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Comunicação e Sociedade

versão impressa ISSN 1645-2089versão On-line ISSN 2183-3575

Comunicação e Sociedade vol.40  Braga dez. 2021  Epub 20-Dez-2021

https://doi.org/10.17231/comsoc.40(2021).3174 

Artigos Temáticos

Revisão Crítica: Uma Abordagem aos Estudos Sobre o Uso dos Media Sociais Durante a Pandemia Covid-19

iCentro de Investigação e Estudos de Sociologia, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal


Abstract:

Since the coronavirus disease (covid-19) was declared a public health emergency of international concern by the World Health Organization in January 2020, it has led to the loss of millions of human lives and a global economic recession. Recently, there has been a recognized need for effective health communication via social media to deliver accurate information and promote pertinent behavioral change. Thus, this study provides a systematic review to explore what has been done, what conflicts exist, and what knowledge gap remains in terms of social media use during the covid-19 wave, indicating relevant communication strategies. This research is based on 76 relevant papers taken from searches on the Web of Science and Google Scholar. The analysis revealed that much of the literature confirms the positive effect of social media on information propagation and promotion of precautions in the control of covid-19. The spreading of rumors, especially about government performance, in social media is clearly of increasing concern. Currently, heated debate continues about the association between exposure to social media and public mental health. Another fiercely debated question is whether rumors are shared more widely than fact-checking information. Up to date, far too little attention has been paid to information disparities and vulnerable groups on social media.

Keywords: social media use; risk health communication; covid-19

Resumo:

Desde que a doença coronavírus (covid-19) foi declarada como uma emergência de saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial da Saúde em janeiro de 2020, levou à perda de milhões de vidas humanas e à recessão económica global. Cada vez mais, é reconhecida a necessidade de uma comunicação em saúde eficaz através dos media online, que possa fornecer informações credíveis e promover mudanças de comportamento relevantes. Assim, este estudo faz uma revisão sistemática da literatura, para compreender quais os conflitos de posição que existem e que lacunas de conhecimento permanecem em termos de uso dos media sociais durante a primeira vaga de covid-19, bem como indicar estratégias de comunicação relevantes. Esta pesquisa recolheu 76 artigos relevantes através de pesquisas na Web of Science e no Google Scholar. A análise revelou que grande parte da literatura veio confirmar o efeito positivo dos media sociais online na propagação de informações e promoção de precauções durante o controlo do covid-19. A propagação de rumores e a intervenção do governo nos media sociais têm aumentado as preocupações dos utilizadores. Atualmente, o debate continua sobre a associação entre a exposição aos media sociais e a saúde mental pública. Outra questão muito debatida é se os rumores são partilhados de forma mais ampla do que as informações verificadas e credíveis. Até agora, muito pouca atenção tem sido dada, nos media sociais, às disparidades e lacunas de informação e também aos grupos vulneráveis.

Palavras-chave: utilização de media sociais; comunicação de risco em saúde; covid-19

1. Introdução

A estranha ameaça de pandemia emergente da doença coronavírus (covid-19) já atravessou sete continentes. Em novembro de 2020, a pandemia de coronavírus já tinha infetado cerca de 62.000.000 de pessoas e provocado mais de 1.400.000 de mortes(World Health Organization, 2020). Com o rápido desenvolvimento das tecnologias móveis, a investigação do uso dos media sociais durante uma crise de saúde pública é uma preocupação crescente no campo da comunicação em saúde. Está a tornar-se extremamente difícil ignorar o papel crítico das plataformas dos media sociais durante uma emergência de saúde pública, incluindo a disseminação de informações oportunas, abordando rumores e preenchendo as lacunas do conhecimento público (Eckert et al., 2018). Por outro lado, quando confrontadas com uma ameaça à saúde global sem precedentes, mais pessoas preferem usar plataformas de media sociais para receber notícias rápidas sobre a situação pandémica (Farooq et al., 2020). Por outro lado, durante um confinamento, os media sociais desempenham vários papéis positivos, como fornecer apoio social e aumentar a conscientização pública (Saud et al., 2020). Além disso, os media sociais têm sido amplamente utilizados pelas autoridades para lidar com a incerteza pública, transmitir regulamentação atualizada e conquistar a confiança pública (Finset et al., 2020).

