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Angiologia e Cirurgia Vascular

versão impressa ISSN 1646-706X

Angiol Cir Vasc vol.16 no.3 Lisboa set. 2020

 

EDITORIAL

Serviço de angiologia e cirurgia vascular do centro hospitalar tondela-viseu e COVID-19

The vascular surgery department of centro hospitalar tondela-viseu and COVID-19 pandemic

António Santos Simões1

1 Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular; Centro Hospitalar Tondela-Viseu; Viseu

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence


 

A actual pandemia de COVID 19 teve efeitos marcados quer neste Serviço quer na Instituição em que se insere. Os efeitos foram por um lado imediatos, nomeadamente no período de contingência, e, pelo outro, irão manter-se por um longo período de tempo fruto do “abandono” relativo a que foram sujeitas todas as patologias em geral.

Durante o período de contingência ouve um pico no decréscimo na actividade durante o mês de Abril, comparando com a actividade no mesmo mês de 2019, de -76,7 % de consultas e de -82,3 % de cirurgias em geral (com rebate principalmente na cirurgia de ambulatório). No período de Março a Maio de 2020 a redução relativamente ao ano de 2019 foi de -43,3 % nas consultas externas (-40,3 % na actividade global da Instituição), e de -63,7 % na actividade cirúrgica (-59,5 % na actividade global da Instituição).

No fim do mês de Agosto, e com as necessárias adaptações, nos diversos sectores, à situação de pandemia, a diminuição no período entre 1 de Janeiro e essa data já tinha sido diminuída para -19,1 % na actividade da consulta externa (-19 % na actividade global da Instituição), e -22,9 % na actividade cirúrgica (-27,4 % na actividade global da Instituição).

Superficialmente, estes dados já são por si só preocupantes, mas há outros indicadores que nos podem dar uma ideia das repercussões profundas e com efeito a mais longo prazo da pandemia.

O Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular teve um decréscimo de internamentos de 37,3 %.

A Via Verde do AVC do Serviço de Urgência deste Hospital teve um decréscimo de cerca de -40 % no período de Março a Maio, relativamente à actividade habitual.

A Unidade de Cuidados Intensivos Coronários teve um decréscimo de -10 % no mesmo período.

O número de admissões no Serviço de Urgência diminui em -40 % face ao mesmo período de 2019.

O número de eco-döppler Carótido-vertebral realizado pelo Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular diminui em -50% no mesmo período.

Considerando que por um lado, a maior parte dos doentes internados no Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular são doentes portadores de doença arterial periférica e/ou doença aneurismática, e por outro lado que, os números de internamentos AVC e de doença coronária grave são indicadores grosseiros da prevalência da doença ateroesclerótica, serão imprevisíveis as consequências do “abandono” deste tipo de patologias durante o referido período, que provavelmente se irão repercutir durante meses.

Para terminar, o pedido de primeiras consultas pela parte da Medicina Geral e Familiar foi residual nesse período, mas, face ao atraso sentido na retoma das consultas presenciais por esta Especialidade Médica, também neste aspecto importantíssimo da actividade assistencial as consequências poderão ser devastadoras para este grupo de patologias vasculares.

A reflexão sobre as consequências do período de confinamento na actividade assistencial Hospitalar é fundamental uma vez que a situação de pandemia se mantém e será necessário retirar a devida lição dos acontecimentos para prevenir novas situações semelhantes que, resultam essencialmente no prejuízo dos doentes.

 

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence

Dr. António Santos Simões

Director do Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do CHTV

Correio eletrónico: asantos.simoes@outlook.pt (A. Simões).

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