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Revista :Estúdio

versão impressa ISSN 1647-6158

Estúdio vol.12 no.33 Lisboa mar. 2021  Epub 31-Mar-2021

 

Artigos originais

Desenho, corpo e espaço: reflexões sobre as experiências e atravessamentos na produção artística de Andréia Dulianel

Drawing, body and space: reflections on experiences and intersections in the artistic production of Andréia Dulianel

Thayfani Eduarda dos Santos1 
http://orcid.org/0000-0002-6240-1446

Paula Cristina Somenzari Almozara2 
http://orcid.org/0000-0003-4239-2551

1 Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Programa de Pós-Graduação LIMIAR (Linguagens, Mídia e Arte), Faculdade de Artes Visuais, Centro de Linguagem e Comunicação, Rua Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, 1546, Pq. Rural Fazenda Santa Cândida, CEP 13087-571, Campinas, São Paulo, Brasil.

2 Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Programa de Pós-Graduação LIMIAR (Linguagens, Mídia e Arte), Faculdade de Artes Visuais, Centro de Linguagem e Comunicação, Rua Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, 1546, Pq. Rural Fazenda Santa Cândida, CEP 13087-571, Campinas, São Paulo, Brasil.


Resumo

O artigo aborda o trabalho da artista brasileira Andréia Dulianel e reflete sobre os aspectos poéticos e plásticos de sua produção visual. A investigação ocorreu por meio da observação das experiências de Dulianel com base na instauração do desenho e sua relação com o corpo e o espaço, como elementos essenciais dentro de sua operacionalização artística. Neste contexto, a reflexão parte de três ações artísticas em desenho, sendo elas “Apagamentos I” (2014), “Evanescências” (2016) e “Reminiscências” (2019), em que a artista amplifica as possibilidades na produção do desenho no contexto da arte contemporânea.

Palavras-chave: Andréia Dulianel; poética visual; desenho; corpo; espaço

Abstract

The article discusses the work of the Brazilian artist Andréia Dulianel and reflects on the poetic and plastic aspects of her visual production. The investigation observed Dulianel's experiences based on the establishment of drawing and its relationship with the body and space, as essential elements within its artistic operationalization. The research analyzed three artistic actions in drawing, namely “Apagamentos I” (2014), “Evanescências” (2016) and “Reminiscências” (2019), in which the artist amplifies the possibilities in production with and by drawing in the context of contemporary art.

Keywords: Andréia Dulianel; visual poetics; drawing; body; space

Introdução

O artigo apresenta uma reflexão sobre os aspectos poéticos e plásticos do trabalho da artista brasileira Andréia Dulianel, considerando sua atuação como artista-pesquisadora e professora no curso de Artes Visuais da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

A artista nasceu em Vinhedo, cidade do interior do Estado brasileiro de São Paulo, em 1982. É bacharel e licenciada em Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Campinas, mestre em Artes Visuais e atualmente é doutoranda pela mesma universidade. Andréia Dulianel desenvolve um trabalho poético em arte contemporânea a partir de linguagens como o desenho, o livro de artista, diários de desenho, pintura e performance.

Nesse âmbito de atuação, a artista tem nas experiências com e pelo desenho, corpo e espaço, os pressupostos fundamentais para as suas produções, de modo a amplificar as questões tradicionais impostas ao desenho e às experiências do corpo como uma forma de desenvolvimento de sua poética autoral e de construção de conhecimento enquanto professora e pesquisadora.

Como elemento inicial desta reflexão realizamos uma análise do percurso artístico de Dulianel e seus procedimentos a partir de um “método aberto” fundamentado, segundo Rey (2002), pela investigação do processo de trabalho.

Balizando essa perspectiva podemos afirmar que a pesquisa em arte envolve “todos os componentes de um pensamento visual estruturado” (Cattani, 2002: 38) e com isso, os pontos que compõem o fazer poético da artista estão imbricados a sua abordagem teórica e técnica, estruturando-se em temas e assuntos fundamentalmente associados ao desenho em amplo aspecto, mas também a importância das escolhas materiais e a conexão desta materialidade com os aspectos sígnicos de seu trabalho e que se conectam às noções de corporeidade e espacialidade.

Para tanto, tornou-se necessário aprofundar algumas questões relacionadas ao desenho, pois se trata da principal linguagem adotada pela artista, e a amplificação do conceito é fundamental para compreender as possibilidades relativas à construção poética de Andréia Dulianel em suas experiências e também nos atravessamentos intermidiáticos que o desenho oferece para a arte e para a história.

Assim, iniciamos com um breve apontamento sobre a linguagem do desenho e posteriormente abordamos três trabalhos específicos da artista - sendo o primeiro intitulado “Apagamentos I” de 2014, o segundo “Evanescências” de 2016 e o terceiro, “Reminiscências” de 2019 - e que condensam de modo estratégico as questões de interesse para uma reflexão sobre o processo, envolvendo além do desenho, aspectos sobre a experiência pessoal da artista a partir do corpo, do espaço, e nas relações dialógicas que compõem o que chamamos de atravessamento entre linguagens, considerados aqui como uma ação em desenho.

1. Experiências e atravessamentos: Desenho, corpo e espaço

O desenho atua no mundo se relacionando e construindo a história da humanidade como uma linguagem da técnica - o desenho como plano e projeto - e uma linguagem da arte na busca por sentidos. Para Vilanova Artigas, desenho é “desígnio - intenção, propósito, projeto humano no sentido de proposta do espírito. Um espírito que cria objetos novos e os introduz na vida real” (Artigas, 1967: 05).

Encontramos assim na noção de desenho proposta por Artigas um manifesto de emancipação, pois evoca uma construção aberta de caráter absoluto, independente e democrática:

Para desenhar é preciso ter talento, ter imaginação, ter vocação. Nada mais falso. Desenho é linguagem também e enquanto linguagem é acessível a todos. Demais em cada homem há o germe, quando nada, do criador que todos os homens juntos constituem. E como já tive oportunidade de sugerir antes, a arte e com ela uma de suas linguagens - o desenho - é também uma forma de conhecimento. (Artigas, 1967:08)

A partir dessa concepção, observamos que Andréia Dulianel em sua produção busca, afinal, o (auto)conhecimento e se empenha em concretizar sensações e sentimentos (Dulianel, 2017). A linha, elemento característico dessa expressão gráfica, é para a artista extensão de seus pensamentos e materialização de seus anseios, que têm como base a “qualidade expansiva que o desenho assume enquanto linguagem extensiva aos pensamentos, aos desejos e às atuações no mundo” (Derdyk, 2007:21).

A pesquisa poética de Andréia é desenvolvida por meio de diários, livros de artista, desenhos em campo expandido e desenhos como ação, e ocorrem através da representação do corpo nu, de elementos da natureza, paisagens ou animais, que são feitas mediante a observação de um modelo ou lugar, mas também pelos registros da memória. Sempre com resultados subjetivos, a artista não só desenha como vê, mas como imagina e sente seu objeto.

Os trabalhos possuem forte relação entre tema, visualidade e materialidade e norteiam o campo das relações humanas com o mundo, e a efemeridade e fragilidade da existência humana é passionalmente representada pelos materiais. Assim, estes desenhos se concretizam através das relações imbricadas entre imagens mentais e a plasticidade dos materiais escolhidos, a partir de técnicas experimentais que envolvem a improvisação de ferramentas e do uso de elementos provisórios ou reversíveis, principalmente o carvão. Nesse sentido, Andréia associa todo o seu processo de criação com o desenhar às suas inquietações.

2. "Apagamentos I" e "Evanescências"

Andréia Dulianel, ao trabalhar com a ideia de desenho em campo expandido e com o desenho como forma de agir sobre ou a partir de um determinado espaço, desenvolve o que chamamos aqui de ação em desenho. Nesta busca pela expansão de suas experiências, Andreia realiza em 2014 a ação em desenho denominada de “Apagamentos I” (Figura 1).

