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Medievalista

versão On-line ISSN 1646-740X

Medievalista  no.33 Lisboa jan. 2023  Epub 31-Jan-2023

https://doi.org/10.4000/medievalista.6352 

Varia

Ciclo de Conferências Viver, ler e rezar no Mosteiro de Lorvão (séculos XIII a XVI)”

Cycle of Conferences “Living, reading and praying in the Monastery of Lorvão (13th to 16th centuries)”

Catarina Fernandes Barreira1 
http://orcid.org/0000-0002-0174-1025

1. Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Instituto de Estudos Medievais, 1070-312 Lisboa, Portugal; cbarreira@fcsh.unl.pt


Fig. 1 Cartaz do Ciclo de Conferências. 

O Instituto de Estudos Medievais, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, promoveu, ao longo de 2022, o Ciclo de ConferênciasViver, ler e rezar no Mosteiro de Lorvão (séculos XIII a XVI), integrado no projetoBooks, Rituals and Space in a Cistercian Nunnery. Living, Praying and Reading in Lorvão, 13 th -16 th centuries (ref.ª PTDC/ART-HIS/0739/2020), o qual é financiado pelos Fundos Nacionais através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Este projeto tem como objetivo principal estudar, de forma interdisciplinar e contextualizada, os códices litúrgicos iluminados que fizeram parte da biblioteca do Mosteiro de Lorvão, a primeira casa cisterciense feminina em Portugal, contribuindo para a integração dos estudos monásticos nacionais nos estudos de género, no período compreendido entre os inícios do século XIII e os finais do século XVI. Trata-se de um corpus constituído por mais de três dúzias de códices. A análise de uma parte deste corpus, no âmbito do projeto, já se encontra em curso, focando-se, por um lado, nas características materiais dos códices (o pergaminho, os pigmentos usados nas tintas, a decoração iluminada, os métodos de encadernação e os materiais usados nesse processo, bem como o seu estado de conservação e as alterações sofridas, contribuindo, assim, para a história do livro e da conservação), por outro, na sua função litúrgica, contextualizando os seus usos e a sua circulação no mosteiro, e, por fim, no papel das monjas na encomenda e na conservação dos códices.

Este ciclo de conferências, concretizado em dez sessões, entre janeiro e dezembro de 2022, decorreu por Zoom, de modo a facilitar a participação de todos os interessados, alinhando-se, assim, com as políticas de disseminação do conhecimento do Instituto de Estudos Medievais e das boas práticas de investigação acessível a todos, implementadas pela FCT. O ciclo contou com a coordenação científica de Luís Miguel Rêpas, um especialista em comunidades cistercienses femininas1, que, na maior parte das sessões, também foi responsável pela apresentação dos conferencistas e pela moderação dos debates.

O grande objetivo deste ciclo, registado, desde logo, no seu texto de apresentação, residia na renovação dos estudos sobre o Mosteiro de Lorvão, após a instalação das monjas cistercienses, ocorrida em 1211, nas suas várias vertentes, abrindo espaços de discussão em torno das seguintes temáticas: (1) contexto político e religioso da entrada das monjas em Lorvão, (2) memória e arquivos, (3) espaços e liturgia, (4) instituições e poderes e, por fim, (5) imagens e representações. Pretendia-se, ao mesmo tempo, impulsionar perspetivas contextualizadas e comparativas com outras comunidades monásticas peninsulares. Para o efeito, foram convidados/as investigadores/as especialistas nas diversas temáticas, entre portugueses/as e estrangeiros/as, alguns/mas pertencentes à equipa de investigadores/as do projeto. Assim, em janeiro, a abrir o ciclo, Maria João Branco falou, sobretudo, do papel desempenhado por D. Sancho I, pelo bispo de Coimbra D. Pedro Soares e pela Infanta D. Teresa no conflito com os monges de Lorvão, nos inícios do século XIII, que levou à sua expulsão e à instalação da primeira comunidade cisterciense feminina, em Portugal, em 12112.

A segunda conferência ficou a cargo de Maria do Rosário Barbosa Morujão, consultora do projeto, e versou sobre a importância dos arquivos para a salvaguarda da memória das comunidades, numa intervenção que se focou nos inventários do cartório do Mosteiro de Lorvão produzidos na Época Moderna, os quais resultaram de sucessivos trabalhos de reorganização da documentação lorvanense. Terminou a chamar a atenção dos participantes para o desafio que é encontrar os vestígios materiais desse trabalho na atual organização do fundo documental, conservado na Torre do Tombo.

