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Revista Internacional em Língua Portuguesa

versão impressa ISSN 2182-4452versão On-line ISSN 2184-2043

RILP vol.35  Lisboa jun. 2019  Epub 29-Jul-2021

https://doi.org/10.31492/2184-2043.rilp2019.35/pp.11-12 

Apresentação

Apresentação - Biodiversidade (I)

Isabel Marques da Silva1 

1Universidade Lúrio, Moçambique


A biodiversidade ganha cada vez mais relevo na cena internacional. Reflexo desta crescente importância são os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Geral das Nações Unidas número 14 e 15: vida no mar e vida na terra. Nestes objectivos, a biodiversidade é usada como indicador da eficiência das medidas para atingir estes objectivos. Na era das mudanças climáticas e do desenvolvimento sustentável não existe tema mais central. A conservação da biodiversidade é importante para a minimizar o efeito das mudanças climáticas: comunidades mais diversas tem mais chances num clima em mudança. A exploração da biodiversidade de forma sustentável permite o desenvolvimento das comunidades de uma forma mais equilibrada com base em recursos diversos e actividades diversas, tornando-as mais resilientes aos impactos adversos, quer de origem económica quer tenham raiz nas mudanças climáticas.

Este número da revista RILP pretende dar uma visão do que se faz nos países de língua portuguesa em termos de estudos sobre biodiversidade. Somos conduzidos numa viagem que começa nas lagoas da Cufada na Guiné Bissau, alterna entre a Angola e Timor Leste, passando pelo Brasil e Portugal, para acabar no mar de Moçambique.

No primeiro artigo, os desafios do Parque Nacional das Lagoas da Cufada, as potencialidades de desenvolvimento sustentável dentro deste parque e a importância internacional das suas zonas húmidas reconhecidas como Zona Ramsar (Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional, especialmente enquanto habitat de aves aquáticas), são alguns dos aspectos focados.

Uma lista das plantas ameaçadas de Angola é o que nos traz o estudo seguinte através da apresentação dos resultados de diversos inventários fitoecológicos.

De seguida, o nosso número da RILP leva-nos até a uma reflexão sobre as políticas em torno da floresta Amazónica, de uma perspectiva histórica, para os papéis dos diversos actores brasileiros (ONG, Governo Federal, etc…), mas também a influência de actores internacionais.

De Moçambique vem uma abordagem diferente de ordenamento de território e a importância das zonas verdes das cidades para uma melhor qualidade de vida das pessoas que vivem nas cidades.

Do Brasil surge um artigo sobre a importância dos métodos de estudo entomológicos na correcta avaliação da biodiversidade entomológicas, uma reflexão importante para os estudos da biodiversidade em geral.

A importância da biodiversidade nas culturas nativas de Angola e Timor-Leste, chega-nos através de dois estudos sobre etnobotânica. O estudo angolano é um bom exemplo de como não chega ir ao campo colectar dados, mas é igualmente importante publicá-los, para se tornarem mais facilmente acessíveis, e é uma belíssima forma de homenagear o botânico angolano José Maria Daniel que dedicou a sua vida à recolha de informação etnobotânica de Angola. O estudo de Timor-Leste é um casamento entre a pesquisa bibliográfica e entrevistas aos curandeiros tradicionais, resultando num trabalho mais completo e de fácil consulta para estudos posteriores de outra natureza.

De Angola recebemos também o estudo sobre as comunidades vegetais em torno da Welwitschia mirabilis, planta endémica do deserto do Namibe em Angola.

Falar de biodiversidade não é só um assunto dos habitats e espécies selvagens, como nos prova o artigo sobre o porco alentejano em Portugal. Neste artigo é salientada a importância da luta pela preservação das espécies domésticas tradicionais, da sua diversidade genética, mas também pela preservação das heranças culturais e ecológicas associadas a estas espécies criadas pelo homem.

O único estudo marinho deste número finaliza esta edição, uma perspectiva sobre o efeito da pesca de moluscos nos ecossistemas entremarés. Uma visão da importância da biodiversidade para as comunidades locais e o impacto das actividades humanas nas comunidades entremarés.

Não posso acabar sem agradecer aos autores por terem participado neste número, mas sobretudo aos revisores que anonimamente contribuíram para o melhoramento e qualidade dos textos. Muito obrigada por trabalharem connosco.

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