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Angiologia e Cirurgia Vascular

Print version ISSN 1646-706X

Angiol Cir Vasc vol.18 no.1 Lisboa Mar. 2022  Epub Mar 31, 2022

https://doi.org/10.48750/acv.472 

Editorial

Revista Angiologia e Cirurgia Vascular - passado, presente e futuro

Frederico Bastos Gonçalves1 

1 Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central & NOVA Medical School, Lisboa, Portugal


Génese (2001-2006)

A revista Angiologia e Cirurgia Vascular (ou ACV Journal) acompanha a história da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) desde a sua fundação. Partilha com esta o papel de promoção da nossa especialidade em Portugal, de forma autónoma e aglutinadora. A publicação do seu primeiro volume (Fig 1), em 2001, sob a liderança do Prof. José Fernandes e Fernandes (editor chefe entre 2001 e 2006), foi um importante marco, afirmando a SPACV como dínamo científico, servindo simultaneamente de ferramenta de divulgação de eventos, reuniões e cursos da nossa área de atividade. Lembremo-nos que em 2001 as ferramentas digitais de informação estavam ainda na sua infância e o acesso à informação e conhecimento não era tão fácil e imediato como é hoje.

Figura 1 Capa do primeiro número da revista Angiologia e Cirurgia Vascular (2001) 

Desde a sua origem, a revista tem servido ainda de repositório histórico, resultante do arquivo de editoriais publicados, que vêm dando conta dos desenvolvimentos, concretizações e direções estratégicas da SPACV ao longo das últimas duas décadas. Não é demais realçar o papel capital desta primeira equipa editorial na definição da missão, matriz e esquema da revista Angiologia e Cirurgia Vascular, aspetos que têm sofrido melhorias e adaptações ao longo do tempo, mas nunca desvirtuando a sua essência fundamental.

Afirmação (2006-2017)

Sob a liderança do segundo editor chefe, Prof. Luís Mendes Pedro (2006-2016), foram dados passos essenciais na consolidação e projeção internacional da revista (Fig. 2). Estes podem ser divididos em três categorias distintas. Em primeiro lugar, a consolidação editorial assegurada pela regular publicação trimestral de números, equilibrados em conteúdos e tipologia de artigos, devidamente sujeitos ao processo de revisão por pares e assim assegurando a qualidade científica indispensável. Formou-se uma alargada base de revisores que fazem parte fulcral do processo editorial e que tem sido mantida e renovada até hoje. Esta etapa culminou na integração da revista no universo Elsevier, o que se manteve entre 2013 e 2016 (volumes 9 a 12). Além da alteração à imagem (Fig. 3), foi pela primeira vez criado um espaço na internet dedicado à Angiologia e Cirurgia Vascular alargando a promoção da revista nas plataformas ScienceDirect e Scopus, onde os vários números podem ser consultados em regime open access.

Figura 2 Capa e página de rosto de um artigo da revista Angiologia e Cirurgia Vascular no ano de 2009 

Consequente do primeiro ponto, foi conseguida a indexação da revista em motores de busca e repositórios internacionais, aspeto da maior relevância para a visibilidade e divulgação das publicações. Neste período, obteve-se indexação plataforma SciELO (2008) e nos sistemas Latindex (2009), muito relevantes em especial para melhorar a visibilidade nos países de expressão portuguesa, e posteriormente no SciELO Citation Index da Web of Knowledge (2013) alargando assim para o universo anglófono, inevitável veículo atual da divulgação científica.

Figura 3 Capa e índice da revista Angiologia e Cirurgia Vascular em 2014 (período Elsevier) 

O terceiro ponto, não menos relevante, foi o da crescente promoção da produção científica, em estreita colaboração com as diferentes direções a SPACV. Este foi concretizado através da atribuição de prémios para as melhores publicações de cada volume, e simultaneamente a obrigatoriedade de publicação na revista ACV dos trabalhos premiados ou candidatos a prémio nos congressos anuais. Esta estratégia foi muito eficaz na melhoria qualitativa (e quantitativa) dos trabalhos originais publicados, atraindo investigação de nível progressivamente mais elevado.

Modernização (2017-2021)

A cisão contratual com a Elsevier, por decisão desta, obrigou a nova remodelação na revista. Este período coincidiu com a transição de corpo editorial, passando a missão de editor chefe para o Prof. Rui Machado. Procedeu-se então à passagem para uma nova plataforma editorial (Open Journal Systems ou OJS), assim como uma remodelação gráfica e novo publisher (trabalho anteriormente assegurado pela Elsevier) o que obrigou a um grande esforço, redobrado pelas crescentes exigências de uma revista científica moderna (Fig. 4). Neste período, vimos a revista transitar de um formato híbrido (digital e papel) para um modelo exclusivamente digital (desde 2019), o que teve óbvias vantagens financeiras já que eliminou os custos de impressão e envio, mas principalmente acompanhou a tendência atual de digitalização integral - algo que a maioria das revistas científicas líderes têm realizado total ou parcialmente. Além das vantagens ecológicas, esta transição digital permite transferir o foco de investimento para formas mais eficazes e atuais de divulgar a produção científica publicada.

