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Revista :Estúdio

versão impressa ISSN 1647-6158

Estúdio vol.3 no.5 Lisboa jun. 2012

 

LUGAR

Enquadramento: Lugar

Context: Location

 

Álvaro Barbosa*

*Conselho editorial; Universidade da Beira Interior, Faculdade de Artes e Letras, Covilhã, Portugal.

Endereço para correspondência

 

 

Quanto maiores são os tentáculos da globalização mais importante se torna o lugar. O valor distintivo das pessoas e das suas ações é indissociável do contexto onde estão ancoradas, sendo este um dos factores que mais pesa num mundo global, onde a originalidade e inovação prevalece sobre a perfeição e a mestria.

A importância do lugar não é estranha à Arte, mesmo antes de vivermos numa realidade em que a dispersão geográfica converge para os ecrãs dos computadores pessoais, agora conhecidos como as janelas para a aldeia global.

Em bom rigor, o não lugar, tal como proposto por Marc Augé, é até por vezes mais relevante na expressão artística contemporânea, já que é nestes espaços de indiferenciados passagem que muitas vezes surge a intimidade e criatividade que dão origem à obra artística.

As obras e artistas abordados na seleção de artigos deste capítulo estão certamente próximos desta noção.

O artigo de Teresa Palma Rodrigues sobre o Hip Hop de Sam the Kid, demostra que este só poderia ter surgido em Chelas, não obstante a universalidade da sua linguagem artística. Gustavo Henrique Torrezan apresenta a obra de Elias dos Bonecos como um exemplo do espaço itinerante em que o território é quase como um percurso. O desenho do espaço na xilogravura de Fabrício Lopez, apresentado por Ynaiá de Paula Souza Barros, evidencia a dimensão do atelier numa perspectiva abrangente e aberta, em que este se expande até ao limite da natureza. Por outro lado, o notável cruzamento da grafite no feminino por Drika Chagas e a arte urbana amazônica, é abordado por Sissa Aneleh Batista de Assis, remetendo-nos para a perspectiva da democratização da arte e da transformação do lugar pela intervenção artística, que por sua vez tem a sua origem neste mesmo lugar, criando um ciclo divergente e de possibilidades infinitas. Por fim, Marina Milito de Medeiros e Sayonara Sousa Pereira lançam um olhar sobre a extensa obra de Pina Bausch, demonstrando a importância que a intervenção social, em particular sobre a comunidade da cidade de Wuppertal, desempenharam na sua obra Kontakthof.

Como denominador comum, todas estas obras interpretam, intervêm e reinterpretam o espaço de algum lugar, independentemente da sua geografia, da cultura do seu autor, da universalidade ou especificidade da linguagem artística ou mesmo da forma como se materializam – arte sonora, musical, visual, pictórica, escultórica, dança, teatro… arte do lugar para o lugar, passando pelo mundo.

 

Referências

Augé, Marc (1994) Não-lugares : introdução a uma antropologia da sobremodernidade. Venda Nova: Bertrand, 1994. ISBN 972-25-0580-7         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência

Correio eletrónico: al.barbosa@gmail.com (Álvaro Barbosa).

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