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Angiologia e Cirurgia Vascular

versión impresa ISSN 1646-706X

Angiol Cir Vasc vol.13 no.4 Lisboa dic. 2017

 

PÁGINA DO PRESIDENTE

Página do Presidente

José Daniel Menezes1

 

1 Presidente da SPACV

 

Passados mais de 2/3 do mandato da Direcção a quem tenho o privilégio de presidir, revisitando os objectivos iniciais, os entretanto atingidos e os que esperamos sejam antes e no 18º Congresso em Julho de 2018, o qual se realizará em Guimarães, pensei ser altura de vos dar conhecimento de pormenores e reflexões sobre o trabalho desta equipe, a qual mereceu já de alguns de vós palavras de apreço pelo realizado, que muito me (nos) satisfaz (em) mas não me (nos) adormecem, na intenção constante de melhorar.

Algumas das minhas “certezas” concretizaram-se, mas outras que no início considerei como a “dúvidas de estratégia” dissiparam-se e sobre elas farei uma breve reflexão,” a minha reflexão” sujeita á critica e ao contraditório. Faço – o em meu nome, por imperativo de consciência enquanto presidente da SPACV e propositadamente antes do fim do meu mandato, para sobre ela despertar a vossa atenção, de forma clara e frontal.

Caberá ao nosso Secretario Geral detalhar na sua “Página” divulgar uma atualização da actividade realizada e seus resultados, bem como se o entender, perspetivar o futuro próximo, dado o compromisso de continuidade assumido desde o início.

Foram Certezas:

1. Que a equipe que constituí é de uma tal qualidade profissional, ética e comportamental, que o meu trabalho tem sido muito Limito-me ao dever zelar pelos princípios que nos nortearam inscritos no nosso manifesto de candidatura. Não abdico que a SPACV continue a ser a representante dos Angiologistas e Cirurgiões Vasculares Portugueses a nível interno e externo. Faço-o ouvindo com atenção todos, transmitindo á equipe que lidero algumas directizes “ qual treinador que não quer estragar o jogo e muito menos desmotivar os jogadores!”. Afinal quando se lidera temporariamente um projecto associativo com uma história e um caminho “vencedor” a responsabilidade é cada vez maior e leva algumas vezes á duvida de estarmos á altura. Se continuarmos vencendo somos todos vencemos, mas tenho a consciência de que se insucessos houverem, os assumirei totalmente. Mantivemos assim a SPACV aberta, democrática, intrusiva (que é o contrario de disruptiva como veremos adiante!), altamente comprometida com uma formação pós graduada diversificada e de grande qualidade e desde o seu início, bem como a representatividade nacional e internacional dela própria e dos que dela fazem parte.

2. Que a nossa especialidade apresenta atualmente os tais aspectos disruptivos com o passado, em consonância com caminhos de modernidade associados a menor “invasividade”, e maior Exactamente por isso estes deverão ser sede de constante escrutínio, mas tal como disse Jesse Thompson a propósito do extraordinário incremento do número de endarterectomias carotídeas que se efectuaram décadas atras nos EUA, aconselho que “ não deitem a água da banheira fora com o bébé lá dentro” (tradução livre da minha autoria). Os Registos aparecem assim como o melhor caminho a seguir. Sobre estes e sua importância, me debrucei na “Página do numero anterior” e espero que tenhamos sobre estes boas notícias ainda este ano.

3. A de estarmos a formar nos Serviços a melhor juventude vascular dos últimos anos e assim o futuro está garantido. É para mim um orgulho os jovens especialistas nacionais, sócios da SPACV e candidatos ao European Board, estejam sempre entre os melhores classificados, ou até mesmo os melhores obtendo “honours” com aconteceu nas 2 últimas edições da prova, ou ainda que artigos de sócios, publicados em revistas internacionais sejam distinguidos como dos melhores do ano nessa publicação.

4. Que nada na vida, e as Sociedades Cientificas não são excepção , se consegue sem muito trabalho, aliado nestas a um espirito de liderança altruísta, com consumo de muitas horas de lazer ou da família. Mas assim é, e quem para isso não estiver disposto não deverá aceitar participar ativamente na vida destas associações.

Sobre as "dúvidas estratégicas que se dissiparam"

O impulso, quiçá transitório, da criação nos Hospitais Públicos Universitários e não só, de Departamentos de Coração e Vasos ou Cardio – TorácicoVascular, englobando as especialidades de Cardiologia, Cirurgia Cardíaca, Torácica e Vascular (diga-se e Angiologia e Cirurgia Vascular), tiveram um imperativo mais administrativo/económico, do que o real interesse dos doentes, já que a multidisciplinaridade nunca esteve em causa na pratica medica pelo menos nos últimos 40 anos, tantos quantos tenho de carreira.

