento de um ponto na escala de Vigor corresponde à diminuição de 0,71 pontos na escala de Exaustão e 0,29 na de Despersonalização. A Exaustão Emocional é também explicada pela Absorção e pela Dedicação, mas apenas em 1% da variância por cada preditor, ou seja, um ponto na escala de Absorção resulta no aumento de apenas 0,32 pontos na de Exaustão, e na de Dedicação a redução de 0,24 pontos na escala de Exaustão. É de notar a relação positiva da Exaustão Emocional com a Absorção, contrariamente á relação negativa da primeira com as restantes dimensões do engagement, o que sugere uma absorção provocada pela tarefa e não pelo prazer associado ao desempenha desta. A Dedicação explica 16% da Realização Pessoal, sendo que um ponto na escala da primeira resulta num aumento de 0,38 na segunda.

 

DISCUSSÃO

Foram encontradas médias elevadas para todas as dimensões do engagement com destaque para a Dedicação. No burnout encontrou-se uma média elevada na dimensão realização pessoal, e médias baixas para as dimensões Despersonalização e Exaustão Emocional. Conclui-se que os profissionais de saúde estudados se encontram realizados, engaged com o trabalho e apresentam níveis de burnout que não parecem ser particularmente preocupantes. A comparação com outros estudos revelou que esta amostra, por oposição a profissionais do litoral ou a nível nacional, apresenta menos burnout mas valores de engagement intermédios, isto é, inferiores aos do estudo nacional de Pereira et al. (2014) com dados recolhidos em 2013, mas superiores ao estudo realizado no Porto com dados de 2010 (Dias & Queirós, 2011).

No que se refere à comparação dos níveis de burnout em função das variáveis sociodemográficas registaram-se diferenças significativas em função do género e estado civil. O género masculino apresenta maiores níveis de Despersonalização, o que é concordante com os estudos de Maslach et al. (2001). Os sujeitos casados parecem apresentar maiores níveis de Exaustão Emocional, comparativamente com sujeitos de outros estados civis, embora esta conclusão não venha corroborar estudos anteriormente realizados (Maslach et al. 2001), poderá ser explicado pela qualidade e satisfação que a relação proporciona, o que vai influenciar positiva ou negativamente o burnout (Gil Monte & Peiró, 1997). Estes dados podem também ser explicados pela relação família-trabalho, em que a sobrecarga de responsabilidades e tarefas e conflitos relacionais com familiares próximos, predispõe o individuo ao burnout (Brattberg, 2006).

Comparando grupos profissionais, os médicos apresentam maior Despersonalização (que se traduz em comportamentos de frieza e distanciamento emocional), o que poderá ser explicado pela complexidade que envolve o contexto clínico, bem como a sobrecarga laboral a que os médicos estão continuamente expostos. Os enfermeiros parecem apresentar menor Exaustão Emocional, resultado este que, estando em desacordo com a maioria das investigações desenvolvidas, pode resultar dos fatores geográficos/contextuais, visto tratar-se de um estudo desenvolvido no interior-norte de Portugal no qual alguns agentes stressores poderão estar menos presentes em oposição ao litoral do país.

A análise das correlações, estando estas entre 0,20 e 0,50, sugere que burnout e engagement não são dois extremos de um estado emocional contínuo (as correlações seriam mais próximas de 0,90) mas conceitos independentes, em que o engagement explica apenas entre 5 a 15% do burnout.

Estes resultados apoiam a perspetiva de Schaufeli e Salanova (2007, 2014) que defendem a independência de conceitos. Contudo, é de notar que, no nosso estudo, o Vigor chega a explicar 20% da Exaustão Emocional.

Os resultados obtidos permitiram conhecer os níveis de burnout e de engagement dos profissionais de saúde do interior norte de Portugal, revelando menos burnout do que os profissionais do litoral ou a nível nacional. Os dados podem ser utilizados para programas de intervenção na gestão do stress ocupacional nas modalidades de intervenção individual, grupal ou organizacional, bem como sensibilizar para a promoção do engagement no trabalho (Llorens et al. 2007), modulando os efeitos diretos dos recursos organizacionais sobre o desempenho, o bem-estar e a qualidade de vida em geral e beneficiando não apenas os indivíduos mas também as organizações. Tem sido demonstrado na literatura que o stress no trabalho afeta de forma evidente a prática clínica dos profissionais de saúde e é de notar que a gestão do stress pode ser realizada com recurso a diferentes estratégias. Maslach e Jackson (1997) enfatizaram a promoção dos valores humanos como estratégia preventiva da síndrome de burnout na perspetiva de que prevenir o stress ocupacional constituiu o ponto de partida para a prevenção do burnout. Mais recentemente, o relaxamento muscular progressivo de Jacobson demonstrou vantagens na implementação de programas de relaxamento na gestão do stress laboral em enfermeiros (Borges & Ferreira, 2013). Seria por isso importante, no futuro, realizar estudos longitudinais com profissionais no que se refere à sua saúde ocupacional e avaliação de programas de gestão do stress. A melhor compreensão dos fatores de risco do burnout permite uma prática preventiva do mesmo, quer no plano individual, quer no plano organizacional, adotando-se assim uma perspetiva de investigação-ação que continua a ser importante e relaciona burnout e engagement, tal como referem Maslach, Leiter e Jackson (2012, p.299) e que inclui o contexto social e a relação psicológica do profissional com a sua tarefa: “Burnout has a future. By anchoring a continuum of personal experiences, the burnout construct has provided a foundation for continuing explorations of psychological connections of people with their work from both positive and negative perspectives. We have touched upon the potential of these ideas for incubating new insights regarding the social context of psychological relationships with work”. Apesar do estudo poder contribuir para o conhecimento dos fenómenos do burnout e do engagement em profissionais do interior português, é de realçar que existem as limitações da amostra ser de participantes voluntários e de reduzida representatividade, não podendo os resultados ser generalizados.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para Correspondência

Rua Alfredo Allen, s/n, 4200-135 Porto. Telef.: (+351)226079720. E-mail: cqueiros@fpce.up.pt

 

Recebido em 21 de Dezembro de 2014

Aceite em 27 de Setembro de 2015

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