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CIDADES, Comunidades e Territórios

versión On-line ISSN 2182-3030

CIDADES  no.31 Lisboa dic. 2015

https://doi.org/10.7749/citiescommunitiesterritories.dec2015.031.edit-doss 

DOSSIER EDITORIAL

 

Cenas musicais, comunidades, identidades e culturas urbanas

 

Pedro CostaI; Paula GuerraII

[I]DINÂMIA'CET-IUL, Instituto Universitário de Lisboa, Portugal. e-mail: pedro.costa@iscte.pt.
[II]Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal. e-mail: mariadeguerra@gmail.com.

 

 

No seguimento da estimulante reflexão ocorrida no âmbito da KISMIF International Conference “Underground Music Scenes and DIY Cultures”, realizada no Porto entre 8 e 11 de julho de 2014, lançámos um convite à apresentação de papers por parte dos investigadores e estudantes nas diferentes áreas de estudo em torno das cenas musicais, cenas culturais, comunidades, identidades e culturas urbanas. O dossier temático agora apresentado decorre dessa chamada pública. O que está em causa neste número é a indelével relação entre cenas musicais e artísticas e sua inscrição urbana, assim como a constituição e o desenvolvimento de cenas musicais e artísticas por todo o mundo e a sua importância na construção colectiva de identidades e memórias que trespassam (mas são indelevelmente marcados por) espaços e territórios, na medida em que acreditamos no poder matricial da música, e práticas e criações artísticas correlatas, como poderoso instrumento de reforço identitário e catalisador de valores, crenças e dinâmicas simbólicas de vida coletiva. Fazendo uma aproximação à cidade enquanto contexto e alimento de cenas, são lançados para discussão neste número, entre outros, os seguintes tópicos: as identidades juvenis, artefactos e sua inscrição espacial; as geografias e as economias underground e criativas da cidade actual; as carreiras e percursos alternativos de intervenção musical e artística na cidade; os projetos e intervenções urbanos com foco nas artes e na música; as ambiências e identidades culturais e musicais urbanas; as artes, a criatividade e a inovação social; a arte, as culturas urbanas, comunidades e empowerment; as artes, participação cívica e integração juvenil.

A riqueza dos textos apresentados, plasmada nestes tópicos, corresponde ao eixo central de desenvolvimento das ciências sociais associado à relação entre artes, criatividade e inovação social, demonstrando que as cenas musicais e artísticas têm um papel chave no incremento de estratégias e metodologias de colaboração, da capacitação e de participação capazes de gerar valor e inovação social no mundo contemporâneo. Por outro lado, um compromisso com uma análise das lógicas territoriais e territorializadas destes fenómenos, e em particular da sua dimensão urbana, permite explorar mais fundo não só a sua implantação espacial e geográfica, mas sobretudo as suas lógicas específicas de enraizamento territorial e as suas diversas dinâmicas de articulação espacial, a diversas escalas e em múltiplos campos. Mantendo o foco na música underground e nas suas possibilidades criativas para a resistência e DIY, alargamos a análise das cenas musicais considerando a interseção e o debate com outros campos culturais, artísticos e criativos (cinema e vídeo, graffiti e arte de rua; teatro e artes performativas; literatura e poesia; rádio; design gráfico, ilustração, cartoon e banda desenhada; etc.). Assim, explorando o potencial do desenvolvimento teórico e analítico do cruzamento das cenas musicais com outras artes, pretendemos enriquecer a sua análise através do desenvolvimento da teoria social, mas também através da interpretação do seu papel dentro da modernidade tardia num momento de crise societal contemporânea e múltiplas reestruturações.

A relação das artes e da música com as esferas sociais, culturais, económicas e políticas compõe, a nosso ver, uma plataforma de investigação bastante fecunda, assim como nos oferece a possibilidade de consolidação da emergência de um domínio de conhecimento que responda aos desafios e mudanças sociais criadas pelas novas tecnologias, pelas reestruturações económicas a elas associadas, e pelas reconfigurações de identidade, género, estilo de vida, espacialidade, classe social, idade e etnia e diferença. Este domínio do conhecimento é, sem dúvida, alicerçado numa matriz fecunda de redes, fluxos e transações que caraterizam os artworlds, os campos e as cenas musicais e artísticas contemporâneas – espaços, lugares e territórios de focagem por excelência deste dossier temático.

 

Pedro Costa

Paula Guerra

Dossier Editors

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