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Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa

versión impresa ISSN 1646-5830

Acta Obstet Ginecol Port vol.14 no.2 Coimbra jun. 2020

 

ARTIGO DE REVISÃO/REVIEW ARTICLE

Tabagismo e cessação tabágica na gravidez - Estado da arte

Smoking and smoking cessation during pregnancy - State of the art

João Coutinho Milhano1, Luísa Pinto2

Clínica Universitária de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução. Hospital de Santa Maria, Lisboa.

1 Interno de Formação Específica de Ginecologia-Obstetrícia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), Hospital São Francisco de Xavier

2 Assistente Hospitalar Graduada de Obstetrícia e Ginecologia. Assistente da Cadeira de Obstetrícia e Ginecologia da FMUL. Clínica Universitária de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução. Hospital de Santa Maria, Lisboa

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence


 

ABSTRACT

Smoking is the leading avoidable cause of adverse outcomes in pregnancy. Smoking cessation has been clearly associated with health benefits to both mother and foetus. However, only a minority of smokers will cease. Healthcare professionals’ guided interventions could be a critical step in prenatal smoking cessation, requiring knowledge in the management of non-pharmacological and pharmacological techniques. The data from available trials has not yet succeeded to assess the safety and effectiveness of pharmacological methods in pregnancy and breastfeeding. Thus, the recommendations support preferably the use of non-pharmacological strategies.

Keywords: Smoking; Pregnancy; Smoking cessation.


 

Introdução

O consumo tabágico durante a gravidez é o fator de risco modificável mais associado a desfechos obstétricos adversos. Apesar da relevância deste assunto, existem poucos dados relativamente ao comportamento das grávidas portuguesas face ao tabaco. Um estudo conduzido por Alves et al. (2013) seguiu uma coorte de 5420 grávidas entre 2005 e 2006, tendo sido alvo de reavaliação em 20101. A prevalência de fumadoras no momento da conceção era de 22,9%, de entre as quais 11% não alteraram os seus consumos durante a gravidez, 47,3% cessaram os hábitos tabágicos (15,2% definitivamente, 32,1% com recaída pós-parto), 41,7% reduziram o consumo diário (33,8% retomaram os hábitos após a gravidez)1. Estes dados mostram que se torna imperativo desenvolver e oferecer intervenções dirigidas à cessação tabágica.

O objetivo deste trabalho é oferecer uma visão atualizada dos efeitos do tabagismo na gravidez e puerpério apresentando a evidência científica mais recente relativamente a estratégias de cessação tabágica, farmacológicas e não farmacológicas.

Efeitos do tabagismo na gravidez

Vários estudos demonstram um impacto negativo do tabagismo, desde o período pré-concecional até ao período pós-natal e mesmo a longo prazo.

O tabagismo está implicado na redução da fertilidade feminina2 e associa-se a diminuição da taxa de sucesso das técnicas de procriação medicamente assistida (PMA)3. Alguns estudos apontam para um atraso na conceção, dose-dependente, de cerca de 2 meses2. De facto, constituintes do cigarro parecem acelerar a depleção folicular e reduzir a viabilidade oocitária4. Sendo possível que este efeito seja reversível5, uma estratégia de cessação tabágica poderá ter impacto positivo na fertilidade feminina.

Na gravidez, o consumo de tabaco está associado a desfechos obstétricos adversos: aborto espontâneo, gravidez ectópica, rutura prematura pré-termo de membranas (RPPTM), descolamento prematuro de placenta normalmente inserida (DPPNI), placenta prévia, parto pré-termo (PPT) e baixo peso ao nascer (BPN)6.

Demonstrou-se que qualquer grau de tabagismo ativo pode estar associado a aumento de risco de aborto espontâneo7, sendo controversa a existência de um efeito dose-dependente8, 9.

O tabagismo tem sido consistentemente associado a aumento do risco de RPPTM, mesmo quando a análise é feita com controlo para outros fatores de risco10,11 e constitui um fator de risco independente para DPPNI12.

Os recém-nascidos de fumadoras têm, em média, menos 150-300g13, 14, havendo maior impacto quando os hábitos tabágicos ocorrem no segundo e terceiro trimestres15. Também o tabagismo passivo tem vindo a ser associado a BPN, sendo que 22-30% das grávidas não-fumadoras poderão estar em risco16. Existe controvérsia relativamente ao melhor momento para iniciar a cessação tabágica tendo em vista a reversibilidade da alteração dos parâmetros antropométricos, sendo que a maioria dos estudos aponta para o primeiro trimestre13, 14, 17.

O consumo de tabaco encontra-se associado a aumento do risco de PPT, sobretudo espontâneo18. Existem várias teorias sobre os mecanismos envolvidos: estudos antigos com animais19, 20 demonstraram que a nicotina induz diminuição do fluxo uteroplacentário e hipoxia fetal.

Paradoxalmente, o tabagismo parece ser um fator protetor relativamente ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia21, porém as fumadoras que desenvolvem pré-eclâmpsia apresentam quadros clínicos mais graves7, 22. O benefício relativamente à pré-eclâmpsia não ultrapassa os riscos médicos e obstétricos associados ao tabagismo.

Existe pouca evidência quanto à relação entre tabagismo e malformações congénitas, sendo possível associar hábitos tabágicos em fases precoces da gravidez com a presença de fendas orofaciais7. A evidência existente aponta também para maior incidência de pé boto, gastrosquisis e defeitos do septo interauricular7.

Complicações presentes no período pós-natal e com repercussões a médio e longo prazo têm sido associadas ao tabagismo materno. A incidência de síndrome de morte súbita do lactente (SMSL) diminuiu consideravelmente na década de 90 do século passado com o aconselhamento para deitar os recém-nascidos em decúbito dorsal, pelo que, atualmente, o tabagismo materno é o maior fator de risco para SMSL23. A principal teoria explicativa postula que a nicotina poderá afetar a resposta ventilatória central à hipoxia (decorrente da própria exposição à nicotina), alterar respostas autonómicas periféricas e diminuir as respostas adrenérgicas à hipoxia, condicionando uma afeção do sistema cardiorrespiratório que pode culminar na morte24.

A exposição pré e pós-natal ao tabagismo materno pode predispor a doenças respiratórias infecciosas e inflamatórias, estando descrito um aumento da incidência de bronquite e da taxa de admissão hospitalar por infeção das vias aéreas inferiores nos primeiros cinco anos de vida, com forte influência do componente pré-natal do tabagismo materno25. Existe evidência que relaciona a exposição tabágica com o desenvolvimento de asma na descendência, com efeito dose-dependente26, 27.

Vários estudos demonstraram efeitos do tabagismo materno (pré-natal, pós-natal ou ambos) na função cognitiva e comportamental da descendência. Relativamente à ansiedade, depressão, comportamentos antissociais e hiperatividade, os resultados sugerem maior influência da exposição in utero28, parecendo existir uma relação dependente de dose, sendo que o consumo de um maço ou mais por dia está associado a um aumento para o dobro de psicopatia grave28. Parece existir uma relação inversa entre tabagismo na gestação e desenvolvimento cognitivo na descendência, embora estes resultados não advenham de estudos aleatorizados e controlados29.

O mecanismo de dependência poderá ser transmitido à descendência, sendo esta relação mais significativa na descendência do sexo feminino (probabilidade quatro vezes maior de consumo tabágico nesta coorte)30. Quando as análises são feitas com controlo de fatores confundidores atingem-se probabilidades duas vezes superiores de consumo tabágico na descendência de mulheres que fumavam um ou mais maços por dia31.

Tem sido encontrada uma forte associação entre tabagismo e excesso de peso na descendência aos três anos32. Pensa-se que a exposição fetal à nicotina possa induzir alterações no sistema catecolaminérgico (associado aos mecanismos de recompensa) ou possa induzir diretamente modificações nos centros hipotalâmicos que regulam o apetite e os comportamentos alimentares32. Tem sido descrito um aumento de risco de diabetes mellitus tipo 2 na descendência de mulheres fumadoras, com aparecimento em idades precoces (16 a 33 anos)33.

Verificam-se efeitos do tabagismo materno na reprodução e fertilidade da descendência: diminuição do volume de esperma e da contagem de espermatozoides nos filhos34 e maturação reprodutiva mais precoce com redução da fertilidade das filhas expostas in utero35.

O aleitamento materno é influenciado pelos hábitos tabágicos maternos, com diminuição do volume e do conteúdo lipídico do leite, podendo traduzir-se numa diminuição da duração do aleitamento36. Existe ainda evidência que crianças amamentadas por mães que fumaram recentemente dormem menos37.

Cessação tabágica

Pelo exposto, é clara a importância da cessação tabágica na gravidez, a qual constitui um momento-chave relativamente às intervenções que visam a abstinência tabágica. O contacto regular durante a gestação com diversos profissionais de saúde permite uma relação de confiança o que, associado à preocupação parental quanto aos malefícios do tabaco para o recém-nascido, abre uma janela terapêutica única, bem como promove um maior envolvimento do parceiro e familiares relativamente a este processo.

