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Relações Internacionais (R:I)

versión impresa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  no.70 Lisboa jun. 2021  Epub 31-Ago-2021

https://doi.org/10.23906/ri2021.70a02 

O balanço da era Merkel

Angela Merkel e a política externa da Alemanha. As relações com a Europa, os Estados Unidos, a Rússia e a China

Angela Merkel and Germany’s foreign policy: relations with Europe, the United States, Russia and China

Patricia Daehnhardt1 

Madalena Meyer Resende2 

1 IPRI-NOVA- Rua de D. Estefânia, 195, 5.º D.to, 1000-155 Lisboa, Portugal, patricia.daehnhardt@ipri.pt

2 FCSH-NOVA - Avenida de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa, Portugal, madalena.resende@fcsh.unl.pt


Resumo

Este artigo faz um balanço dos dezasseis anos da política externa de Angela Merkel, num momento em que o sistema internacional sofre uma forte competição hegemónica entre os Estados Unidos e a China. À falta de uma «grande estratégia de política externa», Merkel utilizou o método de reação às crises caracterizado pela mediação e a equidistância entre as forças em competição, tornando‑se no fiel da balança da política europeia e elevando a Alemanha a potência central da União Europeia. Contudo, a equidistância é crescentemente vista como sinal de fraqueza e falta de visão estratégica, resultando na caracterização da Alemanha como uma «potência incerta».

Palavras-chave: Alemanha; política externa; Angela Merkel; semi‑hegemonia

Abstract

Angela Merkel and Germany’s foreign policy: relations with Europe, the United States, Russia and China

This article takes stock of the 16 years of Angela Merkel’s foreign policy, at a time when the international system suffers from strong hegemonic competition between the USA and China. In the absence of a “grand foreign policy strategy”, Merkel’s method of reacting to crises is characterised by mediation and equidistance and elevated Germany to a central power in the EU. However, in the con‑ text of the increasingly fierce competition among great powers, this equidistance was increasingly seen as a sign of weakness and lack of strategic vision, resulting in Germany being characterized as an “uncertain power”.

Keywords: Germany; foreign policy; Angela Merkel; semi‑hegemony

Introdução

Em 26 de setembro de 2021 realizam‑se eleições legislativas na Alemanha que irão pôr fim aos quatro governos de coligação liderados por Angela Merkel. Apesar da elevada taxa de popularidade até à atualidade, a chanceler manteve a sua decisão, tomada em outubro de 2018, de não concorrer a um quinto mandato1. Esta opção irá iniciar uma nova era na política externa da Alemanha num momento particularmente importante devido à hostilização crescente entre as grandes potências e de alteração da estrutura do sistema internacional devido à possível transição de poder da multipolaridade sistémica liderada pelos Estados Unidos para uma nova distribuição de poder em que a China se afirma como a principal potência hegemónica. Por agora, a competição entre os Estados Unidos e a China está em pleno curso, e a Alemanha, como uma das potências europeias mais importantes e o ator central da União Europeia (UE), será cada vez mais desafiada a posicionar‑se nesta competição sistémica, cujo resultado está contudo longe de ser certo.

Angela Merkel, Gestora De Crises Europeias

Angela Merkel liderou os destinos da Alemanha durante quatro governos de coligação, entre 2005 e 2021. Nestes dezasseis anos, foi inúmeras vezes qualificada como a mulher mais poderosa do mundo2. A sua forma idiossincrática de exercer o poder deriva, segundo Stefan Kornelius, na sua biografia sobre a chanceler, da maneira como

«Merkel molda a sua visão do mundo de forma muito analítica. Ela examina os argumentos, coleciona factos de forma sistemática, e considera os prós e os contras. O problema desta abordagem dialética é que Merkel propõe compromissos, em vez de implementar a sua própria posição. Como política, está longe de ser impulsiva, e não é ideológica»3.

Na política europeia, Angela Merkel colocou a Alemanha no centro da UE, principalmente como resultado da gestão das sucessivas crises que assolaram a União desde 2010. Para a chanceler, o projeto de integração europeia sempre foi existencial para a Alemanha, também porque legitima a unificação do país e sustenta uma Alemanha multilateralista, europeizada e ancorada em estruturas europeias institucionalizadas. O seu estilo pragmático de governação levou‑a a definir o «método da união» como método preferencial de gestão de crise - a integração intergovernamental em detrimento da integração supranacional do «método comunitário», confirmando a viragem intergovernamental iniciada com o Tratado de Lisboa. A chanceler delineou a preferência pelo reforço do intergovernamentalismo num discurso que proferiu em Bruges, na Bélgica, em novembro de 2010, quando caracterizou o «método da União» como a «combinação do método comunitário e da ação coordenada dos Estados‑Membros»4. Na realidade, isto significava que o poder de decisão fora transferido informalmente do domínio supranacional para o domínio intergovernamental dos Estados‑Membros, exercido no Conselho Europeu ou noutras instâncias intergovernamentais, em vez de na Comissão ou no Parlamento Europeu.

Na relação como os outros Estados‑Membros, Merkel agiu frequentemente como mediadora hábil no desbloqueio de impasses negociais europeus, na intermediação de compromissos no Conselho da UE e, por vezes, na gestão de equilíbrios frágeis através de concessões materiais que a Alemanha, com mais capacidade económica do que qualquer outro Estado, estava em condições de fazer. Como observou Kornelius, «o maior legado de Merkel é que ela conseguiu manter a União Europeia unida numa era de intensa tensão, algo que requer vontade política e normalmente algum dinheiro alemão». Desta forma, «ela conduziu a Alemanha para o centro da Europa e aumentou a sua influência sem ser vista como uma ameaça pelos seus vizinhos», o que o autor considera «um feito histórico»5.

E, contudo, Merkel

«não definiu uma grande estratégia para a integração europeia, nem uma visão excessivamente ambiciosa da Europa, preferindo decidir as suas políticas em torno de respostas concretas às crises que iam surgindo. Assim, o que para alguns foi louvado como flexibilidade de adaptação na reação a crises, foi para outros criticado como sendo uma política meramente reativa limitada a respostas táticas»6.

Desde 2005, a UE deparou‑se com um crescendo de crises internas que tem vindo a desgastar o processo de integração europeia: começando com o fracasso da constituição europeia após a rejeição dos referendos holandês e francês, nesse ano, seguindo‑se a prolongada crise financeira e económica na zona euro, entre 2010 e 2015, até à ascensão de partidos eurocéticos e nacionalistas às estruturas governativas em alguns países, como Suécia, Áustria, Polónia e Hungria, e à saída do Reino Unido da UE em 2016. A crise dos refugiados, vindos da Síria e do Norte de África, e, finalmente, as divergências iniciais na resposta à pandemia de covid‑19 demonstram que as decisões dos governos de Merkel influenciaram decisivamente a gestão das respostas europeias, e que, de todas elas, a posição da Alemanha na UE saiu reforçada.

