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Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa

versão impressa ISSN 1646-5830

Acta Obstet Ginecol Port vol.17 no.1 Algés mar. 2023  Epub 31-Mar-2023

 

Artigo de Revisão/Review Article

Cancro durante a gravidez: visão global sobre o diagnóstico, tratamento e conduta obstétrica

Cancer during pregnancy: overview of the diagnosis, treatment and obstetric management

Inês Jorge1 
http://orcid.org/0000-0002-6469-8490

Njila Amaral1 

Carlota Baptista2 

Francisco Branco2 

1. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal.

2. Serviço de Oncologia Médica, Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal.


Resumo

Apresenta-se evidência relativa à segurança dos métodos de diagnóstico/estadiamento e terapêutica, bem como relativamente aos riscos obstétricos e à conduta obstétrica em mulheres com cancro na gravidez. A maioria dos métodos de diagnóstico/estadiamento pode ser usada com relativa segurança. É consensual que a cirurgia é segura durante a gravidez e a quimioterapia deve ser evitada no primeiro trimestre. Para uma decisão terapêutica devem contrabalancear-se os benefícios para a mãe e os riscos para o feto, tendo em conta a idade gestacional, as alterações fisiológicas da gravidez e a evidência limitada relativamente à segurança da maioria dos fármacos na gravidez.

Palavras-chave: Cancro; Gravidez; Diagnóstico; Tratamento

Abstract

We present evidence regarding the safety of diagnostic/staging methods and therapeutic options, as well as regarding obstetric risks and obstetric management in women with cancer during pregnancy. Most diagnostic methods can be used with relative safety. It is generally agreed that surgery is safe during pregnancy and chemotherapy should be avoided in the first trimester. In order to decide the type of therapy, the benefits for the mother and the risks for the fetus must be balanced, taking into account the gestational age, the physiological changes of pregnancy and the limited evidence regarding the

safety of most drugs in pregnancy.

Keywords: Cancer; Pregnancy; Diagnosis; Treatment

Introdução

O cancro na gravidez é aquele que é diagnosticado desde a conceção até 12 meses após o parto, ocorrendo em cerca de 1 em cada 1000 gestações1-6. O diagnóstico é feito no pós-parto na maioria dos casos2 e representa a segunda causa de morte em mulheres em idade reprodutiva7. Em países onde a maternidade tem sido adiada, é expectável que a incidência aumente8-10.

Os tipos de cancro mais frequentes na gravidez são: mama, colo do útero, melanoma, tiróide, ovário, linfoma e leucemia1,5,6,9,11. No cancro da mama associado à gravidez, a incidência estimada é de 15-35 por 100000 partos, a maioria diagnosticados após o parto; estudos comparativos que avaliaram especificamente o prognóstico da doença entre mulheres com cancro associado à gravidez e mulheres não grávidas mostraram que não há impacto negativo na sobrevida quando se considera idade, estádio, subtipo de tumor e tratamento12-14. Cerca de um terço dos melanomas é diagnosticado em mulheres em idade reprodutiva. A sua incidência na gravidez é cerca de 0,05 a 0.1%15,16. O prognóstico é semelhante aos casos diagnosticados em mulheres não grávidas17,18. O cancro do colo do útero tem uma incidência estimada de 0,8-1,4 casos por 10000 nascimentos2,6. Os dados relativamente ao prognóstico são limitados, mas parece não haver diferença entre mulheres grávidas com cancro cervical invasivo quando comparadas com mulheres não grávidas18-21. O cancro da tiróide tem uma incidência estimada de 14,4 por 100000 partos22. Vários estudos demonstraram que a gravidez não afeta o prognóstico da doença23. Já para o cancro do ovário, a incidência é de 1 em 15000 - 1 em 32000 gravidezes. A maioria tem bom prognóstico na gravidez, devido ao diagnóstico precoce24.

O diagnóstico de cancro na gravidez impõe um dilema médico e ético, uma vez que o tratamento agressivo imediato é, muitas vezes, indispensável para a sobrevivência materna, mas os fármacos utilizados podem potencialmente ameaçar o bem-estar fetal através da sua passagem transplacentária25,26.

No geral, o tratamento oncológico deve seguir os mesmos protocolos usados para as mulheres não grávidas, de forma a melhorar o prognóstico materno27.

A interrupção médica da gravidez pode ser considerada em casos de cancro em estádio avançado ou de comportamento agressivo, diagnosticados no início da gravidez. Quando possível, deve ser evitado o parto pré-termo iatrogénico com o objetivo de iniciar tratamento oncológico, devido à morbilidade a curto e longo prazo da prematuridade1,9.

Diagnóstico e estadiamento

O diagnóstico de cancro na gravidez é muitas vezes tardio, por vários motivos3,28:

  • Semelhança dos sintomas neoplásicos com os de uma gravidez normal: náuseas/vómitos, alterações mamárias, dor abdominal, anemia e fadiga;

  • Receio em usar exames complementares de diagnóstico e realizar procedimentos cirúrgicos na gravidez;

  • Eventual alteração da sensibilidade e especificidade dos meios complementares de diagnóstico na gravidez.

A investigação de lesões suspeitas deve seguir os protocolos recomendados para doentes não grávidas, mas tendo em conta algumas particularidades que podem alterar resultados ou contraindicar a realização de exames.

Marcadores tumorais

Alguns marcadores tumorais elevam-se na gravidez, pelo que a sua especificidade e sensibilidade é baixa e não devem ser usados por rotina (CA125, CA15-3, AFP, SCC). Podem usar-se o CEA, CA19-9, LDH, AMH e HE-4, pois os seus níveis não estão habitualmente aumentados durante a gravidez1,28.

Métodos de imagem

Existe alguma preocupação relativamente à segurança dos métodos de imagem, nomeadamente ao risco de exposição à radiação, contrastes e efeito térmico.

Aquando da escolha de um exame de imagem é necessário ter em conta a segurança para o feto, o risco de metástases e viabilidade do feto28.

Quando um exame acarreta um risco acrescido para a grávida e feto, deve ser ponderado o seu risco/benefício, devendo apenas ser realizado caso a informação diagnóstica e/ou de estadiamento contribua definitivamente para a abordagem oncológica29-31.

Métodos de imagem sem radiação

A ecografia envolve o uso de ultrassons, não existindo casos reportados de efeitos adversos fetais ou maternos, incluindo o uso de doppler9,29,31-33.

Métodos de imagem com radiação ionizante

O uso de métodos com radiação ionizante deve ser minimizado. A evidência demonstra uma ligação entre a dose cumulativa de radiação recebida pela grávida, a idade gestacional e os danos para o feto16-18. Durante a organogénese (entre a 2.a e 8.a semana de gravidez), há um risco acrescido de malformações quando é usada uma dose de radiação superior a 100 mGy33. Contudo, nas décadas mais recentes, as técnicas ionizantes evoluíram e as doses de radiação a elas associadas, diminuíram (Quadro I).

Quadro I Doses de radiação fetal associadas a exames de imagem. 

O risco de carcinogénese fetal pela exposição a radiação ionizante não está bem definido mas provavelmente é baixo34, não devendo ser proposta a interrupção da gravidez com base na exposição a radiação diagnóstica32.

A restrição do crescimento fetal, microcefalia e a disfunção intelectual são os efeitos adversos mais comuns associados à exposição a altas doses de radiação32 (Quadro II).

Quadro II Efeitos da radiação de acordo com a idade gestacional. 

A radiografia é segura, pela quantidade mínima de radiação envolvida, devendo utilizar-se proteção abdominal sempre que possível34. Também a mamografia é segura, embora as imagens sejam difíceis de interpretar pela hipervascularização e densidade mamária característica da gravidez28.

A TC pode ser utilizada quando apresenta benefício clínico, devendo ser evitada no 1.o trimestre.

Relativamente à PET/TC, o seu uso na gravidez é controverso, mas deve ser evitada pelo uso de altas doses de radiação18,21.

Métodos de imagem com radiação não ionizante

Quanto à ressonância magnética, não existem precauções ou contraindicações relativamente ao seu uso em mulheres grávidas. Não envolve radiação ionizante e não existem evidências de efeitos adversos fetais29,31-34.

