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Revista Encontros Científicos - Tourism & Management Studies

versão impressa ISSN 1646-2408

Encontros Científicos  n.5 Faro  2009

 

Cidades-Santuário: oferta e procura - síntese de estatísticas editadas (2.ª parte)

 

Vitor Ambrósio

Doutor em Geografia e Planeamento Regional

Professor-Adjunto na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

vitor.ambrosio@eshte.pt

 

RESUMO

Para se modelar o ciclo de vida das localidades dependentes do turismo religioso é imprescindível, entre outras acções, proceder a um levantamento exaustivo dos estudos que contemplem o turismo religioso, de forma a sistematizar a informação dispersa e avançar sugestões que permitam ultrapassar as lacunas encontradas e criar sinergias entre as análises existentes.

Neste sentido, propõe-se a apresentação da síntese das estatísticas editadas até 2006, caracterizando a oferta e a procura, a nível do segmento em questão. Sublinhe-se que muitos dos dados apresentados estão desactualizados, contemplando-se, quando tal acontece, sobretudo a abordagem feita pelos diferentes autores. Neste contexto, pretende chamar-se a atenção para a importância dos estudos feitos, alertando os investigadores e os agentes activos das áreas visadas para a premência da sua repetição e comparação com os resultados obtidos em períodos anteriores.

Palavras Chave: Cidades-Santuário Marianas; Oferta; Procura; Dados Estatísticos.

 

Sanctuary-Towns: offer and demand – synthesis of edited statistics (2nd part)

ABSTRACT

The definition of a model to the lifecycle of religious tourism destinations is fully indebted, among others, to a thorough literature revision of religious tourism research. Such revision must be conducted in a way such as to systematize scattered and formerly unrelated information and to overcome existing information gaps. Only thus can we attain synergies among existing analyses.

Hence, I will present an article advancing a synthesis of all statistics issued until 2006 and characterizing the demand and offer, as far as this segment is concerned. Many of the available data are no longer updated. In such cases, I shall place the emphasis on the approach taken by the respective authors, for what they still contribute to the expertise in this field. Within this background, I wish to draw the attention to the relevance of research already at hand, while, at the same time, I urge researchers and active agents in the field to repeat survey actions and promote result comparison between formerly existing and new data.

Keywords: Marian Sanctuary-towns; Offer; Demand; Statistic Data.

 

1. CIDADES-SANTUÁRIO, SEGUNDO A POPULAÇÃO RESIDENTE E OS VISITANTES1

Este tema, relevante para o presente estudo, justificou um levantamento bibliográfico exaustivo.

Em termos metodológicos, optou-se por dividir a temática em dois pontos: o referente à população residente e o relativo aos visitantes, analisados por esta mesma ordem.

De forma a analisar o tema acima proposto, possibilitando, em paralelo, a sua comparação, criou-se o grupo de variáveis, abaixo indicadas.

a) Características Sócio-demográficas.

b) Valores Pessoais e Sociais.

c) Valores Espirituais e Práticas Religiosas do Quotidiano.

d) Características da Peregrinação e ou Visita.

e) Logística de Lugares Sagrados.

f) Organização Territorial.

g) Valores Ambientais/Paisagísticos.

h) Transportes/Vias de Comunicação.

i)  Equipamentos Receptivos (hotelaria, restauração e comércio).

j)  Características Sócio-económicas.

k) Gestão Estratégica.

 

2. CIDADES-SANTUÁRIO, SEGUNDO A POPULAÇÃO RESIDENTE

A caracterização da população residente nas cidades-santuário é muito pouco abordada pelos investigadores, sendo apenas dois os estudos encontrados passíveis de catalogação nesta categoria.

· João (1992) analisa sociologicamente, com base em resultados estatísticos, a população residente de Fátima, tendo para tal inquirido a comunidade civil e a religiosa.

· Magalhães (1992) utiliza os dados referentes ao questionário anterior, assim como as estatísticas oficiais do INE, para caracterizar, sob a perspectiva geográfica, a população residente de Fátima.

Antes de passar à análise das variáveis desta temática, sublinha-se (tal como anteriormente referido) que também aqui a importância dos dados a apresentar se centra mais nas abordagens do que na validade dos mesmos, dado estar ultrapassada. Com o decorrer da leitura, percepciona-se, no entanto, que a sua actualização é urgente, pois a opinião dos residentes constitui um testemunho essencial no estudo sobre a organização e o ambiente das diferentes cidades-santuário.

No que respeita às variáveis propriamente ditas, observa-se, por um lado, a ausência de investigação ligada às características da peregrinação (sublinhe-se que com toda a lógica), logística de lugares sagrados e gestão estratégica.

Em relação às características sócio-demográficas da população residente, para além dos dados passíveis de serem retirados das estatísticas oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE), ainda se pode referir que em Fátima, segundo Magalhães (1992), se assiste a uma preponderância do sexo masculino (54,3%) sobre o feminino (45,7%), sobretudo entre os 10 e os 19 anos, devido aos seminaristas que estudam nesta cidade-santuário; em termos globais, em 1985, estes últimos constituem 11,1% da população total do aglomerado, contando a religiosa com 10,2% e a leiga com 78,7%. Quanto à origem da população religiosa, e segundo a mesma autora, 3,3% são naturais do concelho, 75,9% são oriundos de outras regiões de Portugal e 20,8% do estrangeiro. Por último, destaca-se que no total da população inactiva (55,7%), 61,2% são estudantes, demonstrando-se o papel de relevo que Fátima tem no campo do ensino.