Assistimos, neste período entre 2017 e 2021, a um aumento constante, gradual e muito relevante no número médio de acessos diários à página de internet da nossa revista de 91 em 2017 para 498 em 2021. Verificou-se também neste período uma progressiva internacionalização dos acessos, existindo descargas de artigos a partir de dezenas de países de todos os continentes, com “apenas” 38% dos mesmos a partir de Portugal, tendo nos Estados Unidos da América (13%) e Brasil (10%) as maiores proporções individuais de utilizadores estrangeiros. Para tal não é alheio o esforço realizado pela equipa editorial para promover a publicação em inglês.

A realçar que foi também neste período que contratualizamos a obtenção de DOI (Digital Object Identifier) para todos os artigos publicados, com a possibilidade de atribuição de DOI retrospetivo, tendo então sido atribuídos os DOI a todos os artigos publicados na revista na plataforma OJS.

Figura 4 Capa e página de rosto de um artigo da revista Angiologia e Cirurgia Vascular no ano de 2021 (período OJS). 

Futuro (2022-...)

Chegamos assim ao momento atual da revista Angiologia e Cirurgia Vascular. Temos uma revista consolidada e com reconhecimento científico, em perfeita sintonia com a sua sociedade-mãe, com histórico de 21 anos de evolução gradual e permanente. Mas existem importantes desafios para o futuro, que importa reconhecer e encarar. É fundamental para a progressão da nossa revista conseguir continuar a captar produção científica original de qualidade elevada, e especialmente alargar o espectro de autores que nela publicam. Se não o fizermos, teremos poucas hipóteses de competir com revistas internacionais que estão ao nosso alcance ou de poder indexar a nossa revista nos mais prestigiados (e visíveis) motores de busca internacionais, como é exemplo o PubMed.

Outro importante desafio prende-se com o financiamento - devemos almejar para a autossustentabilidade, libertando a SPACV dos encargos com a revista, ao mesmo tempo sem perder a nossa matriz fundamental de defender o investigador e a comunidade científica. Neste campo nossa revista pode ser considerada contracorrente: não cobra pela publicação em open access - ao invés, promove o financiamento quer através de prémios atribuídos anualmente aos melhores artigos, que poderão financiar novos projetos e, através da SPACV, oferece bolsas de investigação exigindo em retorno a publicação de pelo menos um artigo na revista. Ao contrário dos gigantes da publicação científica, não encaramos esta atividade de forma predatória ou para obter lucro, mas sim como uma ferramenta genuína de divulgação e partilha de informação científica, com o fim de melhorar a forma como tratamos os doentes.

Outro aspeto da maior relevância é a necessidade de assegurar um processo de revisão por pares ágil, transparente e que respeite e reconheça o esforço dos revisores. Num mundo cada vez mais exigente, em que todos nos desdobramos em múltiplas tarefas e sobra pouco tempo, manter um corpo de revisores motivado, assíduo e pontual é uma tarefa difícil.

De forma a lidar com estes e outros desafios que se nos apresentam, eis os principais pontos que propomos para os próximos anos:

  • Renovação da imagem de capa e do layout dos artigos, tornando-os de mais fácil leitura e visualmente mais apelativos (Fig 5).

  • Revisão das instruções para autores, incluindo instruções mais explicitas e templates para garantir homogeneidade, alteração das regras de publicação para promover a publicação integral em inglês de artigos originais, artigos de revisão, casos clínicos ou imagens/videos vasculares.

  • Incentivo à publicação de traduções para português de Guidelines da Sociedade Europeia de Cirurgia Vascular (ESVS).

  • Promoção de resumos visuais (graphical abstracts) e sua divulgação através de diversos meios de comunicação digital.

  • Utilização de redes sociais (nomeadamente Twitter) para divulgação científica e promoção de artigos e outros conteúdos relacionados com a revista, incluindo sessões on-line de discussão de artigos selecionados

  • Cativação de autores provenientes de outros serviços e especialidades, assim como de autores estrangeiros, através de convites para editoriais ou comentários a artigos.

  • Revisão do corpo editorial, reduzindo o número de elementos e oferecendo a posição por um período fixo (renovável) de 4 anos. Os critérios para pertencer ao corpo editorial incluem o histórico de publicações e a assiduidade e qualidade das revisões, e será esperada a participação ativa do corpo editorial nas reuniões estratégicas da revista.

  • Revisão do conselho científico internacional, de modo a incluir individualidades que possam trazer mais-valias qualitativas efetivas.

  • Articulação com a Academia SPACV para promoção de formações de escrita e revisão de artigos científicos.

  • Contratação de secretariado próprio de forma a agilizar os processos administrativos relacionados com o processo editorial.

Figura 5 Capa e página de rosto de um artigo da revista Angiologia e Cirurgia Vascular no presente. 

Termino agradecendo às equipas editoriais anteriores por nos terem trazido até aqui com o brilhantismo que relato acima; aos novos editores associados, Dr. Nelson Oliveira e Dra. Andreia Coelho, por terem aceite este compromisso e terem já trazido novas ideias e entusiasmo; aos autores que escolhem a revista Angiologia e Cirurgia Vascular para divulgar a sua atividade científica, assegurando-lhes que lhes daremos a visibilidade que merecem; e last but certainly not least, aos revisores que, de forma abnegada, dedicada e responsável, garantem a qualidade do que é publicado.

Bem hajam,

Frederico Bastos Gonçalves

Editor chefe

Corresponding Author: Frederico Bastos Gonçalves Tel.: +351213594203 | f.bastosgoncalves@nms.unl.pt

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