Contraste

As preocupações relacionam-se com a utilização de contraste iodado e gadolínio29-31.

Há situações clínicas em que existe benefício em usar contraste com gadolínio, nomeadamente para avaliar tumores primários ou metastáticos do sistema nervoso central ou para deteção e caracterização de massas hepáticas, renais, suprarrenais, pancreáticas, intestinais, sistema coletor urinário, útero, anexos. A sua administração na gravidez é controversa, uma vez que atravessa a barreira placentária35. Em estudos animais, revelou-se teratogénico em doses altas e repetidas. O uso de gadolínio deve ser limitado a situações em que os benefícios superem os riscos, usando a mínima dose possível. Deve ser evitado no 1.o trimestre9,31,32,35.

O contraste iodado intravenoso pode atravessar a barreira placentar. Contudo, estudos em animais não demonstraram efeito teratogénico nem houve casos reportados de crianças com doença tiroideia após exposição29,35. Este tipo de contraste é utilizado para o diagnóstico de tumores cerebrais, cervicais, pulmonares, gastro-intestinais, génito-urinários, entre outros.

O contraste oral iodado está indicado para o estudo do tubo digestivo e a sua utilização na gravidez não está contraindicada.

Tratamento

Após o diagnóstico e o estadiamento, o tratamento da doença neoplásica é possível durante a gravidez, em circunstâncias bem definidas, sem prejudicar a segurança fetal (Figura 1).

Figura 1 Segurança do tratamento oncológico por trimestre. 

Dependendo do estadiamento, tipo de tumor e idade gestacional, o tratamento poderá ser diferido até à maturidade fetal (como o caso do carcinoma do colo do útero em estádio precoce), sem que tenha sido demonstrado impacto negativo da atitude expectante36,37.

Cirurgia

Em muitos casos, a cirurgia é um pilar fundamental no tratamento oncológico. Geralmente, esta pode ser realizada em qualquer trimestre, com clara evidência de que os procedimentos cirúrgicos e a maioria dos fármacos anestésicos parecem ser seguros para o feto, não devendo ser protelada, se for crucial para o tratamento.

Os riscos obstétricos mais importantes são a perda gestacional, parto pré-termo e a hipóxia fetal, pela redução da perfusão placentária38.

Pelo risco aumentado de aborto, especialmente no 1.o trimestre (1-2%), a cirurgia abdominal deve idealmente ser diferida para o início do 2.o trimestre, após realização do rastreio combinado de aneuploidias1,3,9,30.

Nas cirurgias abdomino-pélvicas major, há um incremento do risco de parto pré-termo e feto leve para a idade gestacional, bem como um aumento da taxa de complicações intra-operatórias e morbilidade, devido ao aumento das dimensões uterinas e aumento do suprimento sanguíneo pélvico1,3,30.

A grávida deve ser colocada em “tilt” esquerdo a partir das 20 semanas, para reduzir a compressão da veia cava inferior pelo útero e manter a pré-carga cardíaca38. Em todas as cirurgias devem ser utilizadas sistemas de compressão pneumática nos membros inferiores. Deve ser feita profilaxia de tromboembolismo venoso com enoxaparina.

Não está indicada tocólise durante a cirurgia, a não ser que haja contractilidade. Se a manipulação uterina for inevitável, considerar tocólise pós-operatória durante 48 horas a partir do fim do 2.o trimestre24,25. Esta pode ser feita com os seguintes fármacos:

  • Atosiban endovenoso em bomba de perfusão: bólus de 6,75 mg, seguido de 24 ml/h durante 3 horas e, por último, 8 ml/h durante 45 horas;

  • Nifedipina 10 mg oral de 20 em 20 minutos até três tomas, depois 10-20 mg de 6/6 horas (máximo 120 mg/dia);

  • Indometacina 100 mg retal, seguido de 25 mg a 6/6 h oral/retal (máximo 200 mg/dia), podendo usar-se até às 32 semanas;

