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Comunicação e Sociedade

versão impressa ISSN 1645-2089versão On-line ISSN 2183-3575

Comunicação e Sociedade vol.28  Braga dez. 2015

https://doi.org/10.17231/comsoc.28(2015).2281 

MOBILIDADES, CULTURAS E UNIVERSOS TECNOLÓGICOS

Mobilidade da rádio na era digital: interatividade, participação e partilha de conteúdos nas emissoras ibéricas

Radio mobility in the digital era: interactivity, participation and content share possibilities in Iberian broadcasters

 

//

Teresa Piñeiro-Otero*; Fábio Ribeiro**

//

//*Universidade da Coruña, teresa.pineiro@udc.es. //
//**Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedadefabio.ribeiro@ics.uminho.pt.

 

RESUMO

No quadro da investigação científica sobre rádio, os últimos anos têm dado a conhecer inúmeras abordagens sobre o significado de uma post-radio (Oliveira & Portela, 2011), isto é, a definição de um conjunto de questões que se colocam à inclusão da rádio contemporânea em ambientes digitais e online. Esta migração digital tem vindo a proporcionar o desenvolvimento das aplicações móveis das rádios, como o alargamento das potencialidades comunicativas (Aguado, Feijoo & Martínez, 2013), de audiências, de convergência de conteúdos interativos entre ouvintes-utilizadores. Conscientes desta oportunidade, as principais emissoras da Espanha e Portugal alargaram o universo da radiofonia à plataforma móvel, com especial atenção aos telefones inteligentes, através do desenvolvimento de aplicações móveis (apps) (Cerezo, 2010). Os smartphones, como símbolo de uma cultura em permanente mutação, sugerem não apenas uma maior facilidade no acesso e interação, mas acrescentam grandes possibilidades para a difusão de conteúdos entre audiências, o que estudos têm designado por user distributed content (Villi, 2012). O presente artigo apresenta uma análise exploratória sobre as políticas atuais das principais rádios espanholas e portuguesas nas aplicações móveis, avaliando o grau de interação e participação mobilizado nessas plataformas. Durante a observação, conclui-se, entre outros dados, que a plataforma móvel representa um canal suplementar para a rádio tradicional FM, mais que um novo meio com linguagem e expressividade próprios.

Palavras-chave: Mobilidade; aplicações móveis na rádio; interatividade; participação; partilha de conteúdos.

 

ABSTRACT

In the context of the scientific research into radio, recent years have encouraged many theories about the meaning of a post-radio (Oliveira & Portela, 2011), thus enlisting several parameters regarding the inclusion of contemporary radio in the digital and online environments. This digital migration has led to the development of mobile applications for radio, broadening the communicative potential of audiences (Aguado, Feijoo & Martínez, 2013), as well as promoting convergence of interactive content among listeners-users. Aware of this opportunity, the main broadcasters in Spain and Portugal have broadened their radiophonic scope to the mobile platform, especially geared towards smartphones through the development of mobile applications, commonly known as apps (Cerezo, 2010). As a symbol of a culture in permanent changing, smartphones not only provide greater easiness in terms of access and interaction, but also afford larger opportunities for disseminating content among audiences, a phenomenon that some studies have labelled as user distributed content (Villi, 2012). This article presents an exploratory analysis of the current policies of the main Spanish and Portuguese radio broadcasters regarding mobile applications, evaluating the different levels of interaction and participation in these platforms. This observation led to the conclusion, among other findings, that the mobile platform represents a supplementary channel for traditional FM radio, rather than a new medium with its own language and expression.

Keywords: Mobility; mobile radio applications; interactivity; participation; content sharing.

 

Introdução

A cultura tecnológica de imersão na portabilidade (Kischinhevsky, 2009) remonta ao início do século XXI, com a expansão da telefonia móvel, um fenómeno que se redimensionou com a democratização de múltiplos dispositivos portáteis. Netbooks, e-readers, tablets e, sobretudo, smartphones integraram-se no quotidiano, embora com diversos níveis de uso e de apropriação (Dearman & Pierce, 2008). Neste contexto de convergência digital, definiu-se um novo meio social, móvel, aberto e interconectado (Weinberger, 2011). Desde o lançamento do iPhone (2007) os smartphones registaram uma expansão importante que os posiciona como o novo motor da chamada “sociedade da informação” (Cerezo, 2010), numa utilização a nível mundial que se calcula em 72% dos utilizadores móveis, perante os 84% registados em Espanha e os 40% em Portugal (AMETIC & Acenture, 2014; ANACOM, 2014).

