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Cadernos do Arquivo Municipal

versão On-line ISSN 2183-3176

Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.4 Lisboa dez. 2015

 

ARTIGO

A “ymagem assaz deuota” de Santa Maria de África

The “rather devout image” of Saint Mary of Africa

Diana Rafaela Martins Pereira*

Faculdade de Letras / Universidade do Porto, Portugal.

 

RESUMO

A imagem gótica de Santa Maria de África, representando a Pietà, foi enviada para Ceuta pelo infante D. Henrique em data incerta mas, crê-se, pouco depois da tomada em 1415. Envolta em lendas quanto à sua origem, foi eleita padroeira e protetora de Ceuta, após defender a cidade dos mouros e da peste. Em data também incerta, começaram a vesti-la, tradição recentemente posta em causa devido aos riscos colocados à sua conservação. Este artigo, inserido numa investigação mais alargada sobre Imagens de Vestir, pretende aclarar os vários equívocos acerca da origem desta escultura milagrosa e perceber como a profunda devoção de que é alvo insiste em vê-la em procissão e adornada com mantos.

 

PALAVRAS-CHAVE

Nossa Senhora de África / Infante D. Henrique / Devoção Mariana / Escultura / Imagens de vestir

 

ABSTRACT

The gothic image of Saint Mary of Africa, representing the Pietà, was sent to Ceuta by Prince Henry (the Navigator) at an uncertain date but, it is believed that it was shortly after Ceuta was taken in 1415. Shrouded in legends about its origins, it was elected patron and protector of Ceuta, after defending the city from the Muslims and the plague. On an also undetermined date, people started to dress this image, a tradition that was recently called into question because of the risks to its preservation. This paper, as part of a wider investigation about devotional dressed sculptures, intends to clarify the several misconceptions about the origin of this miraculous sculpture, and understand how the deep devotion towards it, insists in watching it in processions and adorned with mantles.

 

KEYWORDS

Our Lady of Africa / Prince Henry the Navigator / Marian Devotion / Sculpture / Devotional Dressed Sculptures

 

 

INTRODUÇÃO

O ano de 1960 ficou marcado por várias iniciativas comemorativas dos 500 Anos da Morte do Infante D. Henrique, o Navegador (1394-1460). Entre 4 de março e 13 de novembro, a duração das comemorações, nada foi deixado ao acaso: edições bibliográficas monumentais1, fogo de artifício lançado do Castelo de São Jorge a iniciar as atividades na capital2, desfiles militares3, avenidas e pracetas lisboetas engalanadas para o efeito4, a “Exposição Henriquina” no Museu de Arte Popular – inaugurada a 9 de agosto e conceptualizada pelos artistas Frederico George (1915-1994) e Daciano Costa (1930-2005) -, e a (re)construção, desta vez permanente, do Padrão dos Descobrimentos5.

Aproveitando a conjuntura, a Câmara Municipal de Lisboa, em nome do seu então presidente António Vitorino da França Borges (P. 1959-1970), enviou a Ceuta uma iluminura laudatória dos feitos do Navegador e do laço que para sempre ligaria as duas cidades (ver imagem 1), onde se lia a seguinte mensagem:

Em nome da população lisboeta, neste ano jubilar em que se comemora o V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, que junto às muralhas da Ceuta veneranda, iniciou a sua obra gloriosa de Expansão que daria ao Mundo o conhecimento de novos Mares e novas Terras, saúdo essa nobre cidade tão ligada à História de Portugal e à vida do grande impulsionador da Epopeia Marítima dos Portugueses e que a sua padroeira Nossa Senhora de África cuja imagem com a bandeira desta Capital, os portugueses para aí levaram em 1415 não desampare com a sua protecção a nossa Cidade de Lisboa. 1 de Julho de 19606.

 

 

Não se sabe ao certo em que ano foi levada a imagem de Nossa Senhora de África para Ceuta. Sabe-se, contudo, e apesar de todas as lendas e mal-entendidos em torno da sua origem, que foi realmente enviada pelo infante D. Henrique e que, tradicionalmente, segura o bastão, ou áleo, de D. Pedro de Meneses (?-1437), o primeiro capitão general de Ceuta, bastão esse que ainda nos nossos dias é utilizado na tomada de posse dos comandantes generais da cidade (ver imagem 2)7.

 

 

Desde cedo considerada milagrosa e a protetora e intercessora dileta daquela comunidade, saía em procissão sempre que Ceuta era assolada pela peste8. Em 1651, quando a epidemia ameaçava mas não atacou, foi nomeada patrona da cidade, com festa anual a 9 de fevereiro9 e, em 1954, foi nomeada Alcadesa Perpetua de Ceuta, confirmando-se também o seu título de patrona10. Em 1946, ano da sua coroação canónica, mandou-se-lhe fazer uma coroa com resplendor, em ouro maciço com um peso de quase cinco mil gramas e mais de quinhentas pedras preciosas, paga com dinheiro de doações públicas aos ourives José Santarrufina, Luís Pérez Gómez e Epifanio Hernández Valiente11. Desde esse ano, saiu em procissão todos os dias 5 de agosto, exceto entre 1991 e 1996 por questões de conservação12 que, como veremos adiante, a devoção coletiva viria a contrariar. Em 1967, noutra mostra da importância representada por esta imagem e como forma de enriquecimento da sua procissão, o Ayuntamiento de Ceuta custeou-lhe um andor decorado com cento e cinquenta quilos de prata, criado pelo ourives Antonio Pérez Barrio13. No dia seguinte ao dito cortejo, a imagem de Nuestra Señora de África é tradicionalmente velada na cerimónia do Besamanos, enquanto no seu lugar no altar está presente uma bandeira processional com o escudo português.

Esta expressiva imagem talhada em madeira que representa de forma atroz a dor de Maria ao segurar nos braços o corpo morto, esquelético e sofrido de Cristo, num conjunto iconográfico conhecido como Pietà, é uma das marcas da presença portuguesa em Ceuta que mais se faz sentir ainda hoje, pela devoção que perpetua.

Neste estudo, veremos como a sua origem esteve durante séculos envolta em equívocos, como ainda hoje é confundida com uma sua parente (a imagem da Nossa Senhora Conquistadora ou Portuguesiña) e como o profundo fervor da sua comunidade levou a que, desrespeitando os conselhos dos profissionais de restauro que a trataram, voltasse a sair em procissão anualmente e a albergar mantos e adornos. Este artigo insere-se num contexto mais ambicioso que se concentra no estudo da devoção mariana e da imaginária de vestir em Portugal, o qual se tem, cada vez mais, alargado ao restante contexto hispânico14.

 

DE JUSTINIANO A D. JOÃO I: COMO A IMAGEM SE TORNOU A CEUTA

Quer fosse pelo desconhecimento de documentos, relatos ou crónicas que o comprovassem; pela perda de memória coletiva; pela contínua instabilidade e insegurança da plaza que impedia averiguações aprofundadas; pela aparente antiguidade ímpar da imagem; ou pela ingenuidade devota e crédula em reaparecimentos milagrosos que perpetuava a lenda, facto é que durante séculos a origem da Nuestra Señora de África foi atribuída a tempos bizantinos, nomeadamente à ação do imperador Justiniano (482-565). Segundo essa crença, a imagem terá sido enviada pelo dito imperador ao então governador da cidade, Procopio, para que ali se estabelecesse o culto mariano. No entanto, caindo a cidade nas mãos dos mouros, os cristãos tê-la-ão enterrado para evitar a sua profanação, e seria descoberta muito mais tarde pelas tropas portuguesas aquando da tomada em 1415, através de uma luz vinda de um outeiro15.

Quase sempre consensual, foi a ordem vinda do infante D. Henrique, de construir para essa imagem a primeira igreja portuguesa em terras africanas. Nas crónicas de Eanes Zurara (1410-1474) e Ruy de Pina (1440-1522), não obstante aparecerem diversas vezes referidas as romarias dos reis, infantes ou capitães à igreja de Santa Maria de África de forma a agradecer ou pedir proteção contra os mouros, não se relata a origem da imagem de Santa Maria de África, nem a construção da sua igreja. Contudo, a Crónica do Conde D. Pedro de Menezes de Eanes Zurara refere uma ligeira associação que podia indicar desde logo a ligação do infante à imagem e à igreja, quando no capítulo VI - Como ElRey [D. Joaõ I] teve conselho sobre a gente, que avia de ficar na Cidade, conta que “Joaõ Pereira a que por alcunha, chamavão Agostinho, ficou por Capitão de trezentos Escudeiros, que alli leixou o Infante Dom Anrique ao qual foi encomendada a guarda de Santa Maria d'Africa…”16.

A mesma Crónica pode também ajudar a delimitar a cronologia da edificação da primitiva igreja da Senhora de África, através de uma passagem do capítulo XXI - Como estes presos17 forom trazidos a Cepta no dia que o Conde casou com Dona Breatriz Coutinha (parágrafo mais tarde repetido por Jerónimo de Mascarenhas na sua História de Ceuta18). Se atentarmos nesse capítulo, percebemos que a igreja já está construída em 1426, ano do terceiro casamento de D. Pedro de Meneses com D. Beatriz Coutinho:

Caa eftando o Conde Dom Pedro no tambo com Dona Breatiz Coutinha, com que novamente casava, começarom d'aparecer aquelles presos atados em cordas, e vede que procissaõ fariam; e bem he verdade, que outras prezas foraõ jaa trazidas a Cepta de mayor aver, mas por certo nunca hy foi alguma dina de tanta honra como aquesta. Ao Domingo pela manhãa foi o Conde ás Fustas, e fez Cavalleiros Gonçalo Vazques, e Lopo Vazques homens certamente nobres, e que muitas cousas notavees fezerom contra os infiéis, assy no maar, como na terra; e des y foi-se á sua Missa; e por certo tal offerta era bem formosa de ver aos amigos, e triste aos contrários; caa sahirom aquelles atados per cordas, como jaa dissemos, com todas as Bandeiras, que lhes forom filhadas, as quaes eram levadas pelos principaes delles, cujas contenenças eram vestidas daquella tristeza, que o tal caso apresentava a seus corações, e assy forom levadas a Santa Maria d'Africa com muy grande, e alegre Procissom19.

Zurara escreve esta Crónica entre 1458 e 146420, pelo que a paróquia e igreja de Santa Maria de África eram uma realidade com pelo menos três décadas. Isto porque data de 1434 uma Súplica do infante D. Henrique ao papa Eugénio IV (P. 1431-1447), na qual o primeiro diz ter mandado construir em Ceuta uma igreja paroquial para Santa Maria de África e pede que os limites da dita paróquia (anteriormente fixados pelo bispo de Ceuta) sejam alargados a Vale d'Ângere, Bulhões (Tutuão?) e Alcácer-Seguer21. Tal seria concedido em 1442 com a bula Etsi Suscepti, em que o papa Eugénio IV concede a paróquia e igreja à Ordem de Cristo e acede a agregação das ditas terras quando conquistadas aos mouros22.

Somente em 1460, o infante D. Henrique redigia um documento onde afirmava ter sido ele a enviar a imagem de Santa Maria aos escudeiros que deixara em Ceuta, para aí ser construída uma igreja onde pudessem prestar culto à Senhora, sob a invocação “de África” (invocação também eleita por ele), e que doava essa igreja à sua Ordem de Cristo23:

Eu, o jffamte dom Anrrique, rregedor e gouernador da hordem da caualaria de Nosso Senhor Jhesu Christo, duque de Uiseu e ssenhor da Couilhãa, ffaço ssaber aos que esta carta virem que quando o muito poderoso, excelente e da grande memorea elrrey dom Joham, meu ssenhor e padre, a que Deos de a ssua santa gloria, ffoy tomar a cidade de Çepta, eu ffuy com elle.

E, despois da dicta tomada e partida que della fezemos, leixey em ella çertos meus, a saber: Joham Pereira, fidalgo de minha casa, e outros meus ffidalgos, caualeiros e escudeiros e criados meus, em guarda e defenssom della. Os quaees todos juntamente, com feruor de deuaçom e zello que tijnham aa rrelegiam christãa e a ssaluacom de ssuas almas, em meu nome, per minha autoridade, hordenaram hua jgreja pera ouuyrem em ella missa; aos quaaes eu mandey hua ymagem assaz deuota de Santa Maria, mandandolhe poer nome Santa Maria dAfrica, poendo a dicta jmagem na dicta casa que assy ffezeram e hordenaram. A quall Virgem Maria, por sua emfijnda e ssanta misiricordia e por acrecentamento da nossa ffe, ffaz muitos milagres, teendo os deuotos christãaos que em a dicta cidade moram e outros comarcãaos, assy dos rregnos de Castella como do rregno do Algarue, e muitos catiuos christãaos que jazem em terra de mouros em ella muy grande deuaçam; dando eu logo a dicta igreja a dicta hordem e fazendo della comenda, da quall ffoy o primeiro comendador frey Diogo Aluarez e despois ffrey Ruy de Faarom e desy frey EsteuEanes Montanha, cujas almas Deus aia, e ora frey Aluaro de Saa, que ao presente a possuy, lemitando e anexando e dando, a meu rrequerimento, o ssenhor ssanto padre jsso meesmo a dicta jgreja por freeguesya e lemite della Tutuam e Valdanger e a uilla dAlcaçer, quando dos fiees christãaos fosse possoyda, ffazendo assy a dicta jgreja parrochial. (…)24.

O infante prossegue explicando que não fez de imediato a carta da presente doação à Ordem de Cristo, mas que esta era irrevogável:

E, porquanto ataa ora nom era fecta minha carta desta doaçom que assy tijnha ffecta aa dicta hordem, pera a ella teer em sseu cartoreo, mandey ffazer esta, per a qual afirmo e hey por booa a primeira dada que assy ffecta tijnha aa dicta hordem. E lhe ffaço pura, yrreuogauel doaçom pera todo o ssenpre, pollas muitas rrendas e emfenitisimos beens e seruiços das pessoas della que tenho rreçebidos, dandolha assy como per direito lha eu posso dar e assy como per o ssancto padre e per elrrey meu ssenhor me he outorgada; a quall, com a ajuda de Deus, que se ssumo bem, e da bemauenturada Virgem Maria ssua madre, minha Senhora, persseueraram em a dicta posse, em acreçentamento da ffe dos christãaos e em ouprobio e doesto e ssogeiçom dos da sseita de Mafamede. (…)25.

Continua depois encomendando uma missa semanal ao sábado em todas as igrejas por ele ordenadas:

E rrogo e encomendo, per esta presente, ao capelam que em dicta Santa Maria dAfrica esteuer e ao vigayro de Santa Maria dAlcaçer e a quaeesquer outros capellãaes e vigajros que ao diante forem, em mjnha vida e despois de minha morte, por ssenpre, com a graca de Deus e sua ajuda, em as jgrejas que se fezerem em cada huu dos outros dictos lugares de Tutuam e Ualldanger, que lhes praza, em cada ssomana, ao ssabado, dizer hua missa, cada huu em ssua jgreja, de Santa Maria, por mjnha alma; e a comemoraçam sseja de Sancto Sprito, com sseu rresponso e a oraçom de Fidelium Deus.

E, ante de começarem as misas, sse voluam pera os que a ellas esteuerem, pedindolhes, alta voz, no amor de Deus, que digam o Pater noster e Aue Maria pella mjnha alma e daquelles por que theudo ssom rrogar. E, depois que sentirem a oraçam acabada, vãao per ssua missa em diante.

E, porque os ffectos dos homens per longos tempos esqueeçem e seus boons fectos nom podem ser perpetus; em louvor de meu Jhesu Christo e por memorea minha e rrenembrança dos meestres e gouernadores da dicta hordem que despois de mym vierem, mandey sseer fecta esta minha carta, asijnada per minha mãao e asseelada do ssello de minhas armas, a quall mandej poer no cartareo do conuento da mjnha villa de Tomar.

Fecta em a mjnha Villa, xix dias de ssetenbro. Joham de Moraaes a ffez. Anno de Nosso Senhor Jhesu Christo de mill e iiijc Lx. (…)26.

Curiosamente, esta tradição foi simbolicamente recuperada na igreja de Nuestra Señora de África de Ceuta, onde nos primeiros sábados do mês se reza pelo infante D. Henrique27.

Tendo em conta este documento - do qual deu notícia pela primeira vez Afonso de Dornelas28 - este mesmo estudioso (que vários textos dedicou a Ceuta e à imagem da Senhora de África) admite que o envio da imagem e a construção da sua igreja terão sido imediatos à tomada de Ceuta, visto que em 1460, o infante D. Henrique dava já conta da passagem do quarto vigário pela paróquia. Avança mesmo com o ano de 1418 devido a uma mal interpretada passagem da Crónica de Dom Pedro de Menezes de Zurara29, que António Brásio viria a contestar e corrigir30.

Assim, pelo que sabemos, e visto não existirem ou não serem ainda conhecidas fontes documentais que atestem a verdadeira data de construção da igreja e do envio da imagem para Ceuta, podemos apenas admitir a possibilidade de que se terão processado até 1426. Certeza, é a do predomínio insistente da lendária origem bizantina e justiniana da imagem claramente gótica de Nuestra Señora de África.

Jerónimo de Mascarenhas explica como o imperador Justiniano mandou construir, na Ceuta romana, uma igreja dedicada à Virgem, mas de imediato identifica claramente que essa não é a mesma da Nossa Senhora de África, ordenada pelo infante:

Nó nos falta memoria de q' el Emperador Justiniano tenia en Ceuta un Tribuno, con muchos soldados, i nauios ligeros para guarda del estrecho, i par dar auiso al Capitán de la Ciudad de Cesárea, como este los dava al maestre de la milícia de Oriente, q' según parece, era generalissimo de los Capitanes de las otras provincias. No ignoramos también la memoria q' nos dexó Procopio en sus libros de los edificios del mismo Justiniano, cuyo secretario fue, de la sumptuosa Iglesia, q' este Emperador mando edificar en Ceuta, dedicada á la virgen Señora nuestra. A algunos ha parecido ser esta la q' oi se llama nuestra señora de África, mas con poca raçon, por q' no parece en la grandeça a los edificios q' este Principe fabricava, q' eran de gran magestd. La de nuestra señora de África es obra de moderada architectura, i edificio del valeroso Infante Don Enrique hijo del Rey Don Juan el primero de Portugal31.

