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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.21 no.2 Lisboa ago. 2020

https://doi.org/10.15309/20psd210201 

Estilos defensivos e funcionamento sexual em adultos

Defensive styles and sexual functioning in adults

Laís Almeida1 & Henrique Pereira1,2

1Departamento de Psicologia e Educação, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal. laisgabriela.psi@hotmail.com

2Research Centre in Sports Sciences, Health Sciences and Human Development (CIDESD). hpereira@ubi.pt

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence


 

RESUMO

Esse estudo teve como principal objetivo avaliar a relação entre os estilos defensivos e o funcionamento sexual. O delineamento do estudo foi descritivo, transversal, correlacional e contou com 1170 participantes, de nacionalidades portuguesa e brasileira, dentre os quais 359 (30,7%) são homens e 801 (68,5%) são mulheres com idades entre 18 e 81 anos (M = 28,9; DP = 11,9). Os resultados apontaram correlações positivas entre os níveis de defesa maduro e o funcionamento sexual, satisfação com a vida, felicidade geral e saúde. O estilo imaturo esteve correlacionado negativamente com essas mesmas variáveis, enquanto o funcionamento sexual manteve correlação positiva. Os resultados foram corroborados pela literatura, que aponta a relação entre o uso de defesas maduras e um melhor funcionamento sexual e em outras áreas da vida. Por fim, salientou-se a necessidade de mais investigações que abordem os estilos defensivos e o funcionamento sexual.

Palavras-chave:estilos defensivos, mecanismos de defesa, funcionamento sexual.


 

ABSTRACT

The main objective of this study is to evaluate the interface between defensive styles and sexual functioning. The study design was descriptive, transversal, correlational and counted with 1170 participants, of Portuguese and Brazilian nationalities, among whom 359 are men (30.7%) and 801 (68.5%) are women aged between 18 and 81 years (M = 28.9, SD = 11.9). The instruments used were a sociodemographic questionnaire, Defense Style Questionnaire (DSQ-40) and Massachusetts General Hospital - Sexual Function Questionnaire (MGH-SFQ). The results point to positive correlations between levels of defense and sexual performance, satisfaction with life, general happiness and health. The style was negatively correlated with these variables, while the sexual control was maintained positive. The results were corroborated by the literature, which points out a relationship between the use of mature defenses and a better sexual functioning and in other areas of life. Finally, the need to investigate the relationship between defensive styles and sexual functioning was better explained. In addition to the article, this project has a theoretical annex where all the constructs addressed are elaborated in order to deepen and consolidate the theoretical foundations of the presente empirical article.

Keywords: defensive styles, defense mechanisms, sexual functioning.


 

Os mecanismos de defesa derivam da teoria psicanalítica em que os processos defensivos seriam reações do ego contra uma experiência, imagem ou sentimento ameaçador, com o objetivo de suprimir ou desviar de forma a anular essa ameaça (Freud, 1926). Com relação aos diversos mecanismos, eles podem ser considerados mal-adaptativos ou adaptativos a depender do contexto, flexibilidade e da frequência em que são utilizados (American Psychiatric Association, 2014), mas usualmente são categorizados do mais imaturo e neurótico ao mais maduro, sendo desenvolvidos ao longo do processo vital do indivíduo e mantendo-se estáveis durante a vida (Andrews, Pollock, & Stewart, 1989; Gabbard, 2006; Mulder, Joyce, Sellman, Sullivan, & Cloninger, 1996; Vaillant, 1971).

Segundo Gabbard (2006), as defesas consideradas imaturas são: cisão, identificação projetiva, projeção, negação, dissociação, idealização, atuação, somatização, regressão e fantasia esquizoide. As defesas neuróticas são: introjeção, identificação, deslocamento, intelectualização, isolamento afetivo, racionalização, sexualização, formação reativa, repressão e anulação. Enquanto as defesas consideradas maduras são: humor, supressão, ascetismo, altruísmo, antecipação e sublimação.

