Introdução
Este texto investiga o circuito cultural e geográfico do movimento Poetry Slam em Portugal. Existem movimentos Poetry Slam1 em diferentes países e cidades do mundo, constituídos por coletivos que realizam eventos poetry slams - competições de poesia falada, onde pessoas poetas se reúnem em torno da poesia performada, recitam suas produções e são avaliadas por um júri popular. Não é necessário ter formação acadêmica nem profissional para participar - o intuito do Poetry Slam é justamente popularizar a poesia oral e demonstrar que todas as pessoas podem escrever e expressar-se. Desse modo, podemos entendê-lo como uma contracultura que se opõe aos espaços prestigiados e elitizados da poesia.
O movimento Poetry Slam é recente em Portugal e os coletivos participantes são constituídos por uma diversidade de pessoas nacionais e imigrantes, reflexo da composição social do país, que possui sua história contemporânea fortemente marcada pelos movimentos migratórios. São corpos heterogêneos que refletem sobre suas vivências e seus anseios na poesia.
As dimensões geográficas do Poetry Slam consistem em ser um fenômeno urbano, nos encontros espaciais que possibilita, nas dinâmicas que cria no espaço geográfico, nas influências que os contextos espaciais exercem nos eventos e nos coletivos, e na potencialização das capacidades de agir das pessoas poetas. Focando-se nestes aspetos, este texto tenta perceber quais as dinâmicas geográficas presentes no Poetry Slam em Portugal.
Inicialmente, apresentam-se os procedimentos metodológicos. Em seguida, discute-se o movimento de poesia falada. A terceira parte centra-se na geografia do Poetry Slam. Na quarta seção, aborda-se o contexto do movimento em Portugal, com foco em sua espacialização e circuitos. Na última parte, antes das considerações finais, debatem-se alguns aspectos que sobressaíram no percurso da pesquisa.
Constatou-se a existência de um circuito cultural, geográfico e poético, com coletivos distribuídos irregularmente por Portugal e que adquirem características dos contextos espaciais e temporais de ocorrência. São nos eventos nacionais que diferentes trajetórias de vida e de espaço se encontram e estabelecem redes de sociabilidade e articulação entre os coletivos do Poetry Slam. O corpo emergiu como importante escala de análise, por se tratar da poesia performada em que as identidades heterogêneas são expressas.
1. O percurso metodológico para estudo do Poetry Slam
Os procedimentos metodológicos para a elaboração deste texto consistiram em trabalhos de campo, diário de campo, observações participantes, entrevistas semiestruturadas e elaboração de mapas no software QGis.
Os trabalhos de campo foram realizados entre os meses de fevereiro e junho de 2023 em eventos do Poetry Slam realizados pelos coletivos das cidades de Almada, Aveiro e Lisboa, em que foi possível estabelecer contato com as pessoas que integram esses coletivos. Durante os eventos, a metodologia utilizada foi a observação participante e o diário de campo. A maioria dos trabalhos de campo ocorreram nos eventos do coletivo Todo Mundo Slam (TMS), em que conheci sua organizadora, Maria Giulia Pinheiro. Ela foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa, indicando contatos e explicando o contexto do Poetry Slam português a partir de sua perspectiva.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com mulheres poetas que integram o Poetry Slam em Portugal. Estas seguiram um roteiro previamente elaborado em que se questionava o encontro das poetas com o movimento, qual o impacto em suas experiências de espaço, o panorama dos coletivos portugueses e os aspectos organizacionais. Ocorreram tanto de forma presencial quanto online, o que foi definido de acordo com o local em que as mulheres residiam em Portugal. Os diálogos foram gravados e, posteriormente, transcritos e sistematizados.
As entrevistadas foram: Carol Braga - poeta brasileira, migrou para Portugal em 2019, mas regressou para o Brasil em 2022, é uma das fundadoras do coletivo Slam das Minas-Coimbra (SMC), foi campeã do Portugal SLAM em 2020/2021 e representante do país na Copa do Mundo de Slam de Poesia em 2022; Li Alves - poeta portuguesa, organizadora dos coletivos de Poetry Slam de Almada e de Torres Vedras, também é cofundadora da plataforma Portugal SLAM e, desde 2016, faz parte de sua coordenação; Maria Giulia Pinheiro - poeta brasileira, migrou para Portugal em 2019, é organizadora do coletivo TMS e representou Portugal na Copa do Mundo de Slam de Poesia de 2021; Marina Ferraz - poeta portuguesa, foi representante do coletivo de Sintra no Portugal SLAM de 2021 e de Coimbra em 2022; Rita Capucho - poeta portuguesa, é uma das organizadoras do Poetry Slam Aveiro e do Portugal SLAM. Por escolha das entrevistadas, e após terem dado oralmente seu consentimento informado, os nomes utilizados neste texto são verdadeiros.