Na crise das dívidas soberanas dos países da zona euro, a chanceler Merkel reconheceu a gravidade da crise quando declarou ao Bundestag, em maio de 2010, que o euro representava a «ideia europeia», e que «se o euro falhar, a Europa falhará»7. Contudo, simultaneamente, a Alemanha dificultou a resolução da crise ao manter‑se inflexível na oposição à mutualização da dívida e à emissão de eurobonds e na exigência de condições rigorosas para os resgates financeiros. Como Simon Bulmer e William Paterson observaram, as medidas propostas por Berlim «saíram diretamente do conjunto de ferramentas ordoliberais: regras fiscais estritas com um âmbito limitado de intervenção discricionária, [...] onde eurobonds eram incompatíveis com os princípios ordoliberais da Alemanha e antitéticos à opinião pública alemã»8. A crise da zona euro consolidou a Alemanha como potência central europeia, mas a liderança de Merkel foi criticada como sendo hesitante, cautelosa e pouco aberta a compromissos, impossibilitando que Berlim criasse uma aliança para aumentar a sua influência. Internamente, Merkel insistiu que não havia alternativa às medidas adotadas pelo seu governo. As vozes críticas desta abordagem viriam a constituir, em 2013, o partido de extrema‑direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Por fim, as medidas implementadas pela troika - constituída pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu -, respectivamente, em Portugal, na Irlanda e na Grécia, levaram à resolução da crise e implementaram a política alemã de austeridade económica, resultando no fortalecimento das regras fiscais e de disciplina orçamental, mas num contexto de forte contestação social nos países intervencionados. Apesar dos custos, a liderança da chanceler Merkel, criticada por muitos como sendo hesitante e inflexível, acabou por ser decisiva para a sobrevivência da moeda única, para a manutenção destes países na zona euro e evitando assim a desintegração da UE.

A crise dos refugiados, no verão de 2015, marcada pela entrada de um número inédito de refugiados vindos do Norte de África e do Médio Oriente, resultando principalmente da Guerra da Síria, foi a crise mais marcante para Merkel. Segundo Helms, Van Esch e Crawford, a chanceler foi «motivada por crenças de princípio, em vez de por considerações de interesse próprio instrumental ou de estratégia política»9. «Dada a profunda crença na justiça» da sua política, mostrou «uma tenacidade particular» em persegui‑la «mesmo em face da prolongada controvérsia e da forte dissidência» de alguns parceiros europeus10. Se é certo que na aceitação de um milhão de refugiados pela Alemanha havia também interesses económicos em jogo, uma vez que os indicadores demográficos mostravam uma sociedade envelhecida e uma população ativa em declínio que levará a Alemanha a depender da força de trabalho imigrante nas próximas décadas, a decisão de Merkel de abrir as fronteiras terá sido a decisão mais emotiva dos seus dezasseis anos de liderança, e porventura a politicamente mais arriscada.

A exclamação da chanceler «Wir schaffen das» («Vamos conseguir isto»), numa conferência de imprensa, em Berlim, a 31 de agosto de 2015, visava convencer tanto a opinião pública interna como os seus parceiros europeus de que a Alemanha tinha a capacidade para aceitar um milhão de refugiados e exemplificar uma «cultura de hospitalidade» (Willkommenskultur), num gesto humanitário que esperava convencer os parceiros europeus que a Europa no seu todo poderia resolver a crise11. Contudo, a proposta de Merkel de um sistema redistributivo de quotas entre os Estados‑Membros acabou por ser rejeitada por muitos líderes que, por razões internas, não estavam dispostos a aceitar refugiados nos seus países. Incapaz de contar com a boa vontade dos seus parceiros europeus, Merkel foi decisiva na negociação de um acordo, entre a UE e a Turquia, em março de 2016, para conter o contínuo fluxo migratório para a Europa e segundo o qual a Turquia se comprometia a receber os refugiados sírios a troco de financiamento da UE12. Para os críticos, este acordo tornou a Alemanha e a UE reféns da boa vontade do Presidente turco, Recep Erdogan, e o sistema de quotas, que previa uma distribuição proporcional de refugiados pelos Estados‑Membros apenas foi aceite por alguns países, como Portugal, sendo rejeitado pela Húngria, pela Polónia, pela República Checa e pela Áustria.

A crise do Brexit - o voto a favor da saída do Reino Unido (RU) da UE, em junho de 2016 - foi um choque inesperado para Berlim, que sempre tinha sido a favor da permanência da Grã‑Bretanha dentro da UE13. O Brexit mudou a relação entre a Alemanha e a Grã-Bretanha, que até então tinham construído laços diplomáticos que, apesar de discretos, eram assentes em cooperação pragmática em questões de interesse estratégico, tal como o alargamento institucional da UE para a Europa de Leste14. O papel da chanceler foi crucial durante os quatro anos de negociação do acordo dos termos do Brexit, e resultou numa posição negocial conjunta entre os restantes 27 Estados‑Membros, evitando uma rutura no seio da União e finalmente permitindo alcançar o Acordo de Retirada UE‑RU, em outubro de 2019, e o Acordo de Comércio e Cooperação, de abril de 202115. Inevitavelmente, o Brexit alterará profundamente os equilíbrios na UE e na parceria transatlântica, podendo significar o fortalecimento da cooperação de defesa franco‑alemã e de um pilar securitário continental, por um lado, ou uma política mais transatlântica alemã e o surgimento de novas divergências franco‑alemãs, por outro, para além do risco de divisão entre um eixo europeu continental franco‑alemão e um eixo atlântico anglo‑saxónico.

Por último, a pandemia de covid‑19 representa, nas palavras da chanceler alemã, «o maior desafio da história da UE»16. A coliderança franco‑alemã, julgada adormecida, entre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler Merkel foi decisiva na obtenção do acordo inédito alcançado no Conselho Europeu, em 21 de julho, já durante a Presidência alemã da UE, sobre a criação do fundo de recuperação europeu [NewGenerationEU (NGEU)], de 750 mil milhões de euros para relançar a economia europeia e apoiar os Estados mais afetados pela pandemia17. Neste acordo, considerado histórico por muitos pela resposta solidária e rápida da União, a Alemanha tinha mudado de posição, ao aceitar a mutualização das dívidas entre os Estados‑Membros, ao contrário do que tinha acontecido na crise do euro uma década antes, e Merkel revalidou as suas credenciais de líder impulsionadora do reforço da integração europeia.

