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Revista :Estúdio

versão impressa ISSN 1647-6158

Estúdio vol.11 no.32 Lisboa dez. 2020  Epub 31-Dez-2020

 

Editorial

Elementos para uma arte neo-urbana

Elements for a neo-urban art

João Paulo Queiroz1 

1 Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, Centro de Investigação e Estudos em Belas Artes (CIEBA). Largo da Academia Nacional de Belas Artes 4, 1249-058 Lisboa, Portugal.


Resumo

Interroga-se a mediação em oposição à imediação, o local do referente numa interrogação sobre a indicialidade no contexto da digitalização pandémica. Propõem-se conceitos como operacionais sobre a arte em contexto de confinamento: “código de confinamento” para uma “arte neo-urbana.” A proposta avança com uma relação das suas características. Neste contexto neo-urbano apresentam-se os catorze artigos que a edição da Revista Estúdio, de setembro 2020, apresenta. Aqui e agora os discursos são mais curtos e o meio voltou a ser a mensagem.

Palavras chave: mediação; imediação; código de confinamento; arte neo-urbana; Revista Estúdio.

Abstract

We question mediation as opposed to immediacy, the place of the referent in an interrogation about indexality in the context of pandemic digitalization. Operational concepts are proposed about art in a context of confinement: “code of confinement” towards a “neourban art.” The proposal proceeds with a list of its characteristics. In this neo-urban context, we present the fourteen articles that this edition of Revista Estúdio Journal presents. Here and now the speeches are shorter and the medium is the message, again.

Keywords: mediation; immediacy; confinement code; neo-urban art; Revista Estúdio.

1. Mediação ou imediação?

Entre um vestígio e um traçado existe uma relação de indicialidade mais ou menos frágil, que resulta numa intencionalidade distintiva. Nos ambientes e meios que incorporam codificação e distância, como são os meios digitais, a indicialidade parece mais sofisticada ou então ausente (Pereira & Marcos, 2020). A “mediação” ou a “imediação” pode ser um dos debates reatualizados nas condições presentes: são condições mais distantes, seja pelo confinamento pandémico, seja pela digitalização das intermediações.

2. Código do confinamento

Na realidade confinada, as relações são de facto mediadas digitalmente. O corpo torna-se distante e a distância é obrigatória, a par com a imobilidade legislada e sanitária. O protestos corporais ganham outros sentidos por serem hoje mais difíceis ao contrário do que as intervenções no espaço público deixavam expresso através da presença (Lopes, 2016; Rekalde Izagirre, 2013). A relação do autor com a sua obra, tantas vezes metarreferencial, das plasticidades ao cinema (Chinita, 2013).

3. Reformulação obrigatória no contexto neo-urbano

As questões têm de ser reformuladas, sobretudo pela alteração na relação com os referentes. A telemática mediadora serve também como vínculo afetivo e ao mesmo tempo a alternativa para uma proposta de resgate das palavras (Alvelos, Canha, São Simão, 2015), no contexto neo-urbano, que é aqui proposto como conceito operacional para uma arte contemporânea em contexto pandémico.

4. Elementos para uma arte neo-urbana

A experiência artística contemporânea é assim neo-urbana, com significantes confinados. Como se caracteriza este contexto da “arte neo urbana” em contexto pandémico:

  • Exclusão da intermediação direta, da relação presencial com o público;

  • Propostas solitárias, com o desaparecimento de grupos e coletivos;

  • Cancelamento de exposições, com virtualização de conteúdos;

  • Ausência do corpo performativo, presença do corpo mediado;

  • Regressão temática em direção ao espaço doméstico e à proximidade íntima do autor;

  • Tendência para uma auto-referencialidade subjetiva e testemunhal;

  • Certa despolitização das propostas, no sentido tradicional, em benefício das narrativas quotidianas e da expressão solidária: política da solidariedade.

  • Suspensão de expressões alternativas durante períodos variáveis, a tatuagem, o grafitti, a performance.

  • Regresso das metanarrativas editoriais, das plataformas mediadoras: a retoma do livro de artista, por exemplo.