O fato de somente mulheres terem sido entrevistadas é justificado pelo meu envolvimento em uma pesquisa mais ampla, fruto de um estágio que teve como objetivo compreender como as poetas estão posicionadas no movimento português. São mulheres que participam ativamente no Poetry Slam, organizam coletivos, competem e possuem visões importantes a serem tidas em consideração.
2. Poetry Slam: do local ao global
Poetry slams são competições de poesia falada, onde palavra e corpo se unem e resultam em uma performance poética. Nos últimos anos, o número de pesquisas sobre o movimento tem aumentado, desde análises das poesias performadas em eventos até interpretações dos coletivos locais de diferentes cidades do mundo. As primeiras pesquisas produzidas a nível internacional sobre a história inicial do Poetry Slam foram de Schmid (2000), Somers-Willett (2005, 2009) e Gregory (2009).
O Poetry Slam foi criado em Chicago em 1986 por Marc Smith, um trabalhador da construção civil e poeta. Após identificar o desinteresse manifestado pelas pessoas em declamações poéticas tradicionais e objetivando extrapolar os espaços elitizados e acadêmicos em que os eventos aconteciam, Smith uniu competição, recital e performance para dinamizar os eventos, resultando no movimento. O primeiro evento, denominado Uptown Poetry Slam, ocorreu no Chicago’s Green Mill Tavern Assemble e contou com grande participação da plateia animada pela competição, elemento que se repetiu nos eventos seguintes e impulsionou o Poetry Slam pelo mundo (Somers-Willet, 2009).
Nos anos seguintes, a prática se espalhou para outras cidades dos Estados Unidos, como Nova Iorque e São Francisco, e foi disseminada pelo mundo, constituindo movimentos locais e nacionais. Na década de 1990 chegou a países europeus como Alemanha, França e Inglaterra; e nos anos 2000 ao Brasil, mais precisamente em 2008 com a criação do Zona Autônoma da Palavra - ZAP! Slam por Roberta Estrela D’Alva.
O Poetry Slam assume contornos específicos de acordo com o contexto em que ocorre, todavia, três regras são obrigatórias às competições: as poesias devem ser autorais; cada pessoa poeta tem até três minutos para recitar suas poesias; e não é permitido a utilização de figurinos ou objetos durante as performances. Os poetry slams são compostos por: slammaster (mestre de cerimônias), pessoas poetas, júri (cinco pessoas escolhidas aleatoriamente) e público. Após cada performance, o júri atribui notas de zero a dez. Ao longo da competição acontecem rondas e os poetas que obtiverem as maiores notas avançam para as etapas seguintes até à final.
Os temas das poesias vão do local ao global, e questões específicas da realidade em que o poetry slam ocorre estão presentes nas produções - por exemplo, questões pessoais (histórias de vida, desejos e anseios), e assuntos gerais, tais como problemas sociais e políticos (racismo, discriminação de gênero e de sexualidade, desigualdade social e xenofobia). Os temas que cada pessoa poeta aborda em suas poesias variam de acordo com sua identidade e a forma como percepciona a sua posição no mundo.
A partir de Bortolozzo (2021: 64), entendemos o Poetry Slam como um movimento poético-político-social. O movimento recebe essa classificação por não se tratar somente de uma expressão artística, mas por também envolver aspectos sociais e políticos. Seu surgimento enquanto uma contracultura é um indicativo desses elementos, oposta àquela que circulava em espaços elitistas que excluíam as classes populares. O microfone é livre para toda a pessoa que desejar se expressar. Como aponta D’Alva (2019), a ideia é democratizar o acesso à poesia.
Bortolozzo (2021: 154-155) elenca três dimensões que ocorrem no Poetry Slam: processos identitários e performatividade, busca pela autorrepresentação, e conformação de múltiplos corpos por meio de um corpo político. Assim, a constituição e a expressão de identidades são intrínsecas ao Poetry Slam. Por meio da palavra, as pessoas poetas demonstram quem são ou o que querem ser e destacam suas trajetórias de vida e de espaço, assim como reflexões e anseios. O encontro de pessoas poetas em um mesmo espaço gera sociabilidade, troca e coconstituição. Tendo em vista o encontro e a horizontalidade defendida pelo movimento, as identidades marginalizadas têm o Poetry Slam como um movimento propício e mais seguro para se manifestarem, e onde a diversidade é celebrada e assume uma posição de centralidade (Somers-Willett, 2005, 2009).
Por concentrar determinados públicos, influenciar na organização do espaço, constituir corporalidades, tensionar estruturas históricas e espaciais, e articular diferentes escalas geográficas de interpretação, defendo que o Poetry Slam pode ser interpretado através da ciência geográfica. Como esforços iniciais na interpretação do Poetry Slam por meio da geografia, descrevo os movimentos das pessoas poetas entre os coletivos e a distribuição destes em Portugal.
3. A geografia do Poetry Slam
Organizado em coletivos, o Poetry Slam espalhou-se pelo mundo em circuitos transnacionais (Aderaldo e Raposo, 2016), atravessando fronteiras e passando por um processo de hibridização entre o local e o global. As suas regras básicas foram transportadas e unidas às particularidades dos contextos espaciais e temporais em que se territorializou. Desse modo, significados locais são interconectados aos globais, tal como indica Simões (2010: 83): “[...] o significado simbólico das práticas culturais de comunicação só pode ser entendido como um facto simultaneamente local e global”. Os coletivos expressam as demandas da realidade em que são formados e das pessoas que os constituem. Temos como exemplos os poetry slams “das minas” (em São Paulo, Rio de Janeiro e Coimbra), que são iniciativas de mulheres em busca de representatividade no movimento; de pessoas LGBTQIA+ (Slam Marginália, em São Paulo); e de pessoas com deficiência (Slam do Corpo, em São Paulo). Esse panorama demonstra como a constituição de identidades é uma marca do movimento.
O Poetry Slam é formado por coletivos culturais, grupos informais de pessoas que organizam as competições de poesia falada e performada e que não possuem uma estrutura hierárquica. As ações resultantes desses coletivos ocorrem em diferentes escalas que, segundo Smith (2002), são estabelecidas por meio da estrutura geográfica das interações sociais. Desse modo, há os coletivos que possuem atividades que se limitam à escala do bairro, atraindo pessoas que residem nas proximidades do local em que ocorrem, assim como também há os agrupamentos que acontecem em espaços com maior centralidade e reúnem pessoas de toda a cidade ou, até mesmo, da região metropolitana.
Nesse sentido, o conceito de circuito (Magnani, 2005) torna-se pertinente. Circuito é “a configuração espacial, não contígua, produzido pelos trajetos de atores sociais no exercício de algumas de suas práticas, em dado período de tempo” (Magnani, 2014: 8), envolvendo dimensões espaciais e temporais e práticas espaciais. São as relações sociais e as espacialidades das pessoas que compõem os coletivos e o público dos eventos que, por sua vez, constituem os circuitos de poetry slam em diferentes cidades.
Segundo Magnani (2014), esses circuitos incluem equipamentos do espaço físico e também do meio virtual, pois há a materialização na cidade e também há ações de articulação e divulgação online. No Poetry Slam há reuniões virtuais de organização dos coletivos e eventos (alguns coletivos convidam o público para contribuir nessa tarefa), divulgação dos eventos para informar e convidar o público e, em meio a outros processos de gestão, há a realização do evento presencial, em que os coletivos e todas as pessoas que participam deles se territorializam no espaço urbano em torno da poesia falada e performada. Esse cenário demonstra a interdependência entre o on-line e o off-line (Simões, 2010), em que a internet não é somente uma tecnologia, mas é também um produto, uma prática cultural e um significado por envolver conteúdos, formas, autores, usos e funções. O meio virtual destaca a importância simbólica do espaço físico para a sociabilidade e a expressão.
Assim como os coletivos, os circuitos do poetry slam também possuem diferentes escalas geográficas que variam entre o local e o global. A Copa do Mundo de Slam de Poesia2 é um exemplo de articulação do movimento em escala internacional: acontece na França desde 2007 e reúne representantes de 20 países para competirem entre si. Em 2023, pessoas poetas de quatro continentes participaram da competição: América, Ásia, Europa e África. Há também os campeonatos em: escala continental, a Copa América de Slam e o European Poetry Slam Championship; escala nacional, o SLAM BR (Brasil), o NGOLA Slam (Angola) e o Portugal SLAM; escala estadual, Slam SP (São Paulo); e escala local a exemplo dos coletivos portugueses que serão apresentados. São exemplos de competições que expressam o papel das relações sociais no estabelecimento de escalas (Smith, 2002). De acordo com a centralidade que os coletivos possuem no contexto em que estão inseridos, maior é sua articulação com os circuitos nacionais e internacionais. Os grandes eventos proporcionam o encontro, reúnem diferentes nacionalidades e diversidades de identidades que sociabilizam e trocam experiências.
Os circuitos se materializam no espaço geográfico, sobretudo no espaço urbano. Além de um movimento poético-político-social, o Poetry Slam é urbano. Segundo Salgueiro (2001), a cidade é o espaço sucessivamente produzido e apropriado pelas vivências e práticas cotidianas, produto-território para satisfazer as relações sociais, econômicas e políticas de produção e reprodução. Assim, a cultura também influencia na (re)produção das cidades. De acordo com Carrano (1999), as cidades podem ser entendidas como arenas culturais, desdobramentos do diálogo multicultural entre sujeitos sociais heterogêneos. Nesse sentido, o Poetry Slam atua na construção do espaço urbano. Ao proporcionar o encontro de diferentes pessoas em um determinado local da cidade, o movimento estimula a superposição de espacialidades e interfere nas dinâmicas que acontecem na área, temporariamente.
