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Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa

versão impressa ISSN 1646-5830

Acta Obstet Ginecol Port vol.10 no.3 Coimbra set. 2016

 

ARTIGO DE REVISÃO/REVIEW ARTICLE

Esvaziamento axilar: um procedimento em desuso?

Axillary lymph node dissection: still a necessary procedure?

Sara Lince Valadares*, Sónia Oliveira**, Francisca Pires***, Pedro Sereno****, Ricardo Mira*****

Unidade de Patologia Mamária da Maternidade Dr. Alfredo da Costa / Centro Hospitalar Lisboa Central

Faculdade Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa

*Assistente Hospitalar de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Dr. Alfredo Costa/Centro Hospitalar Lisboa Central e Hospital da Luz

**Assistente Hospitalar de Oncologia Médica, Hospital Sto António dos Capuchos/Centro Hospitalar Lisboa Central

***Assistente Hospitalar de Radioterapia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, Lisboa

****Assistente Hospitalar de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Dr. Alfredo Costa/Centro Hospitalar Lisboa Central

*****Diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar Lisboa Central; Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence


 

ABSTRACT

Sentinel lymph node biopsy (SLNB) is the gold standard procedure for breast cancer staging and axillary lymph node dissection (AD) is recommended when metastasis are found. Two recent practice-changing studies altered this paradigm. They brought into discussion old unanswered questions, such as the impact of AD on morbidity, survival and choice of adjuvant therapy as well as new questions, like the role of radiotherapy and the omission of AD after positive SLNB. The authors reviewed the literature focusing on these issues and concluded that AD after positive SLNB can be omitted in selected cases.

Keywords: Breast neoplasm; Lymph node excision; Sentinel node; Axilla.


 

Introdução

Halsted, no início do século XX, propôs a mastectomia radical como tratamento goldstandard no cancro da mama1. Desde então, em virtude da morbilidade associada a este procedimento e em resultado dos progressos entretanto verificados no conhecimento da biologia do tumor, aquela realidade tem vindo a mudar. Assim, na década de 80 vem a confirmar-se, em ensaios clínicos2-4 que o tratamento conservador da mama é seguro, pelo que esta possibilidade passa a ser oferecida à maioria das mulheres com cancro precocemente detetado.

Uma nova barreira é ultrapassada com a introdução e uso generalizado da biópsia de gânglio sentinela (BGS) no estadiamento da axila5,6. Se o estado da axila é um dos principais fatores de prognóstico no cancro da mama7,8, já o impacto do esvaziamento axilar (EA) no curso da doença é mais controverso, tendo vindo a ser posto em causa por inúmeros estudos.

Os autores revêm a evidência existente na avaliação e tratamento da axila com particular enfoque em dois estudos recentes e potencialmente modificadores da conduta clínica, ACOSOGZ00119 e AMAROS10, procurando responder, nesta perspetiva, às seguintes perguntas: Qual a morbilidade associada ao esvaziamento axilar? Qual a importância do esvaziamento axilar para a sobrevivência? Após biopsia de gânglio sentinela podemos suprimir o EA na presença de micrometástases? Após biopsia de gânglio sentinela podemos suprimir o EA na presença de macrometástases? Qual o papel da radioterapia (RT) da axila? Qual a importância do EA na escolha de terapêutica adjuvante?

Qual a morbilidade associada ao esvaziamento axilar?

A taxa de complicações associada ao EA situa-se entre 15 a 20% e compreende dor crónica, parestesias, disfunção articular do ombro e linfedema11,12. No estudo AMAROS, o linfedema foi reportado em 23% das doentes submetidas a EA e noutros múltiplos estudos, nos quais foi feita randomização para EA vs RT axila ou isenção de intervenção sobre a axila, os resultados levaram, de forma consensual, à conclusão que o EA está associado a uma maior morbilidade13,14.

Aos mesmos resultados e conclusões chegou o ensaio ACOSOGZ0011 desenhado com o objetivo secundário de avaliar a morbilidade do EA. Comparou entre realização de EA ou não em doentes submetidas a tumorectomia com BGS positiva. No grupo com EA foi referida uma maior taxa de infeção, seroma e parestesia. A presença de linfedema também foi significativamente superior neste grupo (13% vs 2% ao fim de 1 ano). Globalmente a taxa de complicações cirúrgicas foi de 70% no grupo com EA e 25% no grupo com BGS (p<,001)14.

Assim, a morbilidade do EA, a maioria das vezes permanente, está bem documentada, sendo ainda de salientar, nos casos em que o EA é feito num segundo tempo operatório, as complicações e custos associados a uma nova intervenção.

Qual a importância do esvaziamento axilar para a sobrevivência?

O número de gânglios axilares metastáticos é um excelente fator preditivo de sobrevivência livre de doença (SLD) sabendo-se que o seu número aumenta em proporção com o tamanho do componente invasivo do tumor7,8,15, mas o impacto do EA no curso da doença, abordado em inúmeros estudos, é controverso.

Nos primeiros estudos foram analisadas séries de doentes aos quais o EA não foi efetuado sem aparente prejuízo na respetiva sobrevivência. Uma série de 327 doentes, clinicamente nos estadios I e II, tratadas com cirurgia conservadora mais RT, obteve uma sobrevivência global (SG), a 10 anos, de 71% com 3% de recidiva axilar16.

Silverstein publica dados referentes à taxa de envolvimento axilar de acordo com o tamanho tumoral e conclui que, para tumores inferiores a 5 mm, com uma taxa de gânglios axilares positivos de 3%, seria seguro omitir o EA15.

Greco em 2000 publica os resultados do acompanhamento durante 5 anos de 401 doentes submetidas a cirurgia mamária sem EA, com estadiamento clínico T1-2 N0, e que fizeram tamoxifeno como única terapêutica adjuvante. A taxa de recidiva axilar foi de 2% e 1,7% para as doentes com tumores T1a e T1b e mais alta para as mulheres com tumores T1c e T2, respetivamente 10% e 18%. A taxa de metástases à distância foi inferior a 6% nos primeiros dois grupos e apresentou valores de 15% para os tumores T1c e 34% para os T2. Sendo estas taxas mais baixas que as historicamente esperadas, os autores concluem que para tumores T1a e T1b, provavelmente o EA traz poucos beneficios17.

Posteriormente foram surgindo resultados de estudos randomizados, destacando-se dois referentes a mulheres com mais de 60 anos. O International Breast Cancer Study Group publicou em 2006 um estudo randomizado de 473 mulheres com mais de 60 anos, axila clinicamente negativa e com indicação para terapêutica adjuvante com tamoxifeno em dois grupos: cirurgia mais EA ou sem EA. Aos 6,6 anos de seguimento não houve diferença na SLD (67% vs 66%) ou na SG (75% vs 73%) entre ambos os grupos. Face ao observado, os autores concluem que suprimir o EA nestas doentes não condicionaria negativamente o controlo da doença18. A conclusão semelhante, a 5 anos de seguimento, chegou um ensaio de 219 mulheres com idade entre 60 e 80 anos, com tumores clinicamente T1N0, submetidas a cirurgia conservadora mais RT local e tamoxifeno, randomizadas em EA vs nenhuma cirurgia axilar19.

Ao invés, em mulheres com axila positiva foi encontrado benefício no EA. Um estudo randomizado com 658 mulheres com axila positiva e um tamanho tumoral até 3 cm comparou tumorectomia com e sem EA. Todas as mulheres foram submetidas a RT. Houve uma melhoria da sobrevivência e menor recidiva no grupo com EA, após 5 anos de seguimento20. Nestes casos os autores defendem a realização de EA no contexto de axila positiva, mas admitem que estes resultados possam ser explicados pela(s) terapêutica(s) adjuvante(s) instituída(s) e não pelo efeito do EA.

Também para entender o papel das metástases axilares ocultas, Veronesi selecionou aleatoriamente 435 doentes com mais de 45 anos, tumores menores que 1,2 cm e axila clinicamente negativa, num primeiro grupo com cirurgia conservadora mais RT da mama e num segundo grupo com cirurgia conservadora mais RT da mama e da axila. Após 5 anos de seguimento a recidiva axilar foi baixa, 3 casos (1,5%) no primeiro grupo e 1 caso (0,5%) no segundo. A sobrevivência aos 5 anos foi semelhante em ambos os grupos, com valores na ordem dos 96%. O autor conclui que parte das metástases axilares ocultas nunca chegam a manifestar-se clinicamente e que em tumores pequenos com axila clinicamente negativa poderá ser omitido o EA21.

