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Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa

versión impresa ISSN 1646-5830

Acta Obstet Ginecol Port vol.16 no.3 Algés set. 2022  Epub 30-Sep-2022

 

Editorial

A Saúde no feminino

Women’s health

Teresa Bombas1  2 

1. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Serviço de Obstetrícia A, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal.

2. Direção da Sociedade Portuguesa da Contracepção. Portugal.


Em finais dos anos 70 do século XX, Portugal ainda registava valores de Índice Sintético de Fecundidade (ISF) que lhe permitiam assegurar a substituição das gerações (2,1 filhos por mulher), o que deixou de suceder no início da década de 80, assistindo-se a uma tendência persistente de declínio da fecundidade desde então. Apesar de nenhum país da União Europeia ter assegurada a substituição de gerações, Portugal integra o grupo de países dos 28 Estados-Membros da União Europeia com menores ISF (Portugal, 2020:1.40; UE, 1,5 filhos/mulher). A recuperação observada nos últimos anos fez passar Portugal do país com menores indices de fecundidade da UE 28 em 2013, mantendo-se mesmo assim em 2018, no oitavo País com ISF mais baixo. Esta tendência foi acompanhada do aumento da idade à maternidade (1.o filho), que nos anos 70 se situava nos 24 anos, atingindo, em 2021, 30,9 anos1),2.

Uma parte expressiva das mulheres e dos homens com filhos (45,1% e 58,5%, respetivamente) tiveram o 1.o filho mais tarde do que desejavam. O adiamento foi de pelo menos 5 anos para uma parcela considerável de mulheres e de homens (36,0% e 47,7%).

A maioria das mulheres que planearam o nascimento do seu primeiro filho, independentemente da altura em que o tiveram, consideram o facto de querer ser mãe como motivo muito importante para a decisão de ter o primeiro filho. Para as mulheres que tiverem o primeiro filho na altura ou mais tarde do que desejavam, para além do motivo acima referido, foram apontados também como muito importantes ter um cônjuge/companheiro/a ou ter o cônjuge/companheiro/a com o perfil certo, estabilidade de emprego da própria ou do cônjuge/companheiro/a e vontade do cônjuge/companheiro/a1.

Com a tendência para a maternidade em idade mais avançada, a consulta de Planeamento Familiar pode e deve constituir uma oportunidade de educação para a saúde e de orientação conceptiva. A idade é um fator de risco não modificável, o estilo de vida, o tabagismo, o sedentarismo e a presença de comorbilidades como excesso de peso e obesidade, dislipidemia e HTA, são fatores de risco potencialmente modificáveis e que condicionam negativamente os resultados obstétricos.

Atualmente, consideram-se fatores de risco relacionados com o género, complicações ocorridas na gravidez tais como as doenças hipertensivas, diabetes gestacional, parto pré-termo e perda fetal. A restrição de crescimento intrauterino também tem sido associada a um aumento de risco de dislipidemia, insulina resistência e disfunção diastólica. Com o mesmo sentido preventivo, a identificação e o reconhecimento da importância destas complicações obstétricas pode contribuir para uma intervenção terapêutica em idades mais jovens e para melhoria dos resultados em saúde no âmbito das doenças cardiovasculares, importante causa de mortalidade e morbilidade na população.

Avançamos muito para apoiar a mulher na escolha do número de filhos que quer ter e quando os quer ter, no rastreio e na intervenção terapêutica das complicações durante gravidez e no parto, melhorando a mortalidade e morbilidade materno fetal. O desafio será continuar a promover a preconceção, reconhecer e informar que existem complicações obstétricas que podem condicionar a saúde futura da mulher.

Referências bibliográficas

1. INE. Inquérito à Fecundidade 2019. INE, 2020 [ Links ]

2. INE. PORDATA, 2022 [ Links ]

3. Cho L, Davis M, Elgendy I, et al., on behalf of the ACC CVD Womens Committee Members. Summary of Updated Recommendations for Primary Prevention of Cardiovascular Disease in Women: JACC State-of-the-Art Review. J Am Coll Cardiol 2020; 75:2602-2618. [ Links ]

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