Na variável ligada aos valores pessoais e sociais, tanto João (1992) como Magalhães (1992) observam que 84,5% gostam de viver no seu lugar, mas não têm um relacionamento muito próximo com os vizinhos, concluindo que só 33,3% os consideram como amigos, contra 15,9% que unicamente os saúdam e 50,8% que os vêem como estranhos, sendo que a maioria das sugestões para melhorar o convívio social passam pela instalação de equipamentos de recreio, cultura e lazer, recolhendo 59,7% das opiniões. Sobre a ocupação dos tempos livres em casa, as três primeiras posições são ocupadas por ver televisão (26,7%), ouvir telefonia (17,4%) e conversar (15,5%); fora de casa, lideram as saídas com a família (24%), seguindo-se as visitas a amigos (21,9%) e as idas ao café (16,9%).

Em termos de valores espirituais e práticas religiosas do quotidiano, segundo João (1992), cerca de 80% da população leiga mostra-se agradada com o ambiente de Fátima como lugar de peregrinação; os mais críticos são os jovens e os que possuem maiores habilitações literárias, apontando como principais razões de desagrado, o aproveitamento económico da peregrinação (62%), os inconvenientes ligados à presença dos peregrinos2 (14,8%) e a degradação do espírito de peregrinação (12,8%). Já no que respeita ao santuário, cerca de 30% demonstra pouca simpatia, atingindo mesmo a antipatia, com a sua presença, sendo que as acusações se centram, sobretudo, no seu autoritarismo e individualismo (relativamente à cidade) e no seu comportamento eminentemente comercial3. No que concerne à fé nas aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, cerca de 85% assegura-as como verídicas, aproximadamente 11% põe algumas reservas e menos de 2% não acredita; no que respeita à fé nas aparições do anjo em Aljustrel e na Loca do Cabeço, as percentagens praticamente mantém-se, com um decréscimo de mais ou menos 2%, nos que crêem com e sem reservas; quanto à ida ao santuário ou aos lugares ligados às aparições, porquanto a convicção da maioria seja elevada, só 23,9% aí se dirigem muitas vezes, sendo que mais de metade (53,5%) responde ir com pouca frequência. Por fim, em relação à prática dominical dos inquiridos, o autor observa que esta abrange, aproximadamente 60% e que para a assistência do serviço religioso, os altares mais procurados são os das igrejas paroquiais (25,7%), seguindo-se os do santuário (24,3%) e os das casas religiosas (12,3%).

Na variável relativa à organização territorial, Magalhães (1992) constata que embora a grande maioria goste de viver no seu local, 81,2% consideram Fátima mal equipada, nomeadamente, em equipamentos culturais, recreativos e desportivos (33%), seguindo-se as lacunas a nível de estradas e transportes (17%); deve ainda observar-se que 26,3% dos inquiridos respondeu a esta questão com um curto “tudo”. Em relação ao que gostaria de ter no seu lugar as opiniões dividem-se, sendo prioritário o cinema (16,2%), a piscina (15,4%), o jardim público (15,3%) e o parque infantil (14%); sobre o que mais agrada na cidade, quase 60% dos inquiridos opta pelo ambiente de sossego e recolhimento, sendo que o santuário e as características religiosas do local são a escolha de cerca de 30%.

Em relação à construção de edifícios à volta do santuário, João (1992) conclui que metade da população advoga regras bem definidas, discordando do mesmo cerca de 17%, enquanto que os restantes 30% não manifestam qualquer opinião4; já no que concerne ao futuro para Fátima, o autor constata que perto de 70% pretende que a cidade cresça como lugar de peregrinação, 22% que se transforme numa grande urbe e só 9% deseja que permaneça igual.

Quanto aos valores ambientais e paisagísticos, João (1992) põe a questão sobre a preservação dos Valinhos e obtém resultados que apontam para a sua defesa junto de mais de 61%, contra cerca de 5% que se opõem e 34% que, surpreendentemente (segundo palavras do autor), não têm opinião formada.

Na variável relativa aos transportes e vias de comunicação, para além do que se adiantou anteriormente, ainda se pode acrescentar que, segundo Magalhães (1992), para 32,6% dos residentes de Fátima, o que mais desagrada no lugar é a falta de infra-estruturas e de transportes, liderando esta opinião a lista dos pontos negativos, com alguma vantagem sobre a segunda, que é a pouca formação moral das pessoas (25,4%).

Em termos de equipamentos receptivos (hotelaria, restauração e comércio), menciona-se a comparação feita por Magalhães (1992) entre o número de unidades comerciais de artigos religiosos e regionais e as de comércio diverso, representando 58,3% as primeiras e as segundas 41,7%.

