SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.40 issue1Family medicine: quo vadis?Consultation length: influencing factors and doctors’ and patients’ perspectives - a cross-sectional study author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Print version ISSN 2182-5173

Rev Port Med Geral Fam vol.40 no.1 Lisboa Feb. 2024  Epub Feb 29, 2024

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i1.13984 

Carta ao editor

Duração da consulta: fatores influenciadores e perspetivas de médicos e utentes - um estudo transversal

Consultation length: influencing factors and doctors’ and patients’ perspectives - a cross-sectional study

Luiz Miguel Santiago1  2 
http://orcid.org/0000-0002-9343-2827

1. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Portugal.

2 . Centro de Estudo e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra (CEISUC).Portugal.


Senhor Editor-Chefe da Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar,

Li com agrado o artigo “Duração da consulta: fatores influenciadores e perspetivas de médicos e utentes - um estudo transversal”.1

Tema deveras interessante, levantou-me algumas questões que proponho aos autores sejam consideradas eventualmente para novos trabalhos e, decerto, não só na, mas com a sua USF.

Como fatores que influenciam a duração da consulta sempre podemos e devemos pensar, para lá dos estudados, em fatores socioeconómicos e fatores decorrentes da realização da própria consulta.

Quanto à socioeconomia, é possível que esta variável em muito influencie na ótica de observação da duração pelas pessoas. Sabe-se que classes mais baixas têm pior aquisição de conhecimentos bem como multimorbilidade mais intensa e patologia menos controlada. Alguns estudos portugueses compararam já o Graffar com outros instrumentos, como o Socio-Economic Deprivation Index, que, sendo mais curto que o anterior, dá ideia da socioeconomia, permitindo até perceber diferenças perante o contexto de quem sofre e obrigando o médico a uma regular atualização da informação familiar. 2-6

A medicina centrada na pessoa, algo que a medicina geral e familiar (MGF) Portuguesa apregoa, tem sido alvo de poucos estudos. Exigindo do médico que a pessoa se expresse, que seja capacitada7 e empoderada, pode ser em si um método de consulta bem como um recurso para a melhoria da relação médico-doente, 6 da gestão do tempo de consulta e de agrado pela mesma. 8-9

Por acreditar que a qualidade da relação médico-doente advém da prática mais consolidada da medicina centrada na pessoa, que em MGF não estará forçosamente doente; e por acreditar que o modelo holístico se articula muito mais com o saber fazer diagnósticos e prescrever medicamentos proponho esta abordagem adicional a futuros trabalhos, estudando contextos mais diversos que não só o “meu ficheiro” ou a “minha USF”. 10 A MGF carece destes estudos científicos, pode fazê-los e e a RPMGF deve ser o instrumento da sua divulgação, sendo de salientar o artigo citar catorze referências bibliográficas, sendo três portuguesas, mas apenas uma de um estudo de investigação realizado em Portugal por médicos portugueses. 10

Referência bibliográfica

1. Santos CN, Pedrosa BF, Martins M, Gouveia F, Franco F, Vardasca MJ, et al. Duração da consulta: fatores influenciadores e perspetivas de médicos e utentes - um estudo transversal. Rev Port Med Geral Fam. 2023;39(6):549-61. [ Links ]

2. Miranda MR. Classificação socioeconómica familiar em medicina geral e familiar: a comparação de dois modelos (dissertation). Coimbra: Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; 2022. Portuguese. Available from: https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/97619 [ Links ]

3. Brandão AC, Santiago LM, Simões JA. Adaptação cultural e validação de Multimorbidity Treatment Burden Questionnaire (MTBQ) para português europeu. Rev Port Med Geral Fam. 2023;39(6):504-11. [ Links ]

4. Pinto S, Garcia R, Freitas M, Costa L, Matos JR, Rodrigues S, et al. Pessoa com insuficiência cardíaca na Região Centro de Portugal: o seu contexto em 2022. Rev Port Med Geral Fam. 2023;39(6):513-21. [ Links ]

5. Bispo RM, Santiago LM, Rosendo I, Simões JA. Risco familiar, classificação socioeconómica e multimorbilidade em medicina geral e familiar em Portugal. Rev Port Med Geral Fam. 2022;38(2):149-56. [ Links ]

6. Florêncio N, Trindade C, Santiago T. Raciocínio médico na consulta com doente e acompanhante: reflexão a propósito dum caso clínico. Rev Port Med Geral Fam. 2019;35(6):501-7. [ Links ]

7. Simões JA, Prazeres F, Maricoto T, Simões PA, Lourenço J, Romano JP, et al. Physician empathy and patient enablement: survey in the Portuguese primary health care. Fam Pract. 2021;38(5):606-11. [ Links ]

8. Coelho BM, Santiago LM. Medicina centrada na pessoa: validação populacional de um instrumento de medida pela pessoa. Rev Port Med Geral Fam. 2022;38(3):247-56. [ Links ]

9. Mendes R, Santiago LM. Empatia e empoderamento na diabetes mellitus tipo 2. Rev Port Med Geral Familiar. 2022;38(5):461-72. [ Links ]

10. Santiago LM. A investigação em medicina geral e familiar em Portugal. Rev Port Med Geral Fam. 2017;33(6):383-4. [ Links ]

Recebido: 11 de Janeiro de 2024; Aceito: 15 de Fevereiro de 2024

Endereço para correspondência Luiz Santiago E-mail: luizmiguel.santiago@gmail.com

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons