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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.22 no.1 Lisboa abr. 2021  Epub 30-Abr-2021

https://doi.org/10.15309/21psd220106 

Artigo

Estratégias de avaliação de forças de caráter

Assessment strategies of character strengths

Caroline Reppold1 

Luiza D’Azevedo2 

Ana Paula Noronha3 

1 Departamento de Psicologia, Laboratório de Pesquisa em Avaliação Psicológica, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil, carolinereppold@yahoo.com.br.

2 Laboratório de Pesquisa em Avaliação Psicológica, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil, luizadazevedo@hotmail.com.

3 Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco, Campinas, Brasil, ana.noronha8@gmail.com.


Resumo

Na Psicologia Positiva, as forças de caráter são definidas como as características positivas dos seres humanos, que possuem um valor moral. Para sistematizar os estudos sobre o tema, Peterson e Seligman estabeleceram, inicialmente, um modelo de 24 forças e seis virtudes. A partir desse modelo teórico, pesquisas demonstraram que o desenvolvimento dessas características positivas está relacionado ao aumento de indicadores de bem-estar, engajamento e realização pessoal, a depender do foco da intervenção e do instrumento de medida utilizado. Os objetivos deste estudo foram: a) realizar uma revisão narrativa sobre os principais instrumentos que avaliam as forças de caráter e demonstram evidências de validade, e b) apresentar algumas das intervenções focadas em forças que demonstrem eficácia. Quanto aos instrumentos, a revisão apresenta diferenças culturais na avaliação das forças. Sobre as intervenções relatadas, identifica-se que o desenvolvimento das forças potencializa, sobretudo, o bem-estar subjetivo. Espera-se, com este estudo, instrumentalizar profissionais da área da saúde e da educação quanto a um construto promissor no desenvolvimento de indicadores positivos de bem-estar. Além disso, estima-se que a revisão estimule o desenvolvimento de futuras pesquisas empíricas sobre as forças de caráter em contextos e faixas etárias diversas.

Palavras-Chave: avaliação psicológica; psicologia positiva; forças de caráter

Abstract

In Positive Psychology, character strengths are defined as the positive characteristics of human beings, which have a moral value. To systematize studies on the topic, Peterson and Seligman established, initially a model of 24 forces and six virtues. From this theoretical model, researches have shown that the development of these positive characteristics is related to the increase in indicators of well-being, engagement, and personal achievement, depending on the focus of the intervention and the measuring instrument used. The objectives of this study were: a) to carry out a narrative review on the main instruments that assess the character strengths and demonstrate evidence of validity, and b) to present some of the interventions focused on strengths that demonstrate effectiveness. In relation to the instruments, the review presents cultural differences in the assessment of strengths. Regarding the reported interventions, it is identified that the development of strengths enhances, above all, subjective well-being. It is hoped, with this study, to equip health and education professionals about a promising construct in the development of positive indicators of well-being. In addition, it is estimated that the review will stimulate the development of future empirical researches on the character strengths in different contexts and age groups.

Keywords: psychological assessment; positive psychology; character strengths

As forças de caráter são um dos principais temas estudados na Psicologia Positiva e são definidas como características positivas que possuem um valor moral para a sociedade. Esses traços podem ser expressos por meio de pensamentos, sentimentos e comportamentos e são valorizados e cultivados pelos seres humanos através do tempo, independentemente da cultura. Essas forças são estáveis nos seres humanos, porém passíveis de serem potencializadas e devem ser interpretadas considerando o desenvolvimento do indivíduo e o contexto em que vive. Os psicólogos Peterson e Seligman (2004) definiram uma lista interdisciplinar e transcultural de 24 forças de caráter, valorizadas em todas as sociedades contemporâneas. Essa classificação foi feita após uma extensa revisão da literatura existente sobre o tema, em diferentes culturas e religiões. Percebe-se que existe uma forte convergência de definições desses construtos ao longo do tempo e da tradição intelectual, podendo considerá-las universais. Isso pode ser explicado porque nenhuma dessas culturas citadas vive em total isolamento e porque o cultivo e valorização dessas características positivas determinadas beneficiaram os grupos sociais na questão da resolução de tarefas, convivência e sobrevivência (Peterson & Seligman, 2004).

Foi definida por Peterson e Seligman (2004)uma classificação multiaxial de 24 forças de caráter universais (Quadro 1). Essa categorização foi feita com o objetivo de tornar mais sistemático o estudo desses construtos na Psicologia, e tornou-se ainda mais importante ao longo do tempo, com a comprovação de que o cultivo e a potencialização dessas características positivas são considerados maneiras de aumentar os níveis de satisfação com a vida, engajamento, realização, florescimento e bem-estar subjetivo em crianças, adolescentes e adultos (Ghielen et al., 2018; Seligman, 2019). Para a identificação e o desenvolvimento das forças, investiu-se, desde o início das pesquisas, na construção e adaptação transcultural de instrumentos com evidências de validade e estimativa de precisão (Ng et al., 2017). A partir do exposto, o objetivo dessa revisão narrativa foi investigar o panorama dos instrumentos de avaliação e das intervenções que incluem as 24 forças de caráter ao redor do mundo, para compreender os avanços realizados até o momento e estimular o aperfeiçoamento de estudos futuros.

Quadro 1 Descrição das 24 forças de caráter 

Traduzido e adaptado de Peterson e Seligman (2004)

Avaliação das forças de caráter em adultos

Como forma de avaliar forças de caráter, Peterson e Seligman (2004) elaboraram, inicialmente, o instrumento Values in Action Inventory of Strengths (VIA-IS), que avalia as 24 forças em adultos e é composto originalmente por 240 itens, 10 para cada força de caráter. As análises exploratórias dos escores da escala sugeriram cinco fatores, contrariando a classificação inicial de Peterson e Seligman (2004). Os cinco fatores encontrados foram: forças de restrição (como justiça e prudência), forças intelectuais (exemplo: curiosidade e apreciação da beleza), forças interpessoais (exemplo: bondade e trabalho em equipe), forças emocionais (como autocontrole e vitalidade) e forças teológicas (exemplo: gratidão e espiritualidade) (Peterson & Seligman, 2004).

Por constatar que os resultados estatísticos da primeira pesquisa empírica com a VIA-IS não havia sido bem estabelecidos, os autores da classificação das forças realizaram uma nova pesquisa (Ng et al., 2017). Nesse estudo, a análise realizada foi uma Modelagem de Equações Estruturais Exploratórias (ESEM), usando uma abordagem analítica bifatorial e aumentando a amostra da pesquisa para 447.573 participantes, que completaram a versão da VIA-IS de 240 itens. Os autores encontraram uma estrutura bifatorial, composta por um fator de seis componentes, e ainda, um fator geral, mais abrangente, nomeado de Dispositional Positivity (positividade disposicional, em tradução livre).

Recentemente, foi publicada uma nova versão da escala, chamada de VIA Inventory of Strengths-Revised (VIA-IS-R; McGrath, 2019). O instrumento é composto por 196 itens e cada força é medida por oito itens. Ademais, foram desenvolvidas duas versões reduzidas, intituladas VIA-IS-M ("Misto") e VIA-IS-P ("Positivo"). Ambos os instrumentos possuem 96 itens, sendo quatro por força. O VIA-IS-M contém afirmações positivas e negativas. O VIA-IS-P tem apenas afirmações positivas e é recomendado para situações em que há limitações quanto a capacidade cognitiva dos entrevistados para responder itens com frases negativas. Em estudo mais recente (McGrath & Wallace, 2019) foram comprovadas a confiabilidade e as evidências de validade do VIA-IS-R (McGrath, 2019) e suas versões reduzidas.

A VIA-IS para adultos (Peterson & Seligman, 2004) já foi adaptada transculturalmente para mais de 30 países. Em diferentes continentes, os resultados mostraram que aspectos culturais impactam na estruturação e valorização das forças de caráter em uma sociedade, devido às diferenças nas estruturas fatoriais das adaptações do instrumento. Por exemplo, em estudo de Khumalo Et al. (2008), em uma população africana de jovens adultos, foram encontrados apenas três fatores. Destaca-se que as forças de caráter correspondentes à coragem foram incluídas nos três fatores, pois essas características positivas tinham um maior valor na história e hábitos daquele grupo, tal como defendido pelos autores.

