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Laboreal

versão On-line ISSN 1646-5237

Laboreal vol.10 no.1 Porto jul. 2014

https://doi.org/10.15667/laborealx0114ms 

EDITORIAL

Editorial

 

Marta Santos*

*Centro de Psicologia da Universidade do Porto

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Rua Alfredo Allen 4200-135 Porto

marta@fpce.up.pt

 

 

Neste número apresentamos um dossiê construído a partir de uma seleção de trabalhos expostos no simpósio “Ergonomic Analisys of Work and Training” no âmbito do Congresso da International Ergonomics Association que ocorreu em 2012 no Recife, Brasil. Na verdade, trata-se de um simpósio que se concretiza desde 1991, sendo organizado por investigadores de diferentes países pertencentes a uma rede de investigação multicêntrica preocupada com as relações entre o projeto de transformação das condições de trabalho visado pelas intervenções ergonómicas e a formação. Estes simpósios têm dado origem, desde a sua primeira edição, a publicações de contributos relevantes e originais sobre esta temática. Foi o que nos propusemos fazer desta vez na Laboreal.

Mas o dossiê que agora oferecemos tem duas especificidades.

A primeira é o facto de ser organizado em conjunto com a revista Pistes (http://pistes.revues.org/) com quem, desde um primeiro momento, temos uma relação de estreita colaboração editorial (verificada, nomeadamente, na publicação em ambas as revistas dos artigos que selecionamos para a rubrica “Textos Históricos”). Esta opção editorial tem como consequência a publicação tanto em português/espanhol como em francês de todos os textos que foram aceites após o procedimento de peritagem científica. Decisão que terá, muito provavelmente, como consequência a difusão dos textos a um público mais alargado, possibilitando, nomeadamente, à Laboreal ver o seu papel ampliado junto de novas comunidades de saberes.

A segunda especificidade reside na publicação deste dossiê em dois tempos tendo em conta o número de contributos recebidos. Assim, três textos serão agora apresentados (os artigos de: Vidal-Gomel, Delgoulet, & Geoffroy; Duarte & Vasconcelos; Fernandes & Santos). E os restantes serão publicados em Dezembro. Céline Chatigny redigiu o texto introdutor onde enquadra, de forma mais detalhada, a especificidade do projeto e apresenta este primeiro grupo de textos.

Contudo, obviamente, esta edição de Laboreal não se limita a este dossiê.

Publicamos ainda uma pesquisa empírica conduzida por Dominique Cau-Bareille sobre o grupo profissional dos professores com o objetivo de compreender as razões que os levam a fazer o pedido de uma reforma antecipada. A adoção de uma perspetiva de género na leitura dos seus dados permite uma identificação mais rigorosa e circunscrita do conjunto de dificuldades que se colocam aos professores no final da sua carreira. O exemplo aqui privilegiado, embora situado na França, poderá ter algum eco noutros países e talvez outros continentes.

Quanto à rubrica “Resumos de Tese”, ela permite-nos apresentar o trabalho desenvolvido por Duarte Rolo. Mobilizando o contributo teórico-metodológico da psicodinâmica do trabalho, conduziu o seu estudo empírico em centrais de atendimento telefónico procurando analisar o impacto psicológico dos modos de organização do trabalho, e mais concretamente, as situações em que estes incentivam o uso da mentira, tornando-a num elemento central da atividade dos operadores. O seu trabalho mostra como a avaliação de desempenho individual, pela atribuição de prémios aos “melhores” vendedores, acaba por recompensar aqueles que nem sempre atendem aos pedidos do cliente nem às suas verdadeiras necessidades.

Para a rubrica “textos históricos”, Régis Ouvrier Bonnaz escolheu um texto de Hans Aebli de 1951, devidamente enquadrado por Janine Rogalski. Procurou, com esta escolha, dar visibilidade a um autor e a uma obra que, na história das disciplinas que se preocupam com a atividade de trabalho nas práticas docentes, acabou por passar despercebido. A originalidade de Aebli recai na utilização da teoria psicológica de Piaget para o desenvolvimento de uma didática que poderia ser aplicada, nomeadamente, ao ensino da matemática.

Finalmente, no dicionário apresentamos definições para as letras G e H.

Repetimos, pela primeira vez, um vocábulo: retomamos a palavra Género. No nº 2 de 2007 (http://laboreal.up.pt/files/articles/2007_12/pt/88_89pt.pdf), Karen Messing situava essa palavra face às pesquisas que têm em conta as características determinadas socialmente nos homens e nas mulheres; desta vez, o referencial teórico é o da Clínica da atividade e, obviamente, Yves Clot refere-se ao género enquanto conjunto de normas historicamente construídas por um coletivo profissional, realçando em contraponto um estilo, que nasce deste coletivo (e alimenta-o, também) mas se revela no trabalhar idiossincrático.

No que diz respeito à letra H, de Historicidade, só nos poderia levar ao contributo de Milton Athayde - que evidencia, como costuma fazê-lo, o quanto a adoção de uma perspetiva temporal significa mais do que ter em conta a história apenas como pano de fundo. Na verdade, “apreender na historicidade” é o que garante a possibilidade de produção de sentido nas nossas vidas.

Não poderíamos terminar este Editorial sem agradecer aos colegas que, não sendo colaboradores regulares da Revista, nos ajudaram nas peritagens dos artigos publicados neste número: Maristela França, Ana Luíza Teles e Marcelo Figueiredo.

Fazemos também um agradecimento muito especial a João Viana Jorge que, desde o primeiro momento, nos tem acompanhado no desenvolvimento deste projeto editorial e cuja preciosa ajuda nas traduções tem sido inestimável.

Votos de uma boa leitura,

Pelo Comité Editorial,

Marta Santos

 

Como referenciar este artigo?

Santos, M. (2014).Editorial. Laboreal, 10 (1), 8-9.

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