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Revista :Estúdio

Print version ISSN 1647-6158

Estúdio vol.10 no.27 Lisboa Sept. 2019  Epub Sep 30, 2019

 

Artigos originais

Uma loja cinco casas e uma escola, uma exposição coletiva com curadoria do artista João Fonte Santa

A store five houses and one school, a collective exhibition curated by the artist João Fonte Santa

Alice Geirinhas1  *

11 Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologias, Departamento de Arquitetura. Rua Sílvio Lima, Pólo II da Universidade de Coimbra, 3030-790 Coimbra, Portugal.


Resumo:

Esta comunicação pretende analisar a exposição coletiva Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola realizada em duas cidades, no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra de 04 de Abril a 08 Junho de 2018 e no Museu Bernardo, nas Caldas da Rainha de 29 de setembro a 30 de novembro de 2018. Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola reúne os vinte e oito artistas que participaram nas várias exposições que o artista-curador organizou ou coorganizou com outros artistas desde 1998 em diversos espaços não institucionais tal como o título sugere: loja, cinco salas e uma escola.

Palavras chave: artista-curador; espaços alternativos; arte portuguesa nos anos 90

Abstract:

This communication intends to analyse the collective exhibition A Store Five Houses and One School. Present in two cities, in Colégio das Artes from University of Coimbra from April 4th to June 8th and in Museu Bernardo, in Caldas da Rainha from September 29th to November 30th of 2018. A Store Five Houses and One School gathers 28 artists who have participated in various exhibitions where the artist-curator organized or co-organized with other artists since 1998 in several non-institutional spaces as the title suggests: store, five rooms and a school.

Keywords: artist-curator; alternatives spaces; portuguese art in the 90s.

Introdução

Segundo Sandra Vieira Jürgens, uma das características da arte dos anos 90 em Portugal, foi o carácter excepcional das iniciativas organizadas por artistas. Esta tendência - iniciativas organizadas por artistas-curadores em lugares alternativos - é recorrente ao longo da história da arte, quer por motivos socio-económicos, inerentes a toda a sociedade e também ao sistema artístico, quer por uma necessidade de contraponto aos modos de organização, concepção e materialização de projetos expositivos e curatoriais do circuito institucional e a diferentes valores éticos e estéticos (Jürgens, 2016:387).

Dois dos exemplos paradigmáticos, um no final dos anos 60 e finais dos anos 80 são as iniciativas alternativas organizadas pelo artista Seth Siegelaub e a Womanhouse, espaço coletivo criado pela Judy Chicago e Miriam Schapiro. Seth Siegelad, curador, artista, editor, arquivista, colecionador e galerista, é considerado como o pioneiro da desmistificação do papel do curador e da desmaterialização da arte. Em 1969 organizou e publicou Xerox Box, o livro-exposição com a participação de artistas na época emergentes, ligados à arte conceptual norte-americana. Carl Andre, Robert Barry, Douglas Huebler, Joseph Kosuth, Sol LeWitt, Robert Morris e Lawrence Weiner.

Através do processo inovador e tecnológico da fotocópia, Siegelad pediu a cada artista 25 obras que pudessem ser fotocopiadas.

Neste processo, Siegelad redefiniu o espaço expositivo, podendo ser um livro, um cartaz ou outra coisa. Numa entrevista a Paul O'Neill refere o papel da sua geração na desmistificação do papel do museu e da galeria de arte.

Na nossa geração pensávamos que nós podíamos desmistificar o papel do museu, o papel do colecionador e da produção da obra de arte; por exemplo, como o tamanho de uma galeria afecta a produção da arte, etc.Nesse sentido, nós tentámos desmistificar as estruturas escondidas do mundo da arte(O'Neill, 2007:13).

Em 1971, Judy Chicago e Miriam Schapiro criam o Feminism Art Program no Instituto de Artes da Califórnia e um ano mais tarde inauguram a Womanhouse em Los Angeles, um espaço de exposições temporárias dedicado às mulheres artistas, livre e experimental fora do sistema artístico institucional dominado pelos artistas homens, sintoma da sociedade ocidental falogocêntrica. Segundo Chicago a Womanhouse é um "lugar de fusão e colaborativo, um espaço de trabalho artístico individual, de educação feminista para criar um trabalho monumental com temáticas abertamente feministas" (Foster et al. 2004:570).

No contexto português na atividade de artistas-curadores e de grupos informais nos anos 90, destacaríamos entre outros, Pedro Cabral, Santo, Paulo Mendes, Alexandre Estrela, Miguel Soares, Carlos Roque e João Fonte Santa. Somam à sua atividade artística a de organização de exposições coletivas procurando espaços que lhes proporcionem oportunidades de partilha de processos de criação e circulação de obras (Jürgens, 2016:397), impulsionados pelo conceito punk Do It Yourself e movidos a uma vontade de fazer coisas, de intervir ativamente na democratização e na disseminação dos canais de produção e recepção artística. (Jürgens, 2016).