  • Suspensão da globalização da arte urbana, com a menor circulação de pessoas por via aérea

5. Catorze artigos em contexto quase neo-urbano

O artigo “O sentido constelar na obra de Alberto Greco” de Angela Grando & Rodrigo Hipólito (Vitória, Espírito Santo, Brasil) debruça-se sobre o trabalho interventivo de Alberto Greco (1931 1965), enquadrado, historicamente, no movimento Informalista Argentino. Em 1963, o artista fixou-se numa aldeia espanhola onde interveio junto dos habitantes, mobilizando-os, de todas as idades. Num conjunto de rolos de papel higiénico, o “Gran Rollo Manifiesto del Arte Vivo-Dito” com anotações, rabiscos e desenhos, uma letra de tango, versos, e outras expansões e expressões artísticas.

Bruna Raquel Alves Maia Lobo (Portugal), no artigo “A epistemologia do Turismo pela arte: O Congresso Criadores Sobre Outras Obras,” utiliza como corpus as comunicações presentes num congresso de artistas já com 10 edições para pesquisar o modo como a viagem é apresentada ou se representa no trabalho dos artistas. Pesquisou nos seus espessos livros de atas, cada ano com cerca de 130 comunicações, as palavras “turismo,” “turista,” “viagem” e “viajante” com a expectativa de encontrar expressões que pudessem ser usadas na sua proposta de epistemologia do turismo pela arte. As actas do “Congresso Criadores Sobre outras Obras” ofereceram o manancial para a reflexão e pesquisa empírica, devido a particularidade de ser um congresso destinado a artistas e criadores, onde os autores devem ser artistas ou criadores graduados, que discursam sobre a obra de outro artista ou criador. Bruna Lobo descobre a maior incidência da variável “viagem” com 66%, seguida de “viajante” com 18%, entre outras. Descobre artistas influenciados pelo estudo de viagens, descobre recursos como o diário de viagem, “desde a visão da viagem como um ato pedagógico através da visita ao passado, à viagem moderna incorporada à narrativa do diário para reviver as explorações do passado.” Também as expedições científicas são referidas, acompanhadas pelo artista viajante para desenhar a fauna e a flora ou o artista visual como um viajante no espaço e no tempo, predisposto às adversidades.

O artigo “Isabel Valverde: habitar os Lugares Sentidos da performance digital,” de Clara Gomes (Portugal) aborda as abordagens críticas às hiperrealidades e aos avatares. É o projecto de Isabel Valverde, “Lugares Sentidos /”Senses Places” (2010-2020), com Todd Chochrane (neozelandês, engenheiro e investigador na área da informática) uma ciberformance participativa explorando a consciência corporal e a convergência-divergência entre virtual e real. Nesta intervenção os performers e o público distribuem-se pelo planeta e pelo mundo virtual. Isabel propõe o conceito da “(r)evolução do corpo somático” e a oposição ao domínio tecnológico através de uma somatização da tecnologia.

Eduardo Vieira da Cunha (Brasil), no artigo “Fernanda Gassen em foto--eventos: banquetes e convescotes entre a literatura e a pintura,” apresenta a série fotográfica meta-referencial de Fernanda Gassen (n.1982, São João do Polêsine, Rio Grande do Sul, Brasil), especificamente desenvolvida para o seu doutoramento em Artes Visuais. Gassen coligiu pinturas de piqueniques e banquetes da história da arte, de Manet, Monet, e passando pela literatura (Baudelaire em O Pintor de Vida Moderna) bem como a fotografia contemporânea de Jeff Wall. É apresentada a sua metodologia de três etapas: a mise-en-scène, a mise-en-place e a mise-en-cadre, com a proposta de explorar as relações de convívio que implicam o ócio e a alimentação entre as novas ambiências modernas do jardim onde também se interroga a vaidade.

