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GOT, Revista de Geografia e Ordenamento do Território

versão On-line ISSN 2182-1267

GOT  no.9 Porto jun. 2016

https://doi.org/10.17127/got/2016.9.012 

ARTIGO ORIGINAL

 

Processo de revitalização do sertão: uma prática necessária sobretudo em Quixeramobim-CE

Process sertão the revitalization: a necessary practice especially in Quixeramobim- ec

 

 

Silva, Meryelle1; Oliveira, Antonia de2

1Universidade Regional do Cariri-URCA/Departamento de Geociências; Avenida  José Ribamar Sampaio Pinto, 22 . Baiiro Seminário. Crato-Ce. CEP: 63.113-345 Crato, Ceará, Brasil; meryellerodrigues@hotmail.com

2Universidade Federal do Ceará- UFCA/Departamento de Biblioteconomia; Rua Vicente Lopes de Oliveira, 27. Bairro Seminário. Crato-Ce CEP: 63.113-692 Crato, Ceará, Brasil; eugenia.jgo@gmail.com

 

 

RESUMO

Devido às condições climáticas, que propiciam a escassez chuvosa, o sertão nordestino foi caracterizado pela base política regional como inviável do ponto de vista econômico. Desse modo, o fenômeno da seca foi generalizado territorialmente em busca de garantir os interesses dos políticos locais, através de investimentos federais. Tais ações fomentam a desmobilização do sertão e a perda do sentimento de identidade com o lugar, fato percebido na cidade de Quixeramobim no Ceará, onde se deu a análise empírica. A perda do modo de produção espacial sertanejo é uma agressão à formação histórica e cultural do Brasil, devendo está incluída em práticas socioambientais sustentáveis, que contextualize a seca além do seu viés climático, mas, sobretudo político, introduza políticas públicas não homogêneas e atue na reconstrução da identidade do homem com o seu meio.

 

Palavras-chave: Políticas Públicas. Seca. Sertão. Identidade.

 

ABSTRACT

Due to climatic conditions which favor the rainy shortage in the northeastern hinterland was characterized by regional political base as feasible from an economic point of view. Thus, the drought phenomenon was widespread territorially seeking to ensure the interests of local politicians, through federal investments. Such actions encourage the demobilization of the hinterland and the loss of the sense of identity with the place, a fact realized in the city of Quixeramobim in Ceará, where he gave empirical analysis. The loss of backcountry spatial mode of production is an assault on historical and cultural formation of Brazil, should is included in sustainable environmental practices that contextualize the drought beyond its climate bias, but above all political, enter public policies not homogeneous and act in man's identity reconstruction with their environment.

 

Keywords: Public policy. Dry. Hinterland. Identity.

 

 

1. Introdução

O Sertão, tal como hoje o conhecemos, foi fruto da ocupação do Nordeste brasileiro, através da pecuária, tendo o vaqueiro como parte de sua simbologia. Devido às irregularidades pluviométricas e de uma ideia errônea de que o clima determinava os processos sociais, a agricultura foi mais preponderante na zona da mata e no litoral, onde se verificava a economia canavieira.  No entanto a produção agrícola em solo sertanejo não foi minada de fato, mas esteve pautada desde o início na mão- de- obra familiar, no latifúndio e na figura emblemática dos coronéis. O Vaqueiro e o Coronel são personagens importantes da história oficial sertaneja por estarem diretamente ligados ao modo de produção espacial, onde se inclui o campo econômico, político e cultural.

O sertão nordestino abrange uma área semiárida, marcada pela escassez ou alterações chuvosas, onde os índices de evaporação são mais intensos do que os de precipitações. Além disso, é formado predominantemente por rochas cristalinas, o que dificulta a infiltração da água e sua consequente captação, sendo que em períodos de seca ou estiagem o êxodo rural se intensifica, alicerçado na ideia da inutilidade econômica do sertão.

Essa deturpação analítica da economia sertaneja está ligada ao processo de “combate à seca”, aspiração esta, da base política nordestina, mas que, no entanto era apenas um meio de arrecadar tributos do governo para satisfazer seus próprios interesses em detrimento do povo castigado. Medidas compensatórias a curto-prazo surgiam, como frentes de trabalho, mas nada que realmente fosse plausível de eficácia; a população continuava marginalizada em meio a medidas paliativas.