Mesmo sendo um período único em termos de motivação, a maioria das mulheres continua a fumar na gravidez38, existindo uma taxa de recaída no pós-parto acima de 50%39. A maioria das fumadoras que consegue deixar de fumar durante a gravidez fá-lo sem ajuda, antes da primeira consulta pré-natal40, sendo estas mulheres menos dependentes de nicotina, mais preocupadas com os efeitos do tabaco no feto, mais afetadas por náuseas e que recorrem mais precocemente a cuidados de saúde41.

Existem fatores positivamente associados ao sucesso das estratégias de cessação tabágica: elevado grau de habilitações académicas, estatuto socioeconómico elevado, mulheres casadas, emprego estável, gravidez planeada, primiparidade, hábitos ligeiros a moderados, início de consumo numa idade mais avançada e menor período total de exposição até à gravidez39,40. Uma forte dependência nicotínica, idade inferior a 25 anos, mecanismos de coping ineficazes e presença de problemas emocionais e/ou psiquiátricos estão associadas a maior insucesso39,40,42,43. Um dos fatores que mais prediz o fracasso é a coabitação com um fumador (aumenta para o dobro o risco de continuar a fumar na gravidez44 e para o quádruplo o risco de recaída no pós-parto)45.

A abstinência tabágica deveria ocorrer em pré-conceção, possibilitando a utilização de maior leque farmacológico, ou em fases precoces da gestação. Contudo, a cessação tabágica, em qualquer fase da gravidez, traz benefício, nomeadamente na redução da taxa de BPN46-48.

Apesar de instalada na população, e inclusivamente nos profissionais de saúde, a ideia de que a redução do número de cigarros fumados por dia exerce menos efeitos deletérios tem, relativamente ao impacto nos desfechos perinatais, gerado resultados inconsistentes, pelo que a recomendação primária deverá ser a cessação completa49.

Foram já desenvolvidas várias estratégias não farmacológicas que têm como objetivo ajudar mulheres grávidas ou que tencionam engravidar a alcançar a cessação tabágica, como o aconselhamento psicossocial46,50,51, fornecimento de material de autoajuda e linhas de apoio telefónico52,53, compensação financeira54-56, exercício físico57,58, meditação, hipnose, acupunctura48, entre outras. De acordo com o American College of Obstetricians and Gynecologists, não existe evidência para suportar o recurso a técnicas de meditação, hipnose ou acupunctura para cessação tabágica48.

As abordagens breves (<15 minutos) e muito breves (30 segundos) apresentam bons resultados, particularmente em mulheres com baixa ou moderada dependência nicotínica46.

Segundo o ensaio SCRIPT (Smoking Cessation and Reduction in Pregnancy Treatment)59, uma abordagem que combine múltiplas intervenções pode ser responsável por um aumento de cerca de 50% na cessação. Intervenções por profissionais de saúde podem reduzir significativamente o número de grávidas fumadoras38,60, sendo que, isoladamente, o aconselhamento psicossocial está associado a uma moderada melhoria nas taxas de abstinência 6 e 12 meses após o início da cessação61. As intervenções psicossociais incluem técnicas de terapia cognitivo-comportamental [TCC], entrevista motivacional e o aconselhamento informativo. Em geral, estas intervenções regem-se pela abordagem dos 5 A’s, desenvolvida inicialmente para a população fumadora geral (Quadro I)46,48,62. Este modelo aumenta de 5% para 15-20% a taxa de sucesso aos 5 meses comparativamente a indivíduos que cessam por si50. Para complementar esta abordagem, desenvolveu-se o modelo dos 5 R’s (Quadro II)46,62 para grávidas fumadoras que não se sentem preparadas para a cessação tabágica. Apesar dos bons resultados, constata-se que grande parte dos profissionais de saúde não apresenta formação suficiente para ministrar estas técnicas51.

 


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O material de autoajuda (folhetos, vídeos, intervenções por via informática/internet, cassetes áudio e linhas de apoio telefónico) apresentou uma probabilidade de sucesso aumentada para o dobro numa meta-análise52. Quando adaptado a grávidas, gera taxas de sucesso superiores às obtidas com materiais desenhados para a população geral53.

A compensação financeira (entrega de cupões, dependente da abstinência) tem mostrado eficácia na cessação tabágica durante a gravidez. O valor entregue aumenta com a continuação da abstinência e a recaída faz com que não se receba, voltando o cupão seguinte ao valor monetário mais baixo54. Numa revisão da Cochrane55, demonstrou-se que a compensação contingente é a medida de cessação que, isoladamente, produz melhores resultados: as taxas de manutenção de abstinência podem atingir valores três vezes superiores, com repercussão no BPN56. Contudo, este efeito perde-se quando a recompensa é descontinuada no pós-parto56 e, além disso, é uma estratégia dispendiosa, o que dificulta a sua difusão.

