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Revista Lusófona de Educação

Print version ISSN 1645-7250

Rev. Lusófona de Educação  no.16 Lisboa  2010

 

III Seminário de Educação Inclusiva

 

Isabel Sanches

 

Realizou-se nos dias 22 e 23 de Outubro de 2010, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, no Auditório Agostinho da Silva, dinamizado pelo Núcleo de Educação Inclusiva, núcleo integrante do Centro de Estudos e Investigação em Educação e Formação (CeiEF), do Instituto das Ciências da Educação, o III Seminário de Educação Inclusiva.

Com este espaço propusemos o debate e reflexão à volta de uma Educação que se quer para todos, com todos e de todos, não deixando nas margens os que são menos ´´iguais``, por razões de ordem intelectual, física, psicológica, racial, étnica ou religiosa.

Derrubar o pré-conceito de que não é possível ensinar no mesmo grupo crianças/jovens com diferentes níveis e/ou etapas de desenvolvimento e mobilizar para ´´meter as mãos na massa``, numa experimentação activa e reflexiva que ajude a rever os nossos pré-conceitos e a ´´construir o caminho, caminhando``, foram também nossos objectivos, neste Seminário. Destacamos no programa três momentos:

- os momentos culturais em que os protagonistas são aqueles que foram empurrados para as margens do sistema e cuja perfomance nos fará, certamente, rever/repensar a nossa atitude face aos nossos ´´encontros`` com a ´´diferença``;

- a voz dos especialistas que nos trazem para a reflexão problemáticas muito actuais e pertinentes, dando sentido a um melhor enquadramento teórico e suporte das práticas sociais e educativas;

- a experiência vivenciada e reflectida dos que todos os dias lidam com situações problemáticas inseridas na temática do Seminário e que, através das suas comunicações, vão partilhar connosco problemáticas emergentes das suas práticas educativas, alargando o diálogo e as possibilidades de resolução das mesmas.

A sessão de abertura contou com a presença do Magnífico Reitor da Universidade, Professor Doutor Mário Moutinho, que deu as boas vindas a todos os participantes e contextualizou este Seminário na dinâmica da Universidade e do Instituto das Ciências da Educação.

Os três momentos culturais que iniciaram cada um dos três painéis temáticos, um a cargo do Grupo de Dança da AFID (Associação de Famílias para a Integração das Pessoas com Deficiência), outro da CERCILISBOA e um outro da responsabilidade dos Cantores da CERCITEJO (sob a direcção de Maria de São José Cordeiro) foram três momentos altos do Seminário. O grupo de Dança cativou e fez suspender a respiração com a beleza, a agilidade de movimentos e a harmonia da expressão corporal do grupo. O grupo instrumental da CERCILISBOA arrebatou os participantes com a sua dinâmica e profissionalismo. Os Cantores da CERCITEJO levaram atrás de si o público, numa interacção contagiante de grande cumplicidade e de emoção. Estes momentos suscitaram, sem dúvida, nos participantes, uma grande reflexão, em torno do que são capazes as pessoas com deficiência mental, quando apoiadas e amadas.

O Professor Doutor Nuno Lobo Antunes agraciou-nos com uma conferência subordinada ao título Mal-entendidos: consequências do desenvolvimento atípico, fazendo-nos reflectir sobre o nosso quotidiano em interacção com os que, pelas mais diversas razões, se afastam dos padrões definidos como normais e nos mal-entendidos que essas situações originam, em termos de atitudes e comportamentos sociais e educativos.

O primeiro Painel, moderado pela Mestre Maria Eugénia Ferreira, teve três momentos: (i) a conferência do Prof. Doutor João Lopes, subordinada ao título A hiperactividade: Problemas de validade e fiabilidade na avaliação e intervenção, (ii) um testemunho de um pai de uma criança hiperactiva, Armindo Pereira, e ainda (iii) o Prof. Doutor Deodato Guerreiro, com a conferência Processos Sócio-Educativos Vitais para a Inclusão da Pessoa Cega na Família, na Escola e na Sociedade.

No momento do debate, uma mãe de uma criança com síndrome de Down partilhou com todos nós um testemunho emocionante do que tem sido o seu percurso de vida pessoal e profissional, desde o nascimento do seu filho, agora com seis anos. Desde deixar de ser chamada, na Universidade, como a professora X para passar a ser chamada a mãe de ...até às barreiras sociais e educativas que se têm erguido nos seus caminhos e do seu filho, no Brasil e agora em Portugal, bem como a constatação de que condições, meios e mentalidades não são muito diferentes num país e no outro, tudo é vencido com uma luta diária, sem tréguas.
Apresentado pela Mestre Anabela França Mota, seguiu-se o Painel em que o Professor Doutor Pedro Morato nos fez reflectir sobre as Dificuldades Intelectuais e Desenvolvimentais: a mudança de paradigma na concepção e definição da ´´Deficiência Mental`` e o Mestre Paulo Morgado sobre as suas vivências, como pai de uma criança com Síndrome de Down e, também, como professor de Educação especial.

A Profª. Doutora Maria Odete Emygdio da Silva moderou o Painel sobre Diferenciação Curricular: resposta aos alunos considerados com Necessidades Educativas Especiais, da responsabilidade da Prof.ª Doutora Teresa Leite e Adequações Curriculares: as práticas das escolas, da responsabilidade da Mestre Margarida Costa e Drª Graça Rico e, ainda, da Mestre Eugénia Ferreira e Drª Alexandra Ferreira.

Para além dos paineis temáticos, houve dois espaços de Comunicações livres, num total de vinte e nove, agregadas em cinco temáticas: A escola, espaço de Inclusão, Práticas de salas de aula inclusivas - I, Práticas de salas de aula inclusivas - II, As TIC e a construção da autonomia, Questionando a Inclusão e a Formação de Professores, Deficiência e Inclusão.

Foi realizado um livro de resumos, previamente enviado a todos os inscritos e que, agora, pode ser consultado em www.ceief.ulusofona.pt, III Seminário de Educação Inclusiva.

O Seminário teve um total de 350 inscrições, tendo sido esgotadas as vagas um mês antes da sua realização, facto que trouxe algumas dificuldades, em termos de organização. Participantes e Comissão organizadora deste terceiro Seminário de Educação Inclusiva fizeram um balanço muito positivo do mesmo, ficando a promessa de realização do quarto, no início do próximo ano lectivo.