No seu todo, desde o início do surto de covid-19, a comunicação eficaz em saúde por meio dos media sociais tem sido reconhecida como um fator crucial para facilitar a divulgação de informações, promover comportamentos preventivos do público e até salvar vidas. Até agora, as discussões recentes sobre comunicação em saúde via media sociais no contexto da covid-19 podem ser resumidas em três aspetos: (a) exploração das características da informação online, incluindo a sua escala, formato, frequência, conteúdo, comunicador, credibilidade ou impacto (por exemplo, Rafi, 2020); (b) investigação do perfil do utilizador, como as características demográficas, motivação, preferência, nível de envolvimento ou expressão emocional (por exemplo, Apuke & Omar, 2021); (c) avaliação da eficácia das intervenções de saúde baseadas em media sociais, medindo que mudanças ocorrem em termos de conhecimento, consciência, crenças, comportamentos e normas sociais (por exemplo, Malecki et al., 2021).

Embora tenha sido realizada uma extensa pesquisa, poucos estudos se baseiam numa revisão sistemática. Assim, este artigo tem como objetivo fornecer uma visão geral sistemática da literatura, focando-se no que foi feito, quais as tendências, que conflitos existem e quais as lacunas de conhecimento que permanecem, no domínio da comunicação em saúde via media sociais durante a pandemia covid-19 em curso. Em seguida, aborda-se o potencial dos media sociais no controle da covid-19, os principais ensinamentos e as estratégias de comunicação relevantes.

1.1. Contexto Teórico

A comunicação em saúde, a literacia em saúde e o papel dos media sociais neste contexto, é uma área teórica em grande crescimento nas ciências sociais. A situação pandémica tem vindo a ampliar a importância desta área do conhecimento e é uma área de estudos em rápido desenvolvimento. Até muito recentemente integrada num contexto mais amplo não só de literacia mas também de “conhecimento” ou “informação” no campo da saúde, a visão contemporânea é cada vez mais focada na autonomia dos indivíduos e na forma como lidam com a sua saúde e a dos seus familiares, por razões económicas, naturalmente, mas também pela própria evolução das sociedades modernas, auto perceção individual e pertença a uma comunidade (Castells, 2002), e os media sociais são os melhores exemplos desse fenómeno.

A saúde individual e sua gestão diária nunca envolveram tanta informação como nos dias atuais. Grandes quantidades de informações sobre saúde e medicina são fornecidas a partir de uma variedade de fontes - sejam as fontes profissionais de saúde, especialistas de vários tipos, instituições públicas e privadas, ou associações de doentes e/ou consumidores - por meio de uma infinidade de canais de informação, decorrentes de meios de comunicação e de fontes locais ou interpessoais, na interação diária com médicos e outros profissionais de saúde, familiares, amigos, colegas de trabalho, entre outros (Kivits, 2004). Simultaneamente, a cobertura mediática de questões relacionadas com saúde implica que devemos abordar este tema relacionando os estudos sobre a sociologia da saúde com os estudos sobre media e comunicação. Ishikawa e Kiuchi (2010) destacam que enquanto os profissionais de saúde têm sido, historicamente, as principais fontes de informação médica e em saúde, os meios de comunicação como a internet se têm expandido e contribuído para o surgimento de outras fontes de informação destinadas ao público em geral. Alguns investigadores enfatizaram que o estudo da comunicação em saúde, bem como a literacia em saúde, deve ser considerado não apenas como algo próprio do indivíduo, mas também como uma característica das interações do indivíduo em seus contextos sociais e de saúde (Ishikawa & Kiuchi, 2010; Nutbean, 2006), onde os media sociais são o melhor exemplo. O processo de empoderamento dos indivíduos no desenvolvimento da literacia em saúde constitui, precisamente, um dos principais objetivos da comunicação em saúde (Ishikawa & Kiuchi, 2010; Nutbean, 2006).