O artigo “A Cidade dos Piratas: Reflexo de Uma Sociedade,” de Eliane Muniz Gordeeff (Brasil), aborda a longa-metragem em animação, “A Cidade dos Piratas” (2018), do brasileiro Otto Guerra (n. 1956, Porto Alegre, Brasil). A Cidade dos Piratas foi vencedora dos prémios de Melhor Roteiro e de Direção, no Festival de Cinema de Vitória (2018), recebeu Menção Honrosa no 46º Festival de Cinema de Gramado, e de Melhor Filme no Múmia 2018. Internacionalmente, foi reconhecido como o Melhor Filme no Anima Latina (Argentina), no Cinanima 2019 (Portugal), e no Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano 2019 (Cuba), além de receber Menção Honrosa do Júri de Estudantes do Ojo Loco Festival de Cinéma Ibérique & Latino Américan (França). O filme intercala imagens animadas e reais, de entrevistas com Laerte Coutinho, a cartoonista brasileira conhecida pelas tiras revista “Chiclete com Banana” em que descreve a sua decisão em assumir a sua personalidade feminina.

Isabel Ribeiro de Albuquerque (Portugal), no artigo “Entre a Razão e o Sentimento: Ana Albuquerque, uma joalheira contemporânea do Renascimento,” apresenta a obra de Ana Albuquerque (n. 1964, Portugal) formada no curso de Escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa (1994), e nos cursos das escolas de joalharia do AR.CO e Contacto Directo. É apresentado o projeto “meetjewelry,” de 2003, projeto a partir do qual a artista passa a assinar meet. Explorando a fronteira público e privado, a interior e exterior, Ana interpreta o decote em três dimensões, em peças que dialogam com o suporte vestido / nu.

O artigo “La pintura revelada: intertextualidad y distorsión en la obra de Pedro Morales Elipe,” de Javier Garcerá Ruiz & Juan Manuel Cabrera Cruz (Espanha), debruça-se sobre as pinturas da série “vida quieta,” de Pedro Morales Elipe (n. 1966, Espanha). Como nos “parergon” Morales retoma as potências da alegoria e da natureza-morta, para as recuperar em novas formulações. A distorção e a ambiguidade suportam estas pinturas anichadas na intertextualidade e na remissão alegórica e também assim, textual, nas imagens.

Joedy Bamonte (Brasil), no artigo “Desejo motivo: imagens do incorpóreo na obra de Carolina Paz,” aborda a série “Desejo Motivo”, respostas pictóricas a 44 cartas, narrativas pessoais propostas por Carolina Paz (n. 1976, São Paulo, Brasil). Composta por 44 telas, a série desenvolvida respondeu a uma chamada pública divulgada na fachada do ateliê da artista e na internet. Das cartas recebidas, via correio ou em mãos, as obras concretizaram-se segundo o seu imaginário.

O artigo “Anamorphoses: projeções cíclicas, deformações geradoras, plasticidade sonora em Anamorphoses V e VII de Isabel Soveral,” de José Luís Postiga (Portugal), debruça-se sobre as composições musicais de Isabel Soveral (n. (1961, Porto). Formada no Conservatório Nacional de Lisboa, onde estudou com Jorge Peixinho e Joly Braga Santos, realizou em 1993 a peça “Anamorphoses I,” para clarinete e eletrónica, realizada em 1993, primeira de uma série, sendo a mais recente “Anamorphoses IX,” para violoncelo e orquestra, de 2017. Soveral explora a dialética entre o original e seus reflexos. Explora-se a oposição à linearidade, através de difrações e anamorfoses, deformações que são pesquisadas na dinâmica da textura orquestral.

Marcos Rizolli & Leslye Arguello (Brasil), no artigo “Cores de pele: o projeto Humanae de Angélica Dass,” apresenta o impactante projeto fotográfico de Angélica Dass (n. 1979, Rio de Janeiro, Brasil). Esta fotógrafa formada em Artes na UFRJ e em Fotografia em Espanha, tendo trabalhado em revistas como Glamour, GQ e Marie Claire. Depois de diferentes projetos, como “#yosoysomos” (sobre mulheres imigrantes), “280 chibatadas” (racismo), “Desenredo” (uma menina negra desembaraçando o seu cabelo), “Vecinas” (mulheres do Mali em Espanha), entre outros, lança o projeto “Humanae” sobre as cores dapele. O fundo dos retratos é passado à cor PANTONE do nariz. À chamada respondem voluntários sem distinção ficando as imagens disponíveis na internet para um mosaico humano. O artigo “O objeto incômodo,” de Mauricius Martins Farina & Marta Luiza Strambi (Brasil), debruça-se sobre a obra de duas artistas: Erika Verzutti (n. 1971, São Paulo, Brasil) e Lorena D’Arc (n. Minas Gerais, Brasil) que exploram objetos incómodos nas suas diferentes propostas.