Os estilos defensivos referem-se à tendência de utilizar certos tipos de mecanismos de defesa em circunstâncias particulares (Soldz, Budman, Demby, & Merry, 1995), assim, eles mostram a forma de uma pessoa lidar, consciente ou inconscientemente, com seus conflitos e, de acordo com a literatura, há uma forte correlação entre o estilo de defesa madura e um bom ajustamento na vida adulta, além de variáveis como saúde física e mental, desenvolvimento do ego e satisfação conjugal e profissional (Bond et al., 1989; Vaillant, 1971). Ao iniciar uma classificação hierárquica dos mecanismos de defesa do ego e mostrar que a posição de um indivíduo em um determinado ponto maduro/imaturo é um preditor razoável de sucesso na vida adulta (Vaillant, 1971) e com a criação de um questionário prático para mensurá-los, o qual permitiu obter uma estimativa do papel dos estilos defensivos na psicopatologia dos pacientes (Bond et al., 1989), os estudos sobre os estilos defensivos puderam ser mais facilmente realizados e comparados. Gleser e Ihilevich (1969) construíram o Defense Mechanism Inventory (DMI) e Bond, Gardner, Christian, e Sigal (1983) o Defense Style Questionnaire (DSQ-40), instrumentos pioneiros que viabilizaram as investigações sobre os mecanismos de defesa.

Já o funcionamento sexual compreende a operacionalização dos mecanismos sexuais que compõem a base da resposta sexual humana, nomeadamente: o desejo, a excitação, o orgasmo e a resolução (Lucena & Abdo, 2013; Pereira, 2018). Ele se constitui como uma dimensão importante da vida humana, que está fortemente relacionada a qualidade de vida em geral e em como as pessoas promovem seus relacionamentos íntimos (Pereira, 2018). Alterações nas fases do ciclo de resposta sexual podem causar transtornos compreendidos como disfunções sexuais, cujas causas podem estar relacionadas a fatores psicológicos, psiquiátricos e a condições clínicas gerais (Labate & Lare, 2001; Lucena & Abdo, 2013). Homens com saúde física e mental precárias estão mais suscetíveis a vivenciar disfunções sexuais (Labate & Lare, 2001), assim, investigar os fatores psicológicos que exercem influência relevante no funcionamento sexual pode contribuir na prevenção e tratamento desses tipos de disfunções.

Alguns estudos sobre estilos defensivos encontraram associações entre mecanismos de defesa imaturos e comportamentos de auto-mutilação em jovens (Brody & Carson, 2012), presença de psicopatologias em adultos (Nickel & Egle, 2006), transtornos de personalidade(Soldz et al., 1995), maior atribuição de valor a junk food, álcool e televisão (Costa & Brody, 2013) e maior rigidez em desempenhar papéis masculinos em homens (Mahalik, Cournoyer, DeFranc, Cherry, & Napolitano, 1998).

Com relação à associação entre os estilos defensivos e o funcionamento sexual, encontra-se na literatura estudos que abordam comportamentos sexuais e não às etapas do funcionamento em si. Nessas investigações, as defesas imaturas estão relacionadas a um maior consumo de álcool antes de relações sexuais (Costa & Brody, 2010), menor obtenção de orgasmos vaginais em mulheres (Brody, Houde, & Hess, 2010; Brody & Costa, 2005; Costa & Brody, 2010) e maior vontade e frequência em ter comportamentos masturbatórios (Brody & Nicholson, 2013).

Assim, visto que na literatura há poucos estudos que esclareçam a relação entre os estilos defensivos e o funcionamento sexual, mais investigações nesse campo são necessárias. Nesse contexto, o presente estudo visa investigar essas possíveis relações com os objetivos de: avaliar os níveis de estilos defensivos; avaliar os níveis de funcionamento sexual; avaliar o nível de percepção de saúde; avaliar o nível de felicidade geral, avaliar o nível de satisfação com a vida; avaliar o grau de associação entre estilos defensivos e funcionamento sexual; avaliar o grau de associação entre as variáveis sociodemográficas, os estilos defensivos, a percepção de saúde, a felicidade geral e a satisfação da vida e o funcionamento sexual e determinar a influência e o efeito preditivo dessas variáveis no funcionamento sexual.

