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Revista :Estúdio

versão impressa ISSN 1647-6158

Estúdio vol.5 no.9 Lisboa jun. 2014

 

ARTIGOS ORIGINAIS

ORIGINAL ARTICLES

Da América Latina para o mundo global contemporâneo: as obras intrigantes de Claudia Casarino

From Latin America to the contemporar y global world: the intriguing works of Claudia Casarino

 

Neide Marcondes & Nara Silvia M. Martins**

 

*Brasil, artista visual. Licenciatura e Bacharel em Desenho e Plástica, Universidade Estadual Paulista, Mestrado e Doutorado em Artes, Universidade de São Paulo, Livre Docencia e Professor Titular, Universidade Estadual Paulista.

AFILIAÇÃO: Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Instituto de Artes. Rua Cristóvão Colombo, 2265 – Jardim Nazareth, São José do Rio Preto – SP, CEP 15054-000, Brasil.

**Brasil, designer e artista plástica. Licenciatura Artes PlásticasEscola de Belas Artes de São Paulo, Bacharel em Comunicação Social, Faculdade Armando Alvares Penteado, Mestrado em Artes Visuais IA-Universidade Estadual Paulista, Doutorado em Arquitetura e urbanismo, Universidade de São Paulo, Professor Adjunto.

AFILIAÇÃO: Universidade Presbiteriana Mackenzie, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Curso de Design, Campus Higienópolis, Rua da Consolação. 896 – Prédio 9 – CONSOLAÇÃO – CEP 01302-907, São Paulo – SP, Brasil.

 

Endereço para correspondência

 

RESUMO:

Ao registrar e interpretar artistas desta contemporaneidade, para uns Hipermodernidade e, para outros, Modernidade Líquida, será demonstrado material ainda pouco conhecido do meio artístico-cultural da América Latina. A imagem, a transfiguração, o retorno, o labirinto, o desenrolar dos nós, o desenraizar oferecem a percepção do desdobramento das identidades e alteridades. O homem é o portador de ideias, o local e o global se mesclam e surgem as universalidades.

Palavras chave: imagem / América Latina / traje / tecido / contemporânea.

 

ABSTRACT

By recording and interpreting artists from this contemporaneity, Hypermodernism for some, Liquid Modernity for others, it will be shown material that is little known in Latin America artistic-cultural world. The image, the transfiguration, the return, the labyrinth, the unfolding of knots, the uprooting, all this offers perception on the unfolding identity and alterity .The man is the bearer of ideas, the local and global mingle and universality arises. Man is the bearer of ideas, the local and global mingle and universality arises.

Keywords: image / Latin America / glocal / facbric / contemporary art.

 

Introdução

Neste mundo fenomenal, mundo imaginal globalizante, as imagens, o corpo, a galáxia da internet, os aglomerados humanos, as instalações, os entornos virtuais, as redes telemáticas estão conjugados às formas em novas imagens em transmutação, adaptação, expressões locais, sensibilidades efetuais, que fazem a união com a alteridade. Os artistas, cada vez mais atuantes em questões antropológicas, ecológicas e sociais, estão condizentes com o mundo contemporâneo, multidisciplinar e transdisciplinar.

A forma encarna a matéria que abre o conflito terra e mundo (Heidegger, 2010). O artista quando adere a determinados materiais, procedimentos, suportes na maioria das vezes dá continuidade de arte-vida à natureza e à comunidade. Em se falando de suportes e materiais, arte e design torna-se significativo ressaltar o trabalho com materiais e outros suportes que aqueles tradicionais diferentes de artistas que elaboraram no decorrer da história da arte. O termo futurismo sugeriu movimentação e não um estilo movimento, mas uma nova estética do desenho que impregnou a vida dos artistas e dos designers de moda. Desenhos de padronagens de figurinos realizados por Filippo Tomaso Marineti que proclamou em 1905, o Futurismo como uma reforma artística. Em 1917, Pablo Picasso confeccionou a roupa de madeira para os Ballets Russos da época. Yohji Yamamoto, designer de moda contemporâneo, em 1991 desenhou vestido explorando formas geométricas e materiais inusitados, de madeira e com dobradiças, apresentado em 1991, utilizou a mesma referencia de Picasso. O vestido (Figura 1) em madeira escapava da formação do corpo humano.