No que respeita aos equipamentos religiosos, a investigadora verifica que das 49 congregações religiosas, 53,1% se instalaram entre 1950 e 1970, que antes dos meados do século aí se estabeleceram 16,3% e as restantes 30,6% construíram a sua casa em Fátima, depois da década de 70.

Quanto aos equipamentos urbanos, a mesma autora avança com alguns dados sobre o número da população escolar nos externatos de Fátima, assim como a área de residência dos que aí estudam, concluindo que o CEF (Cooperativa de Ensino de Fátima) acolhe cerca de 35% dos alunos e o Colégio de São Miguel 29%.

Na variável que engloba as características sócio-económicas, João (1992) regista que 67% da população afirma que a cidade depende muitíssimo dos peregrinos, 23% que depende muito, 8% que depende bastante e só 2% diz que depende pouco, sendo os que possuem mais habilitações, os que são mais categóricos em relação ao elevado grau de dependência.

Magalhães (1992) observa que 97,8% da população activa trabalha no aglomerado de Fátima, distribuindo-se os restantes (em ordem decrescente) por Ourém, Leiria Torres Novas e Minde.

 

3. CIDADES-SANTUÁRIO, SEGUNDO OS VISITANTES

No que concerne à análise das cidades-santuário segundo os visitantes, muitos investigadores trabalham a temática, e dentro das estatísticas consideradas mais relevantes para o estudo em causa, destacam-se os seguintes autores e organizações.

· Billet e Lafourcade (1981) descrevem Lourdes em termos da sua situação geográfica, da evolução histórica, das aparições, das peregrinações e da logística necessária à recepção dos visitantes na cidade-santuário.

· Chadefaud (1981), numa obra que serve de guião para o estudo de uma cidade-santuário, analisa Lourdes na perspectiva do geógrafo, apresentando de forma estruturada dados sobre o seu desenvolvimento territorial, social e económico.

· Laurentin (1983b) sustenta alguns dos desenvolvimentos teóricos sobre as peregrinações, santuários e aparições, em dados estatísticos que lhe são inerentes, sobretudo no que respeita a Lourdes.

· Rinschede (1985) caracteriza os peregrinos de Lourdes em termos de quantitativos, tipos, origem, estrutura social e sazonalidade, observando a sua influência no desenvolvimento físico e humano, assim como na ocupação dos solos (lugares religiosos, restaurantes e alojamento, campismo e áreas de piqueniques, comércio de artigos religiosos); alguns anos depois (1988) repete o trabalho anterior, tanto a nível da estrutura, como na escolha de itens de análise, passando a ter por base de estudo, a cidade-santuário de Fátima.

· Oosterwijk et al. (1986) tentam confirmar que a peregrinação é uma panaceia para a ansiedade e a depressão, inquirindo, para tal, os que acorrem ao santuário de St. Gerard, em Wittem (Holanda).

· Giuriati (1990) estuda, segundo a sociologia da religião, as peregrinações antonianas (a Pádua), recorrendo a inquéritos feitos aos participantes nas mesmas e retirando, daí, as devidas ilações.

· Monteagudo (1990) aborda Lourdes sob o ponto de vista económico, algo pouco comum, uma vez que a tendência geral das investigações sobre este tipo de destinos, é a de não misturar a elementos de natureza espiritual com os de índole material.

· Bordes (1992) regista a logística sobre as peregrinações a Lourdes, tendo em conta os recursos humanos necessários para a sua organização.

· Giuriati e Arzenton (1992) comparam as experiências dos visitantes de Lourdes, Fátima, Medjugorje (Bósnia Herzegovina), Loreto (Itália) e Our Lady of the Snows-Belleville (Estados Unidos da América), tentando estabelecer o perfil do peregrino tipo.

· Guerra (1992), com base na espiritualidade do lugar e nos dados estatísticos sobre a procura e a oferta, transmite uma imagem de Fátima no princípio dos anos 90 e avança algumas previsões de desenvolvimento.

· Dorze (1993) versa sobre o santuário bretão, dedicado a Sainte-Anne d’Auray, abordando-o segundo os seus aspectos históricos, físicos e motivacionais.

· Lacau-Fourticq (1993) divide a análise de Lourdes em três partes (a realidade económica, as obras e projectos, o gabinete de estudos), consubstanciando a informação com os respectivos dados estatísticos.

· Bywater (1994) ilustra com clareza e pragmatismo, características próprias do turismo religioso; analisa os principais mercados emissores e os respectivos fornecedores de serviços, recorrendo a destinos como Fátima e Lourdes.

· Pieper e Van Uden (1994) perspectivam a peregrinação como um ritual de transformação, confirmando esta noção através de inquéritos junto de peregrinos, antes de partirem, e após o seu regresso de Lourdes, determinando o perfil religioso e as respectivas motivações deste segmento de mercado.

· Office des Nouvelles Internationales (1995) examina as declarações de responsáveis de santuários ou edifícios religiosos, com uma procura significativa, apresentando sugestões para uma melhor gestão de fluxos e para a animação dos mesmos; mais tarde (1999) foca as estatísticas referentes aos visitantes e aos locais de culto (em especial as que pertencem à associação das cidades-santuário de França), além de explorar acções específicas, levadas a termo por Regiões de Turismo e edifícios monásticos.