Tal ambiência emblemática, também está presente no Estado do Ceará, visto, por ações conflituosas entre a disponibilidade hídrica e seu uso político. No que tange, ao aspecto quantitativo da água, é pertinente ressaltar, que este, está ligado às características geoambientais, visto que 90% da extensão territorial do Estado do Ceará localiza-se nos domínios do clima semiárido, marcado por baixa e irregular precipitação pluviométrica e elevada evaporação, tendo como vegetação natural predominante a caatinga, bem como a prevalência de rochas cristalinas, cerca de 70%, e relevo aplainado (PEREIRA; SILVA, 2005).  O domínio usual da água no Ceará, desde seu povoamento, ficou a cargo dos coronéis, que possuiam grandes extensões de terras e certo poder aquisitivo, tendo papel basilar na política local. Mesmo, exercendo poder sobre os sertanejos, através de meios clientelistas, os coronéis os representavam quanto à prática espacial. No entanto, quando a base política estadual, fomenta a ideia de modernização do sertão, em questão econômica e produtiva, o sertanejo é condicionado a se enquadrar em uma nova lógica de produção espacial, que influi notadamente nas formas de pertencimento com o lugar.

E foi através do “Governo das Mudanças”, executado pelos governadores Tasso Jereissati (1987-1990; 1995-1998; 1999-2002) e Ciro Gomes (1991-1999), que a ação modernizante estatal ganhou o seu auge; a intenção principal era garantir as aspirações de uma elite urbana-industrial em detrimento das atividades do campo. Para executar tal ação foi preciso dotar a capital cearense, Fortaleza, e sua região metropolitana de infraestrutura, principalmente no que tange ao abastecimento hídrico. Sendo assim, em 1993, Ciro Gomes inaugura o Canal do Trabalhador, obra emergencial cujo objetivo principal era abastecer a RMFortaleza e irrigar 40 mil ha em suas margens. Já, em 1995, no governo de Tasso Jeireissati, se inicia a construção do Canal da Integração, cujo intuito era levar a água do sertão à zona urbana da RMFortaleza, bem como ao complexo Portuário e Industrial do Pecém (CHACON, 2007).

A gestão dos recursos hídricos no Ceará ao priorizar o desenvolvimento urbano-industrial em larga escala, possibilitou a perda da autoestima do sertanejo em relação à contextualização do seu espaço em termos econômicos, sociais e culturais, levando-o a percorrer o caminho das águas, ou seja, a migrar para RMFortaleza em busca de uma melhor qualidade de vida, enaltecida através das propagandas de televisão. A intensidade do êxodo rural fez com que o governo adotasse novos mecanismos para manter a população no campo, agora não se falava mais em combater a seca, mas em conviver com ela. Nesse tocante, como parte do Programa de Combate a Pobreza Rural (PCPR) surge em 1995, o Projeto São José (PSJ), que embora aspirasse uma política além do caráter assistencialista, estando voltada para o desenvolvimento econômico das comunidades rurais, na prática consistiu, sobretudo, na construção de cisternas para captação das águas pluviais. Medidas como essas, apenas minimizam o estado crítico que se encontra o sertão cearense, que passa pelo processo de desmobilização, no que se refere à perda do sentimento identitário socioespacial (CHACON, 2007).

Segundo a Proposta Nacional de Desenvolvimento Regional- PNDR de 2010, para que o Brasil se adeque aos parâmetros produtivos e comerciais, ou seja, ao modelo neoliberal pautado na competitividade, é necessário que o território esteja integrado economicamente. O Sudeste e o Sul sempre foram as macrorregiões que monopolizavam o crescimento (além do Distrito Federal), enquanto o Nordeste, o Norte e o Centro Oeste ficavam a margem desse processo; embora a macrorregião nordestina tenha tido um desenvolvimento econômico relevante nos últimos anos, o seu Índice de Desenvolvimento Humano- IDH ainda é muito baixo, principalmente no que se refere ao sertão, onde o número de pobres, analfabetos, analfabetos funcionais e acesso aos serviços básicos é bastante reduzido. É necessário um modelo de desenvolvimento fundamentado na sustentabilidade, indo além dos dados econômicos, mas enaltecendo a qualidade de vida de um modo geral, superando paradigmas homogêneos de produção econômica, mas analisando as peculiaridades de cada espaço e o modo de produção então estabelecido.

