A parentalidade caracteriza-se como um processo por meio do qual os indivíduos se tornam pais de uma criança e representa uma importante fase do desenvolvimento psíquico (Houzel, 2004). Nesse sentido, a função parental é dinâmica e um processo em desenvolvimento contínuo face às necessidades decorrentes do desenvolvimento da criança (Cunha et al., 2021).
Atualmente a noção de família deve considerar as variadas composições, ou seja, as famílias monoparentais, biparentais, com pais separados, reconstituídas, com casais homoafetivos, com filhos adotivos, entre outras (De La Iglesia, 2020). Mas, independentemente da conformação, a família permanece apresentando funções fundamentais no processo de desenvolvimento de seus componentes, como também, está susceptível às situações e experiências de tensão e estresse vinculadas ao processo de educação e criação dos filhos, que pode resultar numa condição sindrômica denominada de burnout parental (Li et al., 2018), na qual o estresse é diferente daquele comum ao papel parental (Brianda et al., 2020).
O burnout parental ou o esgotamento dos pais é uma condição que afeta 5 a 8% dos pais em todo o mundo (Roskam et al., 2017), relacionada a diversos fatores de risco presentes nas diferentes funções conjugais, parentais e profissionais, a ponto dos pais às vezes sentirem que não têm energia para criar os filhos, apesar destes darem sentido à vida de seus pais (Office for Nacional Statistics - UK, 2012). Abrange três dimensões, a saber: uma exaustão avassaladora relacionada ao papel parental; um distanciamento emocional de seus filhos; e a perda de realização no papel parental (Roskam et al., 2018).
Ressalta-se que, desde o início, o esgotamento dos pais apresenta semelhanças com o esgotamento ou burnout profissional, cujo termo surgiu nos Estados Unidos na década de 1970, na prática de profissionais envolvidos em relações de cuidado e foi desenvolvido por Burnout - Pesquisa de Serviço Humano (MBI-HSS), que permitiu a avaliação do esgotamento em três dimensões: exaustão emocional (as reservas de energia do sujeito são baixas, completamente exausto); despersonalização (dimensão interpessoal, atitude negativa e distanciada em relação aos outros); e baixa realização pessoal (perda de autoconfiança e sensação de ineficácia) (Maslach & Jackson, 1981).
Ao analisar a literatura científica, identificou-se vários estudos acerca do esgotamento profissional e suas implicações para a saúde, entretanto, ainda há poucos escritos que abordam especificamente o esgotamento parental (Séjourn et al., 2018) e seus fatores de risco. Além do mais, a temática torna-se relevante pelo momento recente em que o mundo vivenciou uma emergência de saúde pública, gerada pela pandemia de COVID-19, um dos acontecimentos mais extremos que a sociedade enfrenta neste século, tanto por sua extensão, como pela duração e possíveis consequências para a saúde mental em virtude do confinamento de pais e filhos (De La Iglesia, 2020; Marchetti et al., 2020).
Assim, esta revisão balizada nas práticas baseadas em evidência, pretende identificar as lacunas do conhecimento, lançar luz sobre os novos caminhos de pesquisa a respeito do burnout parental, que auxiliará profissionais em suas pesquisas na área da saúde. Face ao exposto, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão integrativa de literatura a fim de identificar as principais evidências científicas sobre os fatores associadas ao burnout parental.
Método
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que permite sintetizar evidências científicas, fazer recomendações com base nos achados da prática clínica e identificar lacunas de conhecimento para orientar o desenvolvimento de pesquisas futuras (Mendes et al., 2019).
Esta revisão cumpriu seis etapas: 1) elaboração da questão de pesquisa; 2) amostragem ou busca na literatura dos estudos primários; 3) extração de dados dos estudos primários; 4) avaliação dos estudos primários incluídos na revisão; 5) análise e síntese dos resultados da revisão; e 6) apresentação da revisão integrativa (Whittemore et al., 2014). E, utilizou-se as recomendações previstas no PRISMA Statement para o desenvolvimento do estudo.