· Castellanos (1996) compara o turismo religioso com outros tipos de turismo, adiantando propostas para uma melhor comercialização deste género de destinos e demonstrando a sua importância para algumas agências italianas, nomeadamente, através de dados referentes a Fátima e Lourdes.

· Jackowski e Kaszowski (1996) contextualizam Czestochowa (Polónia) no âmbito das principais cidades-santuário da Europa, caracterizando-a tanto a nível de relevância para a Igreja Católica, como em termos de estruturas turísticas, comparando-a, ainda, com outros destinos, como Fátima e Lourdes.

· SEAC (1996) resume a oferta e a procura no Santuário de Fátima (tendo por horizonte as actuais e futuras necessidades), com o objectivo de auscultar opiniões e poder planear, um grande espaço coberto para assembleias.

· Vukoni’c (1996) disserta sobre o turismo religioso, examinando os componentes da sua envolvência, tanto espiritual, como sócio-económica, apoiando a sua argumentação, em dados estatísticos.

· ICEP (1997) identifica, quantifica e caracteriza o turismo religioso, detectando as principais tendências deste segmento de mercado e posicionando Fátima a nível internacional, através de estatísticas fornecidas pela Borza Internazionale de Turismo, European Travel Monitor, Santuário de Fátima e Instituto Nacional de Estatística.

· Muizon (1998) relata, sob a perspectiva jornalística, os factos mais marcantes da oferta e da procura nas cidades-santuário, consolidando a sua análise, com excertos de entrevistas e dados estatísticos.

· Nogier (1998) realça o estreitamento de relações entre as entidades laicas e religiosas, com a constituição da associação das cidades-santuário francesas, sublinhando que, em termos de acções de marketing, não existe grande diferença entre as postas em prática por estas e as realizadas por outro tipo de destinos turísticos.

· Bartoluci e Martinovic (1999), para além de exporem conceitos teóricos interessantes sobre o turismo religioso, apresentam os resultados dos 2.900 inquéritos feitos aos visitantes de Medugorje (Bósnia Herzegovina).

· Santos (1999a) aborda o caso específico das peregrinações organizadas pela Diocese de Coimbra ao Santuário de Fátima (1982-1997); nesse mesmo ano (1999b) analisa as interacções entre a Religião e a Geografia; e ainda em (1999c) contextualiza o santuário mariano no âmbito da Geografia da Religião e regista a evolução numérica das peregrinações a Fátima.

· Ambrósio (2000) disserta sobre Fátima, tendo por base o seu desenvolvimento territorial e sócio-económico, e apresenta dados estatísticos sobre os estrangeiros que aí acorrem, enquanto excursionistas ou turistas; no ano seguinte (2001a) trabalha os resultados de um questionário feito a turistas/peregrinos que se alojaram em Fátima por um período igual ou superior a três noites, retirando ilações sobre as suas preferências.

· Chiron (2000) analisa os números relativos aos peregrinos com problemas de saúde (sobretudo motores), assim como as organizações que os auxiliam e as condições criadas para a sua deslocação e acolhimento.

· Fonseca (2000) inquire empresários e funcionários hoteleiros, com o objectivo de caracterizar os recursos humanos e a sazonalidade do emprego neste sector económico de Fátima.

· García Añon (2001) estuda as repercussões do Jacobeu em Santiago de Compostela, a nível da prestação de serviços, como sejam, os transportes, a hotelaria, a restauração e o comércio.

· López Alvarez (2001) centra as suas observações na análise dos mercados emissores e receptores do turismo religioso, designadamente Lourdes, Jerusalém, Czestochowa, Fátima e Santiago de Compostela.

· Pilon (2001) descreve o efeito terapêutico da água de Lourdes e refere as obras feitas nos edifícios dos banhos, tendo em conta a sua procura, desde a origem até à actualidade.

· Santos (2003) revela as estratégias da Região de Turismo Leiria/Fátima no curto e médio prazo, tendo por base os dados estatísticos das séries temporais do passado e as expectativas de crescimento para o futuro.

Quanto às variáveis, observa-se que, exceptuando os valores ambientais e paisagísticos, qualquer das constantes na lista foi trabalhada, embora algumas sejam pouco abordadas pelo conjunto de autores, em concreto os valores pessoais e sociais e a organização territorial.

Em relação às características sócio-demográficas, verifica-se que quanto à idade dos visitantes, Ambrósio (2001a) regista que 34% dos estrangeiros, cuja estada em Fátima se prolonga para além de três dias, têm entre 60 a 69 anos, seguindo-se o grupo dos 50 aos 60 anos com 25% e aproximando-se destes, os de mais de 70 com 22%; Ambrósio (2000) conclui que nos estrangeiros, que aí se dirigem em excursão e cuja permanência não ultrapassa uma hora, a classe etária dos 50 aos 59 anos lidera com 26%, seguidos dos de 60 a 69 anos com 22%, sendo que os de 40 a 49 anos atingem os 20% (ver quadro 1).