Face a uma opinião pública interna que continuava a opor‑se à ideia de uma união de transferências da UE, o governo federal insistiu que a sua aprovação do NGEU era uma medida temporária e excecional para evitar a desintegração da União, e preservar os interesses económicos da Alemanha no mercado único. A 26 de março de 2021, o Bundestag aprovou o fundo por uma larga maioria de 478 entre 645 deputados e, um mês mais tarde, o Tribunal Constitucional Federal sancionou a ratificação do tratado18. Apesar de se tratar de uma medida excecional, a adoção do NGEU marcou uma posição nova de Berlim, que contrastou com a rejeição, há uma década, de medidas de mutualização de dívidas durante a crise do euro.

A mediação da chanceler no contexto europeu teve ainda um ponto alto em dezembro de 2020, quando Merkel negociou o compromisso que, perante a oposição assumida pela Polónia e a Hungria19, conciliou a adoção do Mecanismo de Estado de Direito com a viabilização do NGEU20. Fazendo face ao veto que os dois países ameaçavam impor ao fundo de recuperação, Merkel concebeu uma solução de compromisso que serviu de base à imposição de condicionalidade democrática ao processo de outorgação dos fundos do NGEU. Apesar de a aprovação do plano de recuperação de 750 mil milhões de euros ter ficado formalmente ligada apenas a critérios genéricos de anticorrupção, a Comissão assumiu ampla discrição sobre o seu desembolso21.

O motor franco-alemão gripado

Com a França, a sua parceira europeia mais importante, Merkel promoveu uma coliderança da UE. Contudo, não havia dúvidas de que Berlim e Paris tinham ideias contrastantes sobre o papel dos seus países. Para Berlim, a funcionalidade da integração europeia do período da Guerra Fria continuava a ser a construção de uma identidade alemã europeizada, um mercado único que lhe permitia a consolidação enquanto potência económica e o ancoramento institucional em estruturas multilaterais europeias22. Para Paris, a integração europeia servia para garantir a soberania francesa numa Europa intergovernamental de nações soberanas, facilitar a liderança francesa na Europa comunitária, ao mesmo tempo que as instituições europeias possibilitavam a contenção de uma possível hegemonia alemã, e, no plano externo, promoviam a UE como futuro ator global com capacidades autónomas de defesa num mundo multipolar. Após a unificação alemã, em 1990, o bilateralismo institucionalizado franco‑alemão, que sempre fora a parceria europeia preferencial da Alemanha, e que funcionava simultaneamente como legitimador dos interesses alemães assim como motor ou travão às iniciativas de integração com as quais a Alemanha concordava ou discordava, tornou‑se um bilateralismo mais desequilibrado e a Alemanha e a França tornaram‑se parceiros desiguais23. Enquanto o poder da Alemanha aumentou continuamente neste período, a França tentou travar o declínio do seu poder. Esta dinâmica enfraqueceu o mecanismo de contenção mútua e desacelerou o ritmo de iniciativas conjuntas. O frouxo apoio da França ao alargamento institucional da UE aos países de Leste serve de exemplo, pois Paris previu que este alargamento iria deslocar o centro de gravidade da UE para Leste e consequentemente beneficiar a posição negocial da Alemanha enquanto potência centro‑europeia. Assim, o «bilateralismo incorporado» franco‑alemão tornou‑se cada vez mais assimétrico, refletindo o aumento do poder estrutural e institucional da Alemanha e a fraqueza económica da França24. Os presidentes franceses estiveram perante um dilema constante na sua política europeia. Por um lado, a França procurava dissuadir a Alemanha de adotar decisões unilaterais, por outro, temia que, ao juntar‑se às iniciativas alemãs, estaria a promover o novo estatuto da Alemanha como principal potência europeia e, consequentemente, a enfraquecer o seu próprio estatuto.

Na resolução da crise da zona euro, o eixo franco‑alemão foi crucial. Se o início da crise o revitalizou, quando Merkel e o Presidente Nicholas Sarkozy propuseram a criação de um pacto fiscal para promover a disciplina fiscal e limites à dívida pública, os parceiros europeus acusaram Paris e Berlim de constituírem uma co‑hegemonia franco‑alemã, como aconteceu no encontro de Deauville, em outubro de 2010. Contudo, a evolução da crise espelhava cada vez mais o novo poder da Alemanha e a perda de influência da França na Europa. Berlim e Paris passaram a discordar sobre os modelos distintos: enquanto Merkel condicionou o pagamento dos resgates ao cumprimento rigoroso de um pacote de reformas estruturais, incluindo o controlo e a redução do défice orçamental por parte dos países em crise, o novo Presidente François Hollande defendia, em 2012, que as reformas teriam de ser acompanhadas por um programa de estímulo ao crescimento económico25. A crise revelou o desequilíbrio do motor franco‑alemão e a impossibilidade de este servir de mecanismo eficaz de resolução da crise, e sublinhou o predicamento francês de simultaneamente cooperar com a Alemanha para evitar uma resposta unilateral alemã ao mesmo tempo que o fazia sob pena do enfraquecimento do estatuto da França e reforço do da Alemanha26. Berlim não aceitou nem um pacto para o crescimento nem a introdução dos eurobonds, a mutualização da dívida, e Paris não foi capaz de liderar um bloco com a Itália e a Espanha de oposição à Alemanha.

Desvalorizando as dificuldades entre os dois países, os críticos do tandem franco‑alemão acusavam a cooperação bilateral de refletir uma estratégia que perpetuava um diretório, ou uma hegemonia cooperativa. Mas ao longo dos dezasseis anos em que Merkel liderou a Alemanha, a especificidade da relação bilateral refletiu as alterações de poder entre Paris e Berlim: foi principalmente a crise económica e financeira na zona euro que confirmou o aumento do poder da Alemanha e a perda relativa de influência da França na Europa. A dificuldade na continuidade da cooperação franco‑alemã, resultando de uma parceria cada vez mais desigual, levou a que o Presidente Emmanuel Macron advogasse, num discurso na Sorbonne, em setembro de 2017, a recuperação da «soberania europeia» e apelasse a uma parceria franco‑alemã revigorada no Centro da Europa e uma «tomada de partido» mais arrojada de Berlim, sobre questões de Estado de direito com a Polónia e a Hungria ou relações comerciais com os Estados Unidos27. A resposta da chanceler Merkel a estas propostas foi, quando muito, tépida, e o Governo alemão foi criticado por não responder favoravelmente às propostas dinamizadoras de Macron para tornar a UE mais resiliente após as suas sucessivas crises da década de 201028.

