SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.14 número2-3Proposta de programa de exercício aquático para indivíduos com osteoartroseA importância da interação médico/treinador no “ombro do nadador” índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Motricidade

versão impressa ISSN 1646-107X

Motri. vol.14 no.2-3 Ribeira de Pena out. 2018

 

ARTIGOS

A exposição ao ruído ocupacional em piscinas cobertas

Filipe Teixeira1

1 M. Eng. Humana, Lic Educ Física e Desporto


 

Introdução

A exposição a níveis de ruído superiores a 80 e 90 dB(A) envolve determinado grau de risco. A sistémica exposição acima dos valores de conforto e considerados elevados, provocam o incremento do risco de perda de audição, aumento do stress, de patologias cardiovasculares, entre outras relacionadas com a saúde do indivíduo bem como diminui o desempenho na produtividade (Chang et al., 2011). Os profissionais da área da Educação Física e Desporto (Treinadores, Professores, Monitores e Personal Trainers) que trabalham em piscinas cobertas estão expostos ao ruído que é oriundo de várias fontes, desde o gerado pelo movimento da água até à música que é utilizada nas aulas, passando pelos apitos no controlo das aulas ou a verbal para transmissão de informação necessária aos alunos. Estes sons quando conjugados em simultâneo poderão estimular valores de pressão sonora elevados. A agravar toda esta situação, as piscinas cobertas são áreas onde as condições acústicas são naturalmente inadequadas, motivado pela inexistência de materiais de absorção possibilitando a redução de ruído. O resultado traduz-se numa exposição dos professores/treinadores (Prf/Trn) ao ruído e, consequentemente, ao possível desenvolvimento de perdas auditivas (Maffei et al., 2009).

Métodos

O estudo desenvolveu-se no sentido de avaliar em contexto de aula o ruído, na procura de perceber qual a exposição ao ruído dos Prf/Trn e demais utilizadores, bem como tentar encontrar processos de minimizar o ruído nestes espaços. A investigação realizou-se no norte de Portugal, nos meses de Março e Abril (2014) em piscinas cobertas (n=4) em contexto de aula. O processo de selecção das piscinas baseou-se na localização, nas características arquitectónicas e nas realidades de funcionamento (nº de colaboradores, nº de utentes, e ocupação). A pesquisa foi organizada em dois estádios, a elaboração, validação e aplicação de um questionário aos Prf/Trn (n=61) e a medição dos níveis de pressão sonora nas piscinas e tratamento estatístico dos dados recolhidos. Utilizou-se o sonómetro com uma precisão de ±1 dB, com filtro de oitavas para medir a pressão sonora. No tratamento estatístico utilizou-se o IBM® SPSS® Statistics versão 22.0.

Resultados

Os resultados indicaram que 93,4% dos Prf/Trn estão expostos a níveis de pressão sonora muito elevados mais de 2horas e que 34,4% está mais de 6 horas expostos a esses níveis. Os níveis de pressão sonora variaram entre os 75,5 dB(A) e os 101,2 dB(A), relativamente aos valores de LEX,8h médio semanal situaram-se entre os 83 dB(A) e os 90 dB(A). Tendo-se apurado que os Prf/Trn (100%) têm noção da presença de ruído nas piscinas, verificou-se que a maioria dos Prf/Trn não é sensível ao ruído (52,5%) e que 30% indicaram que o ruído tem influência no seu desempenho, obrigando a alterar a dinâmica da aula/treino.

Discussão

As indicações não são animadoras, os níveis de pressão sonora nas piscinas cobertas são muito elevados, acima dos valores de acção e limite definidos na legislação portuguesa, podendo os Prf/Trn e utilizadores padecer de prejuízos na saúde. O comportamento dos Prf/Trn quanto à exposição ao ruído, não parece ser orientado no sentido da diminuição da sua exposição, pois não procuram reduzir nem se proteger para o efeito. Os gestores das piscinas não apresentam preocupação no controlo do ruído e da sua exposição, não existem quaisquer orientações limitativas quanto à exposição dos Prf/Trn nem quanto às fontes de ruído. Como conclusão pode-se considerar que as piscinas cobertas como ambientes doentios, quanto ao ruído. Os Prf/Trn na maioria não são sensíveis ao ruído e têm uma atitude negligente quanto à sua exposição.

 

REFERÊNCIAS

Chang, T.-Y., Liu, C.-S., Huang, K.-H., Chen, R.-Y., Lai, J.-S., & Bao, B.-Y. (2011). High-frequency hearing loss, occupational noise exposure and hypertension: a cross-sectional study in male workers. Environmental Health: A Global Access Science Source, 10, 35. https://doi.org/10.1186/1476-069X-10-35        [ Links ]

Maffei, L., Iannace, G., Masullo, M., & Nataletti, P. (2009). Noise exposure in school gymnasia and swimming pools. Noise Control Engeenering, 57(6), 603-612.         [ Links ]

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons