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GOT, Revista de Geografia e Ordenamento do Território

versão On-line ISSN 2182-1267

GOT  no.23 Porto jun. 2022  Epub 30-Jul-2022

 

Editorial

Editorial

Editorial

TEDIM, Fantina1 

1CEGOT | Departamento de Geografia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto Via Panorâmica s/n, 4150-564 Porto, Portugal


Este número da GOT está sobretudo direcionado para o espaço urbano com abordagens de áreas científicas distintas, com predomínio da Arquitetura e do Urbanismo. Os objetos de estudo e métodos utilizados são diversos (p.ex. inquéritos, análise documental, entrevistas, análise espacial) mas a sustentabilidade, a qualidade ambiental, a geodiversidade, o património cultural e a desigualdade social enquadram conceptualmente muitas das investigações realizadas em áreas geográficas distintas de Portugal e do Brasil.

A abordagem de aspetos naturais em ambiente urbano é objeto de análise em três artigos. Camara e Lemos consideram que os espaços verdes têm um papel fundamental na organização espacial das cidades e refletem uma relação espaço-temporal entre memória urbana, qualidade de vida, ligação dos habitantes ao espaço. A qualidade da paisagem urbana é um reflexo da interação entre os elementos estruturais e infraestruturais, mas também da forma como as pessoas percebem o ambiente.

Pereira e Medeiros identificam lacunas científicas na avaliação integrada da geodiversidade e do património cultural. Num estudo de caso no Centro Histórico da cidade de João Pessoa (Paraíba, Brasil), os autores investigam a forma como ao longo do tempo foi percecionado e efetuado o envolvimento cultural com a paisagem e a conexão entre as pessoas e o mundo natural. Silva, Nunes, Longo e Ribeiro apresentam os resultados de uma investigação sobre indicadores de correlação entre métricas de paisagem, amplamente utilizadas para caracterização de vegetação remanescente em paisagens alteradas, com a provisão de serviços ecossistémicos, baseado numa revisão da literatura. Os autores concluíram que há correlação entre as métricas de paisagem e o fornecimento de serviços ecossistémicos.

Andrade, Teixeira e Leão investigaram os impactos da hidroelétrica de Santo António na configuração espacial do Bairro Triângulo, na cidade de Porto Velho (Rondônia, Brasil), que provocou, nomeadamente a deslocalização compulsória de famílias para áreas distantes e segregadas da cidade, originando problemas económico, de mobilidade e de segurança.

O contributo da morfologia urbana preexistente no processo de planeamento municipal é objeto de análise de Camara e Tesk tendo como estudo de caso o centro urbano de Videira (Santa Catarina, Brasil). Os resultados apresentados demonstram a relação entre frequência de redes viárias e disposição do loteamento e entre dimensão do quarteirão e frequência de redes viárias. Os autores defendem que os aspetos morfológicos podem ser utilizados como padrão base para a delimitação de futuros zonamentos e regulamentos.

Alves e Ribeiro apresentam um trabalho de revisão da literatura em que analisam a evolução do conceito de Cidade compacta que se tem revelado um caminho mais adequado para a estruturação das áreas urbanas para a construção de cidades sustentáveis e para responder aos desafios da urbanização contemporânea. Entre as diretrizes propostas pelas Nações Unidas na Conferência Habitat III (2017), encontram-se diversos princípios do modelo compacto. Embora o termo de Cidade compacta não esteja explicito na Nova Agenda Urbana da ONU surge como solução universal para as cidades contemporâneas.

Ainda sobre o espaço urbano, Gama, Kszan, Polli, Lunelli e Sanches analisam as ações de solidariedade devido ao COVID-19, que agravou as desigualdades sociais em territórios vulneráveis da cidade de Curitiba (Brasil). Os autores concluíram que os planos de emergência a nível municipal ou regional, devem considerar além da saúde, as condições sociais de trabalho e o rendimento das famílias, sobretudo das que apresentam menores rendimentos.

O único artigo que não investiga problemáticas urbanas foca-se nas cartas educativas (Louro) cuja ligação a outros instrumentos de gestão do território está na base de um enfoque integrado e espacial na implementação de políticas educativas municipais.

Os autores da GOT23 são fundamentalmente provenientes de universidades brasileiras (Universidade de Brasília, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Universidade do Oeste de Santa Catarina, Instituto de Ciência Tecnologia da UNESP/Sorocaba e Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”). Os autores filiados em instituições portuguesas provêm da Universidade de Lisboa, do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Instituto Superior de Educação e Ciências - Lisboa e da Universidade de Coimbra.

O perfil dos autores reflete um pendente para a Arquitetura, o Urbanismo, o Planeamento Urbano e Regional, embora também colaborem neste número profissionais de outras áreas científicas como Ciências Desenvolvimento Socioambiental, Ciências Ambientais, Engenharia do Ambiente e Geografia.

Alguns dos trabalhos aqui apresentados evidenciam redes de colaboração entre instituições portuguesas e brasileiras ao abrigo de protocolos diversos. A GOT embora seja uma revista do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território não está apenas direcionada para a disseminação da produção científica da Unidade de I&D. Ao longo dos anos a sua importância na comunidade académica de Portugal e sobretudo do Brasil foi-se reforçando.

Endereço para correspondência: ftedim@letras.up.pt

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