O corpo pode ser entendido como uma escala de análise das relações sociais e espaciais que são estabelecidas no Poetry Slam. Silva e Ornat (2020) ressaltam que o corpo é relacional e, por meio de sua leitura social, as pessoas são posicionadas social e espacialmente. Essa posicionalidade é determinante entre pessoas poetas, e o conjunto de marcadores corporais e identitários interfere em suas poesias e performances. Segundo Bortolozzo (2021), três fatores destacam a importância de considerar os corpos nas discussões sobre Poetry Slam: estes são expressivos e perceptíveis nas rodas de poesia, pois cada pessoa - poeta, júri e público - age de forma específica no espaço; a união entre os corpos constitui uma espécie de corpo único e múltiplo; os corpos performam as diferenças e pluralidades devido às suas identidades.
Desse modo, os corpos do Poetry Slam são corpos políticos. Aqueles que concentram marcadores corporais desvalorizados na estrutura social (Silva e Ornat, 2020) - tais como mulheres, pessoas negras ou trans - têm a possibilidade de assumirem posição de centralidade por meio da arte, buscando romper com as amarras sociais e apropriar-se dos espaços.
As dinâmicas aqui apresentadas são comuns ao Poetry Slam, mas assumem contornos específicos de acordo com os contextos espaciais e temporais e conforme a organização dos coletivos, que ora enfatiza ora invisibiliza determinadas características. No caso de Portugal, a geografia do Poetry Slam modifica-se entre regiões.
4. O Poetry Slam em Portugal
O Poetry Slam é recente em Portugal. Segundo Vasques (2016), o primeiro evento ocorreu em 27 de junho de 2009, no Festival Silêncio em Lisboa. Foi organizado por Alex Cortez (músico, programador cultural e formador) e pelo Goethe-Institut Portugal em parceria com o Instituto Franco-Português, e produzido pela Cultural Trend Lisbon. O movimento possui cerca de 14 anos de existência e ainda não há grande volume de pesquisas que investiguem suas dinâmicas: Vasques (ibidem) mapeou e analisou os primeiros anos do Poetry Slam em Portugal; Vilar (2020, 2023) debateu a memória da colonização através da poesia, abordando as identidades e escritas periféricas de Lisboa; e Pinheiro et al. (2023) discorreram sobre a poesia imigrante do festival nacional, analisando produções poéticas de finalistas.
Após 2009, a prática do poetry slam tornou-se mais conhecida e disseminou-se por Portugal, inicialmente na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Em 2010 foi criado o Poetry Slam Lisboa por Ana Reis e Mick Mengucci e, em 2011, foram formados novos coletivos como os Poetry Slam Amadora, Poetry Slam Coimbra, Poetry Slam Sul e Slam LX.
O ano de 2014 representou um marco no Poetry Slam português, já que foi fundada a plataforma Portugal SLAM, destinada à divulgação, articulação e promoção do movimento, organizada por representantes dos coletivos e associações dinamizadoras. Anualmente ocorre um festival nacional, o Portugal SLAM, onde competem as pessoas poetas que venceram as edições locais organizadas pelos coletivos. Por sua vez, a pessoa vencedora representa o país na Copa do Mundo de Slam de Poesia. A plataforma também realiza workshops e atividades literárias em comunidades, bibliotecas, escolas e espaços culturais.3
Li Alves, Raquel Lima, Nuno Piteira, Mick Mengucci, Nilson Muniz e Sérgio Coutinho foram responsáveis pela criação do Portugal SLAM: “[...] foi um projeto ambicioso, trouxemos convidados de outros países, porque a ideia era fazer mais do que uma competição nacional, era fazer um festival da palavra dita [...] foi uma experiência para toda a gente [...] fomos construindo uma rede”.4 Isso ressalta a intenção de criar um circuito de coletivos a partir da plataforma, além de reforçar a dimensão popular do Poetry Slam.
O número de coletivos que integram a plataforma e o festival nacional, assim como o movimento Poetry Slam, varia anualmente. Em 2022, 12 coletivos faziam parte do Portugal SLAM: “Poetry Slam” Almada, Amadora, Aveiro, Coimbra, Leiria, Porto, Sintra, Torres Vedras; “Poeta Qu’Pariu” (Loulé); “Slam das Minas-Coimbra” (Coimbra), “LabIO Slam” (Lisboa); e “Todo Mundo Slam” (Lisboa). A Imagem 1 apresenta sua espacialização no país.
O Poetry Slam está distribuído de forma desigual pelo território de Portugal. De entre as sete regiões, há uma concentração de cinco coletivos na AML - nas localidades de Almada, Amadora, Lisboa (LabIO Slam e TMS) e Sintra -, e outros cinco na região Centro nas cidades de Aveiro, Coimbra (Coimbra e SMC), Leiria e Torres Vedras. Há somente um coletivo na região Norte, no Porto, e um na região Algarve, em Loulé. As regiões Alentejo, Açores e Madeira não possuem coletivos.