Método

Participantes

A amostra foi coletada por conveniência e foi composta por 1170 pessoas de ambos os sexos, dos quais 359 são homens (30,7%) e 801 são mulheres (68,5%) na faixa etária de 18 a 81 anos (M= 28,9; DP= 11,9). Quanto à orientação sexual, a grande parte dos participantes declararam-se heterossexuais (N = 1046; 89,4%), 70 (6,0%) como bissexuais e 49 (4,2%) como homossexuais. No que se refere ao estado marital, a maioria dos indivíduos, nomeadamente 517 (44,2%), referem ser solteiros, 310 (26,5%) estão em um compromisso afetivo e 198 (16,9%) são casados. Quanto à residência, 534 (45,6%) referem ser de uma pequena cidade, 253 (21,6%) de um pequeno meio rural e 249 (21,3%) de uma grande cidade. Quanto à escolaridade, a maioria dos participantes possui uma formação universitária (Licenciatura/Bacharelado), nomeadamente 470 (40,2%) e 468 (40%) tem até doze anos de estudos. No que diz respeito à situação profissional, 508 (43,4%) são estudantes e 397 (33,9%) trabalham por conta de outrem. A nível socioeconómico a maior parte dos sujeitos (N = 677; 57,9%) pertencem ao nível médio. Com relação à nacionalidade, a maioria da amostra (N = 1021; 87,3%) foi composta por portugueses e 129 (11%) brasileiros. Por fim, quanto ao país de residência, 1041 (89%) residem em Portugal e 89 (7,6%) no Brasil. As informações acima referidas podem ser observadas no Quadro 1.

 

 

Material

Os dados foram coletados através de um protocolo de investigação online de outubro de 2018 a novembro de 2018 que incluiu os seguintes instrumentos: um questionário sociodemográfico e as versões para a língua portuguesa do Defense Style Questionnaire (DSQ-40) e do Massachusetts General Hospital - Sexual Function Questionnaire (MGH-SFQ).

O questionário sociodemográfico teve como objetivo caracterizar a amostra em estudo, sendo solicitadas informações aos inquiridos sobre: idade (em anos), gênero, estado marital, local de residência, nível de escolaridade, situação profissional, estatuto socioeconómico, orientação sexual, escala de autopercepção de felicidade geral (escala de 0 a 10, variando entre “totalmente infeliz” e “totalmente feliz”), escala de autopercepção de nível de satisfação com a vida (escala de 0 a 10, variando entre “totalmente insatisfeito” e “totalmente satisfeito”), escala de autopercepção sobre a saúde (escala de 0 a 10, variando entre “péssima” e “excelente”), nacionalidade (portuguesa, brasileira, outro) e em que país reside (Portugal, Brasil, outro).

O segundo instrumento utilizado foi o Defense Style Questionnaire (DSQ-40) criado por Bond et al. em 1983 e reorganizado por Andrews e colaboradores em 1993 de acordo com as defesas descritas no DSM-III-R, utilizado na altura. Seu objetivo é identificar o estilo característico de como as pessoas, consciente ou inconscientemente, lidam com o conflito partindo do pressuposto que elas podem avaliar precisamente seu comportamento (Blaya et al., 2004). Ele é composto por 40 itens que abordam os estilos defensivos através de afirmações que podem ser respondidas em uma escala Likert de 9 pontos que variam entre “Discorda totalmente” e “Concorda totalmente”. O DSQ-40 permite o cálculo das 20 defesas individuais e dos três fatores (maduro, neurótico e imaturo). A versão utilizada nesse instrumento foi traduzida e validada para o português por Blaya et al. (2007) e com relação a sua consistência interna, foi obtido um alfa de Cronbach de 0,77 para o fator imaturo, 0,55 para o fator maduro e 0,52 para o fator neurótico. Já no presente estudo, foi obtido um índice de confiabilidade de 0,70 para o fator maduro, 0,83 para o imaturo e 0,64 para o neurótico.

Por fim, o terceiro instrumento é o Massachusetts General Hospital - Sexual Function Questionnaire (MGH-SFQ) que foi criado com base no Guided Interview Questionnaire e no Arizona Sexual Experience Scale. Esse instrumento tem por finalidade avaliar o interesse, excitação, orgasmo, ereção e satisfação sexual em geral através de 5 perguntas que abordam as etapas do funcionamento sexual no último mês e que podem ser respondidas através de 7 opções (totalmente ausente; marcadamente diminuída; quase normal; normal; algo acima do normal; marcadamente acima do normal e completamente acima do normal) (Labbate & Lare, 2001). A versão utilizada nesse estudo foi validada para a língua portuguesa por Pereira (2018), cuja investigação obteve um valor alfa de Cronbach de 0,91. No presente estudo, o índice de confiabilidade obtido foi de 0,92.