Estes dispositivos contam com funcionalidades que transcendem o próprio conceito de terminal telefónico, assumindo, porventura, um papel de ecrã social, expansivo e envolvente para onde convergem, de modo único, comunicação e conteúdo (Aguado, Feijoo & Martínez, 2013). Neste contexto, os smartphones constituem um prolongamento da identidade do utilizador, dadas as possibilidades que oferecem à gestão autónoma e personalizada, convertendo-se num “lar para além do lar” (Casseti & Sampietro, 2002). A crescente penetração dos terminais inteligentes implicou o desenvolvimento da banda larga móvel que resultou no acesso regular à Internet para 78% dos utilizadores móveis espanhóis e 34% dos portugueses (AMETIC & Acenture, 2014; ANACOM, 2014). Este incremento na conectividade dos smartphones desafiou formas instaladas de interação entre os meios de comunicação e os cidadãos (Cebrián Hereros & Flores Vivar, 2012; Meso, et al., 2014). A apropriação destes dispositivos proporcionaria novos caminhos de uma cultura de acesso à informação digital (Díaz-Noci, 2010).

De acordo com Scolari (2012), os smartphones converteram-se em grandes predadores de atenção, promovendo a conexão permanente de quem que os utiliza, sobretudo entres aqueles que sentem necessidade de obter informação de forma contínua, personalizada e em qualquer lugar (Nozal, González-Neira & Sanjuán, 2014). Neste contexto, os telefones inteligentes representam um suporte único para novas manifestações mediáticas no âmbito da convergência. Sob a designação comum de ‘comunicação móvel’, diversas investigações têm vindo a refletir sobre a transposição dos meios de comunicação para estas plataformas de difusão, especialmente desde a perspetiva da imprensa e a sua transformação em diversas fórmulas interativas (Aguado et al., 2013; Canavilhas, 2013; Reis, Ribeiro & Portela, 2014).

A convergência entre rádio e a tecnologia móvel era previsível. Na década de 90 do século XX, o desenvolvimento do sistema de comunicação GSM (Global System for Mobile Communications) já tinha convertido os terminais telefónicos em recetores analógicos de rádio. Este primeiro avanço técnico possibilitou novas experimentações da rádio, na procura de uma linguagem e expressividade próprias (Vacas, 2007). Hoje, este preceito continua atual. No entanto, discute-se com outro vigor a natureza da gramática sonora (Herreros, 2008), em torno de dispositivos de alto desempenho, como smartphones, tablets ou computadores portáteis (Del Bianco, 2011).

No caso específico do telemóvel, o principal foco deste trabalho, seguimos o entendimento de Fidalgo (2013), autor que desafia a rádio a desenvolver uma política ativa de transposição da sua essência sonora para o contexto online, em ambiente de consumo multitasking ou em mobilidade, promovendo o seu caráter íntimo e pessoal. Acrescente-se que a transição do meio à rede online e digital implicará a transformação do produto sonoro em multimédia e a emergência de novas fórmulas de distribuição de conteúdos e de interação com o ouvinte (Albarran & Pitts, 2001; Priestman, 2002; Nyre & Ala-Fossi, 2008; Tolson, 2006).

A apropriação da plataforma móvel constitui uma oportunidade única para a atração de ouvintes e utilizadores (Rosales, 2013). Também no móvel a relação de intimidade entre os produtores e os ouvintes radiofónicos contribuiu para o sentimento de pertença a um grupo. Nos smartphones, a rádio tem a oportunidade de oferecer conteúdos geolocalizados, personalizados e participativos (Cerezo, 2010; Videla & Piñeiro, 2013). Para a incorporação destas potencialidades e a adaptação a este novo suporte, os investigadores têm proposto que os produtores radiofónicos deverão adequar o redesenho dos conteúdos sonoros aos media online (Priestman, 2002; Ramos & González-Molina, 2014b; Ribeiro, 2014).

Independentemente das possibilidades implícitas nos smartphones, a expansão da rádio à mobilidade supõe também novas oportunidades na perspetiva do acesso. O número de utilizadores móveis com acesso a ligação regular a conteúdos da Internet conheceu um significativo aumento em Espanha e Portugal. Segundo dados do instituto IAB-Espanha (Interactive Advertising Bureau), de 2014, três em cada quatro internautas são utilizadores de rádio na Internet no seu sentido mais amplo, isto é, consomem versões online das rádios convencionais, emissoras exclusivamente online ou serviços automatizados (como Spotify, Grooveshark). O mesmo estudo revelou ainda que metade destes utilizadores já acede a conteúdos radiofónicos através de aplicações para dispositivos móveis.