Esta onda pode não nos ser favorável enquanto especialidade autónoma, e reforça a necessidade cada vez maior de nos unirmos em volta da nossa Especialidade, do Colégio e da SPACV, numa óptica de representatividade não delegada. Existem porem alguns dos ” nossos” que transportam o conceito departamental para a as Sociedades Cientificas, promovendo nelas a coexistência e representatividade multidisciplinar, fazendo assim um caminho inverso ao nosso que em nada contribui para a afirmação autónoma da Angiologistas e Cirurgia Vascular, considerando mesmo poder existir numa Sociedade tripartida “perspectivas sobre a mesma prática clinica”!

Pergunto? A que prática na patologia arterial se referem hoje e no futuro, com o incremento do capítulo endovascular? E sobre a patologia venosa e linfática, partes integrantes e importantes da nossa especialidade? Ou ainda sobre as malformações congénitas os acessos para hemodialise e suas complicações e a traumatologia vascular? Quais sobre estas poderão ser as “perspectivas” dos cirurgiões cardíacos, torácicos ou até dos anestesistas? A resposta é fácil pois nós vasculares não as temos sobre assuntos e praticas que a outros dizem respeito.

Ao fazerem este caminho perdem energias, que muita falta fazem a todos, não contribuindo para a coesão e união. Coesão e união que para além do seu alto valor intrínseco, tem importância crescente dados os constrangimentos legais e económicos de tendência crescente ao financiamento pela indústria das Sociedades Cientificas, em especial se estiver em causa a duplicação de oferta na mesma área, ainda mais num país da nossa dimensão e recursos. Não esteve não está nem estará em causa qualquer desrespeito pelos colegas de outras especialidades e pensamos que deste modo se poderá inclusive estimular a complementaridade cientifica com diversas Sociedades.

Permitam-me o desejo, e não poderá passar disso mesmo,de ver num dia próximo, a nossa mãe de há 18 anosa SPCCTV – que respeitamos pelo importantíssimo papel que teve durante muitos anos e pelos vultos médicos que dela fizeram e fazem parte e a ela deram o melhor do seu esforço e conhecimento, se direcionar para a vertente Cardio Torácica que na atualidade me parece ser a sua “vocação”. Tratar-se-ia, no meu entender, de uma evolução natural de acordo com os tempos e circunstancias. Olhemos o que a este respeito se passa em muitos dos países mais evoluídos médica e cientificamente.

Muitos de nós sabemos porque é que não aconteceu, mas os tempos são outros e os protagonistas também. A juventude vascular portuguesa não vai querer eternizar esta situação, a que é alheia e que verdadeiramente não lhe interessa, devendo lutar para fazer vingar os seus pontos de vista organizacionais e científicos nos locais próprios.

E então, com todos os Vasculares num só lado, abordar em conjunto temas dos confins com Cardíacos, Torácicos, Gerais (a Mãe da Cirurgias),Internistas, Nefrologistas, Dermatologistas, Imagiologistas/ Radiologistas, Radioterapeutas entre outros representados nas suas Sociedades. É minha convicção que os “confins” com a Cirurgia Cardio Torácica terão até tendência a diminuir em detrimento do aumento de outras especialidades, como as que referi e outras, até de Sociedades de grupos profissionais não médicos que connosco colaboram no dia-a-dia.

Chegado o ponto de “ Dar a César o que é de César” estaremos em paz? Penso que estaremos bem melhor. Veremos o que o futuro nos reserva

Nós estendemos a mão mas não ficamos com ela estendida!

Em conclusão

Pensei no início do meu mandato que conseguiria aportar algo a este assunto, pela forma da coexistência, mas refletindo durante estes quase 2 anos sobre este tema cheguei á conclusão não ser esse o caminho desejável. Errei no diagnóstico e falhei na estratégia terapêutica “Mea culpa”. Redefini por isso o meu caminho e proponho que a SPACV e todos os “ Vasculares “ portugueses lutem mais firmemente por colocar no terreno a ideia estratégica de Francisco Sá Carneiro, brilhante político e um dos fundadores da democracia portuguesa que pugnava pelo ideal político de “Uma maioria um Governo um Presidente” para governar com resultados, o qual adaptado á nossa circunstância será “ Uma Especialidade, um Colégio, uma Sociedade “. Esta ideia será mais facilmente materializada, se introduzirmos no “modus operandi “a regra dos desportos de alta competição em que os Dirigentes (Direcção, Corpos Socias, Editor, Corpo Editorial, Conselho Cientifico e Coordenadores de Núcleos) afinal todos eles jogadores da equipe, não podem (no nosso caso leia-se não devem) jogar por outra concorrente, muito menos durante o seu “contrato”, salvo por empréstimo ou rescisão. Quanto a “rescisões” tudo faremos para que não aconteçam, porque afinal Sociedades Cientificas e Clubes desportivos são entidades de cariz e nível totalmente distinto….Mas podem ter pontos semelhantes!

Peço a vossa reflexão e opinião sobre esta “Pagina” que escreve-la foi para mim um imperativo de consciência.

Um grande abraço a TODA a “ Família Vascular “ José Daniel Menezes

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