Procedimentos

O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da Universidade da Beira Interior (UBI). Foi disseminado via online através de um endereço eletrónico um protocolo onde se encontravam os instrumentos referidos, a apresentação dos principais objetivos da investigação, o consentimento informado e a garantia de anonimato e confidencialidade de suas identidades e dos resultados. As exigências éticas e deontológicas, ao longo de todo o processo de investigação, foram asseguradas, tendo sido os dados recolhidos utilizados exclusivamente para fins estatísticos. O link foi disseminado para os públicos português e brasileiro. Como critérios de inclusão foram requeridos ter idade superior a 18 anos e saber ler e escrever português, sendo a amostra final composta por 1170 indivíduos.

Análise dos dados

Os dados foram submetidos ao programa IBM SPSS STATISTICS 25,0 para formar a base de dados e elaborar a análise estatística. Após esse processo, foi descrita e caracterizada a amostra do estudo, através de uma análise descritiva dos dados em função da natureza das variáveis utilizadas. Foi então realizado o cálculo das estatísticas descritivas de tendência central (média), de dispersão (desvio-padrão) e dos valores extremos (mínimo e máximo) assim como foram realizadas correlações e regressões em consonância com as hipóteses a serem testadas. Para a análise estatística das informações recolhidas foi estabelecido como nível de significância p = 0,05.

Foram utilizados testes paramétricos para a análise dos dados e também Testes T para amostras independentes com a finalidade de averiguar se as médias da variável dependente nos dois grupos em comparação diferem significativamente uma da outra (Field, 2009).

De modo a compreender a relação entre as variáveis estilos defensivos e funcionamento sexual, foi utilizado o coeficiente da correlação de Pearson, o qual permite avaliar a direção (positiva ou negativa) e a magnitude (entre -1 e +1) dessa mesma associação (Field, 2009).

Como esse estudo objetivou fazer uma comparação entre três ou mais grupos independentes ao nível de uma variável independente intervalar com a finalidade de observar o efeito preditor das variáveis independente sobre a variável dependente recorreu-se à regressão linear múltipla com uma análise de variância (ANOVA), já que o Teste T permite comparar apenas dois grupos independentes (Field, 2009).

Resultados

A variável estilos defensivos foi categorizada em três, de acordo com as dimensões psicometricamente validadas (Blaya et al., 2007), nomeadamente: estilo maduro (itens: 2, 3, 5, 25, 26, 30, 35 e 38), estilo imaturo (itens: 4, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 27, 29, 31, 33, 34, 36 e 37) e estilo neurótico (itens: 1, 7, 21, 24, 28, 32, 39 e 40). Para a categoria estilo maduro obteve-se, com um intervalo de 1 a 9, uma média de 4,87, considerada mediana, e um desvio padrão de 1,42. Na segunda categoria, estilo imaturo, foi obtida uma média de 3,49, considerada mediana e desvio padrão de 1,06. Para a última categoria, estilo neurótico, foi obtida uma média e mediana de 3,87, também considerada mediana e desvio padrão de 1,28. Na variável funcionamento sexual o intervalo de valores variou de 1 a 7, com uma média de 3,64, considerado um valor mediano, e um desvio padrão de 1,11, tendo uma mediana teórica de 4,0. Essas informações encontram-se descritas no Quadro 2.

 

 

Relativamente às relações de associação entre os estilos defensivos e o funcionamento sexual verificaram-se os seguintes resultados, o estilo maduro mostra-se positivamente correlacionado com o funcionamento sexual (r = 0,18), sendo este valor estatisticamente significativo (p = < 0,001), o que sugere que quanto mais alto for o estilo maduro, maior o funcionamento sexual. O estilo neurótico também se mostrou positivamente correlacionado com o funcionamento sexual (r = 0,07), com significância estatística de p = < 0,05. Assim, os valores das correlações são fracos, porém significativos e podem ser observados no Quadro 3.