As múltiplas ligações desta radiofonia online não sugerem, porém, caminhos de escuta diversificados. No relatório do IAB afirma-se que os ouvintes-utilizadores continuam a preferir as marcas convencionais de rádio também na rede (81,5%). Assim, sublinha-se com particular destaque o crescente acesso a serviços automatizados (64,2%) e, por extensão, a intensificação do consumo personalizado de conteúdos sonoros. O estudo refere, igualmente, que a possibilidade de escuta de acordo com a disponibilidade do ouvinte constitui, aliás, a principal motivação para acompanhar a atividade da rádio online. Uma vez imersos neste processo de self-communication (Merayo, 2000), esta mobilidade da rádio possibilita a construção de uma sono-esfera digital guiada pelo ouvinte-utilizador, que decide o que quer escutar, como, quando e em que condições (Perona, Barbeito & Fajula, 2014). Podemos, assim, afirmar que se a rádio convencional permite a socialização do som, a rádio móvel facilita a sua individualização, embora multiplicando as opções de partilha digital e de interação, o que se traduz na expressão user distributed content (Westlund, 2012; Villi, 2012), isto é, de conteúdos geridos pelos utilizadores.

A portabilidade da rádio exige, portanto, o redesenho da estrutura e conteúdos das aplicações móveis, para adequar às oportunidades deste novo suporte e criar uma linguagem e expressividade próprios. Tal como assinalam Johnson et al. (2012), as melhores aplicações definem-se pela adaptação completa das potencialidades do próprio dispositivo, utilizando dados de posicionamento, acesso a redes sociais ou busca web, numa experiência de mobilização digital plena.

É nosso objetivo neste texto debruçarmo-nos sobre a análise desta mobilidade da rádio, através do estudo da migração das principais rádios FM (generalistas e especializadas) de Espanha e Portugal para o ambiente das aplicações móveis, sublinhando as possibilidades de interação e participação que tais rádios disponibilizam nestes contextos. A investigação que conduzimos situa-se em linha com estudos anteriores sobre rádios espanholas e aplicações móveis (Videla & Piñeiro-Otero, 2012, 2013) ou a extensão desta abordagem ao contexto europeu e EUA (Ramos & González-Molina, 2014). Ao mostrar as principais conclusões sobre as rádios ibéricas, o estudo propõe algumas reflexões que consideramos fundamentais para o debate sobre políticas de comunicação da rádio no universo das comunicações móveis. Assim, o texto divide-se em três partes: uma leitura conceptual sobre interatividade e participação, conceitos fundamentais para a ideia de mobilização moderna da rádio para o ambiente digital; a apresentação da abordagem empírica que serve de mote ao estudo, com o foco em emissoras ibéricas e, finalmente, a leitura de resultados mais relevantes e possibilidades de novas práticas.

Linhas de um mapeamento conceptual sobre interatividade

No quadro do debate sobre a relação entre os media e os cidadãos, nunca foi tão frequente encontrar referências ao conceito de “participação” ou de “interatividade”. Embora ambos apontem para a mesma dimensão relacional, de contacto, entre indivíduos e/ou instituições, podemos assumir, com base em algum senso comum, que uma distinção primária entre os dois termos se relaciona com uma conotação técnica e tecnológica. Com efeito, a “interatividade”, justamente refém desta identificação digital e online, representa “um dos problemas pouco falados e teorizados nos novos media e na sociedade” (Bauman citado em Deuze, 2006, p. 691).

O potencial da interatividade, enquanto ferramenta de comunicação, não está ainda explicado na sua plenitude: tal como afirma Deuze “em relação aos processos de produção dos media, vamos continuar a ser testemunhos do aumento exponencial de conteúdos down-top para audiências mais amplas” (Deuze, 2006, p. 697). Designada como conceito de uma renovada promessa de contato entre os media e as audiências, a interatividade tem motivado, igualmente, as mais variadas abordagens de investigadores que pretendem, de algum modo, categorizar os comportamentos interativos online entre os utilizadores e as páginas da Web.

Deuze (2001) propõe, por isso, três tipos de interatividade: 1) a navegacional (a visualização de várias páginas, a possibilidade de regressar ao início da página (home) e botões de scroll; 2) a funcional (os links, a gestão de moderação de comentários entre utilizadores, a distribuição de conteúdos através das redes sociais e o e-mail); e 3) a adaptativa (os chats ou de salas de conversação específicas ou através da personalização da página pelo utilizador). A acrescentar a estas dimensões, Boczkowski (2004) sugere a interatividade de contato que resume as ferramentas online facilitadoras do contato entre utilizadores e gestores das páginas online, num exercício de diálogo entre intervenientes no espaço cibernético.

Para Chung (2008), existem três níveis possíveis de interatividade: o baixo (o download de vídeo e áudio, de galerias de fotografias, etc.); o médio (a resposta a sondagens ou a outros formulários a pedido) e o alto (enviar links por e-mail, a entrada em salas de conversação, os chats, etc.). Para Liu e Shrum (2002), a interatividade rege-se de acordo com três dimensões: entre o utilizador e o sistema que gere a página; entre dois utilizadores online; entre o utilizador e a mensagem online.

Um dos conceitos que se aproxima da ideia de interatividade é o da ‘participação’, originalmente convocado a partir de uma perspetiva política, que remonta às fundações da democracia ateniense expressa nas assembleias populares ou nas sessões de tribunais em que os cidadãos tinham a possibilidade de intervir e pronunciar-se (Simón, 2006). Ainda que simbolicamente não se lhe atribua uma conotação eminentemente digital como no caso da interatividade, é a partir dos media que surgem cada vez mais apelos à “participação” do público em vários espaços mediatizados, como fóruns de opinião pública, colaboração para a cobertura noticiosa de eventos de impacto público, passatempos, concursos, etc. Neste sentido, os media têm percebido a importância de ter o público do seu lado. Não apenas do ponto de vista comercial, relativo à venda de exemplares ou à medição de audiências, mas também do ponto de vista dos propósitos de retro alimentação do discurso (Moreno, 2006). Depois de cumpridas as francamente auspiciosas promessas de uma tecnologia que oferece hoje capacidades teoricamente infinitas de contato entre o que são os emissores e os recetores do discurso mediático, discutem-se agora as condições de execução de uma realidade móvel e as consequências destes novos quadros de uma mobilidade digital generalizada. No caso específico da rádio, podemos considerar que a ligação emblemática que esta sempre estabeleceu com os ouvintes decorreu, ao longo de várias décadas, do telefone, das tradicionais trocas de informação sobre o trânsito ou da participação pontual em programas de entretenimento. Hoje, as exigências digitais suscitam desafios de interpretação, não apenas no âmbito dos decisores mediáticos e das audiências, mas também no âmbito do universo específico da academia, a qual tem procurado desenvolver contributos para um debate justamente sobre a participação dos cidadãos nos media.

Dada a profusão de conceitos que procuram designar a mobilidade entre as audiências e os media, será porventura ajustado retomar algumas considerações teóricas a este respeito. De acordo com Carpentier (2007), existem três conceitos importantes a reter neste contexto: o acesso (dimensão física de intervenção direta nos média ou por outra via comunicacional); a interação (processo de construção de sentido através de experiências reais e vividas ou de fenómenos linguísticos); e a participação (exercício do poder e de influência). A propósito do último conceito, Pateman (1976) surge insistentemente citada como uma das académicas precursoras de um entendimento sobre participação que integra duas modalidades: a participação parcial (processo no qual duas ou mais partes se influenciam mutuamente na tomada de decisões, embora a decisão final recaia apenas numa delas) e a participação total (processo em que cada um dos indivíduos detém um poder na tomada de decisões constituindo uma estrutura de poder equitativa para determinar ações estratégicas). Em termos genéricos, Arnstein (1969) define a “participação cívica” do seguinte modo:

É a redistribuição do poder que permite aos cidadãos excluídos dos processos políticos e económicos deliberarem relativamente ao futuro (…) representa os meios pelos quais eles [cidadãos] podem introduzir significativas reformas sociais que permitam a partilha de benefícios futuros na sociedade. (Arnstein, 1969, p. 1)

Como parte de um processo ideológico, a vulgarização do conceito “participação”, consolidou-se em áreas diversificadas como os media, a comunicação política ou ambiental. No entanto, e partindo da inspiração dos trabalhos de Wasko e Mosco (1992) sobre democratização nos e através dos média, e recuperando também parte da filosofia de Carpentier e de Cleen (2008), Ribeiro (2013) propõe a distinção entre “participação através/com os média” e a “participação nos média”. O primeiro “remete para um conceito e uma prática que reportam à intervenção ativa do cidadão, através do acompanhamento da informação mediática sobre o rumo e a evolução de certos assuntos que tomam lugar na vida pública” (Ribeiro, 2013, p. 126). O segundo “depende inexoravelmente da vontade e disponibilidade dos média em recolher as contribuições dos leitores, ouvintes ou espectadores nas suas produções. Desta forma concorrem para este entendimento a criação de espaços especialmente vocacionados para promover a iniciativa dos cidadãos” (Ribeiro, 2013, p. 127).

Pinto e Sousa (2011) sugerem diferentes “modalidades de participação”: a passiva (a audiência não interfere no discurso mediático); a estratégica ou interessada (o cidadão participa para efeitos de ilustração do discurso); a episódica ou também interessada (dimensão testemunhal, expressa no envio de conteúdos); a qualificada (intervenção de peritos, comentadores especializados) e a institucional (conselho de opinião, interação com provedores). Do ponto de vista da participação motivada pelos próprios cidadãos — ou recetores do discurso — os investigadores identificam os seguintes níveis: (acompanhamento da atividade mediática) em resposta a estímulos (consultas, votações, feedbacks); voluntária (propostas, sugestões, críticas, direito de resposta); com conteúdos (fotos, vídeos, textos, depoimentos, etc.); mobilização, promoção (dinamização de iniciativas, tomadas de posição, debates).