A crescente assimetria na relação, e o potencial enfraquecimento do motor franco‑alemão, refletem‑se também no domínio da política de segurança e defesa da UE, com perspetivas distintas entre Macron e Merkel em que, por exemplo, a França defendia uma Cooperação Estruturada Permanente (PESCO) limitada a um pequeno número de Estados‑Membros, ao passo que a Alemanha conseguiu que a pesco viesse a integrar o maior número de Estados‑Membros possível, tornando a gestão dos projetos, na prática, mais inclusiva mas menos eficaz29. A Bússola Estratégica, o novo documento estratégico que a UE planeia adotar em 2022, partiu de um impulso alemão para uma estratégia da UE sobre gestão de crises, resiliência, capacidades e parcerias30. No entanto, as diferenças franco‑alemãs em relação aos interesses estratégicos sobre a autonomia estratégica da UE, preferida por Paris, e a importância da NATO e das relações transatlânticas para os Estados europeus, preferida pela Alemanha, podem abrandar a integração da Política Comum de Segurança e Defesa da UE. Nem a chanceler Merkel nem a ministra da Defesa Annegret Kramp‑Karrenbauer responderam entusiasticamente às ideias de Macron para a autonomia estratégica, e muito menos à custa do pilar europeu na NATO31.

Por seu turno, a investida de charme do Presidente Biden a Berlim parece ter retirado qualquer apetite que restasse no Governo alemão de prosseguir a «autonomia estratégica europeia». Desaparecida a hostilidade de Trump, as fissuras nos alicerces da autonomia estratégica tornaram‑se cada vez mais evidentes. No debate eleitoral sobre a política externa, em julho de 2021, o candidato à chancelaria federal do partido União Democrata Cristã (CDU), Armin Laschet, vincou que não apoia a autonomia estratégica europeia, demonstrando que esta parece ter desaparecido das prioridades dos políticos alemães32.

Como acima referido, a pandemia de covid‑19 relançou momentaneamente o tradicional motor franco‑alemão da integração europeia, nomeadamente para apoiar a recuperação das economias dos Estados‑Membros mais afetados pela pandemia. Na reunião do Conselho da UE, em 21 de julho de 2020, e apesar da oposição dos Estados «frugais» (Holanda, Suécia, Dinamarca e Áustria), os Estados‑Membros da UE aprovaram o NGEU.

Pela primeira vez, a Comissão Europeia foi habilitada a emprestar uma soma considerável de 750 mil milhões de euros, nos mercados de capitais, para financiar a recuperação pós‑pandemia33. Se é certo que este acordo apenas conseguiu ser alcançado devido ao relançamento da parceria franco‑alemã, nos restantes domínios da política europeia o motor entre Berlim e Paris, também devido às condicionantes dos calendários eleitorais internos, com eleições legislativas na Alemanha, em 26 de setembro de 2021, e eleições presidenciais na França, em maio de 2022, dará apenas um frouxo contributo à integração europeia.

A Alemanha e os Estados Unidos

Se a União Europeia (UE) é o primeiro pilar da política externa da Alemanha, as relações com os Estados Unidos são o segundo. Enquanto chanceler, Angela Merkel lidou com quatro presidentes norte‑americanos. Em contraste com o seu antecessor Gerhard Schröder, Merkel deu‑se pessoalmente bem com o Presidente George W. Bush, e, enquanto líder da CDU/CSU na oposição, apoiou a sua decisão de intervenção militar norte‑americana no Iraque, em 2003, em resposta aos ataques do 11 de Setembro de 200134. Já como chanceler, em novembro de 2005, Merkel promoveu a recuperação da relação transatlântica após a mais grave crise transatlântica e divergência americano‑alemã sobre a intervenção militar no Iraque. Ao mesmo tempo, Merkel divergiu das posições da Administração Bush quando recusou o apoio à integração da Geórgia e da Ucrânia na NATO, na cimeira da Aliança, em Bucareste, em abril de 2008, ou da Turquia na UE, desde 200535.

Com o Presidente Barack Obama, a chanceler Merkel desenvolveu um relacionamento próximo e caloroso, contrariamente ao contacto bilateral inicial. Obama definiu a política do reposicionamento estratégico em direção ao Indo‑Pacífico (pivô para a Ásia) e sinalizou a Berlim que a Alemanha deveria assumir maiores responsabilidades de liderança no espaço euro‑atlântico36. Apesar desta postura mais exigente, não penalizou Berlim pela abstenção na votação da Resolução 1973 no Conselho de Segurança da ONU aquando da intervenção da NATO na Líbia em 201137 ou pela fraca participação da Alemanha na coligação internacional contra o Estado Islâmico, durante a Guerra da Síria. Na resposta à anexação da Crimeia pela Rússia, e à intervenção da Rússia no Leste da Ucrânia, em 2014, contudo, Obama assumiu a posição do «leading from behind»38 e deixou a Alemanha assumir a liderança da resposta política de aplicação de sanções económicas e financeiras à Rússia. Tratou‑se de um raro exemplo de gestão conjunta de uma crise internacional pelos Estados Unidos e a Alemanha. Os dois países assumiram, num momento de desafio fundamental da Rússia da ordem europeia e transatlântica, uma «parceria em liderança» (partnership in leadership)39. Berlim e Washington convergiram na análise sobre a nova rivalidade estratégica como consequência da ameaça representada pela Rússia. Por outras palavras, durante a Administração Obama, pela mão de Angela Merkel, a Alemanha tornou‑se a aliada transatlântica mais importante dos Estados Unidos.

Indubitavelmente, foi com Donald Trump que Merkel teve a relação pessoal e política mais complicada, não apenas pelo desprezo pessoal que Trump outorgou à chanceler, mas também pela desvalorização que o novo interlocutor da Casa Branca impôs aos aliados transatlânticos, da UE e da própria Alemanha40. Acusando‑os de práticas comer‑ ciais injustas e de contribuirem insuficientemente para a defesa da Aliança Atlântica, as divergências sobre a importância das alianças, do multilateralismo e dos interesses entre aliados foram exacerbadas pelo apoio de Trump ao Brexit e a sua oposição à UE, e pela abordagem transacional em relação à NATO, que considerou obsoleta, e pelo princípio orientador do nacionalismo egoísta da política unilateralista da «América primeiro» («America first»)41. Em resposta a Trump, Merkel afirmou, em 28 de maio de 2017, depois das cimeiras da NATO e do G7, que «os tempos em que podíamos confiar plenamente nos outros acabaram […] Nós, europeus, devemos realmente tomar o nosso destino nas nossas próprias mãos»42. Face ao unilateralismo nacionalista do Presidente norte‑americano, Merkel foi considerada por muitos como líder e defensora do mundo livre, democrático e multilateral e da ordem internacional liberal, substituindo assim o tradicional papel assumido pelos Estados Unidos.