Estratégia de Pesquisa
Para condução da pesquisa, elaborou-se a seguinte questão norteadora: quais são os fatores preditores do burnout parental? A partir da questão norteadora, com o intuito de facilitar a definição dos descritores, utilizou-se a estratégia PVO (População, Variável de interesse e Outcome/desfecho), onde foi definido como população do estudo “Pais”, a variável de interesse foi “Fatores predisponentes” e o desfecho/Outcome “Burnout parental”.
A busca dos estudos primários foi efetuada por dois revisores, de maneira independente, no mês de março de 2021, nas bases de dados Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BVS/BIREME)/LILACS, Scientific Electronic Library Online (SciELO), Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), Cochrane e no portal National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed).
Os termos utilizados foram os seguintes: “Burnout, Psychological” OR “Parental Burnout” em todas as bases de dados, não foram utilizados descritores correspondentes aos pais e aos fatores predisponentes ou causalidade para ampliar a busca de artigos, já que há um número insipiente de estudos acerca da temática. Os critérios de inclusão foram: nos últimos cinco anos, envolvendo os fatores preditores do esgotamento parental. O recorte temporal justifica-se pelo fato de se buscar a literatura mais recente sobre o assunto. Os critérios de exclusão foram artigos de revisão de literatura ou metanálise, relatórios, monografias, dissertações e teses.
Seleção de Artigos
Foram encontradas 1.893 produções nas bases de dados indexadas, mas a maioria artigos exploratórios baseados em literatura e de validação de instrumento. Ocorreu a etapa de identificação dos artigos, primeiramente, por meio da leitura dos títulos, e em seguida, dos resumos. Daqueles que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão, foi realizada a leitura do artigo na íntegra, das quais 12 artigos foram incluídos segundo os critérios de elegibilidade conforme a Figura 1.
Resultados
Os resultados da literatura constataram a escassez de textos que versam acerca dos fatores preditores do esgotamento nos pais. Dentre os doze artigos elegíveis referentes ao tema, o ano de publicação variou de 2017 a 2020, sendo três no ano de 2020; sete no ano de 2018; e um artigo por ano em 2017 e 2019. De acordo com a abordagem metodológica que os autores utilizaram para responder à questão principal, os estudos selecionados têm por característica serem observacionais, nos quais o investigador não faz nenhuma intervenção. Para coleta de informações, os autores utilizaram estudos transversais, dentre eles sete artigos aplicaram essa técnica e, assim, as informações foram coletadas de cada indivíduo em um ponto no tempo, outros dois trabalhos empregaram a técnica longitudinal, permitindo ao pesquisador uma sequência coerente de dados (Quadro 1).
As pesquisas dos artigos elegíveis foram realizadas principalmente no continente europeu e em outras localidades, quais sejam: Itália, França, Bélgica, Reino Unido, Turquia, Irã, Japão e Estados Unidos. Os autores objetivaram analisar uma gama de fatores preditores do esgotamento dos pais como os psicológicos, sociodemográficos e deposicionais, além de sua relação com patologias como a depressão, em diversos contextos e situações como a pandemia de COVID-19.
Discussão
A parentalidade vem se configurando como algo de grande complexidade e com elevado grau de estresse, de forma que em dadas situações alguns pais referem ausência de energia para cuidar dos filhos (Janisse et al., 2009). Somado a isso, os riscos à saúde e o medo associado ao COVID-19 influenciam o incremento dos níveis de estresse dos pais, e por conseguinte, o bem-estar das crianças (Spinelli et al., 2020). O novo coronavírus trouxe a necessidade de convívio permanente e intenso entre pais e filhos, decorrente da implementação das atividades laborativas e escolares de forma remota, como alternativa diante da necessidade de distanciamento social para prevenção à doença (Marchetti et al., 2020), sendo o trabalho em casa um fator de risco associado ao esgotamento dos pais.
Muitos estudos e pesquisas apontam que situações como as vivenciadas no decorrer da pandemia de COVID-19, apresentam grandes fatores tensionadores e ansiogênicos, haja vista a vivência constante do medo, incertezas, risco iminente de adoecimento e morte (Marchetti et al., 2020; Mousavi, 2020; Prikhidko & Wheaton, 2020; Jiao et al., 2020). Neste sentido, os pais temem que eles tenham a doença e seus filhos também, assim como, o isolamento social pode levar ao aumento da comunicação online, e os pais que usam as mídias sociais podem ser negativamente influenciados pelas emoções de outras pessoas on-line através do que é conhecido como contágio de emoções digitais (DEC) (Prikhidko & Wheaton, 2020).