Em uma adaptação transcultural e validação da escala feita para o idioma Urdu (Farooqi & Malik, 2019), com amostra de adultos muçulmanos do Paquistão, a Análise Fatorial Exploratória realizada encontrou a melhor solução com cinco fatores. O primeiro fator incluiu itens relacionados à humildade e moderação na expressão dos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Essas características convergem com ensinamentos do Islamismo e com o significado do que é um indivíduo com alto nível de caráter na cultura do país. Nos estudos realizados em países europeus, como Alemanha (Ruch et al., 2014), Espanha (Azañedo et al.,2014) e Portugal (Ribeiro, 2018), também foram encontrados cinco fatores, nomeados da mesma forma que no estudo original (Peterson & Seligman, 2004).

Especificamente, no estudo realizado com amostra portuguesa (Ribeiro, 2018), para a investigação da estrutura interna do instrumento, por meio de Análise Fatorial Exploratória, foi forçada a extração de cinco fatores e obtiveram um valor de variância total explicada de, aproximadamente, 70%. O autor concluiu que a estrutura fatorial encontrada no VIA Survey-72 para a população portuguesa é consistente com o esperado teoricamente.

No Brasil et al. (2015) realizaram a adaptação transcultural e investigaram a estrutura fatorial da VIA-IS (Peterson & Seligman, 2004) em adultos de 18 a 82 anos de idade. Nesse estudo, após Análise Fatorial Exploratória, os autores consideraram a solução unifatorial como o resultado mais robusto da pesquisa. Paralelo a isso, Noronha e Barbosa (2016) elaboraram a primeira escala brasileira para avaliar forças de caráter, intitulada de Escala de Forças de Caráter (EFC), composta por 71 itens. Na busca de evidências de validade da estrutura interna da EFC (Noronha et al., 2015), foram utilizados diferentes métodos de retenção de fatores, encontrando uma solução unifatorial. Estudo mais recente do instrumento (Noronha & Batista, 2020) objetivou replicar empiricamente a classificação teórica das forças de caráter. Por meio de Análises Fatoriais Exploratórias, foi solicitado uma estrutura de seis fatores, que foi considerada a mais adequada. Oito itens com carga fatorial abaixo de 0,30 foram retirados. A variância total explicada foi de 44% (Noronha & Batista, 2020). O fator 1 inclui as forças interpessoais (referem-se ao relacionamento com o outro), o fator 2 foi intitulado coragem (relativo a enfrentamento). O fator 3 agrupou forças teologais (relacionadas a virtude transcendência). O fator 4 incluiu forças de humanidade (indicam relacionamentos igualitários e generosos). O fator 5 correspondeu a forças relacionadas com autorregulação e o fator 6 foi intitulado como forças intelectuais, reunindo características relativas ao aprendizado. Os autores (Noronha & Batista, 2020) ressaltam que, mesmo encontrando uma estrutura com a mesma quantidade de fatores postulados por Peterson e Seligman (2004), as forças se agruparam de maneira diferente da classificação inicial.

Intervenções em forças de caráter com adultos

Para a avalição das forças de caráter em intervenções, o VIA-IS é o instrumento principal utilizado na mensuração dessas características (Niemiec, 2017). Niemiec (2017) aponta dez intervenções baseadas nas pesquisas sobre forças de caráter que promovem a conscientização e desenvolvimento dessas características: 1) Introdução: apresentando e explorando as forças de caráter, 2) Aplicação do VIA, 3) Afirme/Valorize Suas Forças, 4) Aumente Sua Motivação, 5) Subtraia uma Força de Assinatura, 6) Genograma das Forças de Caráter, 7) Forças de Caráter 360°, 8) Automonitore Suas Forças, 9) Histórias e Forças de Caráter (desenvolva o strengths-spotting), 10) Mentores/ Modelos.

Na primeira intervenção citada pelo autor (Niemiec, 2017) considera-se necessário fazer o indivíduo entender qual a importância das forças de caráter em diversos contextos e porque são importantes para esse participante, especificamente. Após esse primeiro momento, é explicado o que são essas características positivas, baseado na classificação de Peterson e Seligman (2004). Para finalizar, deve-se exemplificar algumas atividades, ilustrando como ele será ajudado em sua demanda, utilizando as forças de caráter. Observa-se que essa primeira prática ocorre na maioria das intervenções sobre forças de caráter, considerando que serão obtidos resultados significativos somente se o conteúdo for compreendido pelo participante.