 

Quadro 1 - Idades dos Visitantes de Fátima, Loreto, Lourdes e Medugorje

 

Bartoluci e Martinovic (1999), inquirindo os que acorrem a Medugorje (Bósnia Herzegovina) observam que 44,5% têm mais de 50 anos, logo seguidos dos que têm de 21 a 40 anos (24,2%) e dos que têm de 41 a 50 anos (22,8%) (ver quadro 1).

No trabalho realizado por Giuriati e Arzenton (1992), as percentagens variam consoante o santuário onde decorre o questionário: assim, em Lourdes são os de menos de 31 anos que lideram com 51,6% e em Medugorje, Fátima e Loreto são os de 31 a 60 anos que ocupam a primeira posição com 51,6%, 43,8% e 45,7%, respectivamente (ver quadro 1).

Em complemento, pode acrescentar-se que Oosterwijk et al. (1986) verificam que nos 200.000 peregrinos anuais do santuário de St. Gerard, em Wittem (Holanda), a média de idades é de 63 anos.

Em relação ao sexo dos visitantes, Rinschede (1985) constata que em Lourdes, nos grupos organizados provenientes dos mercados mais importantes da Europa Ocidental, 69% dos participantes são mulheres; Bartoluci e Martinovic (1999) registam 59% para o género feminino em Medugorje; enquanto Giuriati e Arzenton (1992) concluem que entre todos os santuários por si estudados, apenas em Medugorje os homens são maioritários com 53,3%; já Oosterwijk et al. arrolam, unicamente, 25% para o género masculino, em St. Gerard (ver quadro 2).

 

Quadro 2 - Sexo dos Visitantes de Fátima, Loreto, Lourdes, Medugorje e St. Gerard

 

No que respeita à origem geográfica dos visitantes, os autores centram as suas análises de forma diferenciada, sendo que as divisões mais utilizadas são as baseadas em: países, regiões e mercados turísticos.

Constata-se, antes de mais, que algumas das estatísticas encontradas, quase se podem classificar de meras curiosidades, uma vez que o seu carácter pontual não permite estudos mais aprofundados, como seja o caso exposto por Dorze (1993), no qual se indica que no santuário de Sainte-Anne d’Auray (França), em 25/6 de Julho de 19925, se contabilizaram, aproximadamente, 40.000 peregrinos; cerca de 93,6% nacionais e os restantes estrangeiros (os mais representados eram os alemães, logo seguidos dos belgas e dos ingleses). As pesquisas também são parcas em relação ao santuário de Loreto, embora aqui exista um interesse acrescido, pois Giuriati e Arzenton (1992) compararam-no com outros de maior projecção internacional (ver quadro 3).

 

Quadro 3 - Área Linguística dos Visitantes de Loreto e Medugorje

 

Quanto a cidades-santuário de criação recente, o destaque vai para Medugorje, onde Giuriati e Arzenton (1992) e Bartoluci e Martinovic (1999) observam que o mercado estrangeiro mais importante é o italiano (ver quadro 3).

Em termos dos mais investigados, apontam-se Fátima e Lourdes, constatando-se, no entanto, que consoante a base de trabalho escolhida pelo autor ou o ano em que foi recolhida a informação, podem existir grandes disparidades a nível dos resultados avançados; por esta razão, optou-se pela apresentação das dez primeiras posições dos mercados turísticos estrangeiros referenciados nas obras consultadas, em detrimento dos valores percentuais, uma vez que só assim, a leitura dos dados se torna legível.

Em relação a Fátima, para além do mercado nacional, são os italianos, os espanhóis, os estado-unidenses e os polacos os que têm maior representatividade em termos de visitantes/peregrinos que aí pernoitam; já a nível dos que aí se dirigem em excursão, não permanecendo na cidade-santuário mais do que algumas horas, são os brasileiros os que têm maior peso (ver quadro 4).

 

Quadro 4 -  Posição dos Mercados Turísticos Estrangeiros de Fátima

 

No santuário de Lourdes, verifica-se que para além do mercado francês, são também os italianos que lideram, destacando-se, ainda, pela sua importância em termos de quantitativos, os belgas, os alemães, os espanhóis, os ingleses e os irlandeses (ver quadro 5).

 

Quadro 5 – Posição dos Mercados Turísticos Estrangeiros de Lourdes

 

No que respeita aos valores pessoais e sociais, Castellanos (1996) aborda-os, ao referir-se a um estudo realizado pelo Italian Outgoing Tourism Analysis’95 (IOTA’95), onde se observa que em relação aos italianos que se tinham deslocado ao estrangeiro por um período superior a quatro noites, cerca de 25% o tinham feito através de uma associação; com base nesta informação, a autora inquiriu um conjunto de agências de viagens que trabalham com este tipo de grupos e concluiu que as associações empresariais ocupam a primeira posição com 31%, logo seguidas das religiosas com 25,2%7; em relação às características dos que participam, a investigadora verifica que são adultos, maioritariamente mulheres, cujas idades ultrapassam os 50 anos e de nível socio-económico e cultural médio-baixo.