Como parte de um novo ambiente digital, a exigência de um discurso mediático pontuado pela participação do público leva a que existam ainda muitas reservas sobre este recente fenómeno. De acordo com Rosa Moreno (2006), os media apenas potenciam a participação do público em momentos específicos, sobretudo na figura do testemunho nas situações em que os jornalistas não conseguiram estar presentes. É aquilo que designa como “técnica de affair”. Aproveitando esta inspiração crítica sobre o caráter substantivo da participação, este artigo procura também avaliar as oportunidades reais de participação que as rádios concedem aos ouvintes e utilizadores neste novo quadro que mobiliza a cultura para os ambientes digitais.

Plano e método de observação

Para analisar as possibilidades de interação e participação promovidas pelas emissoras convencionais de Espanha e Portugal na plataforma móvel foi desenvolvido um estudo exploratório das suas aplicações utilizando a análise de conteúdo. Neste sentido, foram examinadas as características formais das aplicações de rádio durante a primeira quinzena de outubro de 2014, atendendo à tipologia das emissoras, propriedade e sistemas operativos utilizados.

A seleção desta amostra de análise obedeceu, portanto, a dois procedimentos: por emissora e por sistemas operativos. No primeiro caso, optámos pela seleção das principais emissoras de Espanha e Portugal com maior audiência na emissão tradicional, via FM (EGM, fevereiro-novembro 2014; Bareme Rádio, setembro 2014). No total, observámos 29 rádios, sete das quais generalistas (quatro espanholas e três portuguesas) e 22 temáticas/especializadas (14 espanholas e oito portuguesas).

Com respeito aos sistemas operativos, delimitou-se a amostra às aplicações desenvolvidas para smartphones iOS e Android, aqueles que representam a maior penetração no mercado ibérico. Assim, reuniu-se uma amostra de 55 aplicações móveis (28 para iOS e 27 para Android[1]), tal como identifica a Tabela 1:

 

 

Possibilidades de interação e participação das aplicações móveis

A amostra evidencia uma limitada oferta de aplicações otimizadas para tablets. Apenas a Rádio Renascença, TSF, C40 e KissFM (o programa da manhã) contam com uma aplicação específica para iPad e, portanto, com um desenho e funcionalidades adaptados a este tipo de dispositivo.

Devido à simplicidade das ferramentas e variáveis utilizadas em trabalhos precedentes, estabeleceu-se uma tabela de análise específica para as aplicações móveis. Na configuração desta ferramenta de análise e na seleção de categorias tomaram-se como referência os trabalhos de Piñeiro-Otero e Videla (2013) e de Ferreras-Rodríguez (2014), mais concretamente em relação aos mecanismos de interação e participação da rádio móvel. A partir destes trabalhos desenvolveu-se uma grelha de análise em torno das seguintes variáveis de interação-participação:

 

 

[2]

 

A partir da verificação das categorias presentes ou ausentes é possível assinalar o grau de adaptação das principais emissoras de rádio portuguesas e as espanholas às possibilidades de interação das diferentes plataformas.

As emissoras da amostra demonstram que as suas aplicações móveis não tendem a contemplar mecanismos para a interação dos seus ouvintes-utilizadores. É por isso notória a ausência de fórmulas de interação básicas, tais como o voto em conteúdos de interesse, os encontros interativos com jornalistas do programa ou com personalidades (chat) ou a possibilidade de comentar os conteúdos. Apenas as apps da Rádio Renascença (iOS e Android) e da Antena 1 para iOS (como parte da aplicação coletiva de RTP) oferecem a possibilidade de comentário, especialmente em notícias e outros tipos de informações de caráter textual. No caso da Rádio Renascença, para poder comentar um conteúdo concreto, o utilizador da aplicação móvel deve identificar-se através de um formulário que solicita o nome, e-mail, a localidade e o texto da contribuição (sem registo prévio). Uma vez introduzidos estes dados, o comentário passa por um processo de moderação que atrasa uns minutos o seu aparecimento em ecrã.

No que se refere à participação dos ouvintes-utilizadores na rádio através do envio de conteúdos próprios, nenhuma das aplicações conta com uma funcionalidade para o envio de textos, imagens, vídeos ou gravações sonoras. A ausência de mecanismos que facilitem o envio de conteúdos próprios não só reduz as possibilidades de participação dos seus ouvintes-utilizadores como reflete uma perspetiva limitada da rádio móvel e das suas possibilidades para a interação, conectividade e criação de conteúdos. A própria essência dos smartphones, como dispositivos multifunções, permite o registo de um momento para posterior publicação numa página específica.

A demissão das rádios tradicionais de um papel ativo na promoção de estratégias de participação no contexto móvel implicará, no limite, a sua exclusão do contacto com audiências que convivem habitualmente num universo digital movimentado. Reflete, por isso, uma concepção ainda muito convencional do meio, um entendimento pouco esclarecido dos papéis de emissor e recetor, numa utilização deficitária das possibilidades da rádio para conseguir o envolvimento da audiência com os conteúdos radiofónicos.