Estudos que avaliam o impacto da prática de exercício na cessação tabágica da população geral evidenciaram que uma única sessão diminui a sensação de craving e os sintomas de privação57. Um estudo comparou um grupo de controlo (fumadoras que faziam sessão semanal de TCC) com um grupo de teste (fumadoras que, para além de TCC semanal, realizaram sessões supervisionadas de passadeira) e não encontrou diferenças significativas entre os grupos relativamente às taxas de abstinência no final da gravidez58.

Pelas farmacocinética e farmacodinâmica particulares da grávida, os esquemas farmacológicos utilizados na cessação tabágica na população geral não devem ser aplicados naquele subgrupo pois os potenciais efeitos teratogénicos podem não deslocar a balança no sentido do benefício. As sociedades científicas indicam que existe ainda escassa evidência sobre a terapêutica farmacológica, o que dificulta a avaliação dos riscos e benefícios da mesma na população grávida48, 63. Não surpreende então que apenas 30% dos obstetras discutam terapêuticas farmacológicas para cessação tabágica e que apenas cerca de 30% das doentes sigam a prescrição, apontando preocupações e medos quanto à segurança, eficácia e custo dos fármacos e ainda falta de confiança no sucesso como razões para a não utilização destas estratégias64. Estas intervenções devem ser reservadas para grávidas que não conseguem deixar de fumar de outra forma ou que têm risco elevado de manutenção de hábitos tabágicos durante a gestação (fumadoras de mais de 10 cigarros/dia, mulheres que fumam ativamente em fases tardias da gravidez). A prescrição destes fármacos deverá obedecer aos princípios gerais de prescrição na população grávida (dose mínima eficaz e adiamento até ao segundo trimestre)65.

Atualmente, as moléculas disponíveis para cessação tabágica são: nicotina (forma “pura”), bupropiona e vareniclina.

Considerada de primeira linha, a administração de nicotina tem como objetivo a diminuição da sensação de craving, havendo redução gradual da dosagem ao longo de semanas, até o doente ficar livre de nicotina e dos sintomas de privação66. As formas de administração dividem-se em intermitente (pastilhas, rebuçados, sprays nasais e inaladores orais) e contínua (sistemas transdérmicos). Vários argumentos poderão sustentar a utilização desta molécula: níveis séricos de nicotina inferiores aos obtidos com exposição tabágica; evicção de exposição a outros tóxicos e carcinogénicos presentes no fumo do tabaco; administração temporária, em que os benefícios ultrapassarão os riscos e utilização combinada com intervenções cognitivo-comportamentais, tendo em vista o aumento da adesão67. A TSN tem tido resultados favoráveis na população geral68, mas tal não se consegue confirmar na população grávida. O estudo SNAP (Smoking, Nicotine and Pregnancy)69 comparou a eficácia da combinação TCC-TSN (sistema transdérmico que administrava 15 mg de nicotina durante 16 horas) com a eficácia de TCC associada a placebo. Não se verificaram diferenças significativas entre os dois grupos relativamente a taxa de eficácia, peso médio à nascença, taxas de PPT ou malformações congénitas mas ambos os braços do estudo apresentaram taxas de adesão baixas. Num follow-up do ensaio SNAP, os filhos de mães que usaram TSN como meio de cessação apresentavam, aos 2 anos de idade, menor probabilidade de perturbação cognitiva70. De destacar que a utilização de mais do que uma forma de TSN (TSN combinada) foi associada a maiores taxas de cessação71. A evidência é controversa no que concerne a esta intervenção. O impacto moderado da TSN pode dever-se a dosagem inadequada, pois a depuração da nicotina na gravidez está aumentada em cerca de 60%.72 Pela falta de evidência robusta, o American College of Obstetricians and Gynecologists afirma que a TSN deve ser discutida com as mulheres que expressam resolutamente desejo de deixar de fumar, devendo ser explicados os riscos de continuar a fumar e os riscos potenciais da terapêutica e devendo a sua utilização ser supervisionada pelo médico48.