Relativamente à escolha entre a via laparotómica e laparoscópica, a última tem menos efeitos adversos maternos e fetais, pelo que deve ser a preferida, se oncologicamente segura40-45. Os riscos específicos da laparoscopia na gravidez são a hipercapnia, perfuração uterina e redução do fluxo sanguíneo devido ao aumento da pressão intra-abdominal e uso de dióxido de carbono42. No que respeita à técnica: as portas de entrada devem ter em conta a altura do fundo uterino; relativamente à via de entrada, embora nenhuma das técnicas esteja contraindicada, muitos autores dão preferência à via aberta43,46; a pressão intra-abdominal de trabalho deve ser entre 12-15 mmHg (Figura 2).

Figura 2 Recomendações relativamente a laparoscopia na gravidez. 

A escolha pela via laparoscópica na cirurgia abdomino-pélvica deve implicar a presença de equipa multidisciplinar e experiência do cirurgião. Sempre que a cirurgia é realizada após as 24 semanas de gestação, deve ocorrer em hospital com apoio perinatal diferenciado.

As recomendações clássicas para a abordagem laparoscópica na gravidez defendem a sua realização no início do segundo trimestre; contudo, a literatura mais recente demonstrou que pode ser realizada em qualquer trimestre da gravidez de forma segura, não havendo idade gestacional limite para a sua utilização43. Alguns exemplos de cirurgias abdomino-pélvicas major que podem ser realizadas na gravidez por ambas as abordagens, são: colectomia e linfadenectomia regional (cancro colorretal localizado Dukes B-C); gastrectomia (tumores gástricos ressecáveis), anexectomia39.

Quando o feto já atingiu a viabilidade (24 semanas), deve ser discutida a realização de maturação pulmonar fetal e/ou neuroprotecção fetal.

Por último, pelo risco de hipotensão e hipóxia maternas condicionadas pela cirurgia, existe um aumento do risco para o feto, sendo essencial a monitorização materna para prevenção do bem-estar fetal47,48.

Radioterapia (RT)

Os efeitos biológicos da radioterapia são incompatíveis com a gravidez devido à radiossensibilidade e rápido crescimento embrionário/fetal. Os seus efeitos dependem da idade gestacional e da dose de radiação. Portanto, a radioterapia não é recomendada por rotina e deve ser protelada para o período pós-parto, sempre que possível. Contudo, se o atraso for prejudicial para a mãe, pode ser considerada radioterapia não pélvica com proteção abdominal, especialmente no 1.o e 2.o trimestres, em que a distância entre o feto e o local irradiado ainda é grande, reduzindo a exposição fetal. Também deve ser usada em casos de emergências oncológicas (compressão medular, metástases do sistema nervoso central). A RT pélvica é contraindicada na gravidez. Nos casos em que não se pode evitar a RT abdominal e/ou pélvica, deve ser ponderada interrupção da gravidez1,3,9,28,38,49.

Quimioterapia (QT)

Devido ao seu relativo baixo peso molecular, a maioria dos fármacos citotóxicos conseguem atravessar a placenta. Estudos sobre farmacocinética demonstraram que a placenta atua como tampão, sendo a concentração no compartimento fetal inferior à materna. Este efeito difere consoante a classe de fármacos utilizada: passagem elevada de fármacos à base de platina (57% para a carboplatina) e baixa taxa de passagem para os taxanos (1,4% para o paclitaxel e indetetável para docetaxel) e antraciclinas (4% para epirubicina e 7,5% para doxorubicina) 25-27.

A toxicidade fetal da QT depende da idade gestacional (Quadro III), da dose e do grau de passagem transplacentar. A idade gestacional em que é realizada e o número de ciclos administrados são fatores cruciais para o prognóstico fetal. O 1.o trimestre é o período de maior risco, particularmente durante o período de organogénese, havendo aumento do risco de malformações congénitas, aborto e disfunção orgânica fetal, pelo que a QT não deve ser administrada. Em doentes elegíveis para QT no 1.o trimestre, a interrupção médica da gravidez deve ser considerada3,9,11,38,50.