Também Alejandro Correa de França, na sua Historia de la Mui Noble y Fidelíssima Ciudad de Ceuta (terminada em 1750 e publicada pela primeira vez em 1767), relata por Procopio, a construção de uma “magnífica basílica dedicada a la Sacratíssima Virgen Madre”, devida à devoção daquele imperador e “de la que ni aun los vestígios se allaron al tiempo de la expugnación de los portugueses”32. Adiante, relata como a milagrosa imagem da Virgem de África foi descoberta pelos portugueses e como D. Henrique lhe ergueu uma igreja, referindo aqui a suposição de que poderia ser a imagem que Justiniano ofereceu à sua basílica:

Es tradicción, para mí indubitable, que, hallándose en esta ocasión en Ceuta el yfante don Enrique com su hermano don Juan, fue hallado, en el campo de los moros y parage que de tiempo imemorial se llama Nuestra Señora de África, y que por este feliz hallazgo se nombra así este sitio que cae entre el topo, que aora dizen talanqueira, y el arroyo del Puente, a la vista y no lejos de esta plaza, y que este divino simulacro de la Santíssima Virgen fue colocado en la yglesia paroquial de Nuestra Señora de los Ángeles. Y que en dos ocasiones se halló a la mañana rodeado de piedras en el suelo y postura que al presente se venera, mirando al occidente y campo de los moros. Y que este prodígio dio motibo al yfante don Enrique para que allí, en el mesmo lugar, le mandasse erigir ermita. La erección de la ermita por el ynfante don Enrique consta, lo demás es tradicción como se há dicho. Este bulto santo es de talla de madera permanente y su labor muestra ser de antiquíssimos tempos, lo que me haze crer es vna de las devotas reliquias que fueron sepultadas por los cathólicos en tiempo de la persecución de los hereges vándalos, o la que se coloco en el templo mandado hazer poe el devoto emperador Justiniano, (…) o de las que se tumularon al tiempo que Ceuta fue poseída de los mahometanos. Esta soberana ymagen está sentada com su hijo, nuestro Dios, en su regazo y es de quien pende la defensa y consuelo de esta plaza con estupendos milagros.

De facto, são inúmeras as lendas ibéricas que explicam a origem ou aparecimento de imagens milagrosas, relatando como estas eram escondidas ou enterradas para que não fossem profanadas pelos mouros, e depois encontradas por inspiração divina, normalmente por pastorinhas33.

Ainda nesta obra, Correa de França conta-nos um episódio controverso passado a 5 de agosto de 1748, dia da festividade de Nuestra Señora de África, no qual o frei Nicolás de la Santíssima Trinidad tentou esclarecer a origem da imagem da mesma, atribuindo a sua criação ao evangelista São Lucas e a sua vinda para Ceuta pelas mãos de São Pedro. Obviamente, tal explicação terá causado alguma polémica e um anónimo e curioso “ex professo”, assim identificado por Correa de França, decidiu averiguar a verdade desta atribuição e, claro, contestá-la num documento que o cronista copiou34. O discurso é interessante não só pela argumentação erudita e pelas várias fontes em que se baseia, mas também por aflorar os receios da primitiva Igreja Cristã relativos ao uso de imagens de vulto e ao perigo da idolatria:

Venera la deuoción en Ceuta a el simulacro prodigioso de María Santíssima de África como a su patrona y en quien, sempre a costa de imensos benefícios reciuidos, ha librado esta plaza quantos há anelado, com la satisfacción de experimentarlos continuos mediante su soberano ynfluxo. Pero, en llegando a tocar en el origen de este ymán de nuestras delicias, todos absortos, nos hemos contentado com emular en la misteriosa duda angélicas expresiones, alternando ¿quál es ésta?, en que a la verdade no se erraba el caminho de admirar más y más su celsitud. Hasta que recomendable sugeto por todas circunstanzias aseguró en venerando sitio, día en que se celebra la soberana reyna este año de 1748, que como obra del sagrado evangelista san Lucas trajo a nuestra imagen a esta plaza el señor san Pedro, quando su peregrinación a España. Noticia que há echo mayor ympresión (no sé si tanto por especiosa como por fundada) aun en la creencia no común, de suerte que, hallándose ya como desposeyda de entre las gentes aquella yndecissión concon que se lisonjeaban, me há puesto en términos de tomar la pluma para restituirlhe su quietud antigua (…)35.

Após esta introdução o “Anónimo” começa por descredibilizar a teoria de que São Pedro teria passado por Espanha e que, muito menos traria com ele uma escultura:

No me parece fuera del ytento vna reflexión que imposivilita igualmente la creencia de que el señor san Pedro trajese este simulacro (aun concedendo por dar más lugar a ella) la venida del santo a España, mayormente quando se afirma que, com la de África, trajo consigo otras muchas imágenes; y es ésta: porque era estrechíssima ley del ytinerario apostólico no poder lleuar por los caminos más que vn báculo [Evang. Marc. c.6 n.8]. Y es sin duda que para el transporte de tantas estatuas, que si todas eran como la nuestra le hemos de considerar más de quatro arrobas de peso a cada vna, se necesitaban mui costosas y ruidosas providencias, que desdicen desde luego com lo mandato por Christo. (…) A la primera satisfacción digo que pueden admitirse como medios para la comversión las ymágenes, pues de san Lucas se lee lleuaba siempre vna de Christo y otra de su Madre pintadas de su mano, con las que logro maravillosas combersiones [M. Villegas in Flos SS. Vit. S. Luc. 18 octob.]. Pero no hay razón para creerlas de bulto aquéllas, así por el yncombeniente de lo embarazoso a un pobre caminhante como por los que se apuntan en párrafo siguiente, del que se comvenze que, aun suponiendo la peregrinación, deuían ser no más que pinturas; conque queda excluida nuestra ymagen, que nadie ignora es de talla36.

Por fim, este autor explica como é impossível que a escultura seja obra de São Lucas:

Ha corrido com tanta azeptación la adjudicación de nuestra imagen a el artífice evangélico que, aun entre los más cultos, la oygo proferir como canon; y, la verdade, tiene devilíssimos fundamentos, porque, recorrendo las historias más antíguas y admitidas, sólo se lee de el santo que fue pintor y médico. (…) ¿quién se há de persuadir fueron de talla las echuras de san Lucas, quando están contextando tantos y tan antíguos escritores, así de las de santo como de las de aquel tiempo, cuio author no se nombra, en que todas eran pinturas, sin hallarse el más leue vestigio de las estatuas? (…) Y lo pruebo alegando la authoridad del doctíssimo padre M. Graveson que muebe, en su Historia Ecclesiastica, la vtil especiosa advertencia de ¿quáles ymágenes fueron más antiguas en la Yglesia, si las de bulto o las pintadas? Y responde no hauer sido reciuidas las estatuas com tanto tanto tiempo como las pinturas, porque el Sagrado Concilio General 7º, Niceno 2, sólo admite las segundas, hauiéndose entrado insensiblemente las primeiras por las puertas de la Yglesia después del citado Concilio, persuadiéndose a ello porque en los primeros tempos aún duraba el eco de los preceptos mosaycos, entre los que cree miraba alguno a prohivir estatuas, y también porque las disputas que se encuentran de los Padres contra los gentiles, para desvanezer falsas adoraciones sólo por mirar a las estatuas, que en el citado tiempo tubieron lugar en la Yglesia, por el ningún rezelo que hauía ya de ydolatría. (…) Si las ymágenes de talla o estatua tubieron principio en la Yglesia después del citado Concilio Nizeno segundo, ni pudo san Pedro traer la de África, que es de bulto, ni menos ser obra ésta de san Lucas. Se prueba porque dicho Concilio se celebró governando la Yglesia el papa Adriano 1º, año de 780. San Pedro, según lo más probable, murió el de 66. San Lucas, el 29 del fallecimiento de Nuestro Redemptor. Luego vivieron en tiempo de la prohivición y no vso de las estatuas y, de consiguiente ni pudo hazerla el vno ni traerla el outro. (…)37.

Assegurada e esclarecida (pelo próprio infante D. Henrique) a responsabilidade pelo envio da imagem de Nuestra Señora de África e pela construção da sua igreja, revista a lenda em torno da sua origem bizantina, e contada a tentativa caricata de a fazer passar por obra de São Lucas, resta clarificar um último equívoco.

Foram várias as situações em que se confundiu a escultura de madeira representando a Pietà que aqui estudamos, com a escultura de pedra que representa a Virgem com o Menino, também levada para Ceuta por portugueses, e que foi invocada ao longo da sua vida como: Santa Maria da Assunção, Nossa Senhora dos Anjos, Nossa Senhora Conquistadora, Nossa Senhora “a Portuguesa” ou Portuguesiña e, por fim, Nuestra Señora del Valle.

No tomo oitavo do Santuario Mariano (1720), frei Agostinho de Santa Maria relata a origem da Imagem de Nossa Senhora de África, confundindo-a com a da Virgem da Assunção, atribuindo a sua encomenda ao rei D. João I:

Nesta cidade de Ceuta, se tem em muyto grande veneração huma devotíssima, & milagrosa Imagem da Rainha dos Anjos, a quem daõ o título de nossa Senhora de Africa, a qual se vè colocada na sua mayor Igreja. Esta Santíssima Effigie de Maria Santissima, mandou fazer El Rey D. João o primeyro de Portugal, & a levou comsigo, quando passou a Africa, a expugnar aquella Cidade; & logo que a conquistou, a fez colocar na sua mayor Mesquita, depois de purificada, para que ella fosse a sua principal Governadora, & defensora. (…)38.

Dadas as incongruências e também porque, ao contrário do que é comum no Santuario Mariano (onde habitualmente nos são descritas fisicamente as imagens, ainda que com um mínimo de detalhes), neste caso não se apresentam quaisquer características iconográficas, podemos depreender que frei Agostinho de Santa Maria não terá visto a imagem de Nossa Senhora de África e não terá obtido dados claros junto de outros que a tivessem visto.