João Fonte Santa alicerçou a sua carreira de artista e de curador nesse momento emblemático e diferenciador das iniciativas auto-organizadas por artistas, colaborativas e em espaços alternativos. O grupo, o coletivo, o coletivismo em arte, é uma constante no processo artístico de João Fonte Santa. No final de 1986 criou o coletivo a Vaca que Veio do Espaço com mais dois estudantes das Belas Artes de Lisboa, Alice Geirinhas e José da Fonseca, dedicado à produção de fanzines e exposições em 1987. O coletivo terminou em 1988, mas deixou um lastro de fanzines: a Facada Mortal (quatro números), Joe Índio (seis números), Tom S.I.D.A Magazine (um número) e Grafpopzine (um número) e de exposições, duas exposições na sala da Associação de Estudantes da ESBAL e vários lançamentos dos fanzines em bares no Bairro Alto em Lisboa (Santos, 2013).

Uma loja cinco casas e uma escola

Ao longo de 20 anos, João Fonte Santa, desenvolveu juntamente com artistas da sua geração e outros mais novos, ações e projetos artísticos ligados a dinâmicas independentes e colaborativas, caracterizados pela reutilização de espaços alternativos fora do sistema institucional.

A loja

A primeira exposição coletiva foi coorganizada com Pedro Amaral numa loja, a Agência 117, na rua do Norte, Bairro Alto em 1998.

As casas

Em 2001 com o coletivo artístico Sparring Partners (Pedro Amaral, João Fonte Santa, e Alice Geirinhas) e com a colaboração de Pedro Cabral-Santo apresentaram na ZDB Sparring Partners Academy Art Collection, Quem Somos, De Onde Vimos, Para Onde Vamos?. Ainda na ZDB em 2004, Fonte Santa partilhou a curadoria com Pedro Amaral na mostra Correi Lágrimas Minhas, Disse o Polícia e em colaboração com Fernando Ribeiro, O Homem Invisível.

O ciclo Too Drunk to Fuck, iniciou-se em 2002 numa casa particular desabitada no Largo do Chão do Loureiro e foram apresentadas 5 exposições: Lost in Music; Thieves Like Us/ Sparring Partners Early Works 95/01; Chiken Flot; Before & After; e Bad Karma.

Juntamente com António Caramelo, organizou uma série de exposições coletivas na Plataforma Revólver em Lisboa: A Noite na Terra (2005); Boa Noite Eu Sou a Manuela Moura Guedes (2006); Não Chores Mais (2006); Decrescente Fértil (2007); God With Us (2007); Central Europa 2019 (2009).

Ainda na Plataforma Revólver, organiza Rádio Europa Livre (2011) e Nós (2014). Noutras casas organizou ainda Declínio do Mundo pela Magia Negra (2012), na Casa das Artes de Tavira, e na Casa Bernardo, O Fim da Violência (2013) e Matadouro Nº5 (2015).

A escola

Numa antiga escola no Alvito, Alentejo, agora Espaço Adão Bermudes organizou a coletiva Glocalização ou Colapso. Obras da Coleção MG, 2014.

Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola reúne artistas, obras e exposições ao longo de vinte anos funcionando como um arquivo orgânico porque gere uma nova exposição e não uma sequela cronológica de carácter antológico (Figura 1).

Fonte: Vitor Garcia

Figura 1 Vista geral da instalação da exposição, e performance de Paulo Mendes, Colégio das Artes, Universidade de Coimbra. 

São estes os artistas envolvidos: Alice Geirinhas, Alexandre Estrela, Andrea Brandão, António Caramelo (Figura 6), António Olaio, Cecília Corujo (Figura 2, Figura 3), Eduardo Matos, Fernando Ribeiro, Inez Teixeira, Isabel Carvalho, Isabel Ribeiro, João Fonte Santa (Figura 5), Luís Alegre, Mafalda Santos, Margarida Dias Coelho, Maria Condado, Miguel Palma, Nuno Ramalho, Paulo Mendes, Pedro Amaral, Pedro Bernardo, Pedro Cabral-Santo (Figura 4), Pedro Pousada, Renato Ferrão, Sara & André, Susana Borges, Susana Gaudêncio e Xavier Almeida.

Fonte: Vitor Garcia.

Figura 2 Instalação de Cecília Corujo (detalhe), Colégio das Artes, Universidade de Coimbra. 