Pieper e Van Huden (1994) também trabalham a variável em questão, ao inquirir os peregrinos sobre as situações e experiências valorizadas durante a sua estada em Lourdes; no entanto, aquando da classificação dos itens utilizados, surge por vezes a dúvida se se está perante valores pessoais e sociais ou espirituais, podendo considerar-se que os autores abordam ambos. Independentemente de serem uns ou outros, os factores que mais sensibilizaram os que contavam mais de 35 anos e os mais jovens (até 35 anos), foram os comunitários, sobretudo os ligados à ajuda prestada aos mais necessitados (ver quadro 6).

 

Quadro 6 - Importância dada às Experiências vividas em Lourdes

 

Na continuação do seu trabalho, os autores ainda estudam a influência da visita ao santuário, nos valores espirituais dos peregrinos8, concluindo que durante e logo após a peregrinação, estes se reforçam, mas que passados seis meses, voltam aos valores obtidos, antes da mesma. A afirmação é tanto mais válida, quanto maior é a idade dos inquiridos, sendo que nestes últimos, a percentagem dos que têm as crenças interiorizadas, é substancialmente superior, à dos mais jovens (ver quadro 7).

 

Quadro 7 - Interpretação Religiosa, Antes (1), Durante (2) e Passados Seis Meses (3) da Peregrinação a Lourdes

 

Também Oosterwijk et al. (1986) inquiriram sobre o bem-estar, antes e depois da peregrinação, verificando que este apresenta valores mais positivos, após a ida a St. Gerard9. Em relação às principais razões que levam os crentes a acorrerem ao santuário, os autores listam-nas, por ordem decrescente, da seguinte forma: pelo santo; por acção de graças; para obter a bênção de Deus; para pedir ajuda ao Divino; para rezar pela cura de outrém; por causa da Virgem Maria; para orar por um mundo melhor; para renovar a energia pessoal e para agradecer favores concedidos.

Mas nesta variável, quem mais aprofunda a espiritualidade dos visitantes dos locais sagrados, são, sem dúvida, Giuriati e Arzenton (1992), ao fazerem o estudo comparativo: das motivações dos peregrinos; das consequências advindas do facto de se terem deslocado ao santuário; do sentido que lhe dão, tendo por horizonte, o mundo contemporâneo.

Em relação ao que impele os inquiridos a viajar até aos lugares em estudo, os investigadores observam que os motivos se baseiam em dois tipos, conforme o descriminado.

· Razões espirituais – englobam a oração e o encontro tanto com Deus (ver espiritual/ascético), como com Maria (ver devoção à Virgem); constatando-se que em qualquer dos santuários, a primeira causa é um dos componentes, dos dois mais escolhidos, e a segunda é a que lidera em Fátima com 39,4% (ver quadro 8, em A).

· Razões ligadas à renovação de energia pessoal – abarcam a busca da força e da confiança na vida (ver existencial/interior); registando-se que esta consideração lidera em Lourdes com 37,3%, e ocupa a segunda posição em Medugorje com 27% (ver quadro 8, em A).

 

Quadro 8 – As Duas Principais Escolhas na Motivação da Ida ao Santuário (A), nas Consequências de Estar no Santuário (B) e no Sentido do Santuário para o Mundo Actual (C)

 

Numa segunda linha, devem referir-se o alimento para a alma e o corpo (ver práticas utilitárias), com especial relevo em Fátima (32%), e a reunião dos que comungam os mesmos ideais (ver encontro de irmãos na fé), que atinge os 17,4% em Medugorje (ver quadro 8, em A).

Numa última leitura, ainda se verifica o peso dos que se dirigem a Fátima com o objectivo de cumprirem uma promessa/ex-voto (12,5%), e a alta percentagem atribuída ao profano/quase profano em Loreto (27,8%), algo que faz sentido, quando se pensa no seu acervo artístico, motivo de atracção junto do turismo cultural (ver quadro 8, em A).

Mas uma vez chegados ao santuário, os peregrinos são confrontados com um conjunto de sensações que lhes fortalecem a consistência de algumas das suas expectativas e que lhes redimensionam outras, sendo que este processo é sobremaneira influenciado pelo ambiente vivido em cada um dos locais sagrados (ver quadro 8, em B). Assim no plano espiritual/ascético observa-se que existe um reforço das convicções nos visitantes de Fátima (44,3%) e Medugorje (42,9%); em Lourdes e Loreto (ambos com 27,1%) sente-se vontade de aprofundar as práticas utilitárias que reforçam a alma e o corpo; já o convite à introspecção e ao existencialismo é mais patente em Medugorje (31%).

No que respeita ao significado do santuário para o mundo actual, destacam-se: a mensagem do evangelho e a consequente fundação dos valores existencialistas (ver evangelho/valores), ocupando estes considerandos uma das duas primeiras opções, em qualquer dos casos de estudo; o apelo ao regresso à casa do Pai (ver espiritual/ascético) é outro dos conteúdos sublinhados, sendo esta escolha particularmente expressiva em Fátima (53,4%); e ainda merecedores de referência são a fraternidade e solidariedade entre os homens (ver encontro de irmãos na fé e filantropia/humanitarismo), algo que é mais relevante em Medugorje (ver quadro 8, em C).

