SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número12O acesso das mulheres à docência nos Institutos de Ensino Secundário, em Espanha: condições de acesso e característicasComemorações, rituais e quotidianos na formação de professores (1959-1989) índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Lusófona de Educação

versão impressa ISSN 1645-7250

Rev. Lusófona de Educação  n.12 Lisboa  2008

 

A higiene e o governo das almas: o despertar de uma nova relação

José Gregório Viegas Brás*

 

A higiene deu início a um novo processo de psicologização. A higiene invadiu a sociedade e medicalizou os hábitos de vida, introduziu o dever de saúde, levando cada um a cuidar de si próprio. A higiene mais não é do que um saber que veio permitir uma nova salvação, um novo exercício de regulação e vigilância. É um saber que veio estruturar a sociedade, transformar a população e cada um em particular. Este processo de mudança veio exigir de todos uma busca de aperfeiçoamento a partir de uma nova matriz, um novo imaginário. Um novo mundo mental foi criado, novas formas de pensar, sentir e agir foram introduzidas na vida das pessoas, e nesta precisa medida, podemos dizer que uma nova alma foi criada. A partir deste novo saber, cada um se problematizou (se pensou) e construiu de maneira diferente. Neste sentido, a higiene é também um conhecimento “psi”.

Palavras-chave: saúde; governo; corpo; educação física.

 

Hygiene and the government of souls: the awakening of a new relationship

Hygiene initiated a new process of a psychological emphasis. Hygiene invaded society and drugs became part of the living habits and introduced the duty of health, leading each person to take care of one’s self. Hygiene is nothing more than a knowledge that has allowed a new salvation, a new exercise of regulation and surveillance. It’s a knowledge that has structured society, transforming the population and each one in particular. This changing process has required from all of us a search of improvement from a new matrix, a new imaginary. A new mental world was created, new ways of thinking, feeling and acting were introduced in people’s lives, and for this very reason we can say that a new soul was raised. From this new knowledge (which becomes power), each one questioned himself (thought) and built differently. In this sense, hygiene also is “psi” knowledge.

Key words: Health; Surveillance; Government; Body; Physical education.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

Referências Bibliográficas

Barthes, R. (1997). O prazer do texto. Lisboa: Edições 70.

        [ Links ]

Bombarda, M. (1901). Actas e Documentos do 1º Congresso dos Núcleos da Liga Nacional contra a Tuberculose. Lisboa: Tipografia Adolfo de Mendonça.

Brás, J. G.V. (2006). A fabricação curricular da Educação Física. História de uma disciplina desde o Antigo Regime até à I República. Dissertação de Doutoramento. Lisboa: Universidade de Lisboa / Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.

Centazzi, G. (1836). Considerações gerais sobre exercícios ginásticos e as vantagens que deles resultarão. Ensaio lido e dedicado à Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa. Lisboa:Topografia da A. S. Coelho e Cª.

Costa, J. M. C. (1883). Discurso proferido na sessão de abertura do ano lectivo de 1883-84 no Real Colégio Militar. S.l. : s.n.

Crespo, J. (1990). A história do corpo. Lisboa: Difel. Derrida, J. (s/d). Margens da Filosofia. Porto: Rés-Editora.

Elias, N. (1989). O processo civilizacional. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Feuchtersleben, B. (1887). Higiene da alma. Lisboa: Livraria de A.M. Pereira.

Fonseca, F. S. da (1616). Regimento para conservar a saúde e vida. Lisboa: Geraldo da Vinha.

Foucault, M. (1987). Vigiar e punir. Petrópolis: Editora Vozes.

Foucault, M. (1997). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária.

Foucault, M. (1998). As palavras e as coisas: Uma arqueologia das ciências humanas. Lisboa: Edições 70.

Foucault, M. (2001). Dits et écrits II, 1976-1988. Paris : Presses universitaires de France - Éditions Gallimard.

Franco, F. de M. (1819). Elementos de higiene ou ditames teoréticos, e práticos para conservar a saúde e prolongara vida. Lisboa: Tipografia da Academia.

Gadamer, H-G. (1998). Verdade e método. Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis: Editora Vozes.

Galvão, J. P. F. (1845). Curso elementar de higiene. Porto: Tipografia Comercial.

Goff, J. Le (2003). Uma história do corpo na Idade Média. Lisboa: Editorial Teorema.

Henriques, F. F. (1749). Âncora medicinal para conservar a vida com saúde. Lisboa: Oficina de Domingos Gonçalves.

Júnior, J. L. da S. M. (1897). Higiene e demografia em Budapeste. Relatório de João Martins Delegado do Governo Português ao Congresso. Lisboa: Imprensa Nacional.

Lopes,A. S. (1884). Conferências pedagógicas do Porto em 1884. Porto: Tipografia do Comércio do Porto.

Melo, D.A. J. de (1895). A educação física e militar no asilo D. Maria Pia. Lisboa: Tipografia de E. Rosa, Sucessores Pereira & Faria.

Meyer, M. (1998). Questões de retórica: Linguagem, razão e sedução. Lisboa: Edições 70.

Mosso, Â. (s/d.). A fadiga intelectual e física. Lisboa: Biblioteca de Iniciação Médica.

Ortigão, R. (1992 [1877]). “O estado da educação física”. As Farpas (vol.VIII). Lisboa: Clássica Editora.

Paiva, M. J. H. de (1787). Aviso ao povo ou sumário dos preceitos mais importantes concernentes à criação das crianças … profissões e ofícios, alimentos e bebidas, ar, exercício, etc. Lisboa: Oficina Razziana.

Pimenta, E. (1889). Breves noções de higiene para uso das escolas e das famílias. Porto: Casa Editora Alcino Aranha & Cª.

Ribeiro, M. F. (1903). A higiene e a instrução nas escolas primárias e médias. Oração de sapiência na sessão inaugural do Real Instituto de Lisboa. Lisboa: Imprensa Lucas.

Sarmento, J. E. de M. (1898). O rejuvenescimento da nação pela educação da mocidade. Discurso lido na sessão solene de abertura de aulas e distribuição de prémios do ano lectivo de 1898-1899. Lisboa: Tipografia Universal.

Semedo, J. C. (1741). Arte de criar bem os filhos na puerícia. Lisboa: Oficina de Miguel Deslan.

Silva ,A. A. P. D´O. (1894). Ginástica de natação prática. Porto: Tipografia da Empresa Literária e Tipográfica.

Souto, R. N. (1891). Questões de patologia e higiene social. Desejo de contribuir para a regeneração da sociedade portuguesa. Dissertação inaugural apresentada à Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Porto: Tipografia

Ocidental. Spencer, H. (1887). Da educação, moral, intelectual e física. Lisboa: Nova Livraria Internacional.

Vaz, F. (2002). Instrução e economia. Lisboa: Edições Colibri.

Vigarello, G. (1988). O limpo e o sujo. Lisboa: Fragmentos.

Vigarello, G. (2001). História das práticas de saúde. Lisboa: Editorial Notícias.

Wittgenstein, L. (1996). Investigações filosóficas. Petrópolis: Editora Vozes.

 

* Professor da Universidade Lusófona