 

 

Também Paul Poiret e Gustav Klimt ousaram no design de moda. Sonia Delaunay criou desenhos para tecidos e vestidos, adotando seu colorismo dos mundos abstratos geométricos no período do Art Déco. Em 1962 Andy Warhol quando realizou sua exposição com trinta e duas latas de sopa, elaborou e laborou vestido de papel Pop que simbolizava a cultura consumista dos anos sessenta (Moda, 2012).

Na década de 1950 o artista, arquiteto, designer brasileiro, Flávio de Carvalho, fez performances com vestimenta/saia e blusa de seu próprio design e confecção demonstrando a liberdade do homem moderno. Hélio Oiticica, artista brasileiro, pintor, escultor e performático revolucionário influenciou gerações com a multisensorialidade dos Parangolés (Figura 2). Fruto de suas experiências o Parangolé é uma escultura móvel, expressão artística que envolve a dança dos tecidos, é vestir a arte. Capas prendem-se ao corpo, elaboradas por camadas de panos coloridos que se revelam em estruturas (Salomão, 2004).

 

 

As mais diversas tendências e os vários procedimentos, suportes e abordagens da arte contemporânea, mais precisamente no mundo atual levou à insubordinação de muitos artistas em suas obras, que se afastaram de museus e instituições mais ortodoxas e tradicionais. Houve um processo de deslocação e o artista adere a programas e projetos, elaboradas para e em comunidades diversas. A arte necessita estar em evento, no sentido heidggeriano de evento, exposição, demonstração e se constituir em um abrir-se para o mundo permitindo as mais diversas análises e interpretações (Marcondes, 2002).

 

1.Arte, natureza, a vestimenta sem corpo

O artista californiano Peter Coffin em 2013 vestiu com jeans troncos de árvores selecionadas em diversos espaços da cidade de São Paulo, os pés de jeans estavam em ruas comercias, avenidas e parques (Figura 3) com calças jeans para Mostra MOVE! (Marcondes; Martins, 2013). Esta instalação teve como objetivo provocar um debate sobre a maneira como a arte e a moda afetam o mundo em que vivemos, proporcionando ao público uma percepção redimensionada da realidade.

 

 

É preciso ressaltar, que em se falando de América a diversidade, globalização e glocalização apresenta uma significativa situação cultural neste mundo globalizado, mas ficou por muito tempo caricaturada como terra de guerreiros, de militares golpistas, de bandoleiros e de vítima de um colonialismo; sua história contém os coronelismos, caudilhistas e ditaduras soberanas (Setti, 2011).

A América Latina, nestes últimos trinta anos, apresentou mutação econômica, social e cultural. Mas há os clichês e lugares comuns que se incrustaram na cultura e movimentos extremistas de hispanistas e indigenistas. Apresenta-se no momento atual uma América ligada às culturas do mundo e a globalização abriu uma gama de oportunidades para a sociedade como um todo. Este mundo do século XXI, talvez menos pitoresco, permitiu novas vias de expressão e uma autoproteção com sua cor local e com sua glocalidade seguindo ideias de lugar e não-lugar e de identidades e alteridades (Augé, 1996).

A geografia não basta para caracterizar o distante e os outros. A melhor forma de respeitar a cultura contemporânea é dialogar com os chamados outros; pensar o indivíduo e suas relações, o sentido íntimo das atividades, respeitar e conhecer o lugar antropológico e sua simbolização no espaço. A identidade não se concebe sem as alteridades, alteridade do estrangeiro, do social e interna. O corpo humano, como um todo que o compõe, é um espaço habitado com identidades e alteridades e não há como se desvincular desta situação.