Baseando-se na ideia de um desenvolvimento sustentável para o sertão, que aspire sua revitalização, em termos socioespaciais, utilizou-se como estudo de caso a cidade de Quixeramobim no Sertão Central do Ceará, onde as adversidades climáticas afetam a disponibilidade hídrica, tendo consequências negativas nas atividades do campo. Mesmo sofrendo com a escassez da água, a população, em geral os mais velhos, guarda em si, o respeito por suas raízes e por sua cultura, que ao longo do tempo e em meio a tantas políticas desmobilizadoras vem se perdendo; em contrapartida surgem sonhos consumistas fora do contexto local, que fomentam uma ambiência de desmotivação do povo sertanejo, no sentido de lutar pelo mesmo ideal, o de pertencer e ser sertão. Para Chacon (2007) Revitalizar o sertão é uma ação pertinente e consiste numa política de fomento para a volta do sertanejo ao seu lugar. No entanto, a concretização desse objetivo depende da modificação dos ditames políticos então em voga, desmistificando a ideia do sertão como inviável do ponto de vista econômico, democratizando o uso da água e restabelecendo os valores identitários do sertanejo, construídos historicamente, através da prática espacial.

 

 

2. A formação do sertão

A ocupação do sertão nordestino se deu pela doação de Sesmarias. Os colonizadores, devido às intempéries climáticas existentes, viam o lugar como impróprio para o desenvolvimento econômico. Não possuindo, as mesmas características produtivas da zona da mata, onde se verificou a monocultura açucareira, o sertão nordestino teve como base de produçaõ a pecuária extensiva e a agricultura de subsistência. A expansão da pecuária esteve ligada a figura do vaqueiro, que era admirado e respeitado pelos sertanejos, em razão do conhecimento que tinha sobre a terra e o rebanho; sua relação de trabalho com o coronel, constituia-se num sistema de quartiação (para cada quatro crias, uma lhe pertencia), culminando num certo grau de acumulação e no surgimento de novas fazendas. Por sua vez, a expansão da agricultura ocorreu em meio à dependência generalizada dos trabalhadores, que eram obrigados a entregar metade de sua produção ao coronel. Mesmo havendo inconsonância entre o vaqueiro e o agricultor, quanto ao processo de acumulação, ambos se inserem numa mesma lógica de poder, que os torna passivos frente aos ditames políticos locais. Porém, em tempos de seca prologanda, motivados pelas mesmas crenças e costumes, vaqueiro, agricultor e coronel, se articulam no intento de permanecer no sertão e exercer sua prática espacial (CHACON, 2007).

A busca pelo combate à seca, que representava a inutilidade em termos econômicos do sertão, possibilitou a existência de uma verdadeira indústria, que usava a natureza como determinante dos processos sociais. Desse modo, foram fomentadas muitas medidas paliativas, que serviam apenas para encher os bolsos dos políticos locais enquanto a população sofria com a perda do seu gado e de suas plantações.

(...) Isto torna o Nordeste a região que praticamente vive de esmolas institucionalizadas através de subsídios, empréstimos que não são pagos, recursos para combate à seca que são desviados e isenções fiscais. (...) A seca, a terra rachada, a fome, embora atinjam alguns espaços, alguns períodos e alguns grupos sociais da região, são generalizados, tornam-se permanentes. De problemas sociais, eles terminam por se tornarem problemas de um dado espaço (ALBUQUERQUE, 2011, p. 88).

 

Além da seca, a ineficácia das políticas públicas gerava uma perda de autoestima do homem sertanejo, que não tendo outra opção era obrigado a colocar em risco seu sentimento de pertencimento com o lugar, migrando para áreas propícias de crescimento, a saber, a zona urbana, onde acreditavam ter uma melhor qualidade de vida. Porém as cidades necessitavam de pessoas mais instruídas no que tange a educação formal, e desse modo o mercado de trabalho não abrangeu essa população, que acabou por ocupar as favelas citadinas, não melhorando sua qualidade de vida. Nesse contexto, a análise aqui estabelecida, prioriza os aspectos socioambientais do sertão, onde se insere os elementos naturais e sociais, apreendidos de forma articulada e salutar para o desenvolvimento de políticas públicas favoráveis.