A prática Aplicação do VIA-IS é descrita como uma intervenção em que o cliente responde às perguntas da escala, visualiza seus resultados e descreve quais foram suas primeiras reações em relação ao ranking das forças. Niemiec (2017) afirma que muitas pessoas, somente por responder esse questionário já se estimulam para mudança e o instrumento as ajuda a perceber várias de suas qualidades. Entretanto, as evidências científicas apontam essa intervenção apenas como uma experiência positiva, que pode ter impacto variado, dependendo das características da amostra (Niemiec, 2017). Essa atividade é, geralmente, aplicada no início dos programas, para o aprimoramento dessas características ao longo das sessões.

A terceira intervenção descrita por Niemiec (2017) tem o objetivo de reforçar as forças de assinatura, definidas como as características positivas que cada indivíduo expressa com mais frequência e intensidade. Busca-se potencializá-las para que auxiliem ainda mais no dia a dia dos participantes. Práticas focadas nas forças de assinatura tem impacto, principalmente, no aumento de afeto positivo, felicidade, satisfação com a vida e diminuição dos escores de depressão (Schutte & Malouff, 2019).

A prática que objetiva aumentar a motivação para o desenvolvimento das forças de caráter (Niemiec, 2017) segue um passo a passo, para que o participante possa refletir sobre a importância de potencializar essas características e a confiança que o indivíduo tem para aprender sobre elas e utilizá-las. Após esse processo, descreve-se cinco fases para o processo de mudança em relação às forças de caráter: pré-contemplação; contemplação; preparação; ação e manutenção. Por fim, cita-se a necessidade de revisão do processo e ações para aprimorar ainda mais a aplicação das forças.

A quinta intervenção citada por Niemiec (2017) tem como meta que a pessoa reflita como seria a sua vida se não pudesse utilizar uma de suas forças mais importantes, que mais o identifica. A partir disso, pode ocorrer o reconhecimento da importância dessa força de assinatura e a apreciação profunda do quanto esse traço auxiliou nas conquistas e nos relacionamentos do indivíduo. Para finalizar, o participante deve escrever suas observações sobre a experiência. Através desse exercício de abstração mental, como resultado, sugere-se que o indivíduo possa se conectar com uma sensação de bem-estar e gratidão. Contudo, as evidências científicas quanto a esses desfechos ainda são limitadas.

A intervenção que viabiliza a possibilidade de criação de um genograma da família baseado nas forças de caráter (Niemiec, 2017) auxilia a conscientização das relações familiares e aprofunda a reflexão sobre a dinâmica entre os membros da família. Esse instrumento pode ser criado a partir dos resultados do VIA, ou pela observação e reflexão sobre as características de cada um dos membros da família (Niemiec, 2017). Outra intervenção citada por Niemiec (2017) chama-se Forças de Caráter 360° e tem como objetivo aprender com a percepção dos outros sobre suas forças de caráter, integrando observações vindas do meio externo para sua vida, a fim de viabilizar um novo olhar sobre si.

A intervenção intitulada Automonitoramento das Forças de Caráter (Niemiec, 2017) tem o objetivo de que se identifique com cada vez mais facilidade como as forças são expressas em seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. Para isso, sugere-se que a pessoa crie um quadro de anotação para registrar dia e horário, a atividade que estava praticando, qual a força percebida e como estava usando-a, e que a cada vez que tocar um alarme pré-agendado ela possa fazer essas anotações. Essa atividade é comumente utilizada como um exercício semanal no Mindfulness-based Strength Practice (MBSP; Niemiec, 2014). Pesquisa com esse programa (Pang & Ruch, 2019) já obteve resultados como aumento do bem-estar e da satisfação no trabalho.

Por sua vez, a intervenção Histórias e Forças de Caráter (Niemiec, 2017) objetiva dar foco nas forças da própria pessoa e nas dos outros, tornando essa linguagem mais familiar. Além disso, a prática visa tornar mais fácil e confortável o compartilhamento de histórias e notícias positivas. A última atividade citada pelo autor (Niemiec, 2017), relacionada com um mentor de referência para pessoa, busca solicitar um relato sobre as forças de caráter do participante através do olhar de alguém que o inspira. Ademais, a prática também incentiva que a pessoa perceba quais são as forças de caráter desse mentor.