Fonte: João Fonte Santa.

Figura 3 Vista da instalação de Cecília Corujo, Museu Bernardo, Caldas da Rainha.  

Fonte: João Fonte Santa.

Figura 4 Pedro Cabral-Santo, Museu Bernardo, Caldas da Rainha. 

Fonte: João Fonte Santa.

Figura 5 João Fonte Santa (desenho) e António Caramelo (vídeo), Museu Bernardo, Caldas da Rainha. 

Fonte: Vitor Garcia.

Figura 6 Instalação de António Caramelo, Colégio das Artes, Universidade de Coimbra. 

Nas duas exposições (Colégio das Artes, Coimbra e Museu Bernardo, Caldas da Rainha), a curadoria da não obedeceu a uma lógica cronológica, nem de citação direta das outras exposições e peças já expostas, mas pensada como se fosse uma coletiva de obras inéditas. O espaço é organizado (Figura 7), segundo Fonte Santa, para estabelecer uma relação entre as peças de proximidade e intimidade, não respeitando o cânone utilizado normalmente na montagem de coletivas: em vez de dar espaço de respiração a cada peça e a cada artista, fez o revés, não respeitando normas e distâncias e provocando assim, a contaminação entre as peças e um certo desconforto no olhar do espectador, mas também uma maior intimidade e diálogo entre artistas e peças, o seu foco principal como curador. à pergunta, como reagem os artistas a essa proximidade e contaminação das obras uns dos outros, Fonte Santa responde que muitos artistas colaboram na montagem e há sempre uma forte interação e diálogo entre ele e os artistas, além do mais, acrescenta, os artistas com quem normalmente trabalha aceitam e compreendem esta ideia de interação, este incómodo que leva o espectador a procurar soluções do olhar, de como ver as peças e de como circular no espaço. Considera ainda que esta lógica contrária à norma, interage mais com o público, tornando mais aberta a recepção da obra.

Fonte: Vitor Garcia.

Figura 7 Vista geral de Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola, Colégio das Artes, Universidade de Coimbra. 

A montagem da exposição no Museu Bernardo nas Caldas da Rainha, adaptou-se ao espaço: uma vivenda, com cave, sótão e um jardim. Algumas instalações tiverem de ser reorganizadas (Pedro Bernardo) outras curiosamente regressaram ao sítio onde tinham sido montadas pela primeira vez (Cecília Corujo). A divisão entre luz e sombra manteve-se, no Colégio das Artes as peças de vídeo, ou obras com luz própria ou pontual estavam nas duas ultimas salas, no Museu Bernardo desceram para a cave ou ficaram em salas escurecidas.

O Museu Bernardo inaugurou a 25 de julho de 2007, é dirigido por uma associação cultural sem fins lucrativos, sendo Pedro Bernardo, artista e colecionador, o mentor do projeto e quem dá o seu próprio nome ao espaço, fazendo assim um trocadilho com o Museu Berardo que inaugurou um mês antes, a 25 de junho.

Segundo Pedro Bernardo, o Museu é uma continuação natural da Casa Bernardo e do projeto Art Attack com o designer Pedro Falcão, no final dos anos 90. Pretendem e estão do lado do fazer, interessa-lhes um espaço multifuncional que acolha os artistas para a produção de peças, para local de exposição, de encontro entre artistas, de tertúlia, de festa.

Museu Bernardo conjuga assim as prerrogativas dos espaços alternativos ligados às práticas expositivas experimentais: domínio da produção, mediação, recepção e disseminação da obra.

Artistas e seleção de peças

Os artistas apresentaram obras expostas nas várias coletivas organizadas ao longo dos vinte anos: Andrea Brandão, uma peça de Decrescente Fértil, 2007; António Caramelo, cartazes e vídeo da manifestação-performance realizada com os artistas que integraram a exposição Declínio do Mundo pela Magia Negra, Casa das Artes de Tavira em 2012, em pleno período de austeridade provocado pela derrocada do sistema financeiro capitalista e que deixou marcas e mágoas profundas no país. Cecília Corujo, Susana Borges, Luís Alegre e João Fonte Santa uma peça do Matadouro Nº 5; Inez Teixeira, uma peça da Rádio Europa Livre; Isabel Carvalho, uma peça de Too Drunk to Fuck; Susana Gaudêncio uma peça de Declínio do Mundo pela Magia Negra, Mafalda Santos, Margarida Dias Coelho com peças que integraram O Fim da Violência, Casa Bernardo 2013 e Nós, Plataforma Revólver 2014, Maria Condado uma peça do projeto Atlas Secreto, Paulo Mendes a peça-performance de Sparring Partners Academy Art Collection, Pedro Cabral-Santo e Pedro Amaral com peças que estiveram na primeira coletiva, Cash and Carry ( a loja), Pedro Bernardo, uma peça de O Fim da Violência e Miguel Palma e Nuno Ramalho ambos com peças realizadas para as exposições na Plataforma Revólver organizadas por João Fonte Santa e António Caramelo. Por motivos diversos, alguns artistas já não tinham a peça que expuseram nas exposições anteriores e optaram por outras peças, algumas realizadas na mesma faixa temporal ou mais recentes e/ou nunca expostas. É o caso dos artistas: Alexandre Estrela, Eduardo Matos, Isabel Ribeiro, Renato Ferrão. Outros artistas optaram por um misto entre as peças já anteriormente expostas e outras recentes: Alice Geirinhas, uma peça exposta na Noite na Terra, Plataforma Revólver e outra de 2017; Pedro Pousada optou por uma peça nova reutilizando alguns desenhos expostos na Sparring Partners Academy Art Collection, Quem Somos, De Onde Vimos, Para Onde Vamos?, na ZDB.