Neste contexto, e para orientar esta revisão de literatura, a questão inicial que se coloca é se a literatura académica produzida sobre o tema reflete a crescente importância das redes sociais no empoderamento dos cidadãos e na literacia em saúde, particularmente em contexto de pandemia.

2. Metodologia

2.1. Estratégias de Pesquisa, Critérios de Seleção e Recolha de Dados

Para esta pesquisa, foram revistos artigos publicados desde a primeira fase do surto de covid-19, incluindo revisões sistemáticas e estudos originais. A pesquisa foi realizada utilizando os termos (em língua inglesa) indicados na Tabela 1 nas bases de dados Web of Science e Google Scholar ao longo de novembro de 2020. Procuramos os termos de pesquisa nos media sociais com comunicação relacionada com a covid-19. Também procurámos as referências dos artigos incluídos, com o objetivo de fortalecer esta revisão com estudos particularmente pertinentes. Todos os artigos selecionados foram publicados em revistas especializadas, o que permite confiar na relevância, nomeadamente, dos métodos e técnicas de investigação utilizados nos estudos em que se baseiam os artigos.

Tabela 1: Termos de pesquisa 

Como o nosso principal foco nesta revisão se refere à utilização de media sociais no campo da comunicação de risco em saúde durante a pandemia de covid-19, definimos media sociais como plataformas móveis e interativas onde os utilizadores podem trocar, partilhar ou criar ideias e conteúdo (Dollarhide, 2019). A comunicação de risco em saúde foi definida como o processo relativo à troca de informações e à gestão de risco durante uma crise de saúde pública, com o objetivo de aumentar a consciência do público, proteger a saúde pública e facilitar a divulgação de medidas preventivas (Schiavo, 2013).

Para serem incluídos, os estudos teriam de (a) analisar a divulgação de informações relacionadas com a covid-19 em plataformas de media sociais, ou (b) discutir as características dos utilizadores ou comunicadores em plataformas de media sociais durante a pandemia, ou (c) avaliar o impacto da comunicação em saúde relacionada com covid-19 através de plataformas de media sociais. Nesse sentido, alguns artigos foram excluídos, como os artigos que investigam o ensino à distância nas media sociais, que discutem tecnologias de rastreamento de dados pessoais, que destacam aspetos como o racismo ou o marketing de marcas nas plataformas das media sociais. Não se colocaram limites relativos ao tipo de linguagem ou metodologia utilizados.

Após a exclusão dos estudos irrelevantes, revimos as palavras-chave e resumos dos artigos selecionados, para confirmar sua elegibilidade. Em seguida, extraímos os dados descritivos dos estudos selecionados e transformámos em tabelas, incluindo título, tipo de artigo, data de publicação, idioma, enfoque do país, metodologia e tamanho da amostra. Além disso, as principais discussões e conclusões foram divididas de acordo com os cinco termos que se destacam pela letra Q (5Qs) na comunicação: que plataforma, quem comunica, o que comunica, para quem e com que efeito.

3. Resultados

A pesquisa primária da literatura nas diferentes bases de dados resultou no total de 106 estudos relevantes. Seguidamente, os dados foram revistos para remover estudos desnecessários e duplicados. Finalmente, 76 estudos preencheram os nossos critérios de inclusão, correspondendo a 73 artigos originais e 3 revisões.

3.1. Resultados Descritivos

Os dados da Figura 1 indicam que as tendências recentes conduziram a um interesse crescente no uso de plataformas de media sociais no campo da comunicação em saúde pública durante a pandemia covid-19. Dos 76 estudos incluídos, 71 são em inglês, quatro em espanhol e um em português.