 

 

Após esse procedimento, foi realizada uma outra correlação de Pearson entre as variáveis estilo maduro, imaturo e neurótico, funcionamento sexual, mas dessa vez acrescentando outras variáveis, nomeadamente, satisfação com a vida, felicidade geral e saúde. Desta forma, o estilo maduro esteve positivamente correlacionado com a satisfação com a vida (r = 0,15), com a felicidade geral (r = 0,15) e com a saúde (r = 0,17). O estilo imaturo mostrou-se negativamente correlacionado à satisfação com a vida (r = - 0,11), com a felicidade geral (r = - 0,13) e com a saúde (r = - 0,11). Por conseguinte, o funcionamento sexual esteve positivamente correlacionado à satisfação com a vida (r = 0,24), com a felicidade geral (r = 0,27) e com a saúde (r = 0,17). Todos esses resultados mostram uma correlação moderada e com significância estatística (p = < 0,001), que podem ser conferidos no Quadro 4

 


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Para a comparação de diferenças nas médias entre homens (M= 4,08; DP= 0,90) e mulheres (M= 3,45; DP= 1,14) verificaram-se diferenças estatisticamente significativas (t (1148)= 9,28, p= < 0,001), o que nos indica que são os homens que apresentam maior funcionamento sexual.

Quanto as diferenças relativas aos componentes do funcionamento sexual, nomeadamente, interesse sexual, excitação sexual, capacidade para obter orgasmos, capacidade para atingir e manter ereção/lubrificação e satisfação geral com a vida sexual, o grupo masculino também apresentou níveis mais elevados e estatisticamente significantes, como apresentado no Quadro 5.

 

 

Para explorar as diferenças entre a força do efeito (R²) dos estilos defensivos no funcionamento sexual, foram realizadas análises de regressão linear múltipla. Na tabela 6, estão apresentados o R² e o R² ajustado, os coeficientes de regressão não padronizados (B), os valores do erro padrão de B e os coeficientes de regressão padronizados (β) o df, F e sig.

Tendo em conta o valor do R² o estilo maduro (β = 0,01, p = 0,000) contribui significativamente com 3,8% da explicação do funcionamento sexual. O valor de R para a regressão foi significativamente diferente de zero para o funcionamento sexual, F (3) = 14,47, p = < 0,05.

De forma a perceber o quanto a variância é explicada pela variável estilos defensivos é necessário observar o valor de R² ajustado. Dessa forma, podemos observar que o valor é de 0,04, o que significa que essa variável explica 4,0% da variância no funcionamento sexual, o que é significativo.

Foi feito um segundo modelo de regressão múltipla acrescentando-se as variáveis satisfação de vida, felicidade geral e saúde como variáveis independentes juntamente aos estilos defensivos com a finalidade de avaliar seu efeito preditivo no funcionamento sexual. Nesse modelo, tendo em conta o valor do R² o estilo maduro (β = 0,14, p = 0,000) e a felicidade geral (β = 0,22, p = 0,000) contribuem significativamente com 9,8% da explicação do funcionamento sexual. Em que o valor de R para a regressão foi significativamente diferente de zero para o funcionamento sexual F (6) = 20,17, p = < 0,05. Ao observar o valor de R² ajustado, podemos notar que essas variáveis explicam 9,4% da variância no funcionamento sexual. Os resultados de ambos os modelos se encontram no Quadro 6.

 

 

Discussão

Com relação ao objetivo principal do estudo, verificar a relação entre os estilos defensivos e o funcionamento sexual, obteve-se um grau de associação entre os níveis de mecanismos de defesa maduro e o funcionamento sexual. Foi encontrado que o estilo maduro se mostra positivamente correlacionado com o funcionamento sexual com valor estatisticamente significativo, o que sugere que quanto maior o nível de estilo de defesa maduro utilizado pela pessoa, maior o funcionamento sexual dela. O estilo neurótico também foi correlacionado positivamente com o funcionamento sexual, com menor valor.

Embora o estado da arte sobre estilos defensivos e funcionamento sexual ainda seja insuficiente, essa correlação pode ser justificada devido ao fato de que pessoas que utilizam mais o estilo defensivo maduro sejam mais adaptáveis também nas questões que envolvem o funcionamento sexual, que consigam se expressar e gerir melhor as emoções, de forma a conseguir uma melhor integração e satisfação em suas relações com outra pessoa. Esse resultado vai ao encontro do estudo de Silva et al. (2016), em que a inteligência emocional esteve positivamente correlacionada com o funcionamento sexual.