Para além da utilização de mecanismos de participação e interação típicos da rádio tradicional, é possível assinalar nesta amostra de apps das rádios ibéricas um caso inovador que combina as possibilidades das plataformas sociais com a tecnologia de geolocalização dos terminais móveis. Na aplicação da Cope para iPhone, no programa desportivo Tiempo de Juego, os ouvintes-utilizadores podem conhecer e interagir com outros geograficamente próximos. Trata-se de uma nova funcionalidade que dá um passo ambicioso na conexão e coesão da comunidade de ouvintes-utilizadores do programa.

Outras estratégias de participação

O telefone — o meio tradicionalmente vinculado à interação com a rádio —, o e-mail e as redes sociais dominam neste particular contexto, pelo que também se analisou o relevo que desempenham na interação entre rádios e ouvintes. Assim, analisou-se a presença de eventuais ligações diretas no site das diversas emissoras, por se considerar que, naqueles casos em que as aplicações móveis não disponibilizem o acesso a estas fórmulas de interação, se pode aceder a elas através da plataforma web.

De uma maneira geral, a referência aos modos de participação e interação com os produtores nas aplicações móveis das rádios ibéricas reduz-se ao contato com a emissora em termos gerais, mais do que a um programa ou locutores concretos. Se, como assinala Tolson (2006), o ato de fala supõe o modo mais expressivo de participação na rádio, parece-nos importante sublinhar a especial relevância a inclusão do contato telefónico da emissora ou outras fórmulas (por exemplo Skype) que permitam esta interação oral. O telefone assume, portanto, uma presença residual nesta amostra. Das emissoras generalistas, apenas as apps da Cope e RNE informam sobre um possível contato telefónico. O caráter coletivo da aplicação da RNE faz com que este contato seja comum às emissoras do grupo. Outra aplicação que incorpora o número de telefone para a relação com o público é a app individual da Antena 2 (somente disponível para Android).

Com respeito ao e-mail, um modelo tradicional de participação através de Internet, também se destaca a sua limitada presença nas aplicações da amostra. No âmbito da “rádio falada”, isto é, de emissoras que privilegiam conteúdos de discussão, debate e reflexão em torno maioritariamente da palavra, apenas a Cope inclui um link do e-mail da emissora, enquanto na Antena 1 este contacto se efetua através de um formulário online. Dentro das aplicações móveis especializadas, só a Rádio 3 (iOS e Android) e a versão de Smooth para iOS facilitam a interação através do e-mail. A aplicação comum ao grupo da RNE incorpora o e-mail na informação de contacto, no entanto serve exclusivamente para reportar questões de âmbito técnico, de eventuais avarias ou incompatibilidades com o sistema operativo utilizado.

A incorporação das redes sociais no universo das rádios espanholas e portuguesas implicou o aparecimento de um novo canal para a interação e participação dos ouvintes-utilizadores. Para aproveitar este canal, mais direto e instantâneo que o e-mail, seria porventura necessária uma política de maior incentivo à participação nas redes sociais da rádio, para promover a atividade entre utilizadores online, dando espaço a iniciativas paralelas no contexto offline.

Esta análise evidencia a ausência de vínculos entre a aplicação móvel e as redes sociais das emissoras. Seguindo estudos de Ramos e González Molina (2014b), as principais rádios de Espanha e Portugal alargaram a sua presença a diversos social media, no entanto, apenas as emissoras generalistas Onda Cero e Cope (iOS e Android) e as especializadas Hit FM (iOS e Android), Europa FM (iOS), e Kiss FM (Android) — todas elas espanholas — preveem alguma ligação com as redes sociais. Além destas rádios, a aplicação da Rock FM (iOS) incorpora informação do perfil do Twitter, possibilitando a conversão de ouvintes em seguidores, embora de um modo menos direto.

Quanto à fórmula de acesso às redes sociais, prevista pelas aplicações móveis, existem basicamente três tipologias: inserida na própria aplicação, que permite a interação e acompanhamento nas redes sociais, sem desligar a aplicação (Onda Cero e Europa FM); através de um link (Cope, Kiss FM) e via ícone (Hit FM).

A limitada conectividade entre as aplicações de rádio ibéricas e os seus canais nas redes sociais responde a uma deficitária interatividade, negligenciando as potencialidades destas ferramentas na criação e coesão de uma comunidade radiofónica. Por isso, merece especial sublinhado a atenção praticamente nula que as redes sociais ocupam no quadro das rádios temáticas musicais, sobretudo a partir de duas perspetivas: 1) as potencialidades de ambas plataformas (social e móvel) para a interação com os utilizadores, através de múltiplas fórmulas e linguagens; 2) sendo as redes sociais um terreno amplamente frequentado por jovens, e tendo em conta que as emissoras musicais trabalham sobretudo para uma audiência composta por indivíduos destas faixas etárias, parece-nos paradoxal esta demissão de uma aposta nestes espaços online.