Não é possível estabelecer uma única explicação ou critério para interpretar essa distribuição desigual. O que há em comum entre os coletivos é que todos ocorrem em importantes espaços urbanos de Portugal. Trata-se de um movimento fundamentalmente urbano (Carrano, 1999; Feixa, 1999), que utiliza as formas espaciais e fluxos existentes para criar novas redes entre pessoas e cidades. Criado em Lisboa, o Poetry Slam se espalhou inicialmente por essa cidade (com LabIO Slam e Slam LX) e por seus arredores (com os “Poetry Slam” Amadora, Sintra e Sul). A centralidade da capital do país no contexto cultural persiste até aos dias atuais, sendo referência nas reflexões não somente sobre Poetry Slam, mas também sobre a poesia tradicional.
Coimbra tem destaque na espacialização do Poetry Slam no país, possuindo dois coletivos, o SMC e o Poetry Slam Coimbra. É a maior cidade da região Centro e muito voltada para pessoas jovens e universitárias, e por este motivo os coletivos culturais encontram um terreno fértil para a organização de eventos. Por exemplo, o coletivo SMC é constituído por mulheres que cursam graduação e pós-graduação na cidade, seus eventos são frequentados predominantemente por jovens mulheres e ocorrem nas proximidades da Universidade de Coimbra, ressaltando o papel determinante desse espaço na execução das atividades.
Além de Coimbra, as cidades de Aveiro, Leiria e Torres Vedras representam também o Poetry Slam na região Centro. Aveiro e Leiria possuem escala local, não recebendo público significativo de seus arredores. Torres Vedras ainda caminha para a consolidação de seu público e popularização da ideia de que todas as pessoas podem escrever poesia. Li Alves dinamiza a organização do coletivo dessa cidade e esse cenário é um dos exemplos de como o Poetry Slam foi disseminado pelo país: por não ser um grande centro urbano com uma diversidade de eventos culturais como Lisboa e Porto, o movimento em Torres Vedras não se expandiu pela tradição da literatura poética local, mas sim por pessoas ligadas ao Poetry Slam das cidades de maior destaque que tiveram a iniciativa de levar o movimento para outras localidades e fomentar o circuito nacional.
O Porto é a única cidade do Norte que possui um coletivo de Poetry Slam. É a segunda maior cidade do país, tratando-se de um importante centro urbano onde diferentes expressões culturais são fomentadas. Desse modo, conforme os poetry slams se disseminaram por Portugal, foi criado um coletivo nessa cidade que, por possuir um sistema de transportes integrado, possibilita que pessoas das localidades vizinhas participem dos eventos sem a necessidade de realizar longos deslocamentos.
O Poeta Qu’Pariu é o único coletivo da região Algarve, ocorre em Loulé que, sendo o concelho mais populoso da área, oferece uma série de atividades culturais e é um espaço propício para as competições. Este coletivo é um dos mais ativos do país ao disseminar a competição pela região realizando atividades ao longo do ano, como oficinas de poesias em escolas para que estudantes conheçam o movimento, oficinas de escrita para formar poetas, e recitais de poesias. Além disso, possui parceria com outros eventos que ocorrem na região.
Dessa forma, as regiões portuguesas possuem características geográficas, econômicas, políticas e culturais próprias que influenciam nas dinâmicas do Poetry Slam. Há uma concentração de coletivos nos territórios luminosos de Portugal (Santos, 1996: 194), ou seja, cidades de destaque no país, com densidade de técnicas, atividades, capital e tecnologias, à exemplo de Lisboa, Coimbra, Porto e seus arredores. Entretanto, o movimento não se restringe aos espaços de destaque: enquanto contracultura, ele também busca aqueles espaços excluídos da circulação cultural, como Torres Vedras e Leiria.
Os eventos de poetry slam ocorrem, comumente, em bares, bibliotecas ou outros espaços culturais. O público é constituido, em média, por 20 a 50 pessoas. Entretanto, alguns coletivos (como os de Sintra e Aveiro) enfrentam dificuldades em termos de participantes, fato que não diminui a relevância do coletivo e de suas atividades, mas que é um indicativo de que o movimento ainda não é amplamente conhecido nem muito frequentado pela população portuguesa, mesmo com todo o seu potencial de expressão e reivindicação.
Portanto, a espacialização apresentada na Imagem 1 demonstra a existência de um circuito português de Poetry Slam. Conforme Magnani (2014: 3), os pontos do circuito são descontínuos, mas possuem uma coerência e constituem um conjunto que pode ser facilmente apreendido. No Poetry Slam em Portugal, a coerência é dada pela prática comum da competição de poesia performada. São as práticas espaciais das pessoas poetas que circulam pelos diferentes eventos em busca de uma vaga no festival nacional que criam as conexões entre os coletivos. O Portugal SLAM representa o principal ponto de articulação desse circuito espacial, cultural e poético, em escala nacional.