Luís Filipe Oliveira, o responsável pela terceira conferência, falou na presença de textos normativos das Ordens Militares nos códices de mosteiros cistercienses portugueses3 e no interesse destes códices para a história das Ordens Militares4, concentrando-se, depois, num códice, em particular, que pertenceu à biblioteca do Mosteiro de Lorvão, onde se incluem umas Definições da Ordem de Calatrava, de finais do século XIII, e nos motivos que explicam a presença deste texto num mosteiro feminino.

A sessão seguinte, intitulada “Espaço e liturgia nos mosteiros cistercienses femininos de Leão, Castela e Aragão”, focou-se na estreita relação entre o espaço monástico e a prática da liturgia cisterciense, e foi proferida por Eduardo Carrero Santamaría. Este estudo proporcionou uma perspetiva comparativa com outras realidades ibéricas, de grande utilidade para se perceber algumas especificidades da espacialidade monástica, nomeadamente a feminina, e o modo como a liturgia se adaptou a estas realidades5.

A sessão de maio contou com a participação de Ana Suárez González, que tratou de livros litúrgicos, nomeadamente dos livros da biblioteca do Mosteiro de Las Huelgas, em Burgos, do modo como aparecem designados em catálogo e dos problemas que algumas destas designações contêm, ao não levarem em conta o conteúdo litúrgico dos códices. Ana Suárez González analisou o processo de formação dessa biblioteca, entre os séculos XII e XIII, que designou, metaforicamente, de aluvião, por integrar códices com origem em vários scriptoria cistercienses.

Em junho, a sessão ficou a cargo de Ghislain Baury e versou sobre o monaquismo feminino cisterciense nos reinos de Castela e Aragão, incidindo, particularmente, na dinâmica das fundações, entre os séculos XII e XIV6, uma intervenção que levantou questões significativas ao nível da documentação inerente aos processos fundacionais e da integração destes mosteiros na Ordem de Cister. Esta investigação demonstrou que não existiu um só modelo de vinculação dos mosteiros cistercienses à ordem, mas várias situações, com contornos distintos.

As sessões foram retomadas em setembro, ficando a deste mês a cargo de Maria Amélia Álvaro de Campos e Luís Miguel Rêpas. A sua intervenção versou sobre o direito de padroado que o Mosteiro de Lorvão detinha nas igrejas de São Bartolomeu e São Pedro, em Coimbra. A documentação sobrevivente relativa ao direito de padroado data, maioritariamente, do século XIV e é exemplificativa do modo como os bispos vão gerindo a sua autoridade e de como o Mosteiro de Lorvão se foi adaptando à autoridade episcopal.

Mercedes Pérez Vidal foi a responsável pela oitava sessão, integrada na temática dos espaços e da prática litúrgica, que versou sobre a comemoração da Paixão de Cristo no Mosteiro de Lorvão, dedicando uma particular atenção às capelas claustrais e à sua função devocional, em articulação com o espólio litúrgico do mosteiro, isto é, apresentando circuitos litúrgicos na sua performance pelos espaços monásticos. Não só foi uma intervenção de grande interesse para se entender como algumas celebrações litúrgicas se processavam no espaço monástico, como também para perceber as questões em torno da devoção das monjas e das abadessas lorvanenses, no patrocínio de imagens e objetos litúrgicos (female agency)7.

Na penúltima sessão, Luís Miguel Rêpas e Catarina Fernandes Barreira voltaram a abordar as temáticas do espaço e da prática da liturgia no Mosteiro de Lorvão, nos séculos XV e XVI, desta vez a partir das informações registadas na documentação produzida no âmbito das visitações aí realizadas, e do cruzamento dessas mesmas informações com as recolhidas nos códices litúrgicos seus contemporâneos, numa abordagem interdisciplinar8.

O ciclo terminou com o contributo de Miguel Metelo de Seixas, em torno das imagens e representações emblemáticas, isto é, do uso da heráldica em contexto monástico e, no caso de Lorvão, enquanto autorrepresentação de abadessas e de monjas.

Este ciclo de conferências cumpriu com os objetivos a que se propôs, o de renovação dos estudos em torno de algumas temáticas respeitantes ao Mosteiro de Lorvão, a partir de 1211, e, tal como ocorre com o projeto de investigação em que se integra, contribuiu, igualmente, para o estudo desta comunidade feminina, a partir de perspetivas e metodologias interdisciplinares, numa visão holística com base nos códices litúrgicos, nas suas informações e no seu cruzamento com a documentação, para se obter uma visão mais abrangente sobre a vida desta comunidade cisterciense.

Para os interessados fica, ainda, a informação de que algumas destas sessões estão disponíveis no canal Youtube do Instituto de Estudos Medievais (em https://www.youtube.com/playlist?list=PL2g0AhCDaozEkZ5enFFRooidBwhCCeN2R) e de que os respetivos textos serão publicados, em breve, num volume temático da revista Hispania Sacra.