A partir das intervenções relatadas, observa-se que os instrumentos que avaliam forças de caráter são utilizados nos primeiros momentos das intervenções, guiando as discussões e o andamento das práticas. As atividades citadas por Niemiec (2017) não necessitam ser feitas conjuntamente. Percebe-se que as práticas Introdução, Aplicação do VIA e práticas com as forças de assinatura são as mais popularizadas nos programas de intervenções.

Avaliação das forças de caráter em crianças e adolescentes

Para avaliar as forças de caráter em crianças e adolescentes, a Values in Action Inventory of Strengths (VIA-IS) (Peterson & Seligman, 2004) foi adaptada para a faixa etária de 10 a 17 anos de idade, chamada de VIA-Youth (Peterson & Seligman, 2004). Na primeira versão, construída em inglês por Peterson e Seligman (2004), as Análises Fatoriais Exploratórias encontradas sugeriram uma solução de quatro fatores. Essa versão, mesmo que simplificada, pode ser considerada similar à versão do instrumento validada para adultos, com cinco fatores. A principal diferença entre as estruturas dos instrumentos é a união de forças emocionais e intelectuais em um único fator na escala para jovens. A partir disso, foi construída uma versão reduzida dessa escala, com 96 itens, para a mesma faixa etária, considerada mais eficiente que a versão longa (Park & Peterson, 2006). Nas análises fatoriais exploratórias, essa nova versão apresentou uma estrutura de quatro fatores: forças de temperança (por exemplo, prudência e autocontrole), forças intelectuais (por exemplo, amor ao aprendizado e curiosidade), forças teológicas (por exemplo, esperança e amor) e outras forças direcionadas (interpessoais, por exemplo, bondade e humildade) (Park & Peterson, 2006). McGrath e Walker (2016) realizaram análise de estrutura interna para o VIA-Youth, com amostra de 134 países diferentes. Os resultados foram consistentes com os encontrados por Park e Peterson (2006), ou seja, uma estrutura de quatro fatores. Essa escala foi adaptada transculturalmente para mais de 15 idiomas.

Na adaptação do VIA-Youth para população de Portugal (Neto et al., 2014), a partir de Análise Fatorial Exploratória, os autores encontraram uma solução de quatro fatores, resultado semelhante aos estudos anteriores (McGrath & Walker, 2016; Park & Peterson, 2006). Entretanto, os fatores foram nomeados com algumas diferenças: forças interpessoais (por exemplo, amor e justiça), forças de liderança (por exemplo, forças da virtude sabedoria e conhecimento e da virtude coragem), forças de temperança (incluiu forças das virtudes temperança e transcendência) e forças intelectuais (incluiu três forças da virtude sabedoria e conhecimento).

Em amostras da Austrália (Toner et al., 2012) e Alemanha (Ruch et al., 2014), a partir de Análises Fatoriais Exploratórias, foram encontrados modelos de cinco fatores. A única diferença do estudo australiano para a estrutura original do VIA-Youth é que no modelo de Park e Peterson (2006), um mesmo fator incluiu forças positivas e intelectuais (no fator forças teológicas), enquanto no modelo australiano emergiram como os fatores vitalidade e transcendência. Nessa direção, estudo da Alemanha nomeou os fatores igual ao modelo original e o fator adicional encontrado foi intitulado como forças de liderança.

Para a avaliação das 24 forças de caráter no público infantojuvenil em Israel, Shoshani e Shwartz (2018) objetivaram construir um instrumento psicométrico no idioma hebraico. A Análise de Componente Principal e a Análise Fatorial Confirmatória realizada com os dados coletados resultaram em evidência preliminar de uma estrutura hierárquica com 24 fatores de ordem inferior, incluídos em uma ordem superior de quatro fatores latentes, semelhantes aos encontrados por Park e Peterson (2006) no VIA-Youth. Nesse caso, mesmo realizando a construção de um instrumento próprio para essa cultura específica, os autores encontraram resultados semelhantes a estudos anteriores.