Há também um circuito de menor escala, constituído pelos coletivos da AML. Em virtude da proximidade entre cidades e da oferta de transporte público que articula Lisboa, Almada, Amadora e Sintra, as pessoas poetas possuem facilidade em transitar entre elas para competir. Durante os trabalhos de campo realizados, foi possível encontrar as mesmas pessoas poetas em diferentes eventos, como em Lisboa e Almada.
O panorama do Poetry Slam português apresentado revela a diversidade de coletivos e as potencialidades que o país possui para a maior disseminação dessa prática, por exemplo, em termos de mobilidade urbana. A localização dos coletivos é diretamente influenciada pela centralidade que as cidades possuem no país, em termos de concentração de fluxos econômicos, políticos e culturais. Os poetry slams e os coletivos responsáveis geralmente estão presentes em cidades com maior oferta de atividades e equipamentos culturais, como Lisboa, Porto e Coimbra.
5. O movimento e os corpos poéticos
Como foi mencionado anteriormente, o movimento Poetry Slam ainda enfrenta dificuldades para a sua popularização. Esta contracultura ocupa posição de marginalidade no meio artístico e cultural do país, sobretudo ao tensionar o elitismo dos espaços literários e poéticos e a estrutura social portuguesa.
Por meio das entrevistas, é possível estabelecer três fatores que têm impacto na disseminação do movimento. O primeiro é o baixo alcance das divulgações, pois os eventos concentram mais poetas do que o público em geral:
[...] o slam é conhecido, mas em meios das pessoas que escrevem. Agora que está numa fase que pode chegar a um público maior, acho que há um grande potencial daquilo que pode ser feito, quer a nível educativo, quer a nível da própria linguagem; o slam tem uma linguagem de maior proximidade, é mais acessível. E isso pode ser ótimo para o empoderamento das pessoas para a escrita, para serem criadoras, criativas, utilizar o corpo e a palavra para falarem e se expressarem.5
Como apontado pela poeta, o Poetry Slam possui grande potencial educador e reflexivo; porém, há a necessidade de a abrangência das competições ser ampliada. Nesse sentido, o evento Portugal SLAM e os coletivos como o Poeta Qu’Pariu promovem oficinas formativas em escolas e bibliotecas, com o intuito de constituir um público maior para o movimento, seja de pessoas poetas ou apreciadoras dos eventos.
Li Alves e Maria Giulia Pinheiro indicam que o segundo fator está relacionado ao conservadorismo existente na organização social portuguesa, em que há falta de debates sociais e políticos na literatura e resistência à sua realização. Como apontado por Pinheiro, “[...] tem muitos assuntos tabutizados, tem pouco caráter de denúncia”.6
Maria Giulia Pinheiro e Rita Capucho apontam que o terceiro fator está ligado à competição, já que há pessoas que preferem participar apenas de recitais de poesia ao invés de competições de poetry slam, pelo receio de suas produções serem julgadas. Marina Ferraz tece uma importante observação em relação à competição: “[...] quando é que são dados três minutos para tu falares o que quiseres? [...] eu não acho que aquilo é importante como competição, eu acho que a competição ajuda a chamar público e tu falares para aquele público é importante”.7 Quando Marc Smith criou o Poetry Slam, o elemento da competição foi utilizado como forma de dinamizar os espaços de poesia, demonstrando que o foco precisa ser a possibilidade de expressão e de sociabilidade (Somers-Willett, 2009: 7).
Segundo Vilar (2020: 136), a chegada à Europa do Poetry Slam teve implicações no crescimento dos discursos de identidade e diversidade. Em Portugal, não há um público universal no Poetry Slam, todavia, justamente pelo seu potencial de afirmação e expressão, as identidades múltiplas e marginalizadas encontram a possibilidade de falarem e serem ouvidas. Grupos não hegemónicos como mulheres, LGBTQIA+, negros e imigrantes são presença marcante nos eventos, e as suas poesias versam, comumente, sobre as vivências permeadas pelas convenções de género, sexualização, racismo, imigração e discriminação. Estes grupos convidam o público a refletir conjuntamente acerca de temas como história, política e feminismo.
Durante os trabalhos de campo, a presença imigrante chamou atenção. Tendo em vista o passado colonial de Portugal e os intensos movimentos migratórios (Silva, 2015), o país possui uma significativa quantidade de imigrantes. As pessoas imigrantes têm participado cada vez mais no movimento, ocupando posições importantes nos festivais nacionais e também na organização de coletivos, à exemplo do SMC e TMS.