Possivelmente por altura da redação desta obra, a fama da Santa Maria de África era já sobeja, e a falta de relatos diretos terá levado frei Agostinho a tomar como imagem dessa invocação, a escultura de pedra que foi levada por D. João I para Ceuta, logo em 1415, e que de facto foi colocada na Sé (antiga Mesquita maior), a qual o rei dedicou, seguindo as restantes catedrais do país, a Santa Maria da Assunção39. Por outro lado, ao finalizar o capítulo, frei Agostinho afirma:

O Conde da Eryceira Dom Fernando de Menezes diz que o Infante D. Henrique, fora o que à Senhora de Africa lhe fundara sua casa, & seria depois de se verem de todo seguros, & pacíficos, & para que estivessem mais defendidos, quiz dar à Senhora huma casa própria, para mais a obrigar a defender aquelle propunaculo da Cristandade40.

Ao citar D. Fernando de Menezes e a sua obra Historia de Tanger que compreende las noticias desde su primera conquista hasta su ruina (a qual consultou ainda em manuscrito já que esta viria a ser impressa apenas em 1732), frei Agostinho revela o seu desconhecimento quanto à realidade da cidade de Ceuta e das suas casas religiosas. No entanto, a confusão também pode ser efeito da demolição da catedral de Ceuta em 1677 e da mudança da Sé e da imagem da Senhora da Assunção para a igreja de Santa Maria de África41.

O equívoco entre as duas imagens não deixa de ser curioso. Ambas representam duas vertentes iconográficas icónicas da temática mariana: por um lado a Virgem com o Menino Jesus ao colo, dócil e esguia; por outro lado a Pietà entronizada, segurando o cadáver de Cristo, símbolo da derradeira dor.

A vida algo tumultuosa da escultura pétrea levada para Ceuta por D. João I pode explicar que esta seja tantas vezes confundida com outras. Como nos explica o padre Jacinto dos Reis42, após assumir a titularidade da Catedral (antiga mesquita) de Santa Maria da Assunção, e depois de ser também intitulada Nossa Senhora dos Anjos e de ser conhecida como “a Conquistadora” ou Portuguesiña, passou pela igreja de Santa Maria de África, acabando depois na Igreja de Nuestra Señora del Valle. António Brásio conta-nos que em 1958 esta imagem se encontrava “arrumada” na sacristia da referida Igreja da Senhora do Vale43, mas décadas antes, aquando da visita de Afonso de Dornelas a Ceuta (1923), a imagem encontrava-se numa mesa em frente ao altar da mesma igreja, enquanto no altar propriamente dito se encontrava outra imagem da Virgem44.

Certo é que, atualmente, é esta a imagem tida como Señora del Valle, encontrando-se no altar principal da igreja e, após ter sido alvo de um desastroso restauro do qual saiu totalmente pintada nos anos 70, foi recentemente recuperada pelo conservador Álvaro Domínguez Bernal.

A escultura mais antiga da Virgem existente em Ceuta, restaurada entre setembro e novembro de 2014, foi sujeita a um processo de limpeza da pedra, de retirada da policromia dos anos 70 e de reintegração dos seus volumes originais45, resgatados a partir de antigas fotografias e de uma cópia dos anos 60, feita em Portugal para figurar na Exposição Henriquina46. Esta cópia, oferecida ao Museu da Marinha por ocasião do dia da Marinha de 1961, foi e continua a ser alvo de mais incorreções.

Quando foi colocada no Museu, o almirante Quintanilha de Mendonça Dias (1898-1992), então ministro da Marinha, colocou-lhe no braço uma réplica do já referido áleo ou bastão, que tradicionalmente pertenceu a D. Pedro de Menezes, primeiro capitão de Ceuta. Ora, como muito bem nomeou Jacinto dos Reis47, este é um atributo pertencente à imagem de Nossa Senhora de África, e não à Senhora da Assunção/ dos Anjos/ Conquistadora/ Portuguesiña/ del Valle. Podemos tentar justificar este facto, com a vontade de associar estas duas importantes esculturas levadas pelos portugueses para Ceuta, numa só imagem. No entanto, ao visitarmos o site do Museu da Marinha, o título dado a esta cópia é “Santa Maria de África” e a descrição que nos surge revela inúmeras incongruências:

Nesta sala existe a réplica da Virgem que acompanhou a expedição a Ceuta, em 1415, tendo saído de Lisboa a bordo da caravela do Infante D. Henrique. Após a conquista, a imagem foi desembarcada e, em procissão, seguiu para uma mesquita transformada em igreja, então chamada de «Nossa Senhora do Vale», onde ainda hoje se encontra. A imagem foi denominada pelos portugueses «A Africana», «A Conquistadora». Curiosamente, mais tarde, os espanhóis chamaram-lhe «A Portuguesa»48.

Por fim, não se entende porque se escolheu fazer cópia dessa imagem, e não da de Santa Maria de África, para figurar na exposição celebrativa de D. Henrique, visto ter sido essa a escultura que o infante encomendou.

 

DE ESCULTURA DE RETÁBULO A IMAGEM PROCESSIONAL

Como já foi aqui referido, a “ymagem assaz deuota” de Nuestra Señora de África representa a Pietà, ou Nossa Senhora da Piedade, já que retrata o momento em que a Virgem segura o corpo de Cristo após o descimento da cruz. Talhada em madeira de cedro, trata-se de uma escultura de grande expressionismo, sobretudo patente no cadáver de Cristo e no rosto de dor de Maria. A extrema magreza e angulosidade de Cristo denotam uma possível influência germânica. O eficaz trabalhado das pregas do manto da Virgem na zona da sua manga esquerda, dos joelhos e no cair das pernas, pode indicar também a influência da Europa central49.

O conjunto, ainda que entronizado, é também marcado pela verticalidade, que se nota no corpo superior alongado de Nossa Senhora e é evidenciado novamente pela magreza e inclinação do corpo de Cristo. O rosto da Virgem, também algo alongado, demonstra uma comoção contida. Dos olhos esbugalhados caem lágrimas com um relevo muito subtil, o excessivo arqueado das sobrancelhas é prolongado pelo nariz fino e longo que termina nos lábios cerrados e num queixo pequeno e redondo. A cara é emoldurada por uma touca branca que tapa também o peito, rematado elegantemente por um cinto atado ao centro. O rosto de Cristo, voltado para nós, exibe a mesma nota alongada, ainda que mais geometrizada. Falta-lhe a original coroa de espinhos esculpida, retirada em data incerta. Ressaltam as linhas cruas dos ossos e o pregueado cerrado do cendal, ou pano da pureza.

Desconhecem-se a sua autoria e datação concretas, no entanto, podemos admitir que a sua produção se situa em torno de 1400, num Portugal habituado à circulação de artistas e linguagens artísticas internacionais50.

O restauro da imagem, efetuado em Madrid entre março e dezembro de 1991, que consistiu num detalhado processo de limpeza, desinfeção da madeira e retirada das camadas de repintes ulteriores que alteraram a leitura das expressões, revelou a policromia original e alguns detalhes importantes como um subtil ornamento entre o véu e as bochechas da Virgem, ou a pintura de sangue no corpo de Cristo51.

A imagem está quase totalmente talhada num só bloco de madeira, excetuando a cabeça de Cristo, a mão esquerda da Virgem e duas peças laterais do trono52. Trata-se de uma peça de retábulo, visto que não é esculpida na parte posterior e tem mesmo essa estrutura escavada ou côncava. Em 1955, foi-lhe adicionada uma tábua traseira em madeira de cipreste, que tapa esse vazamento53. Em data incerta, mas possivelmente ainda no século XVII, foi- -lhe também adicionado um suporte em madeira de pinho, no interior da peanha da Virgem, provavelmente com a intenção de reforçar a base e possibilitar as saídas processionais da imagem, visto que apresenta “ferragens de enrosque que permitem aparafusar a imagem ao andor a partir da base da peanha”54. A datação deste suporte vai ao encontro das fontes documentais que nos dizem que as primeiras procissões da imagem aconteceram no século XVII. Segundo Correa de França, a primeira saída foi em 1602, como nos relata, devido à peste:

… le sucedió en el governo su hermano don Alfonso de Noroña, en cuio tiempo se renobó la peste. Por este motibo el clero y Ciudad, en 8 de abril de 1602, lleuaron a la catedral en procesión de lágrimas y suspiros a la milagrosa imagen de Nuestra Señora de África, madre piadosa y refugio de estos ciudadanos. Continuaron las rogatibas y penitencias y en 8 de maio ya se experimento alguna mejoría y, proseguiendo las súplicas, se aplacó la ira divina. Y en 13 de iullio, en processión de gracias y alegrias se restituió esta sagrada imagen a sua antigua ermita55.

Segundo o mesmo autor, voltaria a processionar devido à peste em 1648, 1677, 1737 e 174356 (Correa de França termina a redação da sua Historia em 1750). Esta última saída é mais profusamente relatada pelo escritor - que a ela provavelmente assistiu diretamente -, descrevendo o percurso do cortejo pelas várias ruas desde as cinco da tarde às onze da noite:

Los antídotos específicos, preservativos del corriente mal, de que ya vsábamos, no eran bastantes para embotar sus agudas puntas. Su veneno insensiblemente se communicaba y todos sentíamos Dolores en las ingles, vajo de los brazos, y en el cuerpo indisposizión particular. Los ayunos, limosnas, novenas, votos, rogativas, sacrifícios, confesiones y comuniones em que los temerosos de Dios empleaban, las rogativas y las penitenzias com que de noche (antes de la prohivición) las venerables comunidades religiosas y hermandad de la Escuela de Christo salían en procesión, no conseguían aplacar la ira de Dios, tantas vezes descarada y temerariamente por nosotros ofendida.