Paula Almozara (Brasil), no artigo “Imagem impressa entre o transitório e o perene: reflexões a partir da produção gráfica de Graciela Machado,” debruça-se sobre gravura contemporânea. Graciela Machado é licenciada pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) com mestrado em Gravura pela Slade School of Fine Art e doutoramento em Desenho pela Facultad de Bellas Artes Universidad del Pais Vasco, e é coordenadora do “PURE PRINT” encontro internacional de gravura (PURE PRINT 2013, PURE PRINT 2014, PURE PRINT 2015, PURE PRINT 2017) sendo a última edição na Universidade Complutense, em Madrid. Esta plataforma de investigação internacional investiga o campo expandido da gravura como na instalação “Folhas da Espera,” apresentada na em 2019 na Sala Comum da Reitoria da Universidade do Porto em diálogo com a obra de Agustina Bessa-Luís. Exploram-se porosidades e fissuras, texturas de granitagem da superfície da matriz, através da autografia.

O artigo “El arte efímero, social y didáctico de Anna Ruiz,” de Ricard Ramon & Amparo Alonso-Sanz (Espanha), apresenta as esculturas instaladas de Anna Ruiz Sospedra, numa perspetiva A/R/Tográfica (Springgay, Irwin, Leggo, & Gouzouasis, 2008). A peça “De pesos i conflictes” apresenta cinco pessoas com mochilas em forma de casas. Existe um compromisso interventivo e social que explora a diversidade sexual, a imigração, entre outras questões, sem abandonar uma retórica alegre e aparentemente superficial, lúdica. Diz Ricard Huerta (2018:74):

Al acercarnos a la visión del cuerpo que transmiten las obras de Anna Ruiz Sospedra, el alumnado de Magisterio puede repensar la imagen del binomio masculino y femenino, eliminando así prejuicios raciales, sociales o religiosos, urdiendo nuevas posibilidades de representación de los cuerpos

Teresa Isabel Matos Pereira (Portugal), no artigo “Ativismo, transitoriedade e feminismo na obra de Karen Dolorez” apresenta a exploração crítica das artes de agulha tradicionais como o crochet assumindo um sentido político no contexto da estética feminista, ampliada à escala do espaço urbano e também da internet. A peça “Ceci n’est pas un artisanat” integra uma composição de street art em crochet. O desconcerto permanece em obras como “Mil Lábios,” de 2017, ou “Girls Gathering,” de 2018, que ao representarem, respetivamente, a vagina e um conjunto de seios, evocam um corpo feminino, erótico, como é presente nas obras “Queen of Hearts,” de 2017 ou “Ventre Livre,” de 2016, ou “#precisamos falar sobre aborto” de 2018, ou ainda o projeto “#asfloresdapele,” de 2016 explorando questões tais como o feminino, o ativismo e o poder contemporâneo.

6. Ecrãs para uma nova vizinhança

As propostas são de transição e de testemunho: hoje os corpos distanciaram-se, as presenças são mediadas pelos cuidados e pelos aparelhos, e os ecrãs tornaram-se as janelas para uma nova vizinhança. A realidade artística não será já expansiva, mas sim mais introspetiva. Os discursos são mais curtos, há mais tempo, mas o tempo é mais empenhado, dividido e limitado (Escuder Viruete, 2015). As propostas são fragmentárias e de menor espessura relacional. O artista torna-se menos visível, mais escondido, como o público a quem se dirige.

O medium volta a ser a mensagem.

Referências

Alvelos, Heitor; Canha, Anselmo & São Simão, Fátima (2015) “Why it makes sense to speak of emancipation: an overview of futureplaces as a current space for Punk to rise and reinvent.” In Guerra, Paula & Moreira, Tânia (Ed.) (2014) Keep it Simple, Make it Fast! An approach to underground music scenes. Volume 1. Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras. ISBN 978-989-8648-49-5 pp. 411-8. [ Links ]

Chinita, Fátima (2013) Do metacinema autoreflexivo como forma de enunciação autoral. Tese de Doutoramento em Estudos Artísticos. Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras. [ Links ]

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