O SMC foi criado em 2020 por um grupo de poetas: Ana Luiza Tinoco, Carol Braga, Greta Rocha (brasileiras) e Jorgette Dumby (angolana), que identificaram as disparidades de gênero no Poetry Slam e tiveram a iniciativa de organizar um coletivo somente de mulheres, buscando criar um espaço mais acolhedor para os corpos femininos: “[...] queríamos garantir que todo ano pelo menos uma finalista fosse mulher, porque essa é a ideia também do Slam das Minas, tipo todos os slams podem ter homens, mas pelo menos no Slam das Minas vai ter uma mulher”.8 A criação de tal coletivo foi permeada por enfrentamentos e negociações, pois havia pessoas do contexto do Poetry Slam português que se posicionaram contra o estabelecimento de um recorte de gênero na constituição de um coletivo, o que aponta para a reprodução do patriarcalismo e machismo no movimento.
O TMS foi criado por Maria Giulia Pinheiro em 2019, descrito como sendo um “campeonato de poesia falada decolonial para cruzar fronteiras”9, pauta a urgência de romper com a colonialidade através do poder da palavra performada, e utiliza o termo “línguas portuguesas” para abranger toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa e cruzar as fronteiras. O coletivo foi criado a partir da necessidade, identificada pela organizadora, de estabelecer um espaço acolhedor para todas as pessoas, sobretudo imigrantes. Após sofrer discriminação de gênero e xenofobia em um evento que compareceu, Maria Giulia Pinheiro disse “[...] eu vou fazer um poetry slam, porque eu não me senti como migrante bem-vinda nesse poetry slam, eu só tinha ido em um, eu quero criar um slam que seja pra todo mundo”.10
Desse modo, tratam-se de coletivos que estabeleceram fissuras na estrutura do Poetry Slam e apontaram para a importância de considerar a diversidade populacional de Portugal e para a falta de representatividade de grupos não hegemónicos nos espaços.
Segundo Pinheiro et al. (2023), nas finais da competição nacional de 2019, 2020/21 e 2022 todas as pessoas que foram para a ronda final e consequentemente venceram foram imigrantes vindas do Brasil e de Angola.11 As discussões sociais sobressaem em suas poesias, sobretudo a questão migratória, racial, de gênero e do passado colonial. A poesia de Marina Campanatti (2023: 18) ilustra esse cenário:
Eu vim de lá
E estou aqui
Trazendo na minha mala tudo o que vivi
Uma cultura rica e todo um saber
Meu esforço e alegria para poder oferecer
Mas deparo-me com uma fronteira invisível
Insensível
O cara olha pra mim e questiona minha escola
Tá fazendo o que aqui?
Volta lá para a tua zona
Teu sotaque é diferente
Até parece uma outra língua
Vem roubar o meu emprego
E quer ser feliz ainda?
Esse jeito que tu vives...
Essas ideias na cabeça...
Não é possível, meu amigo,
Que tenha tanta diferença
Para, por favor, de me estigmatizar
Me tratar tão diferente só porque eu vim de lá
[...]
A poeta brasileira refere “lá” como o Brasil e “aqui” como Portugal, se tratando de uma denúncia à xenofobia de que imigrantes são alvo em Portugal. Há ainda o fator da poeta ser mulher e os discursos discriminatórios assumirem contornos também da discriminação de género e sexismo. A poesia de Marina é uma prática decolonial, a poeta se opõe a um padrão universal dos modos de ser e conhecer, destacando as potências da pluralidade cultural e de atribuir visibilidade às diferentes trajetórias de vida.
A partir de um levantamento de todas as pessoas que participaram do festival Portugal SLAM entre 2014 e 2022 e suas cidades e países de origem, foi possível identificarmos alguns elementos: 70 pessoas participaram das competições como poetas (algumas delas estiveram presentes em mais de um festival), 25 eram do sexo feminino (35,7%) e 45 eram do sexo masculino (64,3%). Em relação a presença de imigrantes, 21 das 70 pessoas eram estrangeiras (30%). A Imagem 2 apresenta a espacialização do levantamento.
As pessoas poetas são oriundas de seis países e uma região administrativa especial: Portugal (49), Brasil (12), Angola (4), Guiné-Bissau (2), Itália (1), México (1) e Macau, China (1). Com exceção da Oceania, todos os continentes possuem representantes no Poetry Slam português. Esse panorama demonstra a internacionalização do movimento em termos de poetas (reflexo da composição populacional do país) e o encontro de diferentes identidades, por meio da poesia falada, em um mesmo espaço: o festival Portugal SLAM.
A Imagem 3 demonstra que a origem de pessoas poetas portuguesas também é ampla, 21 localidades distintas, com predominância da porção oeste do território português. Há uma predominância de pessoas poetas oriundas de cidades que possuem coletivos de Poetry Slam, tais como Lisboa (14), Porto (7), Aveiro (3), Amadora (3) e Almada (2), indício do incentivo à participação em competições poéticas que é realizado nesses contextos urbanos.