Nesse sentido, entende-se que a problemática ambiental perpassa não somente pela questão natural, mas pela questão econômica, regida pelo sistema capitalista (...) deixando a grande massa da população excluída e marginalizada do processo de produção e reprodução da vida (OLIVEIRA, J. C, 2012, Pag.119).

 

Saindo da totalidade e lançando mão de um olhar mais específico pautado é claro, na temática aqui abordada, analisaremos o sertão do Ceará, quanto suas peculiaridades fisiográficas, gestão da água, políticas públicas e aspectos culturais. Tendo parte expressiva do seu território em condições de semiaridez e possuindo terrenos cristalinos, o sertão do Ceará já foi e está sendo enormemente castigado pela seca. A ideia do determinismo geográfico, que contextualiza a natureza como determinante dos processos sociais se inclui nessa análise, assim como a ineficácia das ações administrativas para o desenvolvimento socioambiental local, até hoje conceituado como irrelevante economicamente, fato que culmina na massificação da pobreza e na aculturação do sertão, que por seguir os modelos prontos da lógica modernizante coloca o sertanejo e suas práticas produtivas como algo a ser ultrapassado, pelo crescimento urbano- industrial.

 

 

3. O sertão cearense

Embora os coronéis e seus métodos clientelistas representassem domínio sobre os sertanejos, eles ainda eram a voz destes no cenário político estadual. Com a propagação de uma política moderna para o Estado do Ceará, os coronéis tradicionais, que viviam no sertão, foram condicionados a se adequar a uma nova realidade, estabelecendo-se na cidade, onde articularam mecanismos de dominação e clientelismo, voltados para um processo de modernização a partir do fortalecimento do setor agrícola no sertão e do desenvolvimento urbano-industrial, fato que os caracterizou como coronéis modernos, representados pelo revezamento entre os mandatos de Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Calls.  O Governo das Mudanças, iniciado por Tasso Jereissati, em 1987, veio por um fim no coronelismo, embora ideologicamente, visto pela execução do clientelismo, através do autoritarismo; no seu governo houve separação com antigos aliados, bem como entre o fazer político e a economia, esta tendo como base principal a reestruturação do Centro Industrial do Ceará- CIC nas mãos dos empresários (CHACON, 2007).

A superação do antigo modelo político, pautado nos interesses dos coronéis, ocorreu a partir do discurso modernizante fundamentado na produção industrial em detrimento das atividades no campo. Desse modo a intensidade da desmobilização do Sertão iniciada no final dos anos 1980, alcançou patamares elevados em 1990, com o mandato de Ciro Gomes (1991-1994), que entre outras medidas, moralizou o Estado e executou o pacto industrial entre o governo e os empresários, concentrando a maioria dos investimentos na capital, fato que destaca o principal interesse do governador que era o de modernizar o setor industrial presente na RMFortaleza (CHACON, 2007).

Em 1993, em meio a seca, foi construído o Canal do Trabalhador, a obra consistia em transpor as águas dos açudes dos trechos correspondentes ao Rio Jaguaribe e Salgado para o complexo Pacotí- Riachão, com o objetivo de diminuir a crise hídrica na RMFortaleza, além de servir para atividades de irrigação, indústria e turismo. Hoje o canal se encontra praticamente inoperante; para não secar bombeia-se a água do açude Pacajús até seu leito, servindo pra irrigar uma fazenda particular e uma área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- Embrapa (CHACON, 2007).

Em 1995, dá-se o segundo mandato de Tasso Jereissati, bem como a continuidade dos artifícios desmobilizadores do sertão, em termos de identidade territorial e democratização do uso da água. O interesse governamental torna-se mais atônito: desenvolver o setor industrial do Estado, mesmo que isso venha a custar uma maior dificuldade do sertanejo no acesso a água e aos serviços básicos necessários a qualidade de vida. Fundamentado nos planos neoliberais, o Estado passa a realizar ações, segundo ele coerentes com o preceito sustentável, já assimiladas pelo capital. A ideia de conviver com a seca, ao invés de combatê-la, presente desde 1987, agora se torna mais emblemática; fazer o homem do campo não migrar para as cidades que compõem a RMFortaleza, para não modificar o caráter limpo e moderno da metrópole, era o principal interesse político estatal, fato que possibilitou o surgimento de projetos permanentes, como o São José, que consiste na construção de cisternas para a obtenção de água nos períodos de escassez de chuva, como também na perfuração de poços e no uso de dessalinizadores, além do Programa Reforma Agrária Solidária, se referindo à transferência de terras para os menos favorecidos e as políticas compensatórias, seja dos incentivos rurais ou do próprio bolsa família, que embora tenha aumentado a renda de muitas famílias, é uma forma do governo mostrar sua ineficácia em oferecer serviços públicos adequados, como saúde, educação, moradia, trabalho, etc. (CHACON,2007).