Referências bibliográficas

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RÊPAS, Luís Miguel - Esposas de Cristo. As Comunidades Cistercienses Femininas na Idade Média. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2021. Tese de Doutoramento, 2 vols. [ Links ]

1Recentemente, defendeu a sua tese de doutoramento: RÊPAS, Luís Miguel - Esposas de Cristo. As Comunidades Cistercienses Femininas na Idade Média. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2021. Tese de Doutoramento, 2 vols.

2A autora retomou anteriores reflexões, reequacionando-as, agora, especificamente, para a questão da instalação das monjas em Lorvão (BRANCO, Maria João Violante - D. Sancho I. Lisboa: Círculo de Leitores, 2006). Sobre esta questão, veja-se, ainda, MARQUES, Maria Alegria - “Inocêncio III e a passagem do Mosteiro de Lorvão para a Ordem de Cister”. In MARQUES, Maria Alegria - Estudos sobre a Ordem de Cister em Portugal. Lisboa: Edições Colibri / Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1998, pp. 75-125. Veja-se, também, NASCIMENTO, Aires A. - Os antigos códices de Lorvão. Balanço de pesquisa e recuperação de tradições. Penacova: Edição Município de Penacova, 2016.

3Sobre a presença de códices normativos em mosteiros cistercienses, veja-se BARREIRA, Catarina Fernandes; FONTES, João Luís; LOPES, Paulo Catarino; RÊPAS, Luís Miguel; FARELO, Mário - “Normatividade, unanimidade e reforma nos códices medievais de Alcobaça: dos tempos primitivos ao abaciado de Frei Estevão de Aguiar”.Revista de História da Sociedade e da Cultura 19 (2019), pp. 345-377.

4Sobre estas Definições, veja-se OLIVEIRA, Luís Filipe - “Em torno da normativa de Calatrava: umas Definições inéditas de finais do século XIII”. In CARREIRAS, José Albuquerque; AYALA MARTÍNEZ, Carlos de (eds.) - Cister e as Ordens Militares na Idade Média: Guerra, Igreja e Vida Religiosa. Tomar: Studium Cistercium e Militarium Ordinum, 2015, pp. 103-136 e OLIVEIRA, Luís Filipe - “De volta à normativa da Ordem de Calatrava: Novo testemunho das Definições de finais do século XIII”. En la España Medieval 43 (2020), pp. 9-26.

5Sobre este tópico, veja-se CARRERO SANTAMARÍA, Eduardo - “Replantear la arquitectura del Císter. Una perspectiva desde la Corona de Aragón”. Territorio, Sociedad y Poder 14 (2019), pp. 5-9 e, do mesmo autor, “The creation and use of space in the Abbey of Santa María la Real de Las Huelgas, Burgos: architecture, liturgy, and paraliturgy in a female Cistercian monastery”. Journal of Medieval Iberian Studies 6/2 (2014), pp. 169-191.

6Em que alargou o espaço de análise face a anteriores trabalhos (BAU RY, Ghislain - “Émules puis sujettes de l’ordre cistercien. Les cisterciennes de Castille et d’ailleurs face au Chapitre Général aux XIIe et XIIIe siècles”. Cîteaux. Commentarii cistercienses 52: 1-2 (2001), pp. 27-60; BAU RY, Ghislain - Les religieuses de Castille. Patronage aristocratique et ordre cistercien, XII e -XIII e siècles. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2012; BAU RY, Ghislain - “Fundar una Abadía Cisterciense Femenina a Mediados del Siglo XIII. En torno a los inicios de Otero (1230-1252)”. Estudios Humanísticos. Historia 13 (2014), pp. 9-34).

7Veja-se PERÉZ VIDAL, Mercedes - “El espacio litúrgico en los monasterios de Dominicas en Castilla (Siglos XIII-XVI)”. In RODILLA, Francisco; FENLON, Iain; ESTEVE, Eva; TORRES LOBO, Nuria (eds.) - Sonido y Espacio: Antiguas experiencias musicales ibéricas; Sound and Space: Early Iberian Musical Experience. Madrid: Alpuerto, 2020, pp. 75-115.

8 BARREIRA, Catarina Fernandes - "Spaces of Seclusion and Liturgy; the Cistercian nunnery of Lorvão - a view from two sixteenth-century liturgical codices". In VOLZONE, Rolando; FONTES, João Luís (eds.) -Architectures of the Soul. Diachronic and Multidisciplinary Readings. Lisbon: Instituto de Estudos Medievais (NOVA FCSH) / CHAIA - UÉvora / UCP-CEHR / DINÂMIA'CET-Iscte, 2022, pp. 69-84.

Recebido: 06 de Dezembro de 2022; Aceito: 06 de Dezembro de 2022

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