Segundo Fonte Santa, alguns dos artistas que integraram esta exposição, tinham sido convidados há uns anos atrás para uma nova exposição, uma reprise de Thives Like Us do ciclo Too Drunk to Fuck que nunca se concretizou e por esse mesmo motivo integrou-os nesta mostra. É o caso dos artistas: Sara & André, Fernando Ribeiro e Xavier Almeida.

Conclusão

Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola é um mapeamento de lugares, de artistas e de um circuito alternativo de produção, mediação e recepção da arte, ligado ao conceito Do It Yourself e a uma cultura punk e pós-punk.

Funciona como um arquivo orgânico, que guarda a memória de artistas, locais e de obras ao logo de vinte anos, sem a intenção antológica, uma vez que as peças reunidas na exposição não são exatamente as mesmas das que as originaram, é nesse sentido, uma "exposição colagem" associada ao processo cut-up utilizado por William Burroughts, um método literário aleatório - corte e colagem - para escrever um texto a partir de outro texto.

Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola é assim um cut-up, recorte e colagem de várias exposições, de comportamento orgânico: gerou esta mostra mas poderia ter originado outras igualmente representativas das exposições organizadas desde 1998.

Além disso, engloba na sua essência, as práticas expositivas experimentais características dos anos 90 e condensa uma série de competências e etapas processuais ligadas aos projetos organizados por artistas: concepção do projeto, curadoria (conceito e seleção de artistas, produção de escrita), design (cartaz, convite, folha de sala, plataformas digitais), produção (orçamentos, transporte, angariação de apoios) montagem e desmontagem, edição e documentação ( registo fotográfico), comunicação e divulgação (Jürgens, 2016:397).

Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola absorve e reflete projetos de natureza Do It Yourself, uma colaboração estreita entre curador e artistas, uma entreajuda nas várias etapas que confere a este projeto uma forte componente colaborativa. Todo o processo expositivo é realizado com uma informalidade que envolve todos os participantes num sentimento de lugar de pertença.

Agradecimentos

Para a realização deste artigo foram realizadas entrevistas a João Fonte Santa e a Pedro Bernardo

Referências

Foster, Hal, Krauss, Rosalind, Bois, Yve-Alain, & Buchloh, Benjamin (2004) Art Since 1900: Modernism, Antimodernism, Postmodernism. New York: Thames and Hudson. [ Links ]

Jürgens, Sandra Vieira. (2016) Instalações Provisórias: Independência, autonomia, alternativa e informalidade: Artistas e exposições em Portugal no século XX. Lisboa: in.transit editions, Stet. [ Links ]

Jürgens, Sandra Vieira. (2018) Uma Loja Cinco Casas e Uma Escola, folha de sala, Coimbra. [ Links ]

O'Neill, Paul (2007) "The Curatorial Turn. From Practice to Discourse," in: Rugg, Judith (ed.), Issues in Curating Contemporary Art and Performance, Chicago. Disponível em URL: https://www.macba.cat/uploads/20101122/siegelaub_eng.pdf. [ Links ]

Santos, Maria Alice Barriga Geirinhas dos (2013) Como eu sou assim, mapeamento visual na primeira pessoa: documento e índice. [em linha].Tese de doutoramento em Arte Contemporânea, apresentada ao Colégio das Artes, Universidade de Coimbra. Disponível em URL: http://hdl.handle.net/10316/23629Links ]

Recebido: 03 de Janeiro de 2019; Aceito: 21 de Janeiro de 2019

Endereço para correspondência Correio eletrónico: gxalice@gmail.com (Alice Geirinhas)

*

Portugal, artista visual e professora.

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