Em 1995, é iniciada a construção do Canal da Integração[1], com o intuito de interligar, as sub-bacias do baixo e médio Jaguaribe, Banabuiú e Metropolitanas para abastecer a RMFortaleza e o complexo industrial e Portuário do Pecém ( LINS, 2011). Como exemplo dos conflitos socioambientais, gerados com esse processo têm-se a desterritorialização da cidade de Jaguaribara, que estava nos caminhos das águas e foi quase totalmente inundada, fato mobilizador da mídia estadual e da população cearense em torno de tal problemática. A natureza aqui é vista de modo utilitarista, servindo para satisfazer os interesses de uma minoria detentora do poder. Nesse tocante, uma consciência ambiental coletiva que vá além do conceito sustentável inserido no discurso capitalista, que visa apenas o desenvolvimento econômico e não o social, pode promover mudanças comparáveis com a realidade de cada lugar.

(...) A legitimação e força destes valores ambientalistas dependem da formação de consciências coletivas, da constituição de novos atores sociais e da condução de ações políticas através de novas estratégias de poder em sociedades com democracias imperfeitas, onde a consciência ambiental é pervertida pelas normas de simulação, cooptação e controle dos poderes dominantes (LEFF, 2001, p. 71).

 

Todas as políticas referentes ao Estado, mesmo após o terceiro mandato de Tasso Jereissati, (1999-2002) se baseavam no mesmo referencial; o de que era preciso desenvolver a economia, por meio da produção industrial, para chegar a patamares elevados de desenvolvimento. O sertanejo, em decorrência das políticas inadequadas de gestão hídrica, dos ditames consumistas urbanos, gerados pelos meios de comunicação em massa, sobretudo pela televisão, já não sentem interesse em continuar vivendo no sertão, onde, principalmente os mais velhos guardam em si as lembranças de momentos do cotidiano sertanejo. 

A segunda maior cidade do Sertão Central do Ceará, em questão territorial, abrangendo uma área de 3.275,6 km² (IPECE, 2014), a saber, Quixeramobim, está no auge dessas discussões, vista por suas condições geoambientais; que influencia na existência da seca e suas consequências severas, mas também devido às políticas paliativas e duradouras que estão presentes no cenário citadino.

Em Quixeramobim, a população, sobretudo os mais idosos mantem vínculos afetivos com o espaço vivido, que se expressam através do cotidiano onde as experiências se renovam e se materializam na paisagem (SILVA, et al 2012). Quixeramobim, pertence à Bacia do Rio Banabuiú importantíssima para o acesso a água no sertão, sua vegetação predominante é a caatinga, bioma totalmente brasileiro, onde se dá a produção familiar, mas também a presença de latifúndios, como enfatiza Chiavenato (1988, p.09) sobre as características sociais brasileiras. “É uma sociedade de classes, onde a propriedade privada é sagrada. Tudo tem dono (...)”.  O povoamento da cidade se deu pela pecuária e produção algodoeira, mas hoje a monocultura de milho e feijão ganha destaque, assim como a fabricação de queijos e outros derivados de leite; no entanto a produção industrial é incipiente. Dentre os fatores que contribuem para o turismo local, têm-se os festejos religiosos e a existência de monólitos, estruturas geológicas constituídas por um só bloco de rocha, que possibilitam pesquisas científicas.

Desse modo, percebe-se a nitidez da riqueza ambiental e cultural dessa cidade, levando a promoção de ações voltadas para a reconstrução da identidade sertaneja, através da ênfase em sua história, da desmitificação da ideia da inviabilidade econômica e do determinismo geográfico, e de políticas sociais e econômicas não homogêneas.