En estas aflicciones se acordo saliese de su casa nuestra protectora y madre la Virgen de África para que, a su vista sereno el cielo, nos embiase el deseado suabe rocío de la salud. Combocado el excelentíssimo governador, Ciudad, comunidades religiosas y toda la guarnizión, se dispuso la procesión a las cinco de la tarde del día 10, lleuando en ombros la sagrada imagen los señores prevendados, que se remudaban com otros venerables sazerdotes. Al estruendo marzial de artillería, se encaminó com la mayor deuoción a la calle Derecha y vajó por la de Iuan de Taboada o del Espíritu Santo, salió por la puerta de la Almina hasta la plaza del Hospital Real, en que hizo parada y el mui reverndo padre guardián de San Francisco vna docta tierna plática, y siguió a San Pedro (ya iluminadas todas las ventanas en la ciudad y Almina, como asimismo las murallas, el Acho y castillo de San Amaro) y al caminho sobre la playa que mira a España, hasta el baluarte de San Sebastían, en que descanso y predico el trinitário descalzo fray Rodrigo de San Nicolás. De este sitio (entrando en la ciudad) se dirigió la procesión por la calle que en derechura se conduze al santuário de la Reyna de los Ángeles, en cuia puerta principal dijo la vltima oración, com su acostumbrado espíritu y elocuencia, el reverendo padre fray Christóval de San Phelipe, escritor general de la religión trinitaria descalza, número 175. Y a las once de la noche se restituió la Virgen a su camarí, saludada de la artillería de la Muralla Real, no hauiendo cesado la descarga del cañon de toda la plaza durante la función, que fue con la mayor solemnidad ejecutada, librando la confianza de sus hauitadores, que en lágrimas se desazían, verse esentos de tan funesto acidente por el especial patrocinio de sua abogada57.

É visível, ao longo do relatório que temos citado (publicado após o restauro da obra em 1992), a consternação dos responsáveis pelo processo, relativamente à adaptação da imagem à função processional. Como a certa altura afirmam, “esta imagem concebeu-se para ser colocada num retábulo e nunca como figura de proa”58, no entanto, a devoção da comunidade e a sua aura milagrosa e estatuto de protetora e padroeira da cidade, levaram-na para as ruas.

Causa, ou não, das saídas processionais, é a tradição de vestir totalmente a Virgem, deixando-lhe apenas visíveis a cara, as mãos e o corpo de Cristo (ver imagem 3). Às ricas roupas, juntam-se as coroas para as duas figuras (note--se que originalmente existia uma coroa de espinhos talhada na cabeça de Cristo, que possivelmente foi mutilada para se coroar a figura com prata ou ouro), além de outros adornos que ao longo dos séculos os devotos foram oferecendo, como condecorações e joias59.

São várias as ocasiões em que o relatório aconselha o fim do uso desta peça nas procissões. Sugere-se a realização de uma réplica da mesma para se usar nos cortejos anuais e para que a autêntica possa ser adorada seguramente no altar, isto porque os movimentos e a trepidação a que está sujeita durante as procissões causa a abertura de fendas. Desaconselha-se, vivamente, que seja vestida e adornada, já que estas transições danificam seriamente a policromia da peça60.

 

 

Na introdução a este relatório publicam-se as atas das reuniões dos técnicos de conservação e da comissão que seguiu o processo, constituída, entre outros, pelo pároco do Santuário de Nuestra Señora de África e pelo Hermano Mayor da sua Confraria. Logo na primeira reunião, datada de 25 de abril de 199161, fica assente o conselho de não continuar a fazer sair a imagem em procissão. Na conclusão do relatório, voltam a reforçar-se estas ideias, alertando novamente para o perigo de deterioração da obra:

Ciertas acciones causan un deterioro directo y grave cuando son muy frequentes. El claveteado de adornos, la erosión que produce el rozamiento de continuos cambios de de ropajes, el acoplamento de piezas metálicas accesorias a la talla como coronas, etc., la utilización de la imagen en processiones com todos los cambios ambientales y riesgos de acidentes que ello conlleva, etc., son prácticas que dificilmente se compatibilizan com los critérios de conservación de una obra de arte de importancia histórico-artística. De hecho, estas causas se encuentran entre las que más han influído en el estado de deterioro que sufría la imagen de la Virgen de África62.

No mesmo relatório, ressaltam as palavras premonitórias de José Abad Gómez, então diretor provincial do Ministério da Cultura e presidente da Comisión Provincial del Patrimonio Histórico de Ceuta. Num discurso onde claramente defende as conclusões e recomendações preventivas dos técnicos de conservação, transcreve primeiro um testemunho apaixonado de Pilar Pacheco, camarista mayor da Confraria de Nuestra Señora de África, numa carta ao Hermano Mayor da mesma, datada de 1954:

(…) que los señores de la Junta sobre todo los que más empeño tienen en sacar a la Virgen en procesión, suban a ver el camarín y examinen a la imagen con detenimiento y podrán observar que la cabeza del Señor tiene una grieta que no resistiría tres o cuatro procesiones y que la parte baja de la Virgen, está apolillada, que tantas salidas terminarían por destruirla. Propongo que si tanta es la afición por sacarla a la calle que hagan una copia exacta y que la auténtica se quede en su camarín siguiendo la tradición de no moverse de allí63.

Adiante, Abad Gómez refere que apesar de a imagem da Virgem estar agora corretamente restaurada, a polémica persiste porque fica a questão de se continuar ou não a vesti-la, adorná-la e transportá-la em procissão. Diz ele que, apesar dos riscos que isso representa para a obra, há quem não entenda as razões e defenda “as raízes de certos costumes piadosos, o gosto estético de grande parte dos fiéis” e “as expressões da devoção popular”. Por fim, conclui sensatamente que “uma coisa deve ser clara: o direito que as gerações futuras têm em admirar uma singular joia artística e de poderem render-se aos pés da sua patrona e mãe para implorar a sua proteção divina. E esse direito terá de ser garantido”64.

Após o restauro, terminado em dezembro de 1991, a imagem não saiu em procissão, nem envergou vestes durante cinco anos. Mas, em julho de 1996, a peça foi sujeita a uma nova intervenção (desta vez em Ceuta, mas com a mesma equipa de técnicos) para a adaptar ao retomar dos cortejos: consolidou-se o interior da escultura e reforçou-se a base para a melhor fixar ao andor65.

A propósito do recente restauro do afamado manto rojo da Señora de África, José Gallardo Gómez, caballero da Cofradía, afirmava que o restauro da imagem em 1991, tinha “salvo a escultura”, mas esteve também “a ponto de condenar a «imagem»”, explicando que:

(…) aqui entendemos como imagen no exclusivamente su histórica talla, sino todo el aparato iconográfico tradicional que la rodea, digno de ser conservado junto al riquisimo património inmaterial que ha generado: legendas, tradiciones, himnos, etc. (…) Semejante celo por la “conservación” de la Virgen alcanzó su cota más triste y ridícula al ser retirado de sus manos el emblemático Áleo o bastón de mando de los Gobernadores66.

A imagem voltou assim às ruas de Ceuta para deleite dos devotos. Apesar de não ser integralmente vestida como o foi outrora, recomeçou a envergar a sua monumental coroa-resplendor, e a trajar mantos - os vários de diferentes cores que o seu enxoval possui, e consoante as festas do calendário litúrgico.

Esta imagem, obra de enorme valor histórico e artístico, mas objeto de culto em funções e alvo de uma poderosa devoção, encontra-se assim entre o que seria mais sensato e seguro – a sua correta conservação preventiva que implica não ser vestida e não sair em procissão -, e o que é a vontade dos crentes e a tradição centenária. Tradição para a qual não foi concebida - é certo, mas que ainda assim representa grande parte da sua existência. São muitos os exemplos de imagens que não eram inicialmente processionais, nem “de vestir”.

A tradição de vestir imagens em contexto cristão é um fenómeno visto sobretudo em países mediterrânicos e em países americanos de influência ibérica. Apesar de ser mais comum à chamada época barroca, a realidade é que remonta pelo menos ao século XIII, como sabemos pela conhecida Virgen de los Reyes, da Catedral de Sevilla67.

Podemos definir dois grandes grupos de Imagens de Vestir (apesar de serem diversas as subtipologias e variantes sobre as quais não nos deteremos aqui68). Primeiro, aquelas que inicialmente não eram de vestir e sim de talha inteira. Começam a vestir-se porque a sua aura milagrosa e a intensa devoção que despertaram desde cedo na sua comunidade, levou a que fossem alvo de ofertas (como têxteis e joias), as quais, eventualmente, começam a exibir para demonstrar prestígio e poder atestando a sua importância através da quantidade e riqueza das mesmas.

Os casos mais habituais desta categoria são, claramente, imagens da Nossa Senhora e depois do Menino Jesus. De facto, pela quantidade de exemplos conhecidos, cremos que a origem do fenómeno de vestir imagens no contexto cristão está intrinsecamente ligado à devoção mariana.

Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuario Mariano, fala-nos de várias imagens que, mesmo esculpidas na totalidade, são vestidas devido à devoção dos seus seguidores. Veja-se, a título de exemplo, a imagem de Nossa Senhora de Roca Amador (Torres Vedras):

Está também assentada em hua cadeira, tem os olhos abertos & as feições grosseiras, mas obra muitos milagres & tem com ella muyto grande devoção os moradores daquella villa. Parece ser obra de talha & de madeira, sem embargo de estar com vestidos: porque a devoção dos que a servem, assim o faz, ornando-a com ricos vestidos; e na mesma forma o fazem ao Menino Jesus, que tem sentado sobre seus braços. Ambas as Imagens estão com Coroas de prata na cabeça69.

Por outro lado, estas imagens podiam não ser inicialmente processionais mas, a dada altura, como sucedeu com a imagem de Nossa Senhora de África, começaram a sair do santuário para as ruas, numa maior aproximação da sua comunidade e dos seus peregrinos.