Finalmente, um ensaio indispensável para compreender esta problemática é o trabalho de Fisher7,22. Em 1971 inicia a randomização de 1.079 mulheres com axila clinicamente negativa comparando mastectomia radical (MR), mastectomia simples (MS) mais irradiação local e mastectomia simples com EA posterior quando houvesse recidiva regional. 70% destas mulheres tinham idade superior a 60 anos e o tamanho médio do tumor era de 3,3 cm. Não foram reportadas diferenças na SLD sistémica e SG aos 10 e 25 anos de seguimento (a SG foi de 19%, 13% e 19% aos 25 anos respetivamente nos grupos com MR, MS+RT e MS). A incidência de recidiva regional foi menor no grupo submetido a RT. Aos 25 anos de seguimento somente 20% das mulheres com axila negativa estavam vivas e livres de doença. Independentemente do estado da axila a maioria dos eventos primários foram recidivas à distância e morte não relacionada com cancro, concretamente este último ocorreu em cerca de 1/3 dos casos. Um resultado interessante deste estudo é a constatação que a recidiva axilar, quando ocorre, tende a ser um evento precoce (das 365 mulheres submetidas a MS, 68 tiveram recidiva ganglionar nos primeiros 5 anos e 7 mulheres após 5 anos). Outro dado importante a reter é que em 40% das mulheres submetidas a MR houve confirmação histológica de metástases ganglionares, assim sendo, seria de esperar a mesma taxa de doença axilar nas mulheres submetidas só a MS. Uma vez que a SG foi semelhante nestes dois grupos, pode deduzir-se que a doença ganglionar oculta influencia a taxa de recidiva axilar mas não a SG e a doença à distância.

Na generalidade os estudos acima referidos, apontam para a segurança em omitir o EA em subgrupos de doentes com axila clinicamente negativa, nomeadamente mulheres mais velhas, tumores pequenos, com recetores de estrogénio (RE) positivos e com programação de algum tipo de irradiação axilar.

Outro ensaio pertinente publicado pelo já citado Veronesi, consistiu na randomização de 737 doentes, após mastectomia mais cirurgia axilar, de exérese ou não dos gânglios da cadeia da mamária interna. O estudo não encontra diferenças na sobrevivência entre os dois grupos, ainda que no primeiro o envolvimento patológico dos gânglios da mamária interna tenha sido confirmado em 21% dos casos23.

Podemos concluir que o EA permite uma excelente avaliação do prognóstico, tendo um papel importante no controlo regional da doença. O seu impacto na sobrevivência livre de doença à distância é mais controverso ou, por outras palavras, o EA indica a probabilidade de doença sistémica mas não a impede propriamente de acontecer.

Após biopsia de gânglio sentinela podemos suprimir o esvaziamento axilar na presença de micrometástases?

No início dos anos 90 foram publicados os primeiros relatos do mapeamento linfático e biopsia de gânglio sentinela (BGS). Esta técnica apesar de assumir uma taxa de falsos negativos cerca de 7%, embora sem repercussão na sobrevivência e uma taxa de recidiva axilar de 1%5,6,24, obteve uma rápida aceitação pela comunidade científica tornando-se goldstandard na aferição da axila e poupando a muitas mulheres os efeitos adversos do EA.

A BGS requer uma análise mais pormenorizada do gânglio, obrigando a quantificar e classificar os diferentes depósitos de invasão ganglionar encontrados em células tumorais isoladas (depósitos tumorais ≤ 0,2mm), micrometástases (depósitos entre 0,2 a 2 mm) ou macrometástases (depósitos >2 mm). O estudo MIRROR demonstrou que esta classificação tem implicações prognósticas a ter em conta na instituição de terapêutica adjuvante. Este estudo comparou doentes com BGS negativa que não efetuaram terapêutica adjuvante com doentes submetidos a BGS com CTI ou micrometástases. Neste último grupo estavam incluídos doentes que não fizeram nenhum tipo de terapêutica adjuvante e doentes que apesar das guidelines então vigentes não recomendarem terapêutica adjuvante, esta havia sido administrada (tumores inferiores a 1cm ou maiores até 3 cm mas grau I ou II). O estudo mostrou um agravamento no prognóstico aos 5 anos na presença de CTI ou micrometástases e um aumento na SLD destas doentes quando sujeitas a terapêutica adjuvante, reforçando a importância de uma maior liberalização na indicação de tratamento adjuvante neste grupo25.