Figura 1: Andréia Dulianel, Apagamentos I, 2014. Carvão sobre parede, sem dimensões. Registro de uma das etapas da ação em desenho (aos 3 minutos e 24 segundos do vídeo). Campinas, interior de São Paulo, Brasil. Fonte: https://www.andreiadulianel.com/projeto04  

“Apagamentos I” demonstra sua busca pela potência do desenho como força emancipadora e sígnica. Ao registrar a ação em vídeo, no qual é possível observar a artista realizando toda a intervenção gráfica sobre a parede de um quarto vazio de sua antiga residência na cidade de Campinas (SP, Brasil), a temática do corpo e da memória é vivificada pelas sobreposições e apagamentos do desenho por meio do uso de um material aparentemente banal, mas carregado de significados, tanto históricos como técnicos: o carvão. A ação intensa com esse material, na qual a artista traça, sobrepõe e apaga repetidamente e de modo sobreposto suas linhas, enfatiza a efemeridade e a fragilidade de cada desenho, mas também implica em uma ação catártica e íntima de criação:

Neste caso o processo de construção da imagem, a partir das ações de apagamento, foi levado ao limite, pois o ponto central da poética é o constante ato de criação e apagamento, em gestos sucessivos de traçar, apagar e retraçar um desenho na parede de um quarto vazio, finalizando-a com o apagamento total do que fora realizado. A própria efemeridade do material, do carvão, me sugeriu esse caminho. A escolha desse material frágil, assim como a não fixação posterior do desenho e sim de seu apagamento total, corresponde a uma intenção artística de falar sobre questões da existência que muitas vezes são marcadas por vazios, perdas, desaparecimentos, destruições e, por que não imaterialidades. O apagamento total do desenho realizado leva a uma dor, uma sensação de perda, mas demonstra a coragem de ir além do produto final do desenho, dando mais atenção para o ato de desenhar em si, ao processo. (Dulianel, 2019:284)

Outra ação em desenho na qual a artista expande os conceitos da linguagem e de sua poética ocorreu em 2016, com um trabalho que consideramos emblemático, intitulado “Evanescências” (Figura 2).

Figura 2: Andréia Dulianel, Evanescências, 2016. Água sobre asfalto, sem dimensões. Registro de uma das etapas da ação em desenho realizada no dia 18 de junho de 2016. Jundiaí, interior de São Paulo, Brasil. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=qH1hRMZN0xE&t=266  

Este trabalho foi realizado no estacionamento de um espaço público da cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo, onde Andréia realizou a ação em desenho diretamente sobre o asfalto, tendo registrado também toda a criação em vídeo.

Consideramos “Evanescências" como um trabalho importante na produção da artista pela sua característica formal na qual o ato de desenhar é feito sobre o chão de asfalto utilizando pincel e água (Figura 3). Tal ação está vinculada ao esforço físico e à atenção mental para o ato de apagamento que é provocado pela evaporação da água e que não pode ser controlada pela artista.

Figura 3: Andréia Dulianel, Evanescências, 2016. Água sobre asfalto, sem dimensões. Registro de uma das etapas da ação em desenho realizada no dia 18 de junho de 2016. Jundiaí, interior de São Paulo, Brasil. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=qH1hRMZN0xE&t=266  

Trava-se nessa ação uma luta autoimposta e incessante pela manutenção das marcas sobre o asfalto. O ato de desenhar e redesenhar evidencia sucessivas imagens e rastros que vão se entrecruzando e formando figuras imprevistas e transitórias, que embora sejam de duração efêmera repercutem na memória.

Neste trabalho há um aprofundamento na discussão da materialidade/imaterialidade da arte, da efemeridade do trabalho: a água dissolve os traços e intenções, a imagem construída e inicialmente definida vai perdendo a sua nitidez, enquanto também me desmancho em suor, por conta dos repetidos movimentos na tentativa de registrar algo com um material tão provisório e evanescente, como numa verdadeira luta contra o tempo e a ação do sol a evolar a água (Dulianel, 2019:288)

3. Reminiscências

Em 2019, ocorreu a ocupação artística “Equinócio: ó-aqui-o-nosso”, no prédio histórico do Serviço de Saúde Doutor Cândido Ferreira localizado em Campinas, interior de São Paulo. A ocupação foi um evento que fez parte das atividades do mês da Luta Antimanicomial promovido pelo Serviço de Saúde e celebrado no mês de maio.