 

 

No entanto, as aplicações de emissoras musicais caracterizam-se por contar com uma maior simplicidade estrutural do que as generalistas, o que se reflete nas suas funcionalidades e conectividade. As aplicações na Smooth FM (iOs e Android), Cidade FM (iOS) ou M80 (iOS) ou Rádio Clássica (iOS e Android) apresentam um único nível (página) de navegação.

Relativamente ao acesso ao site da rádio desde a própria aplicação móvel, está apenas previsto pelas aplicações da rádio pública de Espanha e Portugal — com a exceção da app individual daAntena 1 — além da TSF (iOS) no caso das emissoras generalistas e Hit FM (Android) das rádios especializadas. A restrita conectividade das aplicações móveis das rádios da amostra com os sites não só revela a falta de previsão de mecanismos de interação e participação (na própria app e derivados), mas também sublinha uma falta de concepção global da radiofonia online.

As possibilidades de partilha nas aplicações móveis

Paralelamente à falta de previsão de mecanismos de interação e participação, a maioria das aplicações móveis das rádios ibéricas estudadas (26 em 41) permite a partilha de conteúdos, isto é, apresenta a possibilidade de os ouvintes-utilizadores partilharem os conteúdos de forma fácil e instantânea. Deste modo, é lícito afirmar que as rádios favorecem uma ideia de conteúdos distribuídos pelos utilizadores, tal como se depreende no seguinte gráfico.

 

 

No caso das emissoras generalistas, 10 em 14 preveem a opção de partilha dos conteúdos, ainda assim a limitada presença de mecanismos de participação e interação previstos pelas aplicações impede assinalar diferenças entre sistemas operativos. De qualquer modo, as opções de partilha oferecidos pelos dispositivos Android é superior às dos iPhone, um facto que se reflete nas funcionalidades das suas aplicações. As aplicações que apresentam a maior capacidade de partilha em iOS permitem uma redistribuição dos conteúdos no Facebook, Twitter e e-mail; enquanto no caso de Android, estas possibilidades alargam-se a múltiplos serviços do site e outras opções de conectividade: Bluetooth, ChatON, Drive, Flipboard, Gmail, Google +, Hangouts, Mensagem, Notas, Skype, WhatsApp, etc.

Praticamente todas as rádios analisadas — com a exceção da RNE (iOS e Android), Cope (iOS) e Onda Cero (Android) — permitem a partilha dos seus conteúdos. A fórmula mais frequente, seguida pela Renascença e TSF (iOS e Android) bem como pela SER (iOS), é a de otimizar a distribuição dos resultados por e-mail, Facebook ou Twitter. Na sua versão para Android, a SER alarga a sua capacidade de partilhar com a inclusão de todas as possibilidades do sistema operativo; uma opção que é comum à Cope e Antena 1.

No que se refere à localização desta funcionalidade, em todas as aplicações é possível aceder às opções de partilhar desde o próprio conteúdo. Neste sentido, na Antena 1 e Rádio Renascença, para iOS, também se possibilita o acesso através da action bar (também conhecida como barra de navegação, que inclui acesso direto às principais funcionalidades da app e que é visível nos diferentes níveis de navegação).

No que se refere às rádios especializadas (Gráfico 2), pode assinalar-se uma menor capacidade de partilha de conteúdos com respeito às aplicações de rádio generalistas. Esta funcionalidade está presente em 23 das 41 aplicações analisadas, embora com divergências entre emissoras e sistemas operativos.

 

 

As aplicações da Cadena 40, Cadena Dial, Rock FM, Máxima FM, M80 (Espanha), Rádio Olé, RFM, Rádio Comercial (iOS e Android) ou Cadena 100 e Rádio 3 (Android) permitem a partilha de conteúdos rentabilizando todas as possibilidades existentes. Nas apps para Android permite-se a redistribuição dos conteúdos radiofónicos a diversos serviços e plataformas 2.0, enquanto nas aplicações para iPhone as possibilidades se limitam ao e-mail e às contas de Facebook e Twitter.

No caso das aplicações móveis de rádios especializadas, podemos ainda sublinhar duas questões: as limitadas opções de partilha de algumas emissoras, restringindo a redistribuição ao e-mail — é o caso das apps da M80 (Portugal), Cidade FM e Smooth FM para iOS — ou ao Twitter — Antena 3 (iOS); e a emergência de novas fórmulas de partilha como o WhatsApp, no caso de Rádio 3. Em relação à acessibilidade, destaca-se o facto de as emissoras Cadena 100, Rock FM, Kiss FM (para iOS e Android) da M80 (Espanha) e Antena 3 (iOS) e Cidade FM (Android) identificarem a partilha diretamente a partir da action bar da aplicação.