Recentemente o grupo do Instituto Europeu de Oncologia (IEO) apresentou a sua série retrospetiva de 5.262 doentes com BGS negativa tratados entre 1996 e 200624. Nesta série, 91% das doentes foram submetidas a cirurgia conservadora, e destas, 67% receberam RT externa (dois campos tangenciais) e 26% receberam RT intraoperatória com electrões, sendo 80% dos tumores de tamanho inferior a 2 cm. Os resultados mostraram uma taxa de SG de 91% a 10 anos. Em 91 doentes (1,7%) ocorreu recidiva axilar e nestas, a sobrevivência aos 10 anos após o aparecimento de doença axilar, foi de 72%. De realçar o papel protetor da RT, uma vez que o risco de recidiva axilar foi superior nas doentes submetidas a mastectomia que não fizeram RT. Há que atentar na importância deste estudo que reforça a segurança desta técnica com seguimentos a 10 anos.

Em Portugal, um estudo com seleção aleatória de 125 doentes para a realização de BGS ou BGS seguida de EA também mostrou resultados semelhantes em ambos os grupos relativamente à SG, SLD e recorrência regional, com um acompanhamento de longa duração26.

Atualmente, à exceção do carcinoma inflamatório, são praticamente inexistentes as contra-indicações absolutas para a realização de BGS em axila clinicamente negativa e, apesar de alguns receios nos tumores multicêntricos ou extensos, normalmente submetidos a mastectomia, é consensual não fazer EA após BGS negativa.

Diversos estudos apoiam também a omissão do EA no caso de micrometástases ou CTI no gânglio sentinela.

Uma meta-análise publicada em 2004 incluindo estudos com BGS com baixo volume de doença axilar ou CTI mostrou uma taxa de envolvimento axilar, após EA, de 10 a 15%27.

 O ensaio clínico multicêntrico IBCSG B23 reportou a avaliação de pacientes com micrometastástases no gânglio sentinela. Como esperado, estas doentes integravam um grupo de baixo risco: 67% apresentavam tumores T1, 74% doença grau I ou II, 89% dos tumores expressavam RE e em 67% as micrometástases encontradas eram <1 mm. Quanto à terapêutica realizada, 75% tinham feito cirurgia conservadora e 25% mastectomia, 89% tinham sido submetidas a radioterapia adjuvante13. Neste estudo a SG e a SLD aos 5 anos de seguimento foi semelhante nos dois grupos (com e sem EA). Os resultados deste estudo fornecem, atualmente, o maior justificativo para dispensar o EA na presença de micrometástases.

Após biopsia de gânglio sentinela com macrometástases podemos suprimir o esvaziamento axilar?

A partir da generalização da BGS as controvérsias relacionadas com o tratamento cirúrgico da axila abrandaram. Apesar disso, e com base na evidência apresentada anteriormente, alguns clínicos e mulheres têm optado pela omissão do EA em casos de BGS positiva. Em 2010 foram publicados os dados da «Surveillance, Epidemiology, and End Results Database» que identificou 26.986 doentes com doença axilar, tratadas nos EUA entre 1998 e 2004, das quais 4.425 (16,4%) haviam sido submetidas a BGS sem EA. Estas doentes, tendencialmente, apresentavam idade mais avançada, tumores de menor grau e maior proporção de casos hormonodependentes. Aos 50 meses de seguimento não foi encontrada diferença na SG entre estas doentes e as submetidas a EA após BGS positiva28.

Bilimoria publicou a análise de 97.314 mulheres da «National Cancer Data Base» com axila clinicamente negativa e BGS positiva. Entre 1998 e 2000 foram identificadas 20.075 mulheres com macrometástases e 2.203 com micrometástases. Mais uma vez a omissão de EA esteve associado a idades mais velhas, tumores mais pequenos e maior comorbilidade. A análise multivariada não mostrou diferenças significativas na recidiva axilar (entre 1 e 1,2% em todos os grupos) nem na sobrevivência global entre o grupo apenas submetido a BGS e o grupo com EA, embora se tenha verificado uma tendência para maior sobrevivência nas mulheres com macrometástases sujeitas a EA. Esta análise permite concluir que a omissão de EA é segura nas doentes com micrometástases e, em casos específicos, naquelas que apresentam macrometástases29.

Outra tentativa de selecionar os casos a omitir o EA após BGS positiva tem sido a utilização de nomogramas que recorrem a variáveis do tumor e características do gânglio sentinela para predição de outros gânglios não sentinela metastáticos. Entre os nomogramas mais utilizados destaca se o desenvolvido no «Memorial Sloan-Kettering Cancer Center» e o de «Stanford». Estas ferramentas estatísticas ajudam na decisão clínica, embora não existam estudos randomizados que avaliem o impacto do seu uso na recidiva ou sobrevivência30,31.

 Neste contexto é publicado em 2011 o ensaio ACOSOG Z00119 que pretende avaliar a omissão do EA após BGS positiva. O suporte científico para a realização deste estudo provem de evidências acumuladas, designadamente em primeiro lugar a constatação de que a probabilidade de o GS ser o único gânglio positivo é de cerca de 60 a 70% no caso de macrometástase e de 90% no caso de micrometástases ou CTI28, em segundo, a identificação de séries de doentes onde o EA foi omitido apresentando taxas de recidiva baixas e, finalmente, que a recidiva axilar após BGS negativa era mais baixa do que a taxa de falsos negativos da técnica28,29 fazendo supor que há doença axilar que nunca evolui ou é tratada pela terapêutica sistémica e RT. Este ensaio incluiu doentes com tumores até 5 cm, axila clinicamente negativa, submetidas a tumorectomia mais RT da mama com incidências tangenciais e BGS com doença metastática até 2 gânglios positivos. Foram excluídas mulheres com CTI, mais de dois gânglios positivos ou com doença axilar extraganglionar. Foram ainda excluídas, mulheres submetidas a mastectomia, a tumorectomia mais braquiterapia ou mais RT sem incidências tangenciais, sem RT ou submetidas a tratamento neoadjuvante. Após BGS positiva foram randomizadas 445 doentes submetidas a EA e 446 a quem não foi efetuado EA. O número médio de gânglios removidos foi de 17 no primeiro grupo e 2 no grupo só com BGS, como esperado. No grupo de doentes submetidas a EA, foram isolados gânglios positivos adicionais em 27% dos casos. A maioria das mulheres realizou RT, 89% no grupo com EA e 90% no grupo com BGS.

Não foi encontrada diferença significativa aos 6,3 anos de seguimento medio na SG, SLD e recorrência regional. A SG aos 5 anos foi de 91,8% no braço que efetuou EA e de 92,5% no braço de BGS, tendo ocorrido 94 mortes (52 com EA e 42 com BGS). A SLD foi de 82% e 84%, respetivamente em ambos os grupos (p=,14). A taxa de recidiva regional aos 5 anos foi de 3,1% com EA e 1,6% com BGS (p=,11). Do mesmo modo, na análise do subgrupo de tumores com RE negativos (n=127) não foram objetivadas diferenças nem na SG nem na SLD.

No ensaio de Fisher a SG em todos os braços aos 5 anos foi de 60%, com uma estimativa de doença axilar em 40% dos doentes (baseada na percentagem de doentes com axila positiva no grupo que fez EA). No estudo ACOSOGZ0011 a SG foi de 90% e uma taxa de recidiva axilar de somente 0,9%, apesar de todas as doentes terem axila positiva. Os autores explicam estes bons resultados pelos avanços no diagnóstico e a maior precisão das terapêuticas adjuvantes, e alertam que estes avanços devem ser tidos em conta na escolha de terapêutica cirúrgica. Concluem ainda que, sendo a recidiva axilar usualmente um acontecimento precoce18,19,5, verificando-se raramente após os 5 anos, é pouco provável que haja diferenças nos resultados com um acompanhamento mais prolongado.

Um dos aspetos controversos deste estudo foi apontado por Jagsi. Este autor investigou os protocolos de RT utilizados. Apenas teve acesso aos dados de 228 doentes dos quais 185 (81%) receberam RT com incidências tangenciais. Verificou que 18,9% receberam RT axilar com 3 campos (22 casos no EA e 21 no grupo com BGS) e alguns doentes não fizeram RT. Apesar de não se terem apurado diferenças entre os dois braços do ensaio, concluiu que deverá ser realizada uma norma de conduta para padronização do tratamento de RT a aplicar nestes doentes32.