Uma forma alternativa de avaliar as forças de caráter de crianças é solicitar que seus pais preencham questionários sobre como percebem esses traços em seus filhos. Nessa direção, Shoshani (2019) construiu o instrumento The Character Strengths Inventory for Early Childhood (CSI-EC), para avaliar as 24 forças em crianças de três a seis anos de idade, através das respostas dos pais. O instrumento original foi escrito em hebraico e aplicado em amostra de Israel. Para encontrar evidências de validade de estrutura interna, foi realizada uma Análise Fatorial Exploratória que resultou em quatro fatores, semelhantes aos fatores de Park e Peterson (2006). Ainda nesse contexto, também foi desenvolvido um instrumento para medir as percepções das crianças sobre comportamentos parentais a respeito das forças de caráter delas (Waters, 2015). Por exemplo, o item “My parents are aware of my strengths” (em tradução livre, meus pais estão cientes das minhas forças).

Outra forma de medir forças de caráter em crianças é por meio de entrevistas. Grinhauz e Solano (2015) conduziram uma pesquisa na Argentina, com o objetivo de analisar as forças de caráter autopercebidas em crianças de 10 e 12 anos de idade. Foi feita uma pergunta aberta aos participantes sobre quais qualidades reconheciam em si mesmos e aquelas que seus familiares e amigos valorizam neles. Posteriormente, foram identificadas quais as forças de caráter citadas nos depoimentos. Os estudos citados abrangem alternativas à aplicação de instrumentos de autorrelato para crianças.

No Brasil, há escalas disponíveis para a faixa etária infantojuvenil. Uma escala para o público adolescente de 14 a 18 anos foi construída e validada por Dametto e Noronha (2019). Foi realizada uma Análise Fatorial Confirmatória, através do modelo bifatorial, que encontrou resultados adequados para a solução de cinco fatores. Os fatores foram denominados como: 1) forças interpessoais; 2) forças de temperança; 3) forças teológicas; 4) forças intelectuais e de liderança e 5) forças de abertura a experiência. As forças gratidão, justiça e liderança não foram inclusas em nenhum dos cinco fatores. Entretanto, no fator geral, os pontos em comum dessas forças foram compartilhados entre as 24 forças de caráter e, através do bifator, todas as forças de caráter contribuíram para um fator geral do construto, assim como cada força colaborou para um fator específico, devido a seu resultado de variância individual.

Foi realizada uma adaptação da escala construída por Noronha e Barbosa (2016) para crianças de oito a 13 anos de idade (D’Azevedo, 2019). A primeira Análise Fatorial Exploratória realizada apontou que os itens das forças liderança e humildade obtiveram índices abaixo de 0,30 e, por isso, foram retirados da escala. Após nova Análise Fatorial Exploratória, a melhor solução encontrada foi unifatorial, convergindo com resultados das escalas brasileiras que medem forças de caráter em adultos (Noronha et al., 2015; Seibel et al., 2015).

Quanto aos métodos alternativos para medir forças de caráter em território brasileiro, em estudo conduzido por D’Azevedo et al. (2019) foram feitas entrevistas semiestruturadas com crianças de oito a treze anos de idade, com o objetivo de analisar o conhecimento dessa população sobre os termos que designam as forças de caráter e possibilitar a compreensão de como os jovens percebem a expressão desses traços nos próprios comportamentos e nos comportamentos de outras pessoas.

Intervenções com avaliação em forças de caráter com crianças e adolescentes

A maioria das intervenções citadas por Niemiec (2017) que promovem a conscientização e desenvolvimento das forças também devem ser utilizadas com o público infanto-juvenil. Entretanto, observa-se que práticas que necessitam de maior abstração e reflexão, podem ser mais difíceis para crianças, como a intervenção Subtraia uma Força de Assinatura (Niemiec, 2017). Nessa direção, a prática introdutória de apresentação e exploração das forças de caráter (Niemiec, 2017) se mostra ainda mais importante para o público infantil, visto a necessidade de maior ludicidade para entender os construtos.