 

 

4. Procedimentos metodológicos

A pesquisa teve como procedimento inicial a análise bibliográfica, por meio da leitura de livros, artigos acadêmicos, notícias de jornais impressos e visitas a conteúdos eletrônicos. Posteriormente ocorreu a atividade de campo na respectiva cidade de Quixeramobim, no Sertão Central do Ceará, para analisar in loco os dados obtidos teoricamente.  A metodologia adotada foi a descritiva, vista pelas observações feitas na paisagem, exploratória, pois se buscou ir além da ênfase teórica possibilitando o surgimento de conceitos próprios e qualitativa a medida que se contextualiza a sociedade como participante do fazer histórico, papel muitas vezes escondido pelo estado ( CHIAVENATO, 1988). Desse modo a mobilidade sertaneja em todas suas vertentes, principalmente a respeito da questão identitária foram elementos apreendidos durante a execução do trabalho de campo, sendo posteriormente interpretados, para possibilitar a redação final desta análise.

 

 

 

5. Resultados e discussões

A pesquisa empírica deu-se em Quixeramobim, segunda maior cidade do Sertão Central cearense, em termos territoriais. Sua ocupação ocorreu através do plantio do algodão e da pecuária, esta considerada como de fundamental importância para o povoamento do Nordeste brasileiro, que já no século XVII estava totalmente explorado (FARIAS FILHO, 2007).

Embora incipiente de início, a agricultura também esteve presente no sertão e até hoje ambas as atividades fazem parte do contexto produtivo macrorregional e mesorregional. Desse modo, verificou-se que em Quixeramobim a criação de gado e a monocultura, sobretudo de cunho familiar são permanentes. No entanto, com a verificada escassez de chuvas no local, a produção agrícola vem sendo afetada, assim como a pecuária nesse que é o segundo maior polo leiteiro do Ceará. Embora o “Governo das Mudanças” tenha fomentado no estado aspirações modernizantes-industriais, a indústria se mostra incipiente, ficando a cargo de fábricas de calçados e derivados de leite, que lucram com a mão-de-obra barata do local.

O clima característico de Quixeramobim é o semiárido, caracterizado por ser quente e seco. No período da pesquisa percebeu-se uma variação do tempo, bastante quente durante o dia e ameno durante a noite. A vegetação predominante é a caatinga arbustiva densa ou aberta, que na observação realizada na prática de campo estava seca devido à falta de chuvas. Mesmo sendo um bioma 100% brasileiro a caatinga vem ao longo do tempo sendo devastada, no caso de Quixeramobim, como consequência da agricultura e pecuária extensiva.

Quixeramobim faz parte da Bacia do Rio Banabuiú, nela se encontra a barragem do açude Quixeramobim, que em julho de 2015, período em que se realizava a atividade de campo, voltou a secar, após 22 anos de sua construção, como também do açude Fogareiro que seguiu o mesmo destino, mostrando as severas consequências da escassez de chuvas e a ineficácia de políticas públicas quanto ao uso da água, pois o que se observou foram medidas paliativas, como disponibilidades de carro- pipas e perfuração de poços, elementos que não garantem uma segurança hídrica futura.

Alguns dados merecem ser destacados, quanto ao perfil básico municipal de Quixeramobim. No que tange a demografia, verifica-se que no ano de 2010, dos 71.887 habitantes, 43.424 ocupavam a área urbana e 28.463 a zona rural, sendo que, da população total, 4.572 correspondia a pessoas com 70 anos ou mais. O número superior da população urbana em detrimento da população rural pode está ligado a saída do sertanejo de sua terra, principalmente os mais jovens, que se estabeleceram na zona urbana, em busca de melhores condições de vida, que são midiamente propagadas. Os idosos são os que mais lutam pela permanência da ambiência sertaneja, mas para haver a continuidade das práticas espaciais do sertão, é necessária uma mobilização da juventude, no intuito de reforçar os laços de pertencimento com o lugar frente a políticas sociais desmobilizadoras (IPECE, 2015).