A análise das opções de partilha também sugere diferenças entre as emissoras de Espanha e Portugal. Todas as emissoras generalistas portuguesas incorporam funções de partilha, enquanto, no caso das espanholas, esta opção apenas está prevista em metade das rádios estudadas. Esta situação repete-se no caso das aplicações das rádios temáticas musicais, embora a Mega Hits (iOS e Android) e a Smooth (Android) não facultem qualquer opção de partilha dos seus conteúdos nas aplicações.

Apesar da inclinação de um maior número de rádios portuguesas para estratégias de partilha de conteúdo, convém sublinhar que as poucas rádios espanholas que apostam nesta opção fazem-no recorrendo a plataformas mais diversificadas, tanto nos sistemas operativo iOS como no Android.

Conclusões

A migração das emissoras tradicionais de Espanha e Portugal para a rádio móvel não foi acompanhada de uma adaptação real das suas aplicações às possibilidades de interação e participação, uma conclusão que se verifica também no estudo de Meso et al. (2014). A análise efetuada permitiu destacar a ausência de fórmulas de interação básicas como o voto, os encontros virtuais – chats – ou os comentários aos conteúdos, em plataformas em crescente utilização como no caso dos smartphones. As emissoras ibéricas também não preveem a integração de conteúdos gerados pelos utilizadores e não incorporam fórmulas que facilitem e otimizem o encaminhamento de conteúdos dos próprios ouvintes-utilizadores.

Em relação a outros canais do universo da rádio online, como o telefone, o e-mail ou as redes sociais, existem também sinais débeis de participação e interação com estes canais, nem de modo direto, nem a partir dos sites. A referência aos modos de participação e interação com os produtores mediáticos reduz-se ao contacto com a emissora de modo geral, ou ao grupo de emissoras, mais do que a um programa ou aos locutores em concreto. Uma circunstância fundamental na perspetiva da participação, especialmente na rádio onde predomina a palavra em detrimento da música, refere-se à identificação com um comunicador que possa estimular a interação com o público.

Tendo por base esta limitada operacionalização para a participação nos conteúdos da rádio, ou a interação com os produtores do mesmo, podemos identificar a estratégia de conteúdos distribuídos pelo utilizador como a mais positiva neste âmbito. Praticamente todas as emissoras da amostra incorporam nas suas funcionalidades de partilha dos seus conteúdos, uma inclusão que estimula a participação do utilizar na distribuição de conteúdos de potencial interesse.

No que se refere à partilha de conteúdos seria especialmente importante diversificar o envolvimento da comunidade de ouvintes com um espaço, programa ou emissora de rádio particular. A possibilidade de um ouvinte-utilizador partilhar, nos seus próprios espaços, os conteúdos da rádio, pode convertê-lo num agente promotor da própria emissora, conduzindo até a fenómenos de viralidade digital que por vezes ocorrem no espaço online e que atuam quase num nível de marketing mediático indireto.

Como dispositivo pessoal, interativo e multifunções, os smartphones permitem aos seus utilizadores assumir um papel ativo na criação de conteúdos, interação com os produtores, bem como estabelecer uma esfera privada de consumo pessoal adequado aos seus interesses (Perona, Barbeiro & Fajula, 2014). Esta oportunidade não é aproveitada pelas emissoras ibéricas que utilizam a plataforma móvel para promover um meio de comunicação entre massas pouco interativas, relegando os ouvintes a um papel passivo idêntico aos meios tradicionais.

Neste sentido, será necessário refletir sobre as aplicações móveis das rádios como canais alternativos para a distribuição dos conteúdos da rádio convencional, como um novo meio com funcionalidades e expressividade próprias, adequadas às possibilidades dos smartphones como dispositivos recetores.

 

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Nota biográfica

Teresa Piñeiro-Otero é professora e investigadora da Universidade da Corunha (Espanha). É Doutorada, desde 2009, em Comunicação pela Universidade de Vigo.

E-mail: teresa.pineiro@udc.es

Universidade da Coruña , Rúa da Maestranza, 9 – 15001- A Coruña, Espanha

Fábio Ribeiro é investigador integrado e assistente de investigação no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) - Universidade do Minho. É doutorado desde 2013 em Ciências da Comunicação (grau europeu).

E-mail: fabiofonsecaribeiro@gmail.com

Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Gualtar, 4710-057-Braga, Portugal

 

* Submetido: 01-04-2015

* Aceite: 02-07-2015

 

Notas

[1]Registamos a ausência de aplicações na Rádio SIM (iOS e Android) e na Europa FM (Android). Assim, naqueles casos em que se registou uma dupla oferta de aplicações para uma mesma emissora, como na Rádio 3 (iOS e Android) ou na Antena 3 (Android) deu-se preferência à aplicação individual com respeito à coletiva.

[2]Entendido como uma questão com múltiplas respostas

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