O ensaio ACOSOGZ00119 tem limitações. Do ponto de vista metodológico não foi atingido nem o número de doentes nem o número de eventos inicialmente previstos de acordo com o desenho inicial (1.900 doentes previstos mas apenas 891 foram incluídos; 500 mortes previstas mas apenas 94 reportadas). Tendo recrutado menos de metade da amostra inicialmente calculada, a potência estatística para detetar não inferioridade é questionável. Além disso, a maioria da população incluída apresentava mais de 50 anos de idade (64%), doença hormodependente (77%), tumor até 2cm (68%) e apenas um gânglio sentinela positivo (60%). Não existem dados quanto à expressão de Human Epidermal growth factor Receptor 2 (HER2). Ainda assim os autores concluem que à luz dos conhecimentos atuais e com as terapêuticas adjuvantes disponíveis não é lícito deixar que mulheres que cumpram os critérios de inclusão e exclusão do estudo sejam sujeitas à morbilidade de um EA sem vantagens significativas na sua sobrevivência, controlo regional da doença e na decisão de terapêutica adjuvante. Mas depreende-se que será segura a omissão de EA nos doentes maioritariamente representados no estudo, ou seja, com mais de 50 anos com pT1, RE positivos e um gânglio sentinela positivo.

Qual o papel da radioterapia da axila?

Existem inúmeros estudos que mostram o efeito do controlo regional da RT.

Como mencionado anteriormente a serie retrospetiva de 5.262 doentes do IEO com BGS negativa tratados entre 1996 e 200624 mostrou um risco de recidiva axilar maior nas doentes submetidas a mastectomia que não fizeram RT.

A RT adjuvante após cirurgia conservadora reduz o risco de recidiva ipsilateral num fator de 3 e reduz o risco de qualquer tipo recidiva resultando numa melhoria significativa da SG33. A RT após mastectomia com doença ganglionar reduz mais de 3 vezes a recorrência regional e melhora a SG em 6%34.

Antes da introdução da BGS a RT foi apresentada como alternativa ao EA em doentes com axila negativa, tendo-se verificado um bom controlo da doença regional e menos efeitos secundários com a RT35,36.

É neste contexto que em 2001 foi iniciado o ensaio AMAROS10 tendo como objetivo a avaliação de RT axilar enquanto tratamento igualmente valorado em relação ao EA, tendo a taxa de recorrência regional ipsilateral como resultado esperado. 4.806 doentes com tumores T1-2 e axila clinicamente negativa , foram divididos em dois grupos, previamente à realização de BGS: um para EA e outro para RT posterior. Destes, tiveram BGS positiva 744 no grupo EA e 681 no grupo para RT axilar. A RT axilar devia incluir os três níveis da axila e segmento medial da fossa supraclavicular com a dose de 50 Gy em 25 frações. O tratamento cirúrgico foi tumorectomia ou mastectomia conforme o clinicamente indicado. O EA foi definido como a exérese de pelo menos 10 gânglios incluindo nível I e II.

A taxa de recorrência axilar aos 5 anos foi de 0,54% após realização de EA e 1,02% após RT axilar. Não foram reportadas diferenças com significado estatístico nem na SG nem na SLD aos 5 anos: SG foi 93,3% com EA e 92,5% com RT axilar, a SLD foi de 86,9% no subgrupo que realizou EA e 82,7% no subgrupo submetido a RT axilar. A análise de subgrupos também não mostrou diferenças significativas na SLD.

Foi encontrado menos linfedema no grupo da RT e não houve diferenças significativas no que respeita a mobilidade do ombro (numericamente superior no grupo da RT). Aos 5 anos, foi reportado linfedema em 23% dos doentes submetidos a EA e 11% nos doentes submetidos a RT, esta diferença não teve repercussão na qualidade de vida. De realçar a taxa de 58% de linfedema encontrado em 27 doentes sujeitas a EA e RT (p<,001).

O estudo AMAROS, no entanto, deve ser lido com reservas tendo em conta que a avaliação prevista de não inferioridade não obteve potência estatística, provavelmente pelo número baixo de eventos.