Apesar das crianças não estarem entre o singular grupo de risco para contrair a infecção pelo novo Coronavírus SARS-CoV-2, visto que as evidências mostram uma taxa de mortalidade relativamente menor nesse grupo etário em comparação a outros, tais como adultos e idosos (Jiao et al., 2020), não se pode ignorar a susceptibilidade às repercussões psicossociais do distanciamento e isolamento social, que repercutem diretamente na saúde mental das famílias (Marchetti et al., 2020).
Essas repercussões causadas pela pandemia podem ser mais evidentes nas famílias com baixa renda e que perderam o emprego (Mousavi, 2020; Prickett et al., 2020) ou que trabalharam longas horas em casa, pois relataram níveis superiores de estresse (Lebert-Charron et al., 2018; Prickett et al., 2020). Sobre a relação entre trabalho e burnout parental, até que ponto o esgotamento parental pode ser diferenciado do esgotamento profissional ou dos sintomas depressivos, nos quais geralmente ocorrem simultaneamente ao esgotamento dos pais. O burnout está relacionado ao contexto, mas não significa que o desgaste dos pais e do trabalho nunca possam ocorrer simultaneamente, como também, que o esgotamento em uma esfera não pode levar ao desenvolvimento do esgotamento em outra (Mikolajczak et al., 2019).
Em contrapartida, Mousavi (2020) que avaliou o efeito da quarentena doméstica no surgimento do burnout parental, encontrou resultados inconsistentes com as informações supracitadas, nos quais os efeitos da quarentena doméstica sobre o esgotamento parental não foram significativos para pais e mães. Todavia, os pais tinham maior nível psicológico de bem-estar do que as mães. Isto pode ser devido às mulheres terem mais responsabilidades na família e pela distribuição desigual das tarefas, além delas sentirem menos controle sobre a vida (World Health Organização, 2019) e pressão da sociedade acerca da maternidade (Nelson-Coffey, et al., 2019).
Contudo, adequar-se às exigências impostas seja pelo grupo social, seja pelos próprios pais, tais quais serem bem-sucedidos na vida doméstica e na criação dos filhos, sendo estes bons em todos os aspectos: bem-educados, com bom desempenho escolar, saudáveis física e emocionalmente, faz com que tanto pais quanto, principalmente mães, sejam e sintam-se ainda mais pressionados e sob uma atmosfera de tensões (Roskam et al., 2017). E mesmo com todas as modificações relacionadas ao papel da mãe e do pai ocorridas ao longo do tempo, a sociedade ainda passa por um período de transição, em que as mulheres têm forçosamente de ter mais tempo para estar com as crianças, contudo não o tem (Nunes, 2020).
Outros fatores que têm bastante influência na ocorrência de burnout parental são os psicológicos e familiares (Sánchez-Rodríguez et al., 2019). O sentimento de culpa é um fator psicológico que pode ter um efeito agravante do esgotamento (Gil-Monte, 2012; Sánchez-Rodríguez et al., 2019), pois mães que sentem maiores níveis de culpa parecem ter mais dificuldade em confrontar a vida diária com seus filhos e apresentam níveis mais elevados de estresse (Sánchez-Rodríguez et al., 2019), assim como a percepção de conciliar trabalho e família, também pode contribuir com o sentimento de vergonha por não se acharem mães boas o suficiente (Hubert & Aujoulat, 2018).
Do mesmo modo, pais com perfis superprotetores, com comportamentos de apego e dependência, além da dificuldade quanto ao estabelecimento de ordens e limites no processo de criação e educação dos filhos, também se constituem em grupo de maior risco para esgotamento parental (Mikolajczak et al., 2017). O processo de exaustão parental abrange os aspectos emocionais relacionados à função dos pais que se sentem muito exigidos, cansados e limitados emocionalmente. A exposição constante ou por grande período a situações de tensão e grande estresse, atreladas à dificuldade ou ao não desenvolvimento de comportamento e conduta resiliente pelos pais, se constituem em elementos que estão diretamente relacionados ao estresse parental (Marchetti et al., 2020).