O Serviço de Saúde Doutor Cândido Ferreira iniciou sua trajetória em 1924 como um hospital psiquiátrico voltado para o atendimento gratuito a pessoas de baixa renda com transtornos mentais graves. Em 1990, o Cândido, como é conhecido, ampliou seus atendimentos adotando o modelo de tratamento humanizado e de reabilitação psicossocial, oferecendo tratamento e inclusão aos usuários da comunidade.

A ocupação contou com a presença de artistas da região de Campinas e envolveu diversas linguagens das artes visuais, apresentações de grupos musicais e debates em rodas de conversas entre convidados, profissionais da saúde mental e usuários. Andréia Dulianel foi uma das artistas convidadas pela então curadora da ocupação artística, Cecília Stelini. A proposta da curadora para os artistas convidados foi a produção de obras que envolvessem o espaço ou algum elemento do prédio histórico, conectando conceitos entre os artistas e a história e a memória do lugar.

“Reminiscências” (Figura 4 e Figura 5) foi uma ação em desenho com uma reverberação em performance apresentada na praça principal em frente ao prédio histórico do Cândido. Andréia Dulianel realizou sua ação a partir do chão da praça e percorreu toda a área do entorno, utilizando carvão em pó e depositando os vestígios do material com as próprias mãos de maneira a formar figuras entrelaçadas e que se desdobravam em linhas e volumes, construindo imagens quase abstratas de corpos (Figura 6).

Figura 4 Andréia Dulianel, Reminiscências, 2019. Pó de carvão sobre chão, sem dimensões. Fotografia: Thayfani Eduarda dos Santos. Fonte: Arquivo pessoal 

Figura 5 Andréia Dulianel, Reminiscências, 2019. Pó de carvão sobre chão, sem dimensões. Fotografia: Thayfani Eduarda dos Santos. Fonte: Arquivo pessoal 

Figura 6 Andréia Dulianel, Reminiscências, 2019. Pó de carvão sobre chão, sem dimensões. Fotografia: Thayfani Eduarda dos Santos. Fonte: Arquivo pessoal 

A proposta e a temática do trabalho de Dulianel estabeleceram nesse contexto relações dialógicas com as memórias históricas do espaço, pois a intervenção da artista procurou evocar noções sobre a fragilidade e efemeridade da existência humana em um espaço simbólico de luta e cuidado com a saúde mental (Figura 7 e Figura 8).

Figura 7 Andréia Dulianel, Reminiscências, 2019. Pó de carvão sobre chão, sem dimensões. Fotografia: Thayfani Eduarda dos Santos. Fonte: Arquivo pessoal 

Figura 8 Andréia Dulianel, Reminiscências, 2019. Pó de carvão sobre chão, sem dimensões. Fotografia: Thayfani Eduarda dos Santos. Fonte: Arquivo pessoal 

Provocado pelos trabalhos de Dulianel, e por esse trabalho em especial, podemos recorrer à noção de corporeidade para pensar a forma complexa e sistêmica da temática e da materialidade empregadas pela artista e que abarcam questões perceptivas e emocionais em "seus incontornáveis agenciamentos com o mundo [...] e que situa a noção de corpo como construção filosófica, histórica e sociocultural em seu aspecto dinâmico-relacional com experimentações artísticas" em uma relação intercambiante com o seu redor (Menezes; A-Mi, 2017:127).