Quadro III Segurança das várias classes de fármacos usados em esquemas de QT na gravidez 

No 2.o e 3.o trimestres, a maioria dos fármacos são considerados relativamente seguros, sem um risco acrescido de malformações fetais e complicações neonatais major a curto prazo. Foram descritas algumas associações minor a parto pré-termo, restrição de crescimento fetal e feto leve para a idade gestacional38,50-57. Até à data, os benefícios da administração de QT no 2.o e 3.o trimestres superam as desvantagens e não há evidência de que a exposição fetal a QT resulte em problemas de saúde a longo prazo38. Contudo, são necessários mais estudos relativamente à segurança de cada fármaco a longo prazo, nomeadamente no que toca ao neurodesenvolvimento, função cardíaca, problemas dentários, fertilidade futura e neoplasias secundárias.

Relativamente às doses a administrar, apesar da gravidez poder alterar a farmacocinética dos fármacos citotóxicos, as doses não devem diferir relativamente às administradas a mulheres não grávidas3,41.

Esquemas semanais estão associados a menor toxicidade hematológica e a períodos de nadir mais curtos, pelo que devem ser considerados1.

O tempo entre a administração do último ciclo de QT e o parto deve ser pelo menos 3 semanas e deve ser evitado após as 35 semanas, para permitir a recuperação funcional da medula óssea materna e fetal entre o último ciclo e o parto1,3,28.

Terapêutica dirigida

A evidência relativamente ao uso destes fármacos na gravidez é escassa.

Relativamente ao trastuzumab, foi associado a oligoâmnios grave/anidrâmnios, pulmão hipoplásico e morte fetal quando administrado no 2.o e 3.o trimestres, não devendo ser utilizado. Em situações em que os benefícios superem substancialmente os riscos, pode ser considerado o seu uso no 1.o trimestre3,11,27,50.

O Rituximab foi associado a citopénia neonatal. A escassa evidência sugere que possa ser considerado seguro no 2.o e 3.o T3,11,27,50.

O Imatinib foi associado a malformações congénitas e aborto no 1.o trimestre, pelo que não deve ser utilizado nesta fase. Dados relativos à segurança no 2.o e 3.o trimestres são limitados mas não foram descritas malformações major ou minor, podendo ser usado com precaução3,11,27,50.

Os inibidores da angiogénese (como por exemplo o bevacizumab, sorafenib ou sunitinib) estão contraindicados11,14.

Imunoterapia

Dado o seu risco teórico substancial de inibição de resposta imunológica para o feto, o uso de inibidores de CDTA-4 e/ou de PD-1 é apenas aconselhado se o benefício para a mãe superar largamente o risco para o feto11,14.

Hormonoterapia

Apesar da maioria dos fetos expostos nascerem saudáveis, parece haver um aumento do risco de anomalias fetais (genitália ambígua, malformações crânio-vertebrais, Síndrome de Goldenhar e sequência de Pierre-Robin), mas a evidência é limitada e a relação causal ainda não foi estabelecida.

Apesar de não estar universalmente associado a dano fetal58, a maioria dos estudos desaconselha a sua utilização na gravidez27,38,59.

Terapêutica de suporte

  • Antieméticos: uso é seguro (metoclopramida - Classe não atribuída, Ondansetron - Classe B, após as 10 semanas);

  • Corticosteroides: hidrocortisona, prednisolona e metilprednisolona são preferíveis relativamente à betametasona e dexametasona;

  • Fatores de crescimento granulocitário e eritropoietina: a sua segurança ainda não foi extensivamente estudada9,14, mas tem vindo a demonstrar-se que o seu uso é viável na gravidez59. (Quadro IV)

Quadro IV Considerações especiais de acordo com o tipo de cancro23,24,62-67

Conduta obstétrica

Vigilância da gravidez

Estudos revelam que quer o cancro na gravidez quer o seu tratamento podem relacionar-se com morte intrauterina, parto pré-termo e alteração do crescimento fetal. Deste modo, a monitorização do crescimento fetal é um pilar fundamental no seguimento destas gravidezes60.

Não existem protocolos consensuais para a vigilância destas gravidezes.