Os quatro anos da Presidência Trump revelaram a ausência de cooperação entre a Europa e os Estados Unidos para responder em conjunto aos novos desafios geopolíticos e puseram a descoberto divergências fundamentais sobre diplomacia, política de alianças, orçamentos de defesa e políticas comerciais, assim como sobre o recuo estratégico de zonas de crise na vizinhança europeia, como na Líbia, no Sahel, na Somália, na Síria e no Iraque43. A pandemia de covid‑19, que atingiu a Europa em inícios de 2020, meramente acelerou a crise política transatlântica já existente, e, na relação bilateral, Trump não se coibiu de, já no final do mandato, no verão de 2020, anunciar a retirada de um terço dos cerca de 35 mil soldados norte‑americanos estacionados em solo alemão, em jeito de sublinhar, uma vez mais, o desprezo que sentia pelo Governo alemão que, na perspetiva do Presidente norte‑americano, deixara de ser o principal parceiro político dos Estados Unidos na Europa e na NATO44. Durante os quatro anos da Presidência Trump, por isso, Merkel foi essencial para manter o equilíbrio, frágil, na relação transatlântica e evitar o corte dos laços transatlânticos45.

Quando se tornou Presidente, em janeiro de 2021, Joe Biden assumiu, por isso, que a Administração norte‑americana tinha de fazer algumas concessões, especialmente aos alemães. Em fevereiro, na Conferência de Segurança de Munique, realizada virtualmente devido à pandemia, Biden foi claro ao colocar a parceria transatlântica no centro da sua política externa - e num novo sistema de alianças multilaterais como suporte à liderança norte‑americana - quando afirmou:

«A América está de volta. A aliança transatlântica está de volta. […] A aliança transatlântica é uma base forte - a base forte - sobre a qual a nossa segurança colectiva e a nossa prosperidade partilhada são construídas. A parceria entre a Europa e os Estados Unidos, na minha opinião, é e deve continuar a ser a pedra angular de tudo o que esperamos realizar no século XXI, tal como o fizemos no século xx.»46

Consequentemente, a primeira visita do novo Presidente ao estrangeiro foi à Europa, em junho de 2021. Muito do que foi incluído nas declarações finais da cimeira do G7, da cimeira da NATO e na reunião entre os Estados Unidos e a UE, assim como a posição de Biden face à Rússia, no encontro bilateral com Putin, refletiu a vontade da nova Administração em regressar à Aliança Atlântica e revitalizar a relação transatlântica para relançar as bases para o reforço da Aliança Atlântica e o aprofundamento da comunidade de segurança transatlântica. Logo na cimeira do G7, Biden deixou claro que para Washington «a aliança atlântica é crítica aos interesses norte‑americanos» e assumiu o compromisso com o artigo 5.º do Tratado da NATO como «uma obrigação sagrada»47. Ao mesmo tempo, é evidente que o reposicionamento estratégico dos Esta‑ dos Unidos para o Indo‑Pacífico continua em curso e que, consequentemente, a viagem de Biden à Europa não teve a importância que teve apesar da competição entre Estados Unidos e China, mas devido a essa rivalidade.

A revitalização transatlântica passa pela recuperação da liderança dos Estados Unidos da comunidade democrática internacional e pelo reconhecimento da importância de uma coordenação estratégica conjunta com os aliados europeus para o fortalecimento de uma ordem internacional assente na vigência de regras e do direito internacional, assim como numa contranarrativa estratégica democrática para conter a China e impedir uma estratégia conjunta sino‑russa antiocidental. Em relação a Berlim, o Presidente Biden perspetiva a concretização da partnership in leadership sugerida há mais de três décadas, pelo Presidente George W. H. Bush, em maio de 1989. Para o efeito, Biden revogou a ordem do seu antecessor de retirada de tropas norte‑americanas do território alemão e colocou momentaneamente de parte o desacordo com a Alemanha sobre o pipeline de gás natural Nordstream II - a construção do segundo gasoduto entre a Rússia e a Alemanha -, o que muitos consideraram uma concessão a Berlim48. Por seu turno, na sua visita a Berlim, em finais de junho, o secretário de Estado Anthony Blinken referiu que «os Estados Unidos não têm melhor parceiro, não têm melhor amigo no mundo do que a Alemanha», reconhecendo a relevância da Alemanha na abordagem de questões sobre as alterações climáticas, relações económicas, assim como o posicionamento da Alemanha e da Europa face à China em termos económicos e tecnológicos49.

No campo económico, a cooperação transatlântica avançou desde a eleição de Biden. O recém‑criado Conselho Transatlântico de Comércio e Tecnologia tornou concreta a cooperação entre europeus e americanos em questões como as cadeias de abastecimento, o controlo das exportações e o rastreio dos investimentos50. Por fim, durante a reunião do G7, a Administração Biden propôs uma iniciativa - a Build Back a Better World (B3W) - que pretende ser uma alternativa à Belt and Road Initiative chinesa51. A linguagem e a abordagem propostas pela B3W têm influenciado as posições de Angela Merkel nas suas intervenções recentes.

Em julho, Merkel foi a primeira líder europeia a visitar Joe Biden na Casa Branca desde que este tomou posse em janeiro. Nesta sua última visita a Washington como chanceler, Merkel demarcou os contornos do contributo da Alemanha para a relação entre Berlim e Washington e sublinhou que a Alemanha cooperaria com os Estados Unidos em resposta às agressões políticas, informáticas e territoriais russas e às ações antidemocráticas da China com o intuito de fortalecer a relação transatlântica na era pós‑Merkel52. Contudo, a Alemanha de Merkel não assumiu um posicionamento claro face à Rússia e à China, o que submeteu os governos da chanceler, principalmente o último, a duras críticas de sitting on the fence e de não querer tomar partido na competição cada vez mais visível entre Estados Unidos e China, optando por tentar conciliar os interesses económicos defendidos nas suas relações com a Rússia e a China com interesses securitários garantidos pela sua relação com os Estados Unidos, num jogo de equilíbrio que alguns políticos e parte da indústria alemã consideram insustentável a médio prazo53 e numa ambiguidade estratégica que alguns preveem poder não terminar com a saída de Merkel do poder54.