Sendo todos os santuários dedicados à Virgem, e em três deles ela ter aparecido a videntes, os mesmos autores também apuraram, por um lado, quais os atributos principais de Maria, e por outro, os papéis desempenhados pelos videntes. Verifica-se, então, que os peregrinos intitulam, preferencialmente, Nossa Senhora como a Mãe do Céu ou a Mãe de Deus (ver quadro 9); e que, segundo eles, os jovens e as crianças que a presenciam, são os seus interlocutores ou mensageiros, sendo que em Lourdes, Bernadette é vista, sobretudo, como um modelo ascético10 (ver quadro 10).

 

Quadro 9 – Os Dois Principais Papéis da Virgem

 

Quadro 10 – Os Dois Principais Papéis dos Videntes

 

Quanto às práticas religiosas do quotidiano, Giuriati e Arzenton (1992) concluem que só entre os que visitam Medugorje é que assistir à missa também durante a semana, ultrapassa o número dos que participam na eucaristia aos domingos; constata-se, no entanto, que no somatório dos dois itens (exceptuando Loreto11), entre 70 a 80% dos inquiridos cumprem esta obrigação religiosa, com a devida regularidade (ver quadro 11)12. Perante os resultados anteriores, não constitui surpresa a importância dada à oração, sublinhando-se que mais de 70% dos inquiridos, a valorizam na categoria do muito e bastante (ver quadro 12).

 

Quadro 11 – Assiduidade à Missa no Quotidiano

 

Quadro 12 – A Importância atribuída à Oração

 

No que respeita aos comportamentos rituais dos peregrinos e os sacramentos da reconciliação e da eucaristia, os inquiridos por Giuriati e Arzenton (1992), respondem tendo por base a sua prática, tanto no quotidiano, como na ida ao santuário, podendo, por conseguinte, considerar-se que a análise dos resultados se encontra na transição entre a variável que examina os valores espirituais e as características da peregrinação ou visita.

Em termos da confissão, esta é percepcionada, sobretudo, como um meio de reconciliação com Deus, sendo que num segundo plano pode ser encarada como um meio de ascese espiritual ou como uma libertação do sentimento de culpa (ver quadro 13); já a missa e a comunhão são vistas, principalmente, como uma união com o Criador (ver ascetismo/misticismo), ou como a reactualização do sacrifício de Cristo (ver quadro 14).

 

Quadro 13 – Os Dois Significados Principais no Sacramento da Reconciliação

 

Quadro 14 – Os Dois Significados Principais no Sacramento da Eucaristia

 

Quanto aos ritos, observa-se uma grande dispersão ao nível das respostas (ver quadro 15), mas o diálogo com Deus lidera a lista de opções, seguindo-se a necessidade de manifestar a devoção com o próprio corpo (ver penitência e tocar).

 

Quadro 15 – Os Dois Significados Principais nos Comportamentos Rituais

 

CONCLUSÕES

Neste artigo sintetizam-se estatísticas editadas, caracterizando a população residente e os visitantes das cidades-santuário, segundo: as Características Sócio-demográficas; os Valores Pessoais e Sociais; os Valores Espirituais e Práticas Religiosas do Quotidiano13.

No que respeita à população residente, constata-se a escassez de estudos, reportando-se a Fátima, e com mais de 20 anos, os únicos encontrados. Subjacente a este facto, pode afirmar-se que muitos dos dados já estarão ultrapassados, nomeadamente, a nível das opiniões dos inquiridos, pois algumas das lacunas apontadas, foram, entretanto, colmatadas, demonstrando-se, assim, que estes levantamentos de opinião têm de acontecer com regularidade, de forma a saber, por um lado, os impactos das medidas postas em prática e, por outro, as falhas que passam a ser mais apontadas (muitas, devido à evolução natural da sociedade, com o aparecimento de novas necessidades).

Dentro dos resultados apresentados, os que mais se destacam são a proporção da população religiosa e a heterogeneidade da naturalidade dos habitantes em geral, algo que se explica por a cidade ter atraído o estabelecimento de muitas casas de ordens religiosas, e por muitos aí terem fixado residência por razões profissionais (sobretudo por terem encontrado trabalho, ao contrário do que acontecia nos seus locais de origem); daí a possível justificação para o elevado número (34%) dos que não se pronunciavam, em 1985, sobre a preservação de alguns lugares da freguesia14, este será, no entanto, um aspecto que, entretanto, poderá ter alterado, pelo simples facto de ter transcorrido o tempo, para o surgimento de uma nova geração, e em consequência, o total de autóctones será largamente superior ao verificado há duas décadas atrás. Ainda merecendo uma nota especial, é a confirmação de que cerca de 80% dos residentes se sente agradado com o ambiente da cidade-santuário, não se observando os anticorpos, tantas vezes encontrados em muitos destinos turísticos, nomeadamente, nos de sol e praia.

No que concerne aos visitantes das cidades-santuário, é maior a diversidade de trabalhos, possibilitando o seu cruzamento comparações que permitem retirar ilações com uma margem de segurança mais alargada, embora por vezes, ocorra grande divergência nas estatísticas em relação ao mesmo objecto de estudo.