Os pais de crianças com problemas físicos ou mentais representam outro grupo com um risco maior de apresentar esgotamento. Neste sentido, o estudo de Gérain e Zech (2018) apresenta comparações necessárias a respeito do burnout em pais de CNE, ao fazer um comparativo com aqueles que não possuem filhos com comorbidade. Apontou que o trabalho realizado é o primeiro a contribuir de forma incisiva para que haja uma compreensão acerca do processo de cuidar de uma CNE, gera uma carga cumulativa que impulsiona impactos estressores, processo que afeta a relação pais - filhos. Sobre isso, destaca-se o neuroticismo como um fator de risco para ambos os pais que possuem filhos apresentando alguma especialidade ou não, além da falta de apoio entre os parceiros no processo de cuidar dos filhos, ou seja, a discordância co-parental, são importantes causas de estresse e resulta em aumento da psicopatologia acarretando sintomas de burnout (Gérain, 2018).
Em concordância, para Gokecen (2017) é comum mães que têm crianças com TDHA apresentarem uma exaustão emocional, pois os pais dessas crianças tendem a ter níveis mais elevados de estresse e de apresentarem maiores dificuldades parentais. Com frequência, famílias de crianças com TDAH relatam problemas nas interações pai-filho, nos relacionamentos conjugais, no funcionamento da família, e fazer ajustes parentais é comum (Gokecen, 2017). Nesse estudo o resultado positivo alcançado foi estabelecido através da realização de acompanhamento psicológico dessas mães e de tratamento com metilfenidato, no qual houve a melhora do humor e regressão do estresse ao longo do meses.
A relação entre o esgotamento parental e o perfeccionismo, conforme os estudos de Kawamoto, Furutani e Alimardani (2018) é direta, de forma que quanto maior a necessidade de exercer as funções parentais com excelência, dificuldades em delegar tarefas, e assim, procrastinação, maiores são os índices de esgotamento e desgaste emocional. Também é direta a relação entre o perfeccionismo, o esgotamento parental e o esgotamento no trabalho. Pais e cuidadores com a síndrome, têm uma maior probabilidade de apresentarem um quadro de exaustão nos contextos de trabalho.
Já Meeussen e Van Laar (2018) avaliaram mães afetivas e a relação entre a necessidade de perfeição no exercício da função parental como: reações afetivas e de cuidados mais intensas, hipervigilância e automonitoramento constantes, como tentativas de evitar erros e falhas no exercício do papel de cuidador(a). Observaram que, embora tais comportamentos apresentassem funcionalidade, aumentavam consideravelmente os níveis de estresse e de burnout parental.
Além disso, no estudo de Meeussen e Van Laar (2018) foram avaliadas mulheres que conciliavam a maternidade com o exercício de atividades laborativas, onde observaram que mulheres com níveis mais elevados de perfeccionismo no exercício da maternidade têm menos ambições na carreira, demonstrando um desequilíbrio da relação trabalho-família-carreira. Embora a presença feminina seja cada vez maior nos ambientes de formação e laborais, emergem situações conflituosas no âmbito familiar frente o desafio de conciliar a maternidade e a paternidade, sobretudo diante dessa nova realidade pandêmica (Meeussen & Laar, 2018).
O estudo de Mikolajczak e Roskam (2018) que utilizou a teoria dos riscos e recursos dos pais, evidenciou ser o burnout resultado de um desequilíbrio entre o risco e recursos, ou seja, quando os riscos superam os recursos. Também, identificou os fatores de risco para o burnout parental e esgotamento no trabalho, dentre esses fatores, os fatores sociodemográficos não apresentaram correlação com o burnout parental, uma vez que, pais com filhos deficiente, quando associado aos pais que possuíam altas cargas de trabalho, tempo de lazer e recursos restritos, perdia o efeito de aumento do esgotamento, sendo assim desconsiderado nas demais análises dos estudo.