Merkel e a Rússia

A maior mudança na política externa alemã feita por Angela Merkel deu‑se na relação bilateral com a Rússia55. A deterioração das relações entre a UE e a Rússia encontrou na crise da Ucrânia de 2014 não só a expressão mais complexa, mas também a que revela de forma mais clara as diferentes perceções e quadros cognitivos e normativos entre a Europa e a Rússia, e foi esta crise que esteve na origem desta mudança na posição de Berlim. Embora inicialmente os governos de Merkel tenham tentado pro‑ mover a aproximação da Rússia a estruturas securitárias no espaço euro‑atlântico, como foi o caso da proposta conjunta da chanceler Merkel e do Presidente russo Medvedev para a criação de um Comité Político e de Segurança (em 2010), a anexação da Crimeia pela Rússia resultou na violação de várias linhas vermelhas: o direito internacional, a Ata Final de Helsínquia, de 1975, e os Acordos de Budapeste, de 1994, assim como os princípios da Carta das Nações Unidas. Para o Governo de Merkel, assim como para a maioria dos partidos políticos alemães, impunha‑se uma reação que demarcasse essa mudança56. Em resposta à anexação, Merkel liderou a aplicação de sanções económicas à Rússia e, contra as expetativas, manteve a unidade europeia e a convergência transatlântica, ao mesmo tempo que, em conjunto com a França, iniciou o processo diplomático dos Acordos de Minsk. Merkel resumiu a posição alemã e europeia da seguinte forma:

«Primeiro de tudo, estamos a apoiar a Ucrânia tanto política como economicamente. Em segundo lugar, faremos todos os esforços para chegar a uma solução diplomática para o conflito, dialogando com a Rússia. Em terceiro lugar, impusemos sanções económicas à Rússia que terão a abrangência e duração necessárias. O objetivo fundamental desta abordagem é manter a soberania e integridade territorial da Ucrânia, permitindo‑lhe, assim, decidir o seu próprio futuro.»57

Neste contexto, a vizinhança oriental da UE tornou‑se um elemento desestabilizador pela contínua ação revisionista da Rússia que, desde 2007, ambiciona recuperar o estatuto de grande potência mundial e que instrumentaliza a indefinição do posicionamento efetivo dos países da vizinhança europeia para exercer pressão sobre a Europa. A ausência de uma cooperação institucionalizada entre a UE e a União Económica Euro‑asiática, e a contínua rejeição, por parte de Moscovo, em aceitar que os seis países da Parceria Oriental, na qual se inclui a Ucrânia e a Geórgia, são Estados soberanos e livres de escolher os alinhamentos políticos e institucionais que consideram melhor defenderem os seus interesses, tem dificultado a melhoria das relações entre a Alemanha, a UE e os Estados Unidos com a Rússia. Assim, o revisionismo russo do Presidente Vladimir Putin de contestação das regras e normas da ordem liberal internacional e a sua tentativa de reordenamento geopolítico do antigo espaço soviético põem em causa a ordem euro‑atlântica do fim da Guerra Fria.

Esta política de condenação das políticas de direitos humanos na Rússia teve a sua expressão mais contundente no verão de 2020, quando o regime de Putin alegadamente envenenou o seu principal opositor Alexei Navalny, no momento em que o movimento democrático na Bielorrússia ganhava fôlego e os protestos no Oriente da Rússia se intensificavam. Merkel reagiu rápida e decisivamente, trazendo Navalny para ser tratado em Berlim, e as suas palavras de condenação das ações de Putin foram inequívocas58.

A mudança da diplomacia da Alemanha face a Moscovo contou, contudo, com uma exceção, muito criticada pelos parceiros europeus, e que foi o contínuo apoio dos sucessivos governos liderados por Merkel ao projeto Nordstream II, o gasoduto que fornecerá gás natural à Alemanha e à UE por via direta entre a Rússia e a Alemanha, salvaguardando desta forma interesses energéticos e económicos russos, ao mesmo tempo que priva a Ucrânia de importantes remessas alfandegárias com o fim da passagem do gás russo pelo seu território59. A chanceler tem argumentado que se trata de uma questão comercial e não política, numa leitura da Alemanha enquanto potência geoeconómica, assente na combinação de assertividade económica, imposição de preferências comerciais e abstinência militar60. Mas é evidente que tal posição tem afetado a credibilidade da diplomacia alemã para a Rússia no seu todo.

A Alemanha e a China

Foi, no entanto, no domínio das relações com a China que a política externa de Merkel revelou mais ambiguidades e dificuldades em reconciliar o seu alinhamento político com os Estados Unidos e os estreitos laços económicos e comerciais com a China. Ao longo dos seus dezasseis anos como chanceler, Merkel posicionou‑se como construtora de pontes com a China. Se, inicialmente, a chanceler protestou contra as violações dos direitos humanos por Pequim, progressivamente, ao longo dos sucessivos governos que liderou, Merkel mudou a sua política face à China e esta tornou‑se numa versão da política de Ostpolitik, de Wandel durch Handel (mudança através do comércio). Os críticos acusam esta política de mercantilismo, apontando que Merkel facilitou a ascensão da China e que a sua política resultou em altos níveis de codependência com a China em vários setores industriais chave na Alemanha61.

A ascensão de Xi Jinping ao poder em 2012 - e a sua ambição de tornar a China a potência hegemónica global em 203562 - acelerou a perceção de que a China se tinha tornado num rival sistémico das democracias e uma potência económica concorrente. Entre 2016 e 2019, os europeus internalizaram a necessidade de introduzir práticas protecionistas face à China, como rastreios dos investimentos chineses contra furtos de tecnologia de ponta, ou a adoção de regimes de sanções económicas. Contudo, a posição de Berlim face a esta mudança geoestratégica chinesa foi menos clara. A chanceler considera a China como um parceiro económico fundamental para a Alemanha e resistiu em classificar Pequim como um adversário geopolítico. Como chanceler, Angela Merkel visitou a China 12 vezes, entre 2005 e 2021. A partir de 2005, as exportações alemãs para a China cresceram exponencialmente, e desde 2016 que a China é o principal parceiro comercial63. A China, por seu lado, aproveitou os anos da crise das dívidas soberanas para aumentar a sua influência económica e política nos Estados‑Membros mais debilitados, como a Grécia, Malta, a Hungria, a República Checa, e também Portugal. Estes países foram atraídos por propostas de desenvolvimento de infraestruturas portuárias ou pelo apoio financeiro através da aquisição de empresas estratégicas nacionais. Na Alemanha, o porto de Duisburg tornou‑se a «porta de entrada» da China na Europa64.