No circuito da globalização, também conhecemos o oposto de lugar antropológico, os não-lugares. Augé (1996) caracteriza este mundo atual globalizado de Sobremodernidade: com excesso de acontecimento, de informação e de individualidade. Diante deste mundo, ao ler Ira e Tempo do filósofo Peter Sloterdijk (2012), aplicamos sua teoria para os acentos da América Latina, a doutrina do Thymós, ligada a Platão e também outros filósofos. É uma performance negativa que oferece à pessoa a capacidade de voltar-se contra si mesma, uma amplitude psicológica de auto reprovação violenta, a domesticação moral da ira e da violência.

O autor citado estudou esta doutrina em outros povos e a aproximação que se pode fazer na nossa região/lugar seria ter a preocupação de não acontecer uma assunção voluntária em meio aos estrondos do tempo na América Latina de uma cultura do timotismo; uma constante volta e revolta ao passado e tornar-se epocal o enaltecimento da humilhação, da piedade e portanto da timotização da consciência heroica no desempenho da violência. O irado na evolução timótica investe e percebe que necessita legitimar sua ira e investe em toda sua autoestima em guerras coletivas de reconhecimento.

Neste século XXI, ao registrar e interpretar artistas desta contemporaneidade, para uns Hipermodernidade e para outros Modernidade Líquida (Bauman, 2010), será demonstrado material, ou melhor, parte do material iconográfico da artista paraguaia, Claudia Casarino, ainda não muito divulgado e analisado do meio artístico-cultural da América Latina.

Em suas instalações, interferências e performances cumpre salientar parte do repertório das obras da artista plástica, nascida em1974; integrou diversas exposições coletivas, em especial, várias edições da Bienal de Cuenca, a IV Bienal do Mercosul, a VII Bienal de Havana, Bienal Busan na Coréia do Sul e a Bienal de Veneza 2011. Em suas performances e instalações, a artista desliga-se da arte contestadora com forte relato e nessa contemporaneidade demonstra sutilmente com seus clichês fugazes a cultura social da mulher na América Latina encontrando-se na estética da iminência (Canclini, 2011) e nos incertos limites da arte contemporânea. Claudia já desligada da arte contestadora com relatos de problemas políticos e sanguinolentos da América que ainda se incrustam na cultura, expressa-se, sutilmente, sem denotações fixas e comuns de certos procedimentos especialmente ligados à mulher, que merecem significativa interpretação.

Em 1998, a jovem artista apresenta série de fotografias do seu próprio corpo desnudo exposto nas ruas iluminadas como um organismo deslocado. A criatividade/inventividade tem como característica ser polissêmica e como consequência, passível de múltiplas interpretações. Na teoria da pertença, ter um corpo, cujas partes se modificam, involuem, evoluem mas não se imobilizam. É uma nova identidade. As zonas erógenas e materiais táteis tomam formas. São fetiches. A obra, como criadora de forma/ material, no caso essencialmente feminina e o corpo pavoneia-se (Maffesoli, 2006).

Claudia Casarino em Performances Entre Casa (Figura 4), expõe uma situação explorada com o corpo vestido a serviço da limpeza de espaços, o corpo a serviço de outro corpo em rituais de passagem que fazem parte da vida cotidiana. Utiliza-se como La Muchacha nos serviços de limpeza doméstica com cunho bem social disfarçada de mulher rainha. A artista contribui com cartaz para campanha de 2000 que apoiava os direitos das trabalhadoras domésticas no Centro de Documentción y Estúdios, Como no soy tu muchacha (Casarino, 2013).

 

 

Em Punte Kyha (Figura 5) a artista enreda-se nos tecidos. Cria seu vestido, elabora e labora imaginando-o como uma ponte de travessia de mulheres migratórias para o rio, para o mar.

 

 

Seduzida pelos tecidos como atividades ligadas à mulher utiliza forte metáfora ligada à situação da mulher. Instalações com vestidos, sem corpos, vestidos tule da cor branca, outras roupas de trabalhadores, em negro. Confecciona com tecidos, as instalações com cotidiano significativo ligado à mulher com temas identidários e de gênero.