A concentração de pessoas poetas em Lisboa destaca a centralidade da metrópole na organização não apenas do território português, mas também do contexto cultural do país. Tal influência se estende à sua região metropolitana, que também possui relevância em número de pessoas poetas.
Saliento que as pessoas poetas representadas nas Imagens 2 e 3 são aquelas que venceram as competições locais e participaram do Portugal SLAM. No entanto, cada coletivo realiza, no mínimo, quatro eventos ao longo do ano, ou seja, o movimento é muito amplo e envolve mais pessoas portuguesas e imigrantes.
Dessa forma, poetas de diferentes nacionalidades, idiomas, culturas e trajetórias de vida e espaço se encontram, sociabilizam, estabelecem ligações e potencializam suas capacidades de agir, de acordo com seus campos de possibilidades no Poetry SLAM. O contexto histórico, social e geográfico de Portugal pode ser também identificado no movimento na medida em que: os coletivos se concentram nas cidades com considerável influência em suas respectivas regiões; a estrutura desigual de género ainda é reproduzida na organização do movimento; e a questão migratória marca a composição dos eventos e coletivos. Em meio a estas contradições, poetas mulheres se posicionam no interior desse movimento, estabelecem fissuras e buscam a equidade de género. Para além disso, aquelas que são imigrantes buscam a dignidade de viver e se expressar no país, de modo a transporem as barreiras contundentes da desigualdade entre pessoas nacionais e imigrantes.
Considerações finais
Além de se caracterizar como um movimento poético-político-social, o Poetry Slam é também geográfico. Este texto discutiu alguns de seus aspectos a partir da geografia, mas saliento que outros múltiplos olhares são possíveis, desde subcampos dessa ciência até outras áreas como a literatura, a sociologia e as artes.
A partir das investigações de campo, foi possível identificar a existência do circuito geográfico, poético e cultural que culmina no Portugal SLAM. Coletivos de diferentes escalas realizam eventos, fomentam as atividades culturais de suas cidades e se encontram no festival nacional. São nos eventos locais e, principalmente, nos espaços do Portugal SLAM que corpos poéticos heterogêneos se encontram e sociabilizam.
O Poetry Slam em Portugal reafirma o movimento como essencialmente urbano, acontecendo em importantes cidades como Lisboa, Coimbra e Porto. A prática não está distribuída igualmente pelo território, mas está a expandir-se por meio de pessoas organizadoras que dinamizam atividades em cidades com uma densidade populacional mais baixa.
A identidade imigrante sobressaiu nos trabalhos de campo realizados, elemento que é reflexo da constituição do país mas que também pode ser explicado pela possibilidade de fala e escuta, algo a que nem sempre as pessoas imigrantes conseguem ter acesso devido à estrutura social excludente.
As mulheres entrevistadas nos possibilitaram ter acesso a uma leitura crítica acerca do movimento, destacando fatos como: a falta de conhecimento da população portuguesa sobre a existência do Poetry Slam; o receio que algumas pessoas poetas têm em relação ao fator da competição, o que faz com que procurem recitais abertos; e os enfrentamentos realizados pelas mulheres e outras identidades não hegemónicas para consolidar sua presença no movimento, que ainda não é equiparada à dos homens (com exceção das organizações de coletivos).
Em seus 14 anos de existência, o Poetry Slam já cresceu expressivamente em Portugal. Caso essas lacunas apontadas sejam resolvidas, a tendência é que o movimento continue crescendo e conquistando mais público. Faz-se necessário demonstrar suas potências tais como a fala, a escuta, a afirmação identitária e a sociabilidade.
Características globais e locais se articulam no Poetry Slam. As globais - como as três regras que compõem as manifestações e seu apelo popular - acompanham o movimento independentemente do espaço em que ocorra. A nível local, os coletivos implementam novos elementos na prática, adaptando-a ao contexto espacial e temporal - no caso de Portugal, a tradição na poesia, a presença imigrante e a dificuldade da realização de discursos sociais e políticos são exemplos de elementos particulares do país.
Por fim, algumas questões merecem ser discutidas em pesquisas futuras: qual a origem das pessoas poetas que participam das competições locais mas que não chegam às finais nacionais? Como o Poetry Slam pode potencializar sua participação nas lutas sociais? Quais as negociações realizadas pelo movimento em sua territorialização no espaço urbano? E quais as relações do movimento português com outras manifestações internacionais? Todas estas questões merecem ser alvo de reflexão, dada a relevância geográfica do Poetry Slam.
Financiamento
Este trabalho foi financiado pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus Presidente Prudente, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
Agradecimentos
Agradeço a Professora Doutora Margarida Queirós pela orientação durante o estágio de pesquisa em Portugal e ao Centro de Estudos Geográficos, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, pelo acolhimento que possibilitou a realização desta investigação.