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Motricidade

Print version ISSN 1646-107X

Motri. vol.5 no.3 Vila Real  2009

 

Editorial – Director

Revista Motricidade: novas exigências, novos desafios

 

Ao longo dos últimos tempos temos assistido a uma crescente preocupação por parte dos investigadores, e até por parte dos jovens formandos, para publicar os resultados obtidos em projectos de pesquisa. A esta pressão nem sempre os estudiosos têm respondido da melhor forma. Há uma aposta clara em se obter o maior número possível de publicações e no mais curto espaço de tempo, mas esse volume nem sempre é acompanhado da qualidade desejável. Neste editorial debruçamo-nos, de forma breve, sobre alguns aspectos associados à crescente procura para publicar em revistas indexadas, assim como tecemos algumas considerações quanto às medidas que julgamos necessárias para garantir a qualidade tal como esta deve estar associada tanto ao prestígio dos pesquisadores como das revistas onde escolhem divulgar os seus trabalhos.

Os governos contemporâneos têm integrado nos seus programas políticos, e alguns até nas suas políticas orçamentais, incentivos à produtividade científica. Estes estímulos, porém, tendem a privilegiar algumas áreas científicas mais do que outras, nomeadamente aquelas que estão mais directamente relacionadas à criação e desenvolvimento de produtos que possam ser, rapidamente, transformados em mais-valias para os interesses do sector industrial. Os diferentes países, para além de alargarem a percentagem de financiamento para a pesquisa científica, têm tido o cuidado de criar instituições cujo objectivo é financiar algumas formas de divulgação do conhecimento desenvolvido.

Presentemente, herdamos um sistema em que as Universidades são por norma os lugares onde a produção científica se desenvolve mais intensamente. Em nome do desenvolvimento da excelência, as universidades são avaliadas e comparadas entre si em função das publicações que o seu corpo docente foi capaz de produzir (intencionalmente não abordamos as questões associadas ao financiamento de projectos). Em resposta a esta solicitação (poderá ser lido como exigência) os docentes e investigadores universitários têm procurado estratégias para poderem dar uma resposta adequada às solicitações e critérios impostos pelas agências financiadoras. Para uns essa resposta tem consistido em transformar as dissertações de mestrado num número específico de artigos a serem publicados conjuntamente, obviamente pelo mestrando e o seu orientador. Outros vão um pouco mais longe e instituíram que os co-autores são todos os que participam no júri das provas de mestrado. Decerto que há outras alternativas, uma vez que essa prática parece estimular a criatividade de alguns que apresentam em substituição da tradicional tese a publicação de dois artigos publicados em revistas indexadas como requisito para obtenção do grau de mestre. Algumas instituições fazem o mesmo ao nível de doutoramento estabelecendo que o grau seja atribuído com a publicação de quatro artigos, por exemplo.

Há diferenças qualitativas e substanciais entre os propósitos de uma tese de mestrado ou de doutoramento e o de um artigo científico. O que se verifica na prática é que há uma tendência para decompor a tese a tese tradicional em pequenos trabalhos e para o efeito fazem-se estudos com um número muito reduzido de variáveis independentes e normalmente as variáveis apresentadas no segundo artigo fariam todo o sentido se tivessem sido tratadas simultaneamente com as do primeiro. Em suma, produzem-se trabalhos sem qualquer interesse científico, na medida em que os resultados conseguidos nada acrescentam ao conhecimento. Consequentemente, importa implementar medidas e critérios de selecção que visem evitar que esses trabalhos sejam publicados.

Face a esta crescente realidade, julgamos ser imperioso que as revistas científicas desempenhem um papel selectivo no que se refere ao processo de divulgação de resultados e de estudos. Assim, a revista Motricidade, já a partir do próximo ano de 2010, implementará uma politica editorial em que a complexidade dos desenhos e a complexidade teórica assumirão uma preponderância mais acentuada. De alguma forma, também procuraremos desencorajar a submissão de trabalhos de revisão de bibliografia que tendem a ser retirados das teses. Assim, só serão considerados textos de revisão os que se apresentarem como sendo verdadeiramente trabalhos aprofundados sobre um tema e em que os autores se apresentem com uma história de investigar nessa temática. Por último, um outro aspecto que tomará em consideração prende-se com o número de autores por artigo.

Até à data as instituições financiadoras da investigação científica disponibilizavam algumas verbas para custear, mesmo que parcialmente, as edições de revistas científicas de prestígio. No quadro da crise financeira actual, chegou, também, a hora de se dizer que é da maior importância reduzir custos e, naturalmente, seguem-se os cortes ao financiamento para a edição dos periódicos. Face a esta nova realidade, as revistas, para se manterem actuais e viáveis, são “obrigadas” a terem de encontrar fontes de receita para suportar os custos que decorrem da edição em papel. É bom recordar que todo o trabalho editorial é gratuito.

Face a esta nova realidade, a Revista Motricidade, até ao final do ano, encontrará estratégias financeiras que lhe permita prosseguir, de uma forma ainda mais agressiva, a sua política de incentivo à publicação de trabalhos, o que provavelmente, se traduzirá na cobrança aos autores de um quantitativo para poderem publicar os seus trabalhos. Na nova política a implementar será tido em consideração o número de autores por artigo, sendo penalizados os manuscritos que apresentarem um maior número de participantes na co-autoria. Com as verbas a serem cobradas, procuraremos estabelecer um prémio para o artigo da Revista Motricidade mais citado, assim como um prémio para o revisor que no final de cada volume se estabelecer com maior mérito no desempenho desta tarefa, nomeadamente no que se refere ao número de artigos revistos, mas também o tempo médio gasto nas tarefas de avaliação entre pares.

Novos tempos exigem medidas inovadoras, para que possamos continuar a poder ser uma das revistas preferidas para a divulgação dos novos saberes, assim como a manter motivados aqueles que graciosamente nos oferecem o seu tempo para o desempenho da função de revisores.

 

José Vasconcelos Raposo

Professor Catedrático

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