No que se refere a saúde, dados de 2014 sinalizam, que a cidade de Quixeramobim possui 32 unidades de saúde públicas e 557 profissionais da área ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS), números esses, ainda incipientes. No entanto, o estabelecimento de uma saúde pública de qualidade está relacionado a questão da infraestrutura, no que se refere ao esgotamento sanitário e coleta de lixo, visto que, em 2010 ainda havia em Quixeramobim 1.802 domicílios sem banheiros e a coleta de lixo não abrangia a totalidade dos domicílios, alcançando 11. 478 destes, o que demonstra a ineficácia dos gestores públicos quanto a questão socioambiental (IPECE, 2015).

Quanto a educação, verifica-se uma escolarização líquida no ensino fundamental de 85,75% e no ensino médio de 37,24%. O número insubstancial de alunos escolarizados, principalmente no ensino médio, propicia uma maior dificuldade de ingressar no mercado de trabalho, afetando a renda das famílias. Existe em Quixeramobim, uma parcela populacional extremamente pobre, com renda per capta mensal, de até R$70,00; que no ano de 2010 chegou ao patamar de 17.073 habitantes, onde 6.000 se localizavam no meio urbano e 11.073 na zona rural.  Dos 4.842 empregos formais, de 2014, a agropecuária, basilar para a ocupação e povoamento da cidade, só empregou 165 pessoas, fruto de políticas públicas voltadas para um projeto urbano-industrial, não condizente com o modo de vida sertanejo (IPECE, 2015).

As características climáticas, políticas e sociais do sertão corroboram para a formação cultural e o consequente fator identitário da população com seu território, cujo grau de pertencimento antes do estabelecimento de ideologias modernizantes no espaço era mais intenso, visto que mesmo enfrentando dificuldades quanto a disponibilidade hídrica, as pessoas fincavam raízes na terra onde se dava suas experiências cotidianas, através do trabalho, da moradia, das trocas materiais e no que elas influi (SANTOS, 2003).  Hoje a desmobilização social, interpretada no contexto dos fatores que possibilitam a não permanência do homem no campo, está presente também em Quixeramobim; mudanças no modo de produção espacial demonstram a perda do estilo de vida do sertanejo e de sua cultura, os jovens já não querem mais permanecer no sertão e seguem a visão consumista citadina, vindas dos sinais das antenas parabólicas, presentes em grande ênfase no local; devido a falta de políticas públicas ao longo prazo, provavelmente as crianças seguirão os mesmos caminhos, ficando a cargo dos idosos a luta pela preservação cultural do sertão; resta saber o que vai acontecer quando estes partirem. Diante dessas transformações infere seu Emanuel, agricultor familiar de 65 anos:

Os jovens não querem mais vim pra roça não, quando não vão simbora pra capital em busca de emprego bom, passam o dia todo de frente pra uma televisão. No meu tempo, num era assim tinha que acordar cedo pra trabaiá na plantação de milho. E eu gostava. E ainda gosto. Não me vejo vivendo longe daqui. Foi aqui que me criei (...). O problema é que o governo não olha por nós, só vem aqui pra pedir voto e nem volta mais. Apesar da secura, água tem o que falta é repartir direito.

  

Além do fator econômico, através da pecuária e da agricultura, outros elementos se enquadram na lógica de produção espacial, como a linguagem peculiar, as festas de forró, bastante presente no cenário citadino, as vaquejadas e a religiosidade, por meio da devoção aos Santos, já que a maioria da população é católica; por isso é comum nas casas existir a chamada “mesa do Santo”, onde se colocam várias imagens; as festividades religiosas ficam a cargo das festas dos padroeiros e das chamadas Renovações. Nesse sentido, discorre Dona Maria, agricultora de 60 anos:

Todo ano eu faço a renovação do Coração de Jesus. Eu acho bonito sabe, ver o povo tudo rezando e cantando os bendito. Por isso tenho medo de sair daqui e perder as coisa boa do sertão, da minha terrinha. Peço a mãe de Jesus que ilumine esses político pra fazer o bem por nós e peço a São José que mande uma chuvinha pra molhar a terra seca, pra nós beber e plantar.

 

A intensificação do êxodo rural se deu devido as políticas públicas desmobilizadoras, os jovens que permanecem no sertão, estão perdendo sua identidade com o lugar e os que vão embora, em geral terminam por fazer parte das favelas das grandes cidades, não deixando de manter um vínculo afetivo com o sertão, modo de vida, histórias, acontecimentos. Nesse contexto, nos conta Dona Suely, empregada doméstica de 40 anos, que hoje reside na Região do Cariri cearense.