Têm surgido formas alternativas de aporte de nicotina (cigarros eletrónicos e vaporizadores), que evitam a exposição a produtos de combustão do tabaco. O cigarro eletrónico vaporiza um líquido constituído por um solvente (habitualmente propilenoglicol), aromatizantes e nicotina. Foi demonstrada associação entre a exposição ao propilenoglicol e irritação ocular e das vias respiratórias; por outro lado, a vaporização do propilenoglicol origina óxido de propileno, um conhecido carcinogénio73. Para além disto, um estudo demonstrou a presença de potenciais tóxicos e carcinogénios (formaldeído, acetaldeído, acroleína, nitrosaminas e metais pesados), se bem que em menores concentrações do que no fumo do tabaco74. Existem poucos dados sobre potenciais efeitos destes novos dispositivos, tanto na população geral como na população grávida, não sendo de recomendar a sua utilização38.

A bupropiona inclui-se no grupo farmacológico dos antidepressivos, tendo sido utilizada, com sucesso, na cessação tabágica na população geral75. A sua utilização associa-se a alívio dos sintomas de privação tabágica, diminuição da sensação de craving e aumento das taxas de cessação a longo prazo76. Não existem ensaios aleatorizados e controlados sobre a eficácia e segurança da bupropiona durante a gravidez77, sendo a evidência retirada de pequenos estudos observacionais. Um desses estudos, incluindo 44 grávidas78, demonstrou uma taxa de cessação de 45% em mulheres que faziam 150-300 mg/d de bupropiona comparada com uma taxa de 13,6% no grupo controlo, não tendo sido encontradas diferenças nos desfechos obstétricos78. Num outro estudo, não houve aumento na taxa de malformações congénitas em 136 mulheres expostas a bupropiona no primeiro trimestre nem se observaram diferenças significativas nos desfechos obstétricos com exceção de um aumento da taxa de aborto espontâneo no grupo de tratamento79. Em contraste, um estudo retrospetivo caso-controlo encontrou um aumento de incidência de obstrução da câmara de saída do ventrículo esquerdo nos recém-nascidos expostos80. Perante a falta de evidência, não se recomenda a utilização generalizada da bupropiona, devendo os riscos e benefícios ser discutidos81.

Também da classe dos antidepressivos, a vareniclina é dos fármacos mais eficazes em intervenções de cessação tabágica na população geral82, duplicando a taxa de abstinência aos seis meses ou mais quando comparada com placebo, e atingindo melhores taxas de abstinência aos doze meses, quando comparada com a bupropiona83. A vareniclina reduz a sensação de craving, a sintomatologia de privação e a satisfação obtida com o tabagismo84. Apesar dos excelentes resultados obtidos na população geral77, existem ainda poucos estudos e com pouca representatividade para a população grávida. Destaca-se um estudo observacional prospetivo multicêntrico de 2017, no qual foram avaliadas 89 mulheres sujeitas a terapêutica com vareniclina antes das vinte e duas semanas de gestação, não tendo havido diferenças significativas na taxa de malformações congénitas major85. Perante a falta de evidência sobre eficácia e segurança, não se deve recomendar a utilização generalizada de vareniclina como terapêutica de cessação tabágica em grávidas, devendo esta reservar-se para situações em que os ganhos são claramente superiores aos possíveis riscos (carga tabágica pesada e múltiplas tentativas falhadas de cessação com outras estratégias)81.

A TSN é compatível com o aleitamento materno se a dose administrada for inferior à consumida, já que a nicotina difunde livremente para o leite materno sendo absorvida pela criança86. São preferíveis formas de atuação curta (pastilhas e os rebuçados)86, recomendando-se o seu uso imediatamente após a última mamada. A bupropiona e a vareniclina passam para o leite materno48. Não existe evidência relativamente à eficácia e segurança destes fármacos na lactação48.

Recaída e prevenção

Apesar de uma percentagem considerável de grávidas se manter abstinente durante a gestação, as taxas de recaída pós-parto são elevadas (42% nos primeiros dois a três meses, 61% até ao quinto mês e 67% do sexto mês em diante)87.

O pós-parto é um período de stress e suscetibilidade, com grandes flutuações emocionais, privação de sono, preocupações com o recém-nascido, depressão pós-parto e conflito com a imagem corporal88. Como referido, a coabitação com um parceiro fumador, carga tabágica elevada antes da gravidez e estatuto socioeconómico mais baixo são fatores associados a recaída42,43,48.

Intervenções que encorajem grávidas e puérperas a manterem abstinência tabágica não têm sido eficazes40,89. Porém, o aleitamento materno parece reduzir o risco de recaída1.

 

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Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence

João Coutinho Milhano

E-mail: joaomilhano@campus.ul.pt

 

Recebido em: 12/02/2020. Aceite para publicação: 02/06/2020

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