Num momento em que se inicia mais um ano letivo e em que o debate da situação do ensino em Portugal se retoma, o presente número da revista “Da Investigação às Práticas”, reflete sobre o investimento político, teórico e metodológico que tem vindo a ser feito no âmbito dos processos de formação de agentes educativos. No artigo dedicado aos Planos Integrados e Inovadores de Combate ao Insucesso Escolar (PIICIE) procura-se perceber de que forma é que estes financiamentos, cuja gestão é de natureza local, se distribuem pelo território nacional, identificando as principais assimetrias associadas que este programa gera, sendo necessário um investimento mais consistente na avaliação destes programas. Com o foco na abordagem metodológica em contextos socioeducativos, sabe-se que a intervenção se revela eficaz quando procura compreender os fenómenos sociais com base na sua caracterização detalhada e relacional. Uma via para chegar a este objetivo, passa pela investigação-ação participativa por se considerar que desta forma se torna possível a transformação e a emancipação das comunidades em situação de intervenção, procurando facilitar o exercício de uma cidadania ativa e consciente, ao devolver a voz a estas pessoas. Já no âmbito das metodologias associadas aos processos de formação de professores, em particular na Escola Superior de Educação de Lisboa, surgem dois artigos em que se analisam as práticas de iniciação profissional no contexto das unidades curriculares de Mestrados que habilitam os estudantes à docência do 1.º Ciclo de Ensino Básico e 2.º Ciclo de Ensino Básico. Num dos casos avalia-se a capacidade de definição de problemáticas no contexto da elaboração de projetos de intervenção, usando a Metodologia Projeto, revelando-se as fragilidades associadas a este exercício. A partir destes resultados evidencia-se a necessidade de encontrar formas de reforçar as estratégias de ensino-aprendizagem. Noutro artigo, procura-se avaliar a qualidade das práticas pedagógicas de estudantes no âmbito da introdução às práticas profissionais do Ensino da História e da Geografia. Nesta análise torna-se clara a necessidade de criar espaços de reflexão entre estudantes e equipa de supervisão. No exercício da reflexão sobre a ação da ação docente, importa compreender as construções identitárias que resultam do exercício profissional. Assim, neste artigo, procurou-se perceber a relação entre as identidades reais e designadas de três formadoras de professores de matemática. Ao promover a reflexão sobre a ação profissional no contexto de formação de professores é possível constatar que a matéria que se leciona, condiciona os processos de auto e hétero identificação e esse fato deve ser promotor de ajustes nos processos formativos. Na linha do exercício de reflexão sobre as transformações na formação e exercício da docência, apresenta-se uma biografia, a partir de uma abordagem histórica, às contribuições de António Aurélio da Costa Ferreira. A propósito do centenário do seu desaparecimento, recorda-se o papel fundamental que teve no desenvolvimento da pedagogia e na formação de crianças e jovens, tendo em conta as suas especificidades, olhando para a educação como uma arte que se deve aprimorar em função da matéria-prima, os estudantes.