Nasci em Quixeramobim. Sai de lá muito nova pra enfrentar a vida em Fortaleza. Não tinha estudo. Foi difícil pra arrumar emprego. Aí vim morar no Cariri, eu gosto daqui gosto das pessoas, mas sinto saudades de minha terra natal, do cheirinho da caatinga, do povo de lá, das festas, das histórias longas que meu pai contava. As vezes penso em voltar, mas com a seca desse ano, só posso mesmo é visitar minha família. E meus filhos também não querem morar no sertão.

 

De acordo com essas informações, percebe-se que o sertão, em especial a cidade de Quixeramobim tem um ambiente natural e uma cultura rica que deve ser preservada de forma a garantir a sustentabilidade e o crescimento local. Contudo a ação sustentável aplicada nessa análise leva em consideração não apenas os dados econômicos, como faz o discurso capitalista, mas faz referência aos aspectos sociais. Sendo assim o desenvolvimento sustentável sertanejo deve ocorrer através da permanência de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento socioambiental do sertão, visto por uma revitalização deste, no que se refere a produção espacial do sertanejo.

 

 

6. Conclusão

Diante do exposto, concluímos que é preciso haver uma revitalização do sertão, particularmente na cidade de Quixeramobim, a fim de recuperar a autoestima do sertanejo em relação a sua vivência espacial. Acreditamos que esse procedimento será possível através de três vertentes principais: a desmistificação da ideia do determinismo geográfico, o estabelecimento de políticas públicas a longo prazo e a reconstrução da identidade do homem com seu meio.

O determinismo geográfico, sempre foi usado como único propulsor da seca, que foi generalizada, para massificar a obtenção de recursos nacionais pelos políticos locais, que buscavam satisfazer seus interesses em detrimento da população afetada pelas consequências do déficit hídrico. Nesse contexto, percebe-se que a seca não é apenas um problema climático, mas, sobretudo político, no que tange a democratização do uso da água.  Muito foi dito, pouco foi realizado; pois apesar das verbas assistencialistas, o sertão continua tendo grande número de pobres.  E mesmo no século XXI é comum a existência de carros-pipa no sertão, assim como o fato das pessoas andarem bastante para obtenção de água em pequenos reservatórios, cuja qualidade da água é discutível.

Desse modo, a revitalização do sertão passa pelo estabelecimento de ações públicas voltadas para a manutenção da vida do sertanejo com seu espaço, através do acesso a serviços públicos e de um igualitário acesso a água pelos agentes sociais, de forma a não enaltecer determinada classe detentora de poder. É possível executar medidas que venham a minimizar as consequências climáticas; sobre o acúmulo da água no solo seria interessante a utilização das técnicas de barramento, que consiste em fazer barreiras com rochas para diminuir o escoamento superficial na época chuvosa, aumentando sua infiltração no solo. Em relação à agricultura, o plantio de monoculturas menos consumidoras de água seria interessante, assim como usar, no caso da irrigação, a técnica de gotejamento para diminuir a evaporação e aumentar a produtividade. O sertanejo típico tem a agricultura e a pecuária de caráter familiar como base produtiva e elemento preponderante de sua cultura, por isso tentar superá-las por meio de atividades industriais que consomem grande quantidade de água é algo a nosso ver desnecessário. Fatores economicamente homogeneizantes não se enquadram de maneira eficaz na realidade sertaneja.

Por sua vez, a reconstrução do sentimento identitário do homem do sertão pode decorrer de aspectos relevantes como: ênfase na sua história (mitos, lendas, realidades tradicionais), trabalhos de conscientização, sobretudo com os mais jovens, sobre a importância do sertão para a cultura nacional e por fim elementos que promovam a permanência das características culturais, materiais e imateriais hoje e para as futuras gerações, dentro do que se intitula sustentabilidade.

Acreditamos, contudo, que o desenvolvimento sustentável só pode ocorrer a medida que favorece mudanças socioambientais positivas, como respeito a natureza, democratização no uso da água e do solo, acesso aos serviços básicos como saúde e educação e respeito a produção espacial, a saber, do sertão como formadora de uma identidade territorial que não deve ser destruída pela introdução de modelos ditos modernos e que não se enquadram a realidade local.

 

 

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