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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

versión impresa ISSN 2182-5173

Rev Port Med Geral Fam vol.28 no.6 Lisboa nov. 2012

 

CARTA À DIRECTORA

Ginecomastia unilateral por antagonista dos canais de cálcio

Unilateral gynecomastia caused by a calcium-channel blocker

Filipe Perneta,* Mónica Caldeira,* António Caldeira Ferreira**

*Internos da formação específica de Medicina Interna, Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal

**Chefe de Serviço de Medicina Interna, Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence


 

Exma. Sra. Diretora da Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar,

A patologia da mama no sexo masculino é uma entidade rara na prática clínica diária, podendo eventualmente requerer uma abordagem exaustiva e invasiva para o seu diagnóstico. O aumento de volume mamário pode ser benigno ou maligno.

As causas de benignidade são múltiplas; porém, a ginecomastia é a entidade nosológica mais frequente. Esta consiste na hiperplasia difusa do estroma e dos ductos, sendo um achado semiológico frequente pois afeta cerca de 1/3 a 2/3 dos homens com idade superior a 40 anos.1 As etiologias mais frequentes são de origem endócrina, farmacológica e idiopática.1,2

A propósito de patologia mamária benigna no homem, os autores gostariam de apresentar o caso de um homem de 64 anos, raça caucasiana, bancário, natural e residente na Madeira. Tinha antecedentes patológicos de hipertensão arterial essencial, dislipidémia e rinite alérgica e encontrava-se medicado com candersartan/hidroclorotiazida 16/12,5 mg id, nifedipina 30 mg em libertação prolongada id, levocetirizina 5 mg id e atorvastatina 20 mg id. Foi seguido em consulta de Medicina Interna por aparecimento progressivo, ao longo de 3 meses, de nódulo mamário à esquerda, doloroso e com 4 cm de diâmetro.

Ao exame objetivo, tratava-se de um nódulo mole, de consistência elástica, não aderente aos planos profundos e doloroso à palpação. Não havia sinais inflamatórios observáveis no tegumento imediatamente superior nem alterações analíticas assinaláveis.

A ultrassonografia mamária evidenciou um nódulo de 4 cm de diâmetro, de contornos regulares, sem calcificações e não aderente aos planos profundos. A mamografia confirmou-o, revelando ginecomastia unilateral assimétrica do tipo nodular. Após revisão de possíveis causas para o problema, optou-se por suspender a terapêutica com nifedipina. Estima-se que 10-25% de casos de ginecomastia tenham origem farmacológica,3 sendo que esta é um efeito adverso raro, porém reconhecido, da terapêutica com nifedipina (descrita em <1% de casos).4

O fármaco foi suspenso, o que resultou na regressão completa do quadro clínico em dois meses.

Os autores relembram a ginecomastia, além de mero problema estético, como entidade a investigar e cujo diagnóstico diferencial se impõe, particularmente pela necessidade de exclusão de malignidade. Com a generalização de terapêutica anti-hipertensora (nomeadamente inibidores da enzima de conversão, antagonistas dos recetores da aldosterona e antagonistas dos canais de cálcio), relembram igualmente a possibilidade de se tratar de efeito adverso farmacológico, solucionável pela modificação de terapêutica.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Braunstein GD. Gynecomastia. N Engl J Med 2007 Sep 20; 357 (12): 1229-37.         [ Links ]

2. Dickson G. Gynecomastia. Am Fam Physician 2012 Apr 1; 85 (7): 716-22.         [ Links ]

3. Deepinder F, Braunstein GD. Drug-induced gynecomastia: an evidence-based review. Expert Opin Drug Saf 2012 Sep;11 (5): 779-95.         [ Links ]

4. Nifedipine: Drug Information – Lexicomp. Disponível em: http://www.uptodate.com (acedido a 06/12/2012).         [ Links ]

 

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence

Filipe André de Gouveia Perneta

Serviço de Medicina Interna, Hospital dos Marmeleiros

Estrada dos Marmeleiros, Monte – Funchal

9054-535 FUNCHAL

filipe_perneta@portugalmail.pt

 

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a Dra. Rubina Miranda e Dra. Luz Brazão pelos seus contributos na revisão da presente carta.

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