No entanto, os resultados do estudo AMAROS corroboram a importância quer da RT quer do EA no controlo regional mesmo em doentes com BGS positiva. A RT axilar, administrada de acordo com o protocolo do estudo, pode ser considerada no subgrupo de doentes incluídas (pT1-pT2, cN0 com BGS positiva), porém a sua utilização generalizada é questionável.

Finalmente, se por um lado o estudo AMAROS tentou provar que a omissão de EA é uma forma de poupar os doentes a efeitos adversos, levanta por outro lado, a questão de sobre-tratamento com RT: actualmente, em doentes com pT1-pT2, cN0 com BGS positiva não é consensual irradiar de forma terapêutica considerando como volume alvo de tratamento os três níveis da axila e segmento medial da fossa supraclavicular.

Na prática clínica diária defrontamo-nos com uma questão fundamental: em face de doente com pT1-pT2, cN0 com BGS positiva em que a decisão, tomada em reunião multidisciplinar, tenha sido a omissão de EA, que tratamento de RT realizar?

Qual a importância do esvaziamento axilar na escolha de terapêutica adjuvante?

 Classicamente os fatores de prognóstico mais importantes no cancro da mama inicial são a expressão RE/RP/HER2, marcadores de proliferação, número de gânglios envolvidos, histologia tumoral, tamanho tumoral, grau tumoral e presença ou ausência de envolvimento linfovascular (ESMO guidelines 2014). Em 2000, a equipa de Perou utilizando uma técnica de DNA microarrays descreveu quatro subtipos moleculares, basal-like, HER2-enriched,normal-like e luminal37. Este trabalho, entre outros, vem confirmar que o cancro da mama não pode ser interpretado como uma única doença.

Os subtipos tumorais têm vindo a ganhar cada vez maior importância na atividade clínica. Os consensos de «St Gallen» de 2013 vieram reforçar o papel dos subtipos intrínsecos do cancro da mama, corroborando a utilização de características moleculares e sugerindo a utilização de biomarcadores segundo técnicas de imunohistoquímica para a sua classificação (como seja a expressão de RE, RP e HER2 e a determinação do Ki67). A Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) nas suas mais recentes guidelines, espelhando os consensos de St Gallen, enfatiza o papel dos subtipos intrínsecos como fator preponderante na decisão de terapêutica adjuvante. No entanto, o estadiamento da doença permanece importante para a decisão de tratamento adjuvante.

O estudo AMAROS, no seu desenho inicial, programou uma análise interina com o objetivo de avaliar o papel do EA na decisão de tratamento sistémico adjuvante. Neste estudo, os autores testaram uma hipótese: a administração de tratamento adjuvante sistémico seria semelhante em ambos os braços. Foram incluídos, 566 doentes com BGS positiva submetidos a EA (n=300) ou RT axilar (n=266) de acordo com a randomização. Segundo os autores, não foram observadas diferenças na percentagem de doentes submetidas a quimioterapia, que se traduziu por 58% de doentes no braço de EA e 61% no braço de RT. Também não foram reportadas diferenças quanto à utilização de terapêutica endócrina entre os dois grupos, 78% de doentes no braço de EA e 76% no braço de RT. A análise multivariada mostrou que as variáveis que influenciaram significativamente a escolha de quimioterapia adjuvante foram a idade, o grau tumoral, multifocalidade e o tamanho das metástases ganglionares. Os autores concluem que o conhecimento do estadiamento patológico da axila não foi determinante na escolha da terapêutica adjuvante na população estudada38. É importante referir que os dados relativos ao status hormonal são dados indiretos extrapolados da utilização de terapêutica endócrina, sendo que a informação referente ao estado de RE/RP não foi recolhida. Também não foram recolhidos dados quanto ao status HER2 nem quanto à utilização de inibidores da via HER2. A utilização de quimioterapia não foi diferente entre os dois braços mas a utilização de taxanos foi baixa. Assim a generalização da conclusão dos autores deverá ser cautelosa.

De forma semelhante, no ensaio ACOSOGZ0011 não foram reportadas diferenças quanto à terapêutica adjuvante utilizada entre os braços do estudo: 96% dos doentes submetidos a EA realizaram algum tipo de tratamento adjuvante e 97% dos doentes que não realizaram EA; 58% dos doentes no braço de EA e 58% no braço sem EA realizaram quimioterapia; 46% dos doentes no braço de EA e 47% no braço sem EA realizaram terapêutica endócrina9.