As intervenções relacionadas à aplicação do VIA-Youth e o desenvolvimento das forças de assinatura (Niemiec, 2017) se mostram tão benéficos quanto para adultos (Oppenheimer et al., 2014; Quinlan et al.,2015; Toback et al., 2016). Na pesquisa de Oppenheimer et al. (2014), realizada com adolescentes dos Estados Unidos, a intervenção consistia em cinco sessões. Ao longo do processo, trabalhou-se na identificação das forças de assinatura em situações anteriores e novos jeitos de utilizá-las no futuro. A intervenção aumentou o bem-estar subjetivo desses jovens, a partir dos resultados do pós-teste. Entretanto, esse resultado não se manteve no follow-up de três meses.

Na pesquisa de Toback et al. (2016), realizada com adolescentes internados em hospital psiquiátrico dos Estados Unidos, os participantes foram convidados a preencher o instrumento e escrever em um cartão suas três principais forças de assinatura. Na sequência, o participante discutia com o pesquisador variados jeitos de utilizar essas forças como habilidades de enfrentamento em situações difíceis. Os adolescentes eram instruídos a seguir utilizando essas habilidades durante a internação e após a alta. Como resultado, houve a manutenção do aumento da autoestima e autoeficácia no pós-intervenção e no follow up.

É importante destacar que intervenções realizadas com pais e professores também podem impactar positivamente nas crianças e adolescentes (Quinlan et al.,2019; Waters & Sun, 2016). Uma intervenção (Waters & Sun, 2016) ligada especificamente ao contexto familiar utilizou o modelo Strength-Based Parenting (SBP), um estilo de parentalidade que busca deliberadamente identificar e cultivar estados, processos e qualidade positivas em seus filhos, para medir o efeito dessas práticas nos níveis de autoeficácia e emoções positivas desses cuidadores (Waters, 2015). Apesar de essa atividade ser realizada com adultos, também gerou impacto direto no desenvolvimento das forças das crianças. Waters e Sun (2016) estruturaram as atividades em três semanas e a intervenção apresentou três componentes principais: 1) aprender a perceber as forças de caráter na criança, 2) aprender a incentivar a criança a usar seus pontos fortes e 3) implantar suas próprias forças durante a criação dos filhos. Os resultados apontaram para aumento dos níveis da crença na própria capacidade para criar seus filhos com sucesso e maiores níveis de emoções positivas quando pensavam nos seus filhos.

No estudo de Quinlan et al.,(2019) a intervenção foi realizada em seis sessões, com os estudantes, e os professores atuaram como apoiadores durante as práticas, incentivando os alunos a permanecerem no programa, por exemplo. Os resultados mostraram que os níveis de afeto positivo, engajamento em aula e necessidade de satisfação (autonomia, competência e relacionamento) dos estudantes foram mediados por mudanças nos comportamentos dos professores quanto a identificação das forças neles e nos alunos (Quinlan, et al., 2019).

Os instrumentos que medem as forças de caráter estimulam as crianças e adolescentes a se apropriarem dessas características, contribuindo para o aumento do otimismo, bem-estar e autoestima dessa população. Deve-se compreender o desenvolvimento das forças de caráter de crianças e adolescentes também pensando em quem as educam, pois o impacto do desenvolvimento das forças nessas pessoas também auxilia na potencialização dessas características na faixa etária infantojuvenil.

Considerações finais

O presente estudo buscou apresentar um panorama da avaliação e da intervenção em forças de caráter, com o objetivo incentivar o aprofundamento no tema. A revisão mostra que a maioria das pesquisas utilizam o VIA-IS e VIA-Youth para adaptação transcultural. Porém, deve-se destacar as diferenças culturais e entre faixas etárias que aparecem em resultados de pesquisas de evidências de validade das escalas para estimular a elaboração de instrumentos coerentes com costumes e valores de cada região.

O panorama das intervenções mostra-se mais favorável a práticas relacionadas ao conhecimento básico de forças, aplicação de escalas e desenvolvimento de forças de assinatura. Ainda, os instrumentos que avaliam forças de caráter são as principais formas de medir os resultados dessas intervenções, viabilizando as evidências de eficácia destas. Encoraja-se o desenvolvimento de pesquisas com maior variedade de práticas, para estimular o avanço das investigações em forças de caráter, que tem contribuído para o aumento, principalmente, do bem-estar subjetivo de populações em contextos diversos.

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Recebido: 25 de Novembro de 2020; Aceito: 23 de Fevereiro de 2021

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