Este resultado pode ser explicado também através do modo como a utilização de defesas imaturas está associada ao comprometimento sexual, como mostrado nos estudos de Brody e colaboradores, os quais analisaram a relação entre o estilo defensivo imaturo e alguns comportamentos sexuais em duas populações, nomeadamente em mulheres portuguesas e escocesas. Nesses estudos, foi encontrado que a maior utilização de defesas imaturas está relacionada a menos orgasmos vaginais em mulheres (Brody et al., 2010), a maior vontade e frequência de comportamentos masturbatórios (Brody & Nicholson, 2013) e consumo de álcool antes do sexo (Costa & Brody, 2010), os quais podem contribuir para um menor funcionamento sexual nesse grupo.

Nesse sentido, pessoas que utilizem predominantemente defesas maduras podem estar mais interessadas em relacionar-se sexualmente com outras pessoas, ao invés de envolver-se em comportamentos masturbatórios, bem como consumir menos álcool antes de relações sexuais, o que pode efetivamente aumentar a satisfação com o sexo e proporcionar um melhor desenvolvimento de suas etapas.

No que se refere ao outro objetivo do estudo, verificar a relação entre os estilos defensivos e o funcionamento sexual com as variáveis satisfação com a vida, felicidade geral e saúde, foi encontrada correlação positiva entre o estilo maduro e a satisfação com a vida, felicidade geral e saúde. Em oposição, o estilo imaturo esteve correlacionado negativamente com essas mesmas variáveis. Já o funcionamento sexual manteve correlação positiva com essas variáveis.

Os mecanismos de defesa considerados maduros são aqueles que permitem ao indivíduo distanciar-se de sentimentos ameaçadores sem distorcer os fatos e a realidade (Granieri et al., 2017; Mielimaka, Ogrodniczuk, Kealy, Cheek, & Joyce, 2018), sendo assim, a correlação positiva encontrada pode ser explicada pelo fato de o uso do estilo defensivo maduro estar comumente associado a um funcionamento adaptativo e a aspectos favoráveis da personalidade, como extroversão, abertura e agradabilidade (Bond, 2004; Granieri et al., 2017). Visto que a saúde mental está relacionada com flexibilidade emocional (Granieri et al., 2007), esses fatores podem contribuir para um melhor enfrentamento das situações diárias e uma atitude mais positiva e otimista com relação a saúde, felicidade e a vida em geral.

Esses resultados são congruentes com os obtidos por Ribeiro e Nobre (2017), cujo trabalho encontrou que traços de personalidade como extroversão e neuroticismo foram preditores de maior funcionamento sexual em homens e mulheres e o funcionamento sexual apresentou correlação significativa com a satisfação com a vida em ambos os sexos. Também foi ao encontro dos resultados obtidos pelo presente estudo a investigação de Woloski-Wruble, Oliel, Leefsma, e Hochner-Celnikier (2010) com mulheres após a menopausa, em que foi encontrada uma correlação positiva significativa entre satisfação sexual, item abordado pelo instrumento utilizado nesse estudo para avaliar o funcionamento sexual, e a satisfação com a vida. Na investigação de Sadler, Mengeling, Fraley, Torner, e Booth (2012), com mulheres que serviram ao exército, uma baixa qualidade de vida relacionada à saúde foi associada a um funcionamento sexual comprometido, o que também está de acordo com os resultados obtidos nesse estudo.

Já os mecanismos de defesa imaturos são caracterizados pela grave alteração mental do conteúdo ameaçador ou distorção radical da realidade (Granieri et al., 2017) e o estilo defensivo imaturo encontra-se relacionado a esquemas e traços de personalidade mal adaptativos e a transtornos de humor e da personalidade (Calati, Oasi, Ronchi, & Serreti, 2010; Granieri et al., 2017; Perry, Presniak, & Olson, 2013; Walburg & Chiaramello, 2015), cujos efeitos costumam incidir justamente sobre as áreas da satisfação com a vida, felicidade e saúde.

Os resultados obtidos são congruentes com os encontrados na literatura, como exemplo de investigação com amostra clínica, no estudo de Calati et al. (2010), foi encontrado que pessoas com depressão major utilizam mais defesas imaturas e menos defesas maduras e as características desse transtorno geralmente envolvem baixos níveis de satisfação com a vida e felicidade e, por vezes, também afeta a percepção da saúde. Diversos estudos corroboram esses achados, no sentido em que mostraram que um uso predominante ou exclusivo de defesas imaturas é fator de risco para o desenvolvimento de vários tipos de psicopatologias (Bond, 2004; Bond & Perry, 2004; Zanarini, Weingeroff, & Frankenburg, 2009) e que um uso elevado de defesas imaturas com um uso reduzido de defesas maduras tem um impacto negativo no desenvolvimento da personalidade (Granieri, 2017), o que pode prejudicar os contextos gerais de vida das pessoas e a sua percepção sobre si e sua realidade.