No que respeita à idade dos que acorrem aos santuários, uma percentagem elevada (com frequência, mais de metade) ultrapassa os 50 anos, encontrando-se muitos na reforma ou na pré reforma, característica que bem aproveitada pode potenciar o prolongamento da estação turística, devido à maior disponibilidade de tempo livre destes viajantes. Na realidade, este sistema é praticado em Lourdes, sobretudo na Primavera e no Outono, uma vez que no Inverno, a maioria das unidades de acolhimento opta pelo encerramento. Em Fátima, observa-se uma estratégia semelhante à anterior, ressalvando o facto de os hotéis manterem as portas abertas durante todo o ano, só possível devido às acções de reflexão promovidas pelo santuário e à sua centralidade geográfica (contíguo à principal via rodoviária do país, entre Lisboa e o Porto), o que permite a organização de múltiplos eventos.

Em termos de espiritualidade, a inferência mais importante a retirar das respostas aos inquéritos, é que sem ela não existe uma razão forte para os fiéis (e mesmo para os não crentes) planearem uma deslocação às cidades em questão, aconselhando-se a continuidade da monitorização (mais implícita do que explícita) que tem tido lugar. Neste processo, as autoridades civis, embora não devam demitir-se das suas responsabilidades administrativas, deverão ter presente, que neste tipo de localidades, a opinião expressa pela Igreja tem um papel determinante, sendo que o barómetro de opiniões deverá assentar no bem-estar sentido e no fortalecimento dos ideais dos que aí acorrem, pois são estas as razões principais que sustentam a repetição da visita, ou a promoção da mesma, junto de amigos e familiares.

 

NOTAS

1- Ver Anexos.

2- Entre outros, os inquiridos focam o barulho, os roubos, os estragos, o lixo e a desordem.

3- Em complemento refere-se que João (1992) concluiu que 39,5% já deu mais importância ao que se passa no santuário, só 31,4% se mantém informado e 18,2% não presta qualquer atenção às actividades do mesmo.

4- É interessante verificar que entre os inquiridos, são os que raramente vão ao santuário que mais defendem a liberalização da cércea dos edifícios à sua volta, acontecendo o oposto com os que aí vão muitas vezes.

5- É considerado o dia mais importante do santuário e o que concentra um maior número de visitantes.

6- Transpor a mescla de dados para o mesmo quadro, resulta numa grande falta de visibilidade dos mesmos; a título de exemplo, refere-se Ambrósio (2000) em cujo estudo se altera a ordem de importância dos mercados estrangeiros em Fátima, conforme se examine os que aí pernoitam ou os que aí vão em excursão; em Lourdes, entre outros casos, regista-se que os números avançados por Rinschede (1985) não conferem com os de Bywater (1994), sobretudo por ter decorrido uma década entre a primeira e a segunda publicação.

7- Os restantes tipos de associações mencionados são: escola/universidade (15,8%), cultural (13,1%), desportiva (11,6%), passatempos (3%) e outros (0,3%).

8- Segundo os autores, a peregrinação é um rito de confirmação, ou seja, nesta não se dá uma alteração de posição (como seja de não religioso para religioso), mas sim a afirmação e reforço da fé já sentida.

9- Segundo os autores, a peregrinação serve para fortificar a orientação espiritual dos crentes e não para encontrar um significado para a mesma.

10- Recorde-se que, de todos os videntes em questão, só esta foi canonizada.

11- Relembre-se que é um santuário que atrai muitos turistas do segmento cultural.

12- Em complemento, pode acrescentar-se que Oosterwijk et al. (1986) observam que os peregrinos que acorrem a St. Gerard vão à igreja, em média mais do que uma vez por semana, têm um forte envolvimento com a paróquia local e a opinião do Papa é importante para a maioria deles.

13- Num próximo artigo serão apresentadas as sínteses das estatísticas editadas, caracterizando a população residente e os visitantes das cidades-santuário, segundo: as Características da Peregrinação e ou Visita; a Logística de Lugares Sagrados; a Organização Territorial; os Valores Ambientais/Paisagísticos; os Transportes/Vias de Comunicação; os Equipamentos Receptivos (hotelaria, restauração e comércio); as Características Socioeconómicas; a Gestão Estratégica.

14- Relembra-se que no inquérito levado a efeito, se questionava sobre a preservação dos Valinhos.

 

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Recebido: 28.07.2009 - Aceite: 28.10.2009

 

ANEXOS

Lista de Autores utilizados no Tema – Cidades-Santuário segundo População Residente

1) João (1992)                                              2) Magalhães (1992)

 

Quadro 16 – Variável, Questões e Autores agrupados no Tema Cidades-Santuário segundo População Residente

 

Lista de Autores utilizados no Tema – Cidades-Santuário segundo os Visitantes, nas variáveis: Características Sócio-demográficas; Valores Pessoais e Sociais; Valores Espirituais e Práticas Religiosas do Quotidiano

 

 

Quadro 17 – Variável, Questões e Autores agrupados no Tema Cidades-Santuário segundo População Residente