4. Ações em desenho

“Apagamentos I”, “Evanescências” e "Reminiscências" são pensadas como ações em desenho, pois consideram o processo artístico por meio da experiência física e mnemônica e que atuam nas mudanças de estado de vida e das construções de histórias mentais. Para a pesquisadora Maristani Polidori Zamperetti, a experiência é:

[...] aquela situação pela qual passamos, é aquilo que nos atravessa, é o que nos propõem os outros e as situações, é a vida que dá e quem tem mais anos de idade, mais a tem. É a experiência como rito de passagem de um estado para o outro, é aquilo que é só nosso (nem que seja por alguns minutos) e também é o que pode ser compartilhado. É o que experimentamos, e como o termo está citado no dicionário de forma paradoxal: é uma forma de conhecimento não-organizado, uma sabedoria, mas também uma forma de conhecimento sistematizado, específico que se adquire com a prática (HOUAISS, 2001). (Zamperetti, 2011:179)

Ao associar o desenho e o corpo em determinados espaços, a artista dá o testemunho de suas experiências de vida, o corpo, para além das representações; é um elemento presente e ativo. Para Christine Greiner: “onde há arte, sempre existe um corpo” (2005:112). E é esse corpo existente, que com e pelo desenho, se expande e direciona em um encontro com o espaço que se torna suporte da ação.

Nas ações em desenho, Andréia procura outros suportes muitas vezes incomuns para o desenho - tão restrito às margens do papel. Ao expandir seus gestos e traços em espaços físicos que habitamos, seja a parede de um quarto ou um espaço público, como ocorre em “Apagamentos I” e “Evanescências”, respectivamente, Andréia propõe o desenho como movimento, desenhando não só com a mão e o punho, mas sim com seu corpo todo. Ao movimentar-se em suas ações em desenho, a artista ocupa seus espaços-suportes, materializa os gestos e afetos em uma experiência consciente e sígnica.

Pela sensação de estarmos contidos num espaço e de o contermos dentro de nós, de o ocuparmos e o transpormos, de nele nos desequilibrarmos e reequilibrarmos para viver, o espaço é vivência básica para todos os seres humanos. Além disso, o espaço constitui o único mediador que temos entre nossa experiência subjetiva e a conscientização dessa experiência. Tudo aquilo que nos afeta intimamente em termos de vida precisa assumir uma imagem espacial para poder chegar ao nosso consciente. E, do mesmo modo, tudo o que queremos comunicar sobre valores de vida traduzimos em imagens de espaço. (Ostrower, 2013:39-40)

Conclusão

O trabalho da artista brasileira Andréia Dulianel amplifica as possibilidades do trabalho poético com e pelo desenho ao expandir os limites da linguagem de modo a potencializar as dimensões de suas ações gráficas com o corpo e com o espaço, transformando-os em elementos que ativam a construção poética e plástica. Seus métodos e procedimentos de criação desenvolvem pensamentos que impulsionam a ação sobre a matéria e sobre o imponderável tendo como base a efemeridade de certas construções poéticas, contribuindo para uma abordagem que rompe com a ideia tradicional de desenho e se instaura no campo das relações dialógicas determinadas pelas manifestações artísticas na contemporaneidade.

Dulianel, atuando como artista, pesquisadora e professora, dá forma a seus desejos e ações através de uma noção expandida de desenho e que implica nos atravessamentos dessa experiência por meio de uma construção dialógica entre a corporeidade e a espacialidade, como apresentadas em “Apagamentos I”, “Evanescências” e "Reminiscências".

Agradecimentos

As autoras agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Bolsa Produtividade em Pesquisa - nível 2, Profa. Dra. Paula Almozara) e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas pelo apoio para este trabalho de investigação.

Referências

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Recebido: 15 de Fevereiro de 2021; Aceito: 01 de Março de 2021

1 Thayfani Eduarda dos Santos é artista visual e professora. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Graduação em Licenciatura em Artes Visuais pela Faculdade de Artes Visuais da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. As suas principais linhas de investigação são a Arte Contemporânea, Desenho, Fotografia e Pintura. E-mail: thayfanie@gmail.com

2 Paula Almozara é artista visual e professora na Faculdade de Artes Visuais e no Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Arte Contemporânea do PPG-Limiar na PUC-Campinas. É bolsista produtividade CNPq - nível 2. As suas principais linhas de investigação são a Arte Impressa, Fotografia e Arqueologia Tecnológica ligadas às Artes Visuais. E-mail: almozara@puc-campinas.edu.br

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