Por fim, são comuns as notícias de imagens que sofreram mutilações no seu talhe original para melhor envergarem vestes: exemplos de Virgens às quais retiraram o Menino Jesus ou substituíram os braços inertes por outros com articulações e amovíveis, ou às quais tiraram as pernas e compuseram uma armação de roca. Um notório exemplo disto é o caso da antiga imagem de Santa Maria de Guimarães (Museu de Alberto Sampaio, atribuída ao século XIII), em madeira policromada, mostra a Virgem entronizada, a quem, possivelmente no século XVII, tiraram o Menino Jesus, os braços e a coroa, para que se vestisse mais facilmente. Mais tarde seria substituída por uma imagem de roca (a qual permanece ao culto), pelo que se encontra hoje musealizada70.

Outro exemplo, que retiramos do Santuario Mariano, é o “da milagrosa Imagem de nossa Senhora da Conceição do lugar de Polima” (Lisboa):

A Senhora parece que era de pedra, e dizem que no tempo em que alli assistirão os Religiosos Descalços de Santo Agostinho [pelos annos de 1670], se lhe mandaram serrar o corpo, e se lhe fizera de madeira de roca, & assim he hoje de vestidos. Tem quatro palmos de alto: he muito fermosa, & bella, & está encarnada com tanta perfeição, que parece haver muito poucos dias que foy pintada, sendo que ha muitos seculos que foy o aparecimento da Senhora71.

Outro dado interessante, apurado através desta extensa obra de frei Agostinho de Santa Maria, é a existência de inúmeros exemplos de esculturas de vulto de Nossa Senhora, quer em madeira quer em pedra, que não sendo integralmente vestidas, envergavam pelo menos um manto, não só por alturas festivas.

Susan Webster explica sucinta e eficazmente a popularização do fenómeno de vestir:

To a great extent, the widespread popularization of imágenes de vestir was a result of their obvious practical advantages: the cost and weight of the sculptures were reduced, and they afforded greater versatility. Such sculptures also possessed important affective or experiential advantages. The actual garments and physical mobility of the sculptures contributed significantly to their emotional impact and persuasiveness. Simultaneously, the splendor of the clothing and the adornments made a powerful and very public statement about the material as well as spiritual wealth and status of the confraternities that carried them through the streets in procession72.

Tal explicação, ainda que totalmente adequada às imagens com função de matriz processional, não se pode aplicar inteiramente ao primeiro grupo de imagens, normalmente associadas a grandes milagres e a fiéis seguidores que as querem ver vestidas sobretudo por devoção, ainda que a autopromoção social (quer da igreja ou instituição a que pertencem, quer dos ofertantes particulares) também tenha um papel importante. Sendo ou não uma questão de “gosto” ou moda, inerente a elites sociais ou às camadas populares, certo é que, ao vestir as imagens, os devotos estão a humanizá-las e a aproximar-se delas, quer através do ato da oferta das vestes, do ato de vestir (só possível a alguns), ou simplesmente porque com roupas reais as imagens parecem de facto “mais humanas” ao olhar do crente.

Um dos curiosos cultos prestados à Señora de África é o Paso de Manto: no primeiro sábado de cada mês os devotos podem ser cobertos com o manto de Santa Maria de África e pedir a sua bênção e proteção73. Ao estar em contacto com a imagem milagrosa, o próprio manto torna-se milagroso. Ramón de la Campa Carmona, explica- -nos como “o manto é símbolo de autoridade e atributo de poder” e que:

(…) muchas veces María lo extiende para cobijar debajo de él a los fieles, lo cruza en el pecho para indicar también su virginidad o lo lleva suelto y arrastrado en señal de luto. Cuando se trata de imágenes que nos la muestran ya desposada, éste cubre recatadamente la cabeza de María, ocultando su cabello, o es sustituido en este menester por una toca74.

Por estas palavras, percebemos como uma peça de roupa consegue ao mesmo tempo expressar divindade, superioridade, poder e proteção, mas também características, sentimentos ou situações mais profanos e humanos em Maria. Não raras vezes, encontramos o manto da Virgem como cura, remédio ou salvação. Carmelo Lisón Tolosana relata-nos um rito muito semelhante ao do Paso do Manto de Nuestra Señora de África, ainda que um pouco mais complexo no seu processamento. Este é prestado à Virgen del Corpiño do Santuário de Corpiño, perto de Lalín (Pontevedra, Galiza), e busca a cura de maleitas através do contacto direto com o manto da pequena imagem:

(…) van pasando todos a la sacristía para venerar una imagen más pequeña de la Virgen del Corpiño, colocada sobre un escabel en una de las paredes; se refieren a ella como a "la verdadera", la "más antigua" y la "más poderosa" en comparación con la imagen mayor que sacan en procesión. El ritual consiste ahora en pasar de rodillas tres veces consecutivas sobre un banco colocado debajo de la imagen. Al coincidir en su lento paso debajo de ésta se detienen y con la mano tocan tres veces el manto, se santiguan y se autoimponen la mano sobre la cabeza o sobre el lugar corporal que más les aflige. Esta vez la virtud ritual no proviene, como en el caso anterior, del sacerdote ni de sus fórmulas verbales evangélicas sino de la contigüidad directa y personal con la sagrada y poderosa imagen de la Virgen75.

Ao longo dos vários tomos do Santuario Mariano, também são usuais os exemplos de imagens com poderes taumatúrgicos, cujos mantos adquirem esses mesmos poderes. Refira-se aqui, como exemplo final, o caso da “milagrosa Imagem de nossa Senhora do Pranto, da Freguesia do Salto” (Barroso, Montalegre)76:

He esta sagrada Imagem da Senhora do Pranto ou da Piedade (…) de pedra. (…) He de soberana fermosura, & parece estar viva; faz quatro palmos de estatura na forma em que está, & assim vem a ser quasi da proporção natural de huma perfeyta mulher. Obra muytos milagres, & principalmente em partos perigosos. Tem para este efeito dous mantos de seda, que se vaõ procurar naquellas occasioes, & tanto que se applicaõ às enfermas, he certo o bom successo. O mesmo Parocho, que nos fez esta relaçaõ, affirma que em hum dia à meya noyte lhe vieraõ à pressa pedir huma para hum mulher, que estava em grande perigo, & que sem se apear o que o procurava, o levára a toda a pressa, & que fora a Senhora servida, que no mesmo ponto, em q se lhe applicou o manto, parira a mulher com feliz successo.

Como percebemos, a imagem da Nuestra Señora de África, e as suas tradicionais vestes (hoje em dia limitadas aos mantos), inserem-se no vastíssimo e complexo universo da devoção mariana. Apesar de sensata, a decisão de nunca mais vestir a Señora, afigura-se um crime para muitos dos seus devotos, porque a sua Señora não se limita à escultura de madeira, como dizia Gallardo Gómez, tratando-se de uma imagem de vestir, com tudo o que isso acarreta, apesar de não o ter sido desde a sua origem.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegados ao fim deste texto, terminamos com a certeza de que muito mais haveria a deslindar sobre a imagem de Santa Maria de África. Além das dúvidas quanto à sua real datação e produção, falta também estudar aprofundadamente o seu enxoval. Enquanto imagem de vestir que foi, e que continua a ser, as suas vestes, adornos e joias, são parte da sua história artística e não só devocional.

A polémica em torno da sua conservação preventiva versus a continuação do uso dos mantos e da saída em procissão, merece ser discutida e avaliada dos seus vários pontos de vista, tendo em conta que, enquanto objeto artístico e de culto, tem uma vida própria, com mutações ao longo da sua existência, mas que também deve ser responsavelmente preservado para a posteridade.

Passados seis séculos após a sua ida para Ceuta, a imagem de Santa Maria de África continua a ser um elo de ligação entre Portugal e a sua cidade, e a perpetuar a memória do infante D. Henrique, pelo que o seu estudo deve ser incentivado.

 

FONTES E ESTUDOS

Fontes Iconográficas

Postal de Santa Maria de África, 1966 (?).

Postal de Santa Maria de África, primeira metade do século XX

 

Arquivo Municipal de Lisboa

Armando Serôdio, Comemorações Henriquinas, fogo-de-artifício no castelo de São Jorge aquando da comemoração do V Centenário da Morte do Infante Dom Henrique [Lisboa: Revista Municipal, 1960, nº 84]. Fotografia. PT/AMLSB/SER/S01387.

Armando Serôdio, Comemorações Henriquinas, fogo-de-artifício no castelo de São Jorge aquando da comemoração do V Centenário da Morte do Infante Dom Henrique. Fotografia. PT/AMLSB/SER/I00990.

Arnaldo Madureira, Monumento ao Marquês de Pombal durante as Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/ARM/I02855.

Arnaldo Madureira, Praça dos Restauradores ornamentada durante as Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/ARM/I00630.

Estúdio Mário Novais, Mensagem de Lisboa à cidade de Ceuta. Fotografia. PT/AMLSB/MNV/001167.

Garcia Nunes, Desfile da Marinha na avenida da Liberdade quando das Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00243, PT/AMLSB/NUN/I00245, PT/AMLSB/NUN/I00246 e PT/AMLSB/NUN/I00247.

Garcia Nunes, Desfile realizado na avenida da Liberdade durante as Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/T00776.

Garcia Nunes, Parada militar na avenida da Liberdade por ocasião das Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00244.

Garcia Nunes, Parada militar passando na Praça Marquês de Pombal por ocasião das Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00253.

Garcia Nunes, A praça do Município por ocasião das Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00254 e PT/AMLSB/NUN/I00255.

Garcia Nunes, A praça Luís de Camões por ocasião das Comemorações Henriquinas. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00256.