Outro resultado da pesquisa de Mikolajczak e Roskam (2018) com uma grande importância clínica é que, fatores de risco comuns (por exemplo, uma personalidade perfeccionista, habilidades de gerenciamento de estresse pobres, tendências pessimistas) tinham grande relação para a previsão de desgaste dos pais e do trabalho, enquanto fatores de risco específicos inerentes aos domínios dos pais (por exemplo, padrões parentais elevados, práticas parentais inadequadas, coparentalidade insatisfatória) previu apenas o desgaste parental, sugerindo assim, que os pais que têm principalmente fatores de risco comuns em seu equilíbrio serão vulneráveis a ambas as formas de burnout, enquanto os pais que têm principalmente fatores de risco específicos inerente ao domínio dos pais em seu equilíbrio será vulnerável apenas ao esgotamento dos pais.
De acordo com Séjourné et al. (2018), duas a cada dez mães sofrem de esgotamento materno, apresentando um nível de fadiga alto de cerca da metade das mães que participaram do estudo. Depressão pós-parto anterior e problemas psicológicos tiveram uma grande relação ao burnout nas mães do estudo, sendo a depressão pós-parto um grande preditor altamente significativo ao esgotamento. Mães com empregos em tempo integral, também obtiveram um nível mais elevado de ansiedade, comparado às mães que trabalhavam em meio período, implicando que as altas cargas de trabalho, são precursoras e preditoras do burnout dos pais (Séjourné et al., 2018).
E por fim, Vigouroux & Scola (2018) destaca a influência dos fatores sociodemográficos e disposicionais de personalidade dos pais sobre o burnout parental e suas três dimensões, como também, ressalta que fatores situacionais como coparentalidade, satisfação conjugal e apoio social, podem interagir com fatores de disposição. Um dos resultados do estudo evidenciam ainda que pais muito meticulosos ou que não controlam suas emoções relatam mais esgotamento do que os pais que sofrem ou que são menos meticuloso.
A partir da realização desta revisão, os estudos evidenciaram alguns preditores do burnout em pai e/ou mãe, tais como: os eventos estressantes relacionados à pandemia (Marchetti et al., 2020; Mousavi, 2020; Prichidko et al., 2020), o sentimento de culpa (Sanchez-Rodrigues et al. 2019), ter filho com necessidades especiais (Gérain & Zech, 2018; Gokcen et al., 2017); o perfeccionismo (Kawamoto et al., 2018; Meeussen & Van Laar, 2018); o neuroticismo (Lebert-Charron et al., 2018; Vigouroux, 2018); a falta de apoio do companheiro (Mikolajczak et al., 2018; Séjourné et al., 2018); depressão pós-parto anterior (Séjourné et al., 2018); trabalhar em tempo integral (Séjourné et al., 2018) ou em casa (Lebert-Charron et al., 2018; Marchetti et al., 2020).
Tendo em vista a relevância do assunto e a insipiência de artigos publicados sobre burnout parental e seus fatores preditores, faz-se necessário a realização de estudos futuros acerca da temática, considerando contextos culturais diferentes dos apresentados por esta revisão e a partir de uma pesquisa observacional longitudinal, com vistas a observar o estado das coisas sem manipulá-lo, mas a longo-prazo, por permitir esclarecer os fatores envolvidos e excluir do grupo de hipóteses diferenças que não variam ao longo do tempo, além de possibilitar estudar a ordem temporal dos eventos. Outra questão importante, seria estudar a relação entre o impacto do esgotamento parental na saúde geral dos pais, diferente dos efeitos já conhecidos do burnout profissional, esses ainda precisam ser investigados.
Para a prática dos profissionais de saúde e de outros que lidam com pais e filhos, estes precisam ser informados sobre o esgotamento dos pais, para então serem capazes de identificar esta condição e saber realizar um diagnóstico diferencial entre burnout parental e profissional. Além disso, há a necessidade urgente de se investir em políticas públicas que busquem prevenir os fatores preditores e tratar o esgotamento dos pais, que em silêncio vivem uma vida exaustiva e à longo prazo nociva para sua saúde mental.
Contribuição dos autores
Iraneide dos Santos: Concetualização; Curadoria dos dados; Análise formal; Administração do projeto; Metodologia; Redação do rascunho original.
Danielle Cavalcanti: Metodologia; Investigação; Análise formal; Redação do rascunho original.
Luciana Nogueira: Metodologia; Investigação; Análise formal; Redação do rascunho original.
Priscilla Aguiar: Conceitualização; Investigação; Análise formal; Supervisão; Redação - revisão e edição.