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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Print version ISSN 2182-5173

Rev Port Med Geral Fam vol.33 no.5 Lisboa Oct. 2017

 

DOCUMENTOS

A espirometria em Medicina Geral e Familiar

Spirometry in General Practice/Family Medicine

Pedro Fonte,* Rui P. Costa*

*GRESP, Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF


 

A espirometria é um meio complementar de diagnóstico não invasivo que faz parte das provas funcionais respiratórias. No seu conjunto, estas têm como objetivo o estudo da função respiratória, sendo um auxiliar importante dos métodos de imagem que apenas conseguem avaliar a estrutura das vias aéreas.1 A espirometria, em particular, é um teste fisiológico que quantifica os volumes de ar, em função do tempo, que um indivíduo consegue inspirar e expirar.1-4

O estudo espirométrico é fundamental, e considerado mesmo condição imprescindível, no diagnóstico e seguimento de doenças respiratórias crónicas como, por exemplo, a Asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica.1,3 Porém, as suas indicações são mais variadas, incluindo o rastreio e diagnóstico de outras doenças respiratórias, a avaliação de queixas de dispneia, o despiste de efeitos adversos de fármacos, entre muitas outras.1,3,5

Por sua vez, a realidade portuguesa ainda não é coincidente com a importância atribuída a este exame. De acordo com dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, em Portugal Continental, no ano de 2014, estavam registados, nos cuidados de saúde primários, 117.807 pacientes como tendo Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica.4 Destes, apenas 10.948 tinham o seu diagnóstico confirmado por espirometria.4 As razões que justificam esta utilização insuficiente de espirometrias não são consensuais, mas esta constatação tem sido fortemente relacionada com o subdiagnóstico desta doença respiratória.6

Em situações pontuais têm sido organizados alguns serviços junto dos Agrupamentos de Centros de Saúde no sentido de dar cumprimento ao disposto na Orientação nº. 005/2016, da Direção-Geral da Saúde e no Despacho nº. 6.300/2016, de 12 de maio.7-8 Existem também outros locais com protocolos, celebrados entre os Agrupamentos de Centros de Saúde e o correspondente hospital de referência, no sentido de o serviço de pneumologia respetivo assumir a realização de todas as espirometrias consideradas necessárias naquela área geográfica. Contudo, à data da publicação deste documento, a maior parte do país continua com acesso insuficiente a estes serviços organizados de provas funcionais respiratórias.

Entende, assim, o GRESP como fundamental o investimento na formação dos médicos de família portugueses nesta temática. Acreditamos que os médicos de família com mais informação acerca deste tema estarão mais atentos para reconhecer situações em que há a necessidade de realizar espirometria, mais capazes para analisar criticamente os seus resultados e mais aptos para agir em conformidade.

Com este folheto, o GRESP pretende produzir um documento que ajude os médicos de família a melhorar os seus conhecimentos sobre espirometria, desde o momento da requisição da mesma até à interpretação dos resultados.

Neste documento incluem-se dados acerca dos principais parâmetros que podem ser encontrados nas curvas débito-volume, bem como os erros de desempenho mais frequentemente encontrados. São também abordados os critérios de positividade das provas de broncodilatação que permitem distinguir, por exemplo, os casos de obstrução reversível dos não reversíveis.

Apresentam-se também, de forma sucinta, as principais características definidoras dos três tipos principais de patologias respiratórias: obstrutivas, restritivas e mistas.

Por último, é feita uma sistematização dos vários passos da interpretação de espirometrias, para o que se recorre a um exemplo prático.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Cardoso AP, Ferreira JM, Costa RP. Avaliação da função respiratória em medicina familiar. Lisboa: LIDEL; 2015.         [ Links ] ISBN 9789897521195

2. Miller MR, Hankinson J, Brusasco V, Burgos F, Casaburi R, Coates A, et al. Standardisation of spirometry. Eur Respir J. 2005;26(2):319-38.         [ Links ] 

3. Dias HB, Oliveira AS, Bárbara C, Cardoso J, Gomes EM. Programa nacional para as doenças respiratórias: critérios da qualidade para a realização de uma espirometria. Lisboa: Direção-Geral da Saúde; 2014.         [ Links ]

4. Araújo AT, editor. Prevenir as doenças respiratórias, acompanhar e reabilitar os doentes: 11º relatório. Lisboa: Observatório Nacional das Doenças Respiratórias; 2016.         [ Links ]

5. Kaplan A, Pinnock H, Cooper J. Opinion no. 1: spirometry. Lockerbie, UK: International Primary Care Respiratory Group; 2010.         [ Links ]

6. Bernd L, Joan BS, Michael S, Bernhard K, Lowie EV, Louisa G, et al. Determinants of underdiagnosis of COPD in national and international surveys. Chest. 2015;148(4):971-85.         [ Links ]

7. Direção-Geral da Saúde. Especificações técnicas para a realização de espirometrias com qualidade em adultos, nos cuidados de saúde primários: orientação nº. 005/2016, de 28/09/2016. Lisboa: DGS; 2016.         [ Links ]

8. Despacho nº. 6.300/2016, de 12 de maio. Diário da República. Série II(92).

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