 

Fontes Impressas

AA. VV. - Monumenta Henricina. Lisboa; Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique: Universidade de Coimbra, 1960-1974. 15 volumes.

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GARCIA, José Manuel (org.); ANDRÉ, Carlos Ascenso; MOREIRA, Pedro - Documentação henriquina. Maia: Castoliva Editora, 1995.

MASCARENHAS, D. Jerónimo de; DORNELAS, Afonso de (dir.) – Historia de la ciudad de Ceuta: sus sucessos militares, y políticos: memórias de sus santos e prelados, y elogios de sus capitanes generales Lisboa: Academia das Sciencias, 1918.

MENEZES, Fernando de – Historia de Tanger que compreende las noticias desde su primera conquista hasta su ruina. Trad. P. Buenaventura. Tanger: Tipografia Hispano-Arabiga de la Mision Catolica, 1940. Primeira impressão portuguesa: Lisboa: Oficina Ferreiriana, 1732.

MOREYRA, Manuel de Sousa – Theatro historico, genealogico y panegyrico: erigido a la immortalidade de la excelentíssima Casa de Sousa. Paris: en la Emprenta Real, 1694.

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SANTA MARIA, Frei Agostinho de – Santuario mariano, e historia das imagens milagrosas de Nossa Senhora, e das milagrosamente aparecidas, em a India Oriental, & mais conquistas de Portugal, Asia Insular, Africa, & Ilhas Felippinas. Lisboa: Na Officina de Antonio Pedrozo Galram, 1707-1723. 10 tomos.

ZURARA, Gomes Eanes – Chronica do Conde D. Pedro de Menezes. In SERRA, José Correa da (dir.) - Collecção de livros inéditos de historia portugueza dos reinados de D. João I., D. Duarte, D. Affonso V., e D. João II. Lisboa: Academia Real das Sciencias, 1792.

 

Estudos

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submissão/submission: 01/08/2015

aceitação/approval: 11/09/2015

 

 

NOTAS

* Diana Rafaela Martins Pereira é licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (2012), mestre em História da Arte Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto com uma dissertação sobre Imagens de Vestir em Aveiro (2014) e doutoranda de História da Arte Portuguesa na mesma Faculdade. Bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Investigadora do CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura Espaço e Memória. Correio eletrónico: dianarafaelapereira@gmail.com

1 Cf. AA. VV. - Monumenta Henricina. Lisboa, Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique / Universidade de Coimbra, 1960-1974, 15 volumes.

2 Arquivo Municipal de Lisboa (AML), Armando Serôdio, Comemorações Henriquinas, fogo de artifício no castelo de São Jorge aquando da comemoração do V Centenário da Morte do Infante Dom Henrique [Lisboa: Revista Municipal, 1960, nº 84]. Fotografia. PT/AMLSB/SER/S01387; AML, Armando Serôdio, Comemorações Henriquinas, fogo de artifício no castelo de São Jorge aquando da comemoração do V Centenário da Morte do Infante Dom Henrique [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/SER/I00990.

3 AML, Garcia Nunes, Desfile da Marinha na avenida da Liberdade quando das Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00243, PT/AMLSB/NUN/I00245, PT/AMLSB/NUN/I00246 e PT/AMLSB/NUN/I00247; AML, Garcia Nunes, Desfile realizado na avenida da Liberdade durante as Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/T00776; AML, Garcia Nunes, Parada militar na avenida da Liberdade por ocasião das Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00244; AML, Garcia Nunes, Parada militar passando na praça Marquês de Pombal por ocasião das Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00253.

4 AML, Arnaldo Madureira, Praça dos Restauradores ornamentada durante as Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/ARM/I00630; AML, Arnaldo Madureira, Monumento ao Marquês de Pombal durante as Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/ARM/I02855; AML, Garcia Nunes, A praça do Município por ocasião das Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00254 e PT/AMLSB/NUN/I00255; AML, Garcia Nunes, A praça Luís de Camões por ocasião das Comemorações Henriquinas [Lisboa: s.n., 1960]. Fotografia. PT/AMLSB/NUN/I00256.

5 LEITE, José - Exposição Henriquina. Restos de Colecção [Blog em linha]. 12 de janeiro de 2014. [Consultado em 25.07.2015]. Disponível na Internet: http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2014/01/exposicao-henriquina.html.

6 AML, Estúdio Mário Novais, Mensagem de Lisboa à cidade de Ceuta [Lisboa, s.n., 1960]. Fotografia, preto e branco, 13x18cm, suporte: negativo de gelatina e prata em acetato de celulose. PT/AMLSB/MNV/001167.

7 Áleo. Primitiva Cofradía de Caballeros, Damas y Corte de Infantes de Nuestra Señora de África Coronada [Em linha]. [Consultado em 24.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.virgendeafrica.es/afimagenaleo.htm.

8 FRANÇA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta (María Dolores Morillo, transcripción). Ciudad Autónoma de Ceuta: Consejería de Educación y Cultura, 1999, p. 206; 274-275; 447-448.

9 BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond; BRAGA, Paulo Drumond – Ceuta Portuguesa (1415-1656). Ciudad Autónoma de Ceuta: Instituto de Estudios Ceutíes, 1998, p. 149; Veja-se a ata de proclamação de Santa Maria de África como Padroeira da cidade em: DORNELAS, Afonso de - Santa Maria d'África - Padroeira de Ceuta. In História e Genealogia. Lisboa: Casa Portugueza, 1916. IV volume. p. 15-16.

10 Patronazgo de Santa María de África sobre Ceuta y nombramiento de Alcadesa Perpetua. Primitiva Cofradía de Caballeros, Damas y Corte de Infantes de Nuestra Señora de África Coronada, op. cit. Disponível na Internet: http://www.virgendeafrica.es/afimagenpatronazgo.htm.

11 G. B. J. – La Corona de La Patrona se expone por primera vez. El Pueblo de Ceuta [Em linha]. 18 de julho de 2014. [Consultado em 24.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.elpueblodeceuta.es/201407/20140718/201407185107.html.

12 Procesión. Primitiva Cofradía de Caballeros, Damas y Corte de Infantes de Nuestra Señora de África Coronada, op. cit., Disponível na Internet: http://www.virgendeafrica.es/afcultosprocesion.htm.

13 Idem.

14 Este paper é, desde logo, assumido como uma primeira abordagem ao objeto de estudo em questão – o caso específico da imagem da Nossa Senhora de África. É, portanto e inevitavelmente, incompleta e sujeita a uma mais aprofundada investigação que passa, acima de tudo, pela observação direta do enxoval da imagem e pela análise da sua relação inventarial de ofertas-ofertantes e existências atuais, o que implica uma próxima ida a Ceuta.

15 DORNELAS, Afonso de - Santa Maria d'África - Padroeira de Ceuta, op. cit., p. 7; GARCIA COSIO, José – Ceuta. Historia, Presente y Futuro. Ceuta: [s.n.], 1977, p. 215.

16 ZURARA, Gomes Eanes – Chronica do Conde D. Pedro de Menezes. In SERRA, José Correa da (dir.) - Collecção de livros inéditos de Historia Portugueza dos reinados de D. João I., D. Duarte, D. Affonso V., e D. João II. Lisboa: Academia Real das Sciencias, 1792. Tomo II. p. 234.

17 Batalha de Alcacer para resgate do escudeiro de D. Duarte, Fernando da Silva, e de outros quinze cristãos. Veja-se ZURARA, Gomes Eanes – Chronica do Conde D. Pedro de Menezes, op. cit., p. 553.

18 MASCARENHAS, D. Jerónimo de – Historia de la ciudad de Ceuta: sus sucessos militares, y políticos; memorias de sus santos e prelados, y elogios de sus capitanes generales. Lisboa: Academia das Sciencias de Lisboa, 1918, p. 163-164.

19 ZURARA, Gomes Eanes – Chronica do Conde D. Pedro de Menezes, op. cit., p. 558-559.

20 BROCARDO, Maria Teresa – Editar uma Crónica de Zurara. Cahiers de linguistique hispanique médiévale [Em linha]. Nº 20 (1995), p. 257-267 [Consultado em 20.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/cehm_0396-9045_1995_num_20_1_938.

21 Súplica do infante D. Henrique ao papa Eugénio IV (resumo) [AV, Reg. Suppl., vol. 295, fl. 187 v.] visto em GARCIA, José Manuel (org.); ANDRÉ, Carlos Ascenso; MOREIRA, Pedro - Documentação henriquina. Maia: Castoliva Editora, 1995, p. 148.

22 Bula Etsi Suscepti de 9 de Janeiro de 1442, vista em DORNELAS, Afonso de - Santa Maria d'África - Padroeira de Ceuta, op. cit., p. 10-12.

23 Segue-se depois a redação de outras cartas que confirmam a ligação do infante à Nuestra Señora de África, nomeadamente em que ordena a realização de missas em sua honra naquela igreja e noutras que mandou construir e, finalmente, no seu testamento, em que reafirma que foi ele quem “estabeleceu e ordenou a Igreja de Santa Maria de África”. Visto em GARCIA, José Manuel (org.), ANDRÉ, Carlos Ascenso; MOREIRA, Pedro - Documentação henriquina, op. cit., p. 113-114; 118-120; 121-122.

24 Documento de doação do infante D. Henrique, Vila do Infante, 19 de setembro de 1460 [Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Coleção Especial, parte I, caixa 72] visto em Idem, p. 106-107.

25 Idem.

26 Idem.

27 Sabatina a Santa María de África en recuerdo del Infante de Portugal, D. Enrique de Avis. Primitiva Cofradía de Caballeros, Damas y Corte de Infantes de Nuestra Señora de África Coronada [Em linha]. [Consultado em 24.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.virgendeafrica.es/afcultosotros.htm.

