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Angiologia e Cirurgia Vascular

Print version ISSN 1646-706X

Angiol Cir Vasc vol.9 no.2 Lisboa June 2013

 

IMAGENS VASCULARES

Variações anatómicas das artérias vertebrais

Anatomic variations of the vertebral arteries

Sandrina Figueiredo Bragaa, Joana Ferreiraa, João Vasconcelosa, Ricardo Gouveiaa, Pedro Pinto Sousaa, Jacinta Camposa, Pedro Brandãoa, António Guedes Vaza

 

aServiço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar de Vila Nova Gaia/Espinho, Vila Nova Gaia/Espinho, Portugal

 

Autor para correspondência

 

Caso clínico

Doente sexo feminino, 52 anos, sem antecedentes de relevo, recorre à Consulta Externa por suspeita de oclusão da artéria vertebral direita em ecodoppler realizado para estudo de cefaleias. Sem queixas sugestivas de isquemia vertebro-basilar. O exame objectivo não apresentava alterações. Realizou angio-TC que revelou origem da artéria vertebral esquerda a partir do arco aórtico (fig. 1 e 2) e artéria vertebral direita atravessando os buracos transversários apenas superiormente a C3 (fig. 3 e 4). Sem alterações do calibre e dos contornos de ambas as vertebrais, excluindo-se lesões intra-luminais ou compressão extrínseca.

 

 

 

 

 

 

 

 

Comentários

A origem mais frequente da artéria vertebral é a partir da subclávia, constituindo o seu primeiro ramo. O seu primeiro segmento, V1, localiza-se entre a origem e a entrada nos buracos transversários, geralmente ao nível de C6. O segmento V2 corresponde à passagem pelos buracos transversários até ao atlas. V3 é o segmento que se curva posterior e superiormente ao atlas e V4 corresponde ao segmento intracraniano.

A origem directa da artéria vertebral esquerda a partir do arco aórtico é a segunda variação do arco mais frequentearco aórtico tipo C de Adachi. Nesta situação, a artéria vertebral tem origem imediatamente após a carótida comum esquerda e à direita da subclávia esquerda, pelo que do arco emergem 4 ramos. Esta variação anatómica tem uma incidência de 2-4%. A embriogénese da artéria vertebral ocorre entre os dias 32 e 40 e a sua formação decorre da coalescência de artérias intersegmentares dorsais, ramos da aorta dorsal primitiva. A persistência de artérias intersegmentares que normalmente involuem ou a involução de segmentos que deveriam persistir leva à ocorrência de múltiplas variações anatómicas.

A artéria vertebral pode entrar nos buracos transversários num nível superior a C6, geralmente em C5 ou C4 e raramente em C3. Neste caso, a artéria passa anteriormente às apófises transversas até entrar no buraco transversário, localizando-se entre estas e os músculos pré-vertebrais. A compressão extrínseca por estruturas musculo-tendinosas ou por osteófitos fica, deste modo, facilitada.

No caso clínico apresentado, ambas as artérias vertebrais apresentam um segmento V1 muito extenso, o que as torna mais susceptíveis de lesão e compressão extrínseca, que de momento não se verificam.

Embora a maioria das variações anatómicas não apresentem expressão clínica, o seu conhecimento é fundamental para evitar lesões inadvertidas em abordagens cirúrgicas ou no planeamento do tratamento endovascular de patologias da aorta torácica.

 

Autor para correspondência:

Correio eletrónico: sandrinafigueiredo@portugalmail.pt (S. Figueiredo Braga).

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