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Revista da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia

versão impressa ISSN 2182-2395versão On-line ISSN 2182-2409

Rev Soc Port Dermatol Venereol vol.79 no.2 Lisboa jun. 2021  Epub 01-Out-2021

https://doi.org/10.29021/spdv.79.2.1386 

Quiz in Dermatology

Mancha Acastanhada Palmar Unilateral na Infância

Unilateral Palmar Brownish Macula in Childhood

Bianca Kobbaz Bettoni Moreira1 
http://orcid.org/0000-0002-2942-3686

Fábio Augusto Peroni Garcia2 
http://orcid.org/0000-0002-5321-6732

Flávia Regina Ferreira2 
http://orcid.org/0000-0001-5679-4282

Margareth Neila Prats Bueri3 
http://orcid.org/0000-0002-4650-2837

1Universidade de Taubaté - UNITAU - Taubaté-SP, Brasil

2Serviço de Dermatologia do Hospital Municipal Universitário de Taubaté - HMUT/UNITAU - Taubaté-SP, Brasil

3Laboratório MIL - Taubaté-SP, Brasil


CASO CLÍNICO

Paciente do sexo feminino, 5 anos, caucasiana, apresentando mancha escura na mão esquerda há três meses. Ao exame dermatológico observava-se mácula hipercrômico-acastanhada, não descamativa, de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro e contornos irregulares, localizada na face palmar da falange proximal do terceiro quirodáctilo da mão esquerda. Assintomática (Fig. 1). Mãe relatava aparecimento após férias em região litoral. O exame micológico direto mostrou hifas escuras septadas e ramificadas.

Figura 1 Terceiro quirodáctilo esquerdo: mácula acastanhada, não descamativa e de contornos ligeiramente irregulares. 

Figura 2 Macrocultivo: Colónias brilhantes intensamente pigmentadas. 

O macrocultivo (ágar sabouraud + cloranfenicol) evidenciou colónias brilhantes intensamente pigmentadas (Fig. 2) e o microcultivo (ágar batata) corado com lactofenol azul de algodão evidenciou hifas septadas e aglomerados de células leveduriformes com septação central evidente (Fig. 3). A aplicação tópica de fenticonazol creme por 40 dias promoveu resolução completa do quadro (Fig. 4).

Figura 3 A) Hifas septadas e aglomerados de células leveduriformes. B) Células leveduriformes com septação central evidente 

Figura 4 Antes (A) e após (B) tratamento tópico de 40 dias com Fenticonazol creme. 

TINEA NIGRA

Tinea nigra (TN) é uma infecção fúngica superficial descrita na Bahia (Brasil) em 1891 por Alexandre Cerqueira, que a denominou Keratomycosis nigricans palmaris. Causada pelo Hortaea werneckii, uma levedura polimórfica, que é parasita na fase de hifas septadas. Esta dermatomicose caracteriza-se por máculas castanho-enegrecidas, que acometem, de forma assintomática, a camada superficial da pele,1,2tem maior prevalência na faixa etária inferior aos 20 anos, no sexo feminino, indivíduos caucasoides e com o nível sócio-económico mais elevado, em regiões de clima tropical e após contato com solo, areia da praia ou vegetação.3 Ocorre predominantemente na região palmar de forma unilateral (mas não exclusivamente) sob a forma de mácula de limites precisos, cor castanho-enegrecida sem descamação.3

Os achados dermatoscópicos da TN são de um padrão reticulado homogéneo de pigmentação não melanocítica acastanhada, com espículas que não seguem os dermatóglifos e permitem concluir o diagnóstico em 53,8% dos casos.2,4Ao exame micológico direto observam-se hifas e esporos acastanhados e ramificados e a cultura em ágar Sabouraud evidencia colônias escuras e úmidas,5 cujo microcultivo corado pelo lactofenol azul de algodão permite a visualização de hifas septadas e múltiplos blastoconídios com septação central evidente.

A microscopia eletrônica de varredura permite correlacionar os achados ultraestruturais com a dermatoscopia.2

A curetagem para colheita de material para exame micológico pode levar ao desaparecimento das lesões; no entanto o tratamento convencional é feito com derivados imidazólicos tópicos e/ou queratolíticos.1

Apesar do diagnóstico de Tinea nigra ser eminentemente clínico, as ferramentas diagnósticas complementares permitem uma melhor conclusão diagnóstica além de afastar possíveis diagnósticos diferenciais como: lesões melanocíticas (nevos, melanoma) e pigmentações exógenas evitando condutas inadvertidas.

Agradecimentos

Agradecemos à Dra. Fátima Maria de Oliveira Rabay a documentação fotográfica da imagem clínica.

REFERÊNCIAS

1. Estudo de nove casos de tinha negra observados na Grande Vitória (Espírito Santo, Brasil) durante o período de cinco anos. An Bras Dermatol. 2004; 79:305-10. [ Links ]

2. Guarenti IM, Almeida Junior HL, Leitão AH, Rocha NM, Marques e Silva R. Microscopia Eletrônica de Varredura da Tinea nigra. An Bras Dermatol. 2014; 89:334-36. [ Links ]

3. Mattos e Dinato SL, Almeida JRP, Romiti N, Camargo FAA. Tinea nigra na cidade de Santos: relato de cinco casos. An Bras Dermatol. 2002; 77:713-18. [ Links ]

4. Abinader MV, Maron SM, Araújo LO, Silva AA. Tinea nigra dermatoscopy: A usefull assessment. J Am Acad Dermatol. 2016; 74: 121-22. [ Links ]

5. Nazzaro G, Ponziani A, Cavicchini S. Tinea nigra: A diagnostic pitfall. J Am Acad Dermatol. 2016; 75:219-20 [ Links ]

1© Author(s) (or their employer(s)) 2021 SPDV Journal. Re-use permitted under CC BY-NC. No commercial re-use. © Autor (es) (ou seu (s) empregador (es)) 2021 Revista SPDV. Reutilização permitida de acordo com CC BY-NC. Nenhuma reutilização comercial

2Conflicts of Interest: The authors have no conflicts of interest to declare. Financing Support: This work has not received any contribution, grant or scholarship. Confidentiality of Data: The authors declare that they have followed the protocols of their work center on the publication of data from patients. Patient Consent: Consent for publication was obtained. Provenance and Peer Review: Not commissioned; externally peer reviewed. Conflitos de Interesse: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente trabalho. Suporte Financeiro: Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo. Confidencialidade dos Dados: Os autores declaram ter seguido os protocolos da sua instituição acerca da publicação dos dados de doentes. Consentimento: Consentimento do doente para publicação obtido. Proveniência e Revisão por Pares: Não comissionado; revisão externa por pares

Recebido: 15 de Março de 2021; Aceito: 04 de Abril de 2021

Corresponding Author: Flávia Regina Ferreira Address: Rua Paraguai, 59 - Jardim das Nações - Taubaté-SP, Brasil CEP: 12030-240 E-mail:dermagica@uol.com.br

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