Com suas evocações Vestidos sem Corpos (Figura 6) demonstra com seus próprios títulos Ni puta, ni diosa, ni reina, (Casarino, 2013) vestidos com corpos desencarnados de mulheres guerreiras de várias lutas do país. O filósofo Deleuze faz em suas pesquisas a correspondência entre as redobras da matéria e as dobras da alma (Marcondes, 2000).

 

 

Na teoria da Dobra, a operação da percepção constitui as dobras na alma que se reorganizam em redobras exteriores. Um organismo define-se por dobras endógenas; como as bonecas russas, desdobrando-se e chega à alma/interior do objeto/ser. Deleuze (1988) poetiza seu pensamento especialmente para o estilo Barroco, mas sua filosofia parece se adaptar à interpretação de obras contemporâneas. Uma filosofia transcendental que segundo Deleuze se interessa mais pelo acontecimento do que pelo fenômeno. As curvas são plasticamente limpas, outras sombreadas e outras em texturas e dobras que se recurvam no espaço.

Claudia Casarino expressa-se como obra que se tece na pele do seu criador. Os vestidos sem corpos foram pensados como um aglutinador de ideias e questões sobre o próprio corpo que se manifestam esteticamente. Os vestidos sem corpos, estão questionando os sistemas de situações morais, políticas, religiosas e sociais que norteiam o mundo e as instituições. Preocupa-se com o fantasma da autenticidade. Há a preocupação intelectual de procurar a chamada verdade do além do que se vê. Existe a ideia do trajeto antropológico da aparência/forma e vice-versa. Há um esteticismo erótico como que no prazer do nu, o corpo se epifaniza (Néret, 2005).

Neste jogo lúdico das vestimentas sem corpos, é corpo/forma que se dobra e se desdobra ao infinito (Marcondes, 2000). Corpo e vestido sem órgãos, sem corpos, mas existe o corpo, uma zona de expressão clara e distinta. O que se passa na alma, é o que se faz nos órgãos/corpos, diria em objetos vazios sem corpos.

Claudia demonstra junto à sua instalação na Bienal de Veneza 2011, a obra pintura de Juan Manoel Blanes de 1879 intitulada Paraguaia ou A pátria desolada, representando a mulher do povo, descalça, uma índia que olha para cadáveres de guerra.

Em vestidos desvestidos só com sombras incertas dos próprios objetos como em Transtornos del suenos (Figura 7).

 

 

Sobre instalações da artista paraguaia Claudia Casarino, Mariza Bertoli (2011: 119) escreveu que "a artista soube recorrer ao tempo mítico porque a arte não está na pele da obra, embora ela trabalhe os vestidos como peles".

 

Possíveis conclusões

A imagem, a transfiguração, o retorno, o labirinto, o desenrolar do nós, o desenraizar oferecem a percepção do desdobramento das identidades e alteridades na diversidade atual que permite novas vias de expressão nesta mundialização, neste século XXI. Em muitos momentos foram trabalhadas a cor local, a glocalidade e a interferência das alteridades como demonstram e permitem estas instalações interpretadas das obras de Claudia Casarino, da América Latina para o mundo contemporâneo. Ela emprega a estética da roupa, concebida não como design, não álibi ou subterfúgio, talvez como um escudo noturno imaculado, sanguinolento, áureo ou transparente, capaz de refletir ou recuperar o momento do corpo perdido. O homem é o portador de ideias e o local e o global se mesclam e surgem as universalidades, diversidade de material, procedimentos, especialmente em instalações, interferências e performances neste mundo líquido contemporâneo.

 

Referências

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Artigo completo submetido a 26 de janeiro e aprovado a 31 de janeiro de 2014.

 

Endereço para correspondência

 

Correio eletrónico: ne.be@uol.com.br (Neide Marcondes)

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