Sinais de alarme quanto à bondade da relação comercial com a China soaram publica‑ mente quando, em janeiro de 2019, a influente Federação das Indústrias Alemãs (BDI) publicou um relatório que descreveu a China como um «competidor sistémico»65. Contudo, Merkel manteve a sua cuidadosa atitude em relação a Pequim, ignorando a cada vez mais intensa oposição dos Estados Unidos a Pequim. Na sua décima segunda viagem à China (setembro de 2019) Merkel defendeu a manutenção da Huawei como provedora da rede 5G da Alemanha, apesar da contenção violenta do movimento democrático em Hong Kong e das novas provas sobre a repressão em Xinjiang66. Em janeiro de 2020, Merkel recusou‑se a cumprimentar Tsai Ing‑wen pela sua reeleição como Presidente de Taiwan, mantendo uma reverência a Pequim que Paris e Londres não seguiram67.

O mercantilismo da política de Merkel em relação à China, fazendo avançar os interesses das empresas alemãs, culminou com a negociação do Acordo Abrangente sobre Investimento (CAI, Comprehensive Agreement on Investment) entre a UE e a China, impulsionado pela própria chanceler e assinado um dia antes do fim da Presidência alemã do Conselho da UE, em 30 de dezembro de 2020. O CAI foi criticado por muitos pela visão de curto prazo dos interesses alemães, que foram preferidos pela chanceler em detrimento de uma oportunidade para os europeus de coordenarem a política chinesa da UE com a nova Administração Biden, recentemente eleita em novembro de 202068. A oposição ao cai no Parlamento Europeu é clara, e a ratificação do acordo foi suspensa em maio de 202169. O volume das vozes críticas que se levantaram à assinatura deste acordo revela que a política externa de equidistância entre a China e os Estados Unidos, tentando conciliar uma relação comercial com um país autoritário com uma política de aliança com parceiros democráticos, não é apoiada pela maioria dos Estados‑Membros da UE.

A imposição pela UE, em março de 2021, de sanções à China pelas violações dos direitos humanos em Xinjiang mostrou quanto a postura dos restantes Estados‑Membros diferia da de Merkel na vontade de confrontar Pequim. Aqui, a pressão dos Estados europeus e da nova Administração Biden foi mais forte do que a relutância da Alemanha, e resultou nas primeiras sanções significativas por parte da UE desde o embargo de armas da UE à China, em 1989 - como resposta europeia à repressão das autoridades chinesas na Praça de Tiananmen. Por seu turno, Pequim impôs as suas próprias sanções aos europeus, em março de 2021, incluindo a alguns membros do Parlamento Europeu e algumas ONG. O método de equidistância de Merkel, útil na negociação entre os parceiros europeus, tornou as relações com as grandes potências mais complexas. Como refere Constanze Stelzenmüller,

«a mudança das relações da Alemanha com as grandes potências tem sido o desafio mais vexatório de Merkel. Como potência média europeia que partilha um continente com e importa energia da Rússia, depende para as exportações da China (o maior parceiro comercial da Alemanha fora da UE), e depende dos Estados Unidos para o seu guarda‑chuva de segurança, a Alemanha tem opções estratégicas limitadas. Historicamente, isto tem‑se refletido num instinto profundamente enraizado para equilibrar aliados e adversários, e Merkel não tem sido exceção a esta tradição»70.

Depois de Merkel: Desafios Para A Próxima Coligação Governamental Da Alemanha

Parece, no entanto, incerto se as eleições legislativas de setembro de 2021 irão dar início a uma nova era na política europeia e transatlântica da Alemanha, já que os dois principais candidatos a chanceler, Armin Laschet, da CDU/CSU, o candidato do partido de Merkel, por um lado, e Olaf Scholz, atual vice‑chanceler e ministro das Finanças, do SPD, por outro, propõem mais continuidade do que mudança na política externa da Alemanha, principalmente no que se refere às relações de Berlim com os Estados Unidos, a Rússia e a China. Em contrapartida, Annalena Baerbock, a candidata a chanceler do partido Die Grünen (Os Verdes), opõe‑se ao Nordstream II, defende uma linha mais dura em relação à Rússia e à China e rejeita as sugestões de equidistância de Laschet e Scholz71.

Tudo dependerá da constituição do novo governo e da duração das negociações pós‑eleitorais para a constituição da próxima coligação. A poucas semanas das eleições, e com uma forte oscilação nas sondagens, várias coligações governamentais são possíveis: entre a CDU/CSU, Os Verdes e o FDP (coligação Jamaica); entre a CDU/CSU, o SPD e Os Verdes (coligação Quénia); entre a CDU/CSU, o SPD e o fdp (coligação Alemanha); entre o SPD, Os Verdes e o Die Linke (A Esquerda); entre o SPD, Os Verdes e a FDP (coligação semáforo); ou, por último, novamente uma grande coligação entre a CDU/CSU e o SPD72. Esta incerteza confirma a fragmentação do sistema partidário alemão associada à crescente volatilidade eleitoral e polarização ideológica, e a transformação do sistema partidário de um sistema de cinco partidos para um sistema de seis partidos, em que a formação de governos de coligação é cada vez mais difícil73.

Em jeito de balanço, é possível afirmar‑se que, na condução da política externa da Alemanha, Angela Merkel

«não ficará conhecida por ter definido uma “grande política”: enquanto [o chanceler Konrad] Adenauer se demarcou com a Westbindung (política de articulação da RFA com o Ocidente para consolidação da democracia federal alemã), [o chanceler] Willy Brandt com a Ostpolitik (política de relacionamento da RFA com os países da Europa de Leste), e [o chanceler Helmut] Kohl com a Wiedervereinigung (unificação alemã), Merkel seguiu uma política reativa às crises à medida que estas surgiam, o que a aproximava mais da liderança, entre 1974 e 1982, do chanceler Helmut Schmidt, de estilo pragmático na resolução dos grandes problemas europeus»74.

Não obstante, Merkel será lembrada, a par com estes chanceleres, como uma das personalidades políticas mais marcantes do início do século XXI e como a líder europeia que conseguiu evitar a desintegração da UE, perante as várias crises que assolaram a União.

Não seria a primeira vez que, após a realização de eleições legislativas, é feito o anúncio do início de mudanças cruciais na política externa da Alemanha. Em 2014, após três discursos na Conferência de Segurança de Munique - pelo Presidente Joachim Gauck, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Frank‑Walter Steinmeier, e pela ministra da Defesa, Ursula von der Leyen -, a mudança na narrativa discursiva dos dirigentes políticos alemães parecia sugerir que a postura iria mudar e que a Alemanha iria daí em diante exercer mais liderança e assumir maiores responsabilidades na política internacional. No plano externo, a anexação russa da Crimeia parecia chamar pela Alemanha para que assumisse essa liderança na política europeia e também transatlântica. Contudo, este ímpeto não foi seguido de forma consequente pela chanceler.