Neste contexto importa realçar que em alguns estudos, os tumores HER2 positivos e tumores triplo negativos foram associados a um aumento do risco de recorrência regional quando comparados com outras histologias39,40. Na prática clínica, os resultados do ensaio AMAROS e ACOSOGZ0011 serão dificilmente extrapolados para o subgrupo de doentes com tumores HER2 e triplo negativo pela sua baixa representatividade. De qualquer forma nestes dois subgrupos o impacto do estadio axilar, por si só, como fator decisivo para realização de tratamento adjuvante sistémico, seria só importante no contexto de tumores mais pequenos.

No grupo de doentes com doença hormonodependente a utilização de plataformas genómicas como seja OncotypeDX® e Mammaprint® têm vindo a ser estudada. Estas ferramentas moleculares providenciam informação prognóstica e/ou preditiva sendo que as guidelines da ESMO sugerem a sua utilização como forma de identificação de doentes com doença regional a quem, potencialmente, será de considerar omitir terapêutica com quimioterapia. Neste subgrupo de doentes em relação aos quais se pode considerar a omissão de quimioterapia, será seguro omitir também EA? A decisão de tratamento adjuvante, atualmente, deve ser emanada em sede de reunião multidisciplinar articulando as diferentes modalidades terapêuticas de forma a não promover o sobre-tratamento nem o sub-tratamento.  

Conclusão

Estes estudos demonstram que a taxa de recidiva axilar em doentes com axila clinicamente negativa é baixa, mesmo em casos de BGS positiva sem EA. É consensual que, a BGS continua a ser a técnica goldstandard para avaliação da axila clinicamente negativa. Perante uma BGS negativa, com micrometástases ou CTI, não se recomenda o EA. Na presença de macrometástase sem rotura capsular parece seguro a omissão de EA em doentes com mais de 50 anos com pT1, RE positivos, um gânglio sentinela positivo, submetidas a tumorectomia com RT mamária programada.

Do aprofundamento de mais estudos espera-se a resposta a diversas perguntas: sobre protocolos personalizados de RT, sobre a possibilidade de evitar o EA nas mulheres submetidas a mastectomia, sobre contributos nas controvérsias no que respeita à quimioterapia neoadjuvante ou sobre o que fazer perante confirmação pré-operatória de invasão de um ou dois gânglios em doentes que cumpram os critérios de inclusão do ensaio ACOSOGZ0011.

Na linha do exposto, outra pergunta lógica sobressai: podemos evitar a BGS em alguns subgrupos de doentes? Está em curso no IEO o «SOUND trial» que pretende avaliar se a BGS pode ser evitada em mulheres mais velhas, tumores pequenos com axila clinicamente e ecograficamente negativa e se a escolha de terapêutica adjuvante pode ser feita mediante a biologia do tumor sem a informação do estadiamento patológico axilar.

 Os últimos consensos de «St. Gallen» (2013) recomendam a omissão de EA no caso de BGS com micrometástases e admitem que possa não haver benefício no EA nos doentes que cumpram os critérios de inclusão do ensaio ACOSOGZ0011.

Em 2014 a ASCO41 atualizou as suas recomendações no que respeita à cirurgia da axila. Segundo estas recomendações em doentes com BGS, em que no máximo, dois gânglios estejam envolvidos e que esteja prevista a realização de tumorectomia e RT mamária é de um modo geral recomendada a omissão de EA.

Perante tantas dúvidas, elegemos como conclusão última a certeza de que o doente tem que ser visto de forma holística devendo a proposta cirúrgica ser incluída num «pacote» global de tratamento. Atualmente, consideramos que a realização de EA deve ser suprimida em casos selecionados. Lembramos que o estadiamento axilar é um dos principais fatores de prognóstico podendo interferir na escolha de terapêutica adjuvante e que o EA pode ser importante no controlo regional da doença e influenciar positivamente a recidiva à distância.

Novos progressos no conhecimento da biologia tumoral, apontam para novos argumentos nesta matéria e se é provável que o EA se mantenha útil na eliminação de doença metastática axilar clinicamente importante, já o seu papel na axila clinicamente negativa irá ser de marcador de prognóstico.

 

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Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence

Sara Lince Valadares

E-mail: slincevaladares@gmail.com

 

Recebido em: 9/2/2015

Aceite para publicação: 28/6/2015