28 DORNELAS, Afonso de - Santa Maria d'África - Padroeira de Ceuta, op. cit., p. 9.

29 DORNELAS, Afonso de - Santíssima Virgem d'África – Padroeira de Ceuta. In De Ceuta a Alcacer Kibir em 1923. Lisboa: Casa Portugueza, 1924. p. 145-147.

30 BRÁSIO, António – Santa Maria de África. História e missiologia: inéditos e esparsos. Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola, 1973. p. 74. Refira-se a propósito desta contestação de António Brásio quanto à existência da igreja da Nossa Senhora de África à data de 1418, que esta também viria a ser mal-interpretada em BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond; BRAGA, Paulo Drumond – Ceuta Portuguesa (1415-1656), op. cit., p. 148, quando se diz “Não se pode determinar a data certa da erecção desta casa, apenas que já existia aquando o cerco de 1418”. Refira-se, ainda, uma notícia que nos chega através da historiografia espanhola, e que informa como Enrique Arques na sua obra de 1966, “Las Adelantadas de España”, data a chegada da imagem a Ceuta em 1420, através daquele que parece ser o documento aqui citado da doação da imagem e igreja à Ordem de Cristo pelo infante D. Henrique, datado de 19 de setembro de 1460. In GARCIA COSIO, Jose – Ceuta. Historia, Presente y Futuro, op. cit., p. 215. Por fim, Teresa Gomez aponta para 1421 o envio da imagem, baseando-se “documentalmente en un escrito firmado por el próprio Infante y fechado años después en 1460”, não identificando, contudo, a localização desse documento. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS, Isabel; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración. Madrid: Caja de Madrid, Ministerio de Cultura, Dirección General de Cooperación Cultural, Dirección General de Bellas Artes y Archivos, Instituto de Conservación y Restauración de Bienes Culturales, Dirección Provincial de Cultura de Ceuta, 1992.

31 MASCARENHAS, D. Jerónimo de – Historia de la ciudad de Ceuta: sus sucessos militares, y políticos; memorias de sus santos e prelados, y elogios de sus capitanes generales, op. cit., p. 10.

32FRANÇA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta, op. cit., p. 79.

33 A título de exemplo, vejam-se os volumes de SANTA MARIA, Frei Agostinho de – Santuario mariano, e historia das imagens milagrosas de Nossa Senhora, e das milagrosamente aparecidas, em a India Oriental, & mais conquistas de Portugal, Asia Insular, Africa, & Ilhas Felippinas. Lisboa: Na Officina de Antonio Pedrozo Galram, 1707-1723, 10 tomos.

34 FRANÇA, Alejandro Correa de - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta, op. cit., p. 501.

35 Idem, p. 502.

36 Idem, p. 505.

37 Idem, p. 507-509.

38 SANTA MARIA, Frei Agostinho de – Santuario Mariano ..., op. cit., 1720, tomo oitavo, p. 344-345.

39 BRÁSIO, António – A primitiva catedral de Ceuta. História e missiologia: inéditos e esparsos, op. cit., p. 56-71.

40 SANTA MARIA, Frei Agostinho de – Santuario mariano..., op. cit., p. 346.

41BRÁSIO, António – A primitiva catedral de Ceuta. História e missiologia: inéditos e esparsos, op. cit., p. 56-71.

42 REIS, Padre Jacinto dos – Invocações de Nossa Senhora em Portugal de Aquém e Além-Mar e seu Padroado. Lisboa: [s.n.], 1967, p. 611-613.

43 BRÁSIO, António – A primitiva catedral de Ceuta. História e missiologia: inéditos e esparsos, op. cit., p. 56-71.

44 DORNELAS, Afonso de - De Ceuta a Alcacer Kibir em 1923. Lisboa: Casa Portugueza, 1924, p. 78-79.

45 J. M. R. G. – Nuestra Señora del Valle se muestra a los ceutíes tal y como fue en sus orígenes. El pueblo de Ceuta. [Em linha]. 1 de dezembro de 2014 [Consultado em 25.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.elpueblodeceuta.es/201412/20141201/201412016104.html.

46 PUYA, Mercedes – La Virgen del Valle vuelve a su templo después de su restauración. Diócesis de Cádiz y Ceuta [Em linha]. 1 de dezembro de 2014 [Consultado em 25.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.obispadodecadizyceuta.org/noticia/virgen-valle-vuelve-su-templo-despues-su-restauracion.

47 REIS, Padre Jacinto dos – Invocações de Nossa Senhora em Portugal de Aquém e Além-Mar e seu padroado, op. cit., p. 611-613.

48 Descobrimentos. Museu da Marinha [Em linha]. [Consultado em 25.07.2015]. Disponível na Internet: http://museu.marinha.pt/pt/sobreomuseu/plantadomuseu/descobrimentos/Paginas/default.aspx#santamaria.

49 GÓMEZ ESPINOSA, Teresa – Nuestra Señora de Africa: estudio histórico-artistico. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 19-25.

50 Idem, p. 23-25.

51 CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS, Isabel – El proceso de conservación y restauración y recomendaciones para la conservación de la imagen. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 48-52.

52 ANTELO, Tomas; GABALDON, Araceli; YRAVEDRA, Maria – Estudio radiográfico. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 29.

53CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS, Isabel – El estado de conservación de la talla previo al tratamiento. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 34-36.

54 Idem, p. 41. Tradução nossa.

55CORREA DE FRANÇA, Alejandro - Historia de la mui noble y fidelíssima ciudad de Ceuta, op. cit., p. 206.

56 Idem, p. 301.

57 Idem, p. 447-448.

58 CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS, Isabel – El estado de conservación de la talla previo al tratamiento. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 41. Tradução nossa.

59 GÓMEZ ESPINOSA, Teresa – Nuestra Señora de Africa: estudio historico-artistico. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit. p. 22.

60 CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS, Isabel – El proceso de conservacion y restauración y recomendaciones para la conservación de la imagen. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 57.

61 In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 16.

62 HERRAEZ, Juan Antonio – La conservación preventiva de la imagen. In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 63.

63 In CRUZ SOLIS, Raimundo; POZA VILLACAÑAS; GÓMEZ ESPINOSA, Teresa (coord.) - Nuestra Señora de África: processo de restauración, op. cit., p. 13.

64 Idem.

65 Restauración. Primitiva Cofradía de Caballeros, Damas y Corte de Infantes de Nuestra Señora de África Coronada [Em linha]. [Consultado em 24.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.virgendeafrica.es/afimagenrestauracion.htm.

66 GALLARDO GÓMEZ, José Francisco – El manto rojo de Nuestra Señora de África. Ceuta: Cofradía de Caballeros, Damas y Corte de Infantes del Santa María de África, Patrona de Ceuta, 2013, p. 11.

67 Para um estado da arte atualizado sobre imaginária de vestir, veja-se PEREIRA, Diana Rafaela Martins – Imagens de vestir em Aveiro: a escultura mariana: do século XVII à contemporaneidade [Em linha]. Porto: [s.n.], 2014. Dissertação de Mestrado em História da Arte Portuguesa, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Disponível na Internet: http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/77301; e também CHAVES, Duarte Nuno - Os Terceiros e os seus "santos de vestir": os últimos guardiões do património franciscano na cidade da Ribeira Grande, S. Miguel [Em linha]. Ponta Delgada: [s.n.], 2013. Dissertação de Mestrado em Património, Museologia e Desenvolvimento, apresentada à Universidade dos Açores. Disponível na Internet: https://repositorio.uac.pt/handle/10400.3/2142.

68 Veja-se PEREIRA, Diana Rafaela Martins – Imagens de vestir em Aveiro: a escultura mariana: do século XVII à contemporaneidade, op. cit., p. 100-112.

69 SANTA MARIA, Frei Agostinho de - Santuario mariano ..., op. cit., 1707, tomo segundo, p. 62-66.

70 PEREIRA, Diana Rafaela Martins – Imagens de vestir em Aveiro: a escultura mariana: do déculo XVII à contemporaneidade, op. cit., p. 74.

71 SANTA MARIA, Frei Agostinho de - Santuario mariano ..., op. cit., tomo segundo, p. 23-26.

72 WEBSTER, Susan Verdi – Shameless beauty and the worldly splendor on the Spanish practice of adorning the Virgin. In THUNO, Erik; WOLF, Gerhard (ed.) - The miraculous image in the late middle ages and Renaissance. [S.l]: L'erma di Bretschneider, 2004, p. 254.

73 Otros cultos. Primitiva Cofradía de Caballeros, Damas y Corte de Infantes de Nuestra Señora de África Coronada [Em linha]. [Consultado em 24.07.2015]. Disponível na Internet: http://www.virgendeafrica.es/afcultosotros.htm.

74 CAMPA CARMONA, Ramón de - La palabra materializada: y el verbo se hizo imagen. Aproximación al lenguaje plástico de la imagen sagrada mariana. Congreso Internacional Imagen Apariencia. Noviembre 19, 2008 - noviembre 21, 2008. 2-3 [Em linha]. Murcia: Universidad de Murcia, 2009. Disponível na Internet: http://dialnet.unirioja.es/servlet/libro?codigo=357306.

75 LISÓN TOLOSANA, Carmelo - Espacios éticos de la enfermedad. Anales de la Real Academia de Ciencias Morales y Políticas. Nº 73 (1996). p. 272.

76 MARIA, Frei Agostinho de Santa - Santuario Mariano ..., op. cit.,1712. Tomo quarto, p. 150-154

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