A poucas semanas das eleições, a Alemanha encontra‑se posicionada entre as grandes potências, como país europeu com um poder económico e comercial incontornável. Mas a sua voz em política externa continua a ser a de um país which punches below its weight (que não assume a sua dimensão) e que hesita em exercer a liderança correspondente ao seu poder político e económico. Assim, a Alemanha permanece uma «potência incerta»75, porque lhe continua a faltar a visão estratégica na conduta da sua política externa, necessária ao exercício do poder enquanto potência europeia e transatlântica, num sistema internacional em fluxo e de competição hegemónica.

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Notas

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2Em 2015, a revista norte-americanaTimeelegeu-a pessoa do ano, «chanceler do mundo livre», oEconomistapelidou-a de «estrela mundial», e a revistaForbesnomeou-a a mulher mais influente global- mente durante dez anos consecutivos («Chancellor of the free world». InTime. 9 de dezembro de 2015. Consultado em: 24 de maio de 2021. Disponível em: https:// time.com/time-person-of-the-year-2015-angela-merkel/; «Merkel as a world star». InThe Economist. 18 de novembro de 2006. Consultado em: 24 de maio de 2021. Disponível em: https://www.economist.com/special-report/2006/11/16/merkel-as-a-world-star; «Angel a Merkel, Christine Lagarde and Kamala Harris Top Forbes’ 100 most powerful women list». InForbes. 8 de dezembro de 2020. Consultado em: 24 de maio de 2021. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/forbespr/2020/12/08/angela-merkel-christine-lagarde-and-kamala-harris-top-forbes-100-most-powerful-women-list/?sh=2da4a2161a5f).

3KORNELIUS, Stefan -Angela Merkel. The Chancellor and Her World.Richmond: Alma Books, 2013, p. 63. Todas as citações são traduções livres das autoras.

4«DISCURSO da Chanceler Federal na cerimónia de abertura do 61.º ano académico do Colégio da Europa». Bruges. 2 de novembro de 2010. The Federal Goverment. Consultado em: 24 de maio de 2021. Dispo- nível em: https://archiv.bundesregierung. de/archiv-en/articles/speech-by-federal-chancellor-angela- merkel-at-theopening-ceremony-of-the-61st-academic-year-of-the-college-of-europe-804002.

5«ANGELA Merkel’s 16-year battle with the centrifugal forces of politics». InThe Guardian. 31 de agosto de 2021. Consultado em: 31 de agosto de 2021. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2021/aug/31/angela-merkels-16-years-battle-with-the-centrifugal-forces-of-politics.

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10Ibidem.

11HILDEBRANDT, Tina; ULRICH, Bernd - «Angela Merkel: Die Mutter aller Krisen». Die Zeit. Disponível em: https://www.zeit.de/2015/38/angela-merkel-fluechtlinge-krisenkanzlerin. https://www.consilium. europa.eu/media/45120/210720-euco-final-conclusions-pt.pdf.

12«EU-Turkey statement». 18 de março de 2016. Consultado em: 26 de maio de 2021. Disponível em: https://www.consilium.europa.eu/en/press/press-releases/2016/03/18/eu-turkey-statement/.

13PATERSON, William E. - «Britain’s singular other: Germany and the Brexit crisis».InMARTILL, Benjamin; STAIGER, Uta, eds. -Brexit and Beyond: Rethinking the Futures of Europe. Londres: UCL Press, 2018, pp. 88-96.

14SAXI, Hakon L. - «British-German defence and security relations after Brexit:Quo Vadis,“Silent Alliance”?».InJOHNSON, Rob; MATLARY, Janne Haaland, eds. -The United Kingdom’s Defence after Brexit: Britain’s Alliances, Coalitions and Partnerships. Palgrave Macmillan, 2019, p. 127.

15The EU-UK Withdrawal Agreement. 17 de outubro de 2019. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/relations-united-kingdom/eu-uk-withdrawal-agreement_en.

16POSANER, Joshua - «Angela Merkel: Coronavirus is Germany’s biggest postwar challenge». 18 de março de 2020. Consultado em: 24 de agosto de 2021. Disponível em: http://www.politico.eu/article/angela-merkel-coronavirus-is-germany-biggest-postwar-challenge/.

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21NORMAN, Laurence - «EU’s new weapon in rule-of-law battle with Poland, Hungary: money». InThe Wall Street Journal. 3 de agosto de 2021. Disponível em http://www.wsj.com/articles/eus-new-weapon-in-rule-of-law-battle-with-poland-hungary-money-11627996211.

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24KROTZ, Ulrich; SCHILD, Joachim -Shaping Europe: France, Germany, and Embedded Bilateralism from the Elysée Treaty to Twenty-First Century Politics. Oxford: Oxford University Press, 2013.

25SCHOELLER, Magnus G. - «The rise and fall of Merkozy: Franco-German bilateralism as a negotiating strategy in eurozone crisis management». InJournal of Common Market Studies. Vol. 56, N.º 5, 2018, pp. 1019-1035.

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28GARTON ASH, Timothy - «Macron’s plan to save Europe is compelling - but he’s on his own». InThe Guardian. 31 de maio de 2018. Disponível em: https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/may/31/macron-plan-save-europe-germany.

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70STELZENMÜLLER, Constanze - «The Singular Chancellor. The Merkel Model and Its Limits». Foreign Affairs. Maio-junho de 2021. Disponível em:https://www.foreignaffairs.com/articles/europe/2021-04-20/angela-merkel-singular-chancellor.

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Recebido: 21 de Junho de 2021; Aceito: 31 de Agosto de 2021

Patricia Daehnhardt Investigadora do IPRI-NOVA. Doutorada em Relações Internacionais pela London School of Economics and Political Science, com uma dissertação sobre a política externa da Alemanha após a unificação. Foi membro da coordenação da Secção de Relações Internacionais da Associação Portuguesa de Ciência Política (2012-2014), e diretora da Secção de Relações Internacionais da Associação Portuguesa de Ciência Política (2014-2016). A sua investigação centra-se na política externa da Alemanha, Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD) da União Europeia, NATO e segurança europeia, relações transatlânticas, a política das grandes potências, Estados Unidos, Rússia, China e a ordem internacional. Publicou vários artigos em revistas nacionais e internacionais.

Madalena Meyer Resende Professora auxiliar no Departamento de Estudos Políticos da FCSH-NOVA e investigadora do IPRI-NOVA, especializada em instituições e estudos europeus. Doutorada em Ciência Política pela London School of Economics (2005). É presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política (APCP) e vice-presidente da International Political Science Association. Foi assessora na Embaixada Portuguesa em Berlim para a Presidência portuguesa da União Europeia. Tem numerosas publicações nacionais e internacionais.

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