O fato de o funcionamento sexual ter se mostrado positivamente correlacionado às variáveis de percepção de saúde, felicidade geral e satisfação com a vida foi corroborado por Laumann et al. (2006) no seu estudo sobre bem estar sexual objetivo, em que o estado de saúde auto-estimado afetou consistente e positivamente todas as medidas de bem estar sexual entre os gêneros e grupos abordados.

Sobre a diferença entre homens e mulheres com relação ao funcionamento sexual, foi encontrado que os homens apresentam maiores níveis de funcionamento sexual geral e maiores níveis em cada etapa do funcionamento sexual, nomeadamente, interesse sexual, excitação sexual, capacidade para obter orgasmos, capacidade para atingir e manter ereção/lubrificação e satisfação geral com a vida sexual.

Esse resultado vai ao encontro dos estudos encontrados na literatura, como por exemplo, na investigação de Laumann et al. (2006), que estudou o bem estar sexual subjetivo com populações europeias, americanas, asiáticas, africanas e oceânicas, foi encontrado que os homens apresentaram maiores índices que as mulheres em todos os grupos. Nesse mesmo estudo, as medidas de disfunção sexual, as quais refletem tanto problemas físicos quanto psicológicos, foram fortemente associadas com o bem-estar sexual, no sentido em que falta de interesse sexual diminuiu a satisfação com o funcionamento sexual e a importância do sexo para ambos os gêneros. Enquanto outros tipos de disfunções, como dor durante o sexo, problemas de lubrificação e dificuldades de manter a ereção afetaram principalmente a satisfação com o funcionamento sexual. Os estudos de Silva et al. (2016) e Martins et al. (2016) também estão de acordo com esses resultados, no sentido em que em suas investigações os homens também tiveram índices mais altos de funcionamento sexual que as mulheres.

Esse resultado é recorrente na literatura no sentido em que os problemas sexuais femininos são uma questão comum de saúde em diversas populações, o que causa um efeito negativo significativo na satisfação sexual e no bem-estar individual e conjugal (Peixoto & Nobre, 2015). Em seus resultados com uma amostra portuguesa, Peixoto e Nobre (2015) apontaram que 37,9% das mulheres pontuaram abaixo do ponto de corte do Female Sexual Function Index (FSFI), sugerindo a presença de problemas sexuais e encontraram que as principais dificuldades sexuais das mulheres estavam relacionadas à falta de desejo sexual (25,4%), dificuldades para atingir o orgasmo (16,8%), dificuldade com a lubrificação (12,9%), dispareunia (9,8%) e vaginismo (6,6%).

No que se refere às limitações do estudo, por ter sido utilizado um protocolo online, pode ter havido dúvidas com relação aos itens das escalas que não puderam ser solucionadas pela ausência de um entrevistador. Outra limitação refere-se à heterogeneidade da amostra, ou seja, a distribuição diferente de indivíduos em cada categoria, o que dificulta as análises estatísticas e pode não representar fielmente os resultados para os grupos de menor representação. Por fim, a limitação que mais teve impacto sobre essa investigação foi a escassez de estudos sobre o tema, o que dificultou a comparação e explicações dos resultados e confirmou a importância e o pioneirismo dessa pesquisa.

Como sugestões futuras, aponta-se a necessidade de desenvolver mais estudos que relacionem esses dois temas de forma a perceber outros fatores preditivos de maior funcionamento sexual, comportamentos mais associados a cada estilo defensivo, intervenções que atuem no sentido de tornar as defesas dos indivíduos mais adaptativas e estudos com amostras clínicas e grupos específicos (grupos marginalizados, pessoas com necessidades especiais, por exemplo).

 

REFERÊNCIAS

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Avenida Jorge Amado, 485, 49025-330, Aracaju, SE, Brasil, email: laisgabriela.psi@hotmail.com

 

Recebido em 05 de fevereiro de 2020. Aceite em 04 de maio de 2020

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