Figura 1: Data da primeira publicação online dos 76 estudos  

Em relação aos países e plataformas de media sociais, os dados da Tabela 2 mostram que 32 dos estudos revistos foram realizados a nível global e os restantes referem-se um país ou região específica. Além disso, entre os estudos incluídos, 53 focaram-se apenas numa plataforma específica, como o Twitter (19), Facebook (10), microblog Sina (nove), YouTube (nove), WhatsApp (quatro), TikTok (um) e WeChat (um). Os outros estudos tendem a fazer análises comparativas ou dar uma visão geral de diferentes plataformas.

Tabela 2: Abordagem por media sociais e por país nos 76 estudos 

Quanto às metodologias, 30 estudos utilizaram métodos mistos, ou seja, métodos qualitativos e quantitativos, incluindo análise de conteúdo, análise de sentimentos e análise de redes. A análise de conteúdo qualitativa e quantitativa foi especialmente aplicada porque é adequada, não apenas para codificar os temas de tendências, mas também para explorar a associação entre o conteúdo da comunicação e os seus objetivos. Para investigar melhor os tópicos discutidos com mais frequência, alguns estudos realizaram uma pesquisa em plataformas de media sociais usando vários hashtags ou palavras-chave, como “#coronavirus outbreak” (surto de coronavírus), “#COVID-19”, “#prevention coronavirus” (prevenção de coronavírus) e assim sucessivamente. Trinta e dois estudos utilizaram métodos quantitativos para conduzir uma pesquisa online e fornecer uma análise descritiva do envolvimento do público. Os métodos qualitativos foram utilizados em 14 estudos, com o objetivo de fazer análises temáticas ou de discutir as características dos conteúdos nas plataformas de media sociais.

3.2. Síntese das Principais Discussões e Conclusões

Em relação aos comunicadores, 10 dos artigos focaram-se na atuação de governos e autoridades de saúde nos media sociais. Paralelamente, vários estudos apontaram que as autoridades de saúde pública deveriam aproveitar ao máximo os media sociais e construir um relacionamento com os líderes de opinião, com o objetivo de dissipar boatos e de divulgar informações verídicas durante a crise da covid-19. E houve cinco estudos que apontaram os papéis críticos desempenhados por influenciadores importantes nas plataformas de media sociais, como o presidente da Indonésia, Joko Widodo, vloggers, atletas e profissionais de saúde. Nesse sentido, alguns estudos indicam que os líderes de opinião nos media sociais podem não apenas contribuir para a rápida disseminação das recomendações e orientações, mas também promover o envolvimento público. Apenas dois estudos discutiram o papel de grupos fechados na luta contra a covid-19.

Relativamente às mensagens online, 12 artigos abordaram rumores e difusão de desinformação nos media sociais, envolvendo teorias da conspiração, vacinas e tecnologia 5G. Os investigadores tentaram analisar a escala, frequência, principais tópicos e impacto desses boatos, todos discutiram os desafios e estratégias para controlar a divulgação dos boatos. Nesse contexto, também concluíram que os rumores se espalharam mais amplamente durante a pandemia covid-19 e que exercem um efeito negativo nas atitudes públicas em relação a políticas e questões de vacinação.

Os restantes estudos forneceram uma análise aprofundada das informações online, discutindo o seu número, formato, frequência, comentários, gostos, qualidade, bem como rastreando as tendências dos tópicos mais “quentes”. Quatro estudos focaram-se no conteúdo num idioma específico, incluindo vídeos em turco, vídeos em espanhol, tweets em inglês, chinês e japonês. Dois dos estudos abordaram a compreensão de narrativas de mensagens online, referindo-se ao tom positivo e à utilização de pronomes coletivos. Vale a pena ressaltar que mais de 10 estudos