Propomos que as avaliações obstétricas devam coincidir com vindas programadas da grávida ao Hospital (consultas oncológicas, ciclos de tratamento) e rotinas analíticas da gravidez coincidam com eventuais rotinas analíticas pré ou pós ciclo de quimioterapia, minimizando as deslocações ao hospital. Extrapolamos que a vigilância ecográfica deve ser semelhante à das grávidas com risco de restrição de crescimento fetal.

Propomos o seguinte esquema de vigilância:

  • 1.o trimestre: rotinas analíticas habituais, rastreio combinado de aneuploidias entre as 11 e as 13 semanas e 6 dias;

  • 2.o trimestre: rotinas analíticas habituais, ecografia morfológica às 20-22 semanas com medição do comprimento do colo do útero;

  • 3.o trimestre: rotinas analíticas habituais, ecografias para avaliação do crescimento e fluxometrias às 28, 32 e 36 semanas, com avaliação do comprimento do colo do útero às 28 e 32 semanas;

  • Quando se planeiam usar antraciclinas, deve ser feito um ecocardiograma fetal de base antes de iniciar a terapêutica, com repetição periódica durante o tratamento.

Tanto a gravidez como o cancro aumentam o risco de tromboembolismo venoso. O cancro durante gravidez é uma indicação para ser considerada anticoagulação profilática, especialmente em mulheres com fatores de risco adicionais. O fármaco preferido é a enoxaparina9,11,61.

Parto

Sempre que possível, o parto no termo deve ser o objetivo. O parto não deve ser planeado nas 3 semanas que se seguem à administração de QT (ou intervalo inferior no caso de esquemas a cada 1-2 semanas). Esta janela temporal permite a recuperação da mielossupressão materna e fetal até ao parto, diminuindo o risco de anemia grave e infeção após o parto.

Nos casos em que a prematuridade seja expectável, deve ser feito ciclo de maturação pulmonar com betametasona/dexametasona e neuroprotecção fetal com sulfato de magnésio (até às 32 semanas) 1,3,28,59. A Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal recomenda que a corticoterapia seja feita até às 33 semanas e 6 dias e consideramos que esta indicação deve ser semelhante nas grávidas com cancro.

A via de parto é por indicação obstétrica, exceto no cancro cervical ou vulvar, em que na maioria dos casos é recomendada cesariana, pelo risco de implantação de células neoplásicas na episiotomia/laceração62.

Envolvimento da placenta/feto

Há poucos estudos acerca das alterações placentárias em grávidas com cancro, tendo sido descrita a redução do peso da placenta em animais e hipoplasia vilositária. As metástases na placenta são maioritariamente descritas em mulheres com melanoma, neoplasias hematológicas ou neoplasias metastáticas de qualquer tipo e assume-se que se disseminam por via hematogénea. O envolvimento fetal é raro e é sempre precedido de invasão vilosa por células neoplásicas maternas. É essencial o exame histológico da placenta para identificar potencial envolvimento fetal e deve ser fortemente considerado nas mulheres com cancro, principalmente quando existe metastização10,15.

Conclusão

O tratamento de mulheres com cancro durante a gravidez é particularmente delicado, devido à possibilidade de afeção materna e fetal. Nas últimas décadas, houve um aumento da investigação relativamente à segurança do tratamento oncológico durante a gravidez, resultando numa menor taxa de atraso no tratamento destas grávidas.

Contudo, estas grávidas representam um grupo de risco para desfechos obstétricos adversos, sendo fundamental a vigilância da gravidez e o tratamento oncológico num centro experiente, com unidades de cuidados intensivos maternos e neonatais e envolvendo uma equipa multidisciplinar.

Contribuição dos autores

Inês Jorge: conceptualização, redação - revisão e edição

Njila Amaral: conceptualização, supervisão, redação - revisão e edição

Carlota Baptista: redação - revisão e edição

Francisco Branco: supervisão, redação - revisão e edição

Conflitos de interesse

Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente estudo.

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Recebido: 20 de Junho de 2022; Aceito: 03 de Janeiro de 2023

Endereço para correspondência Inês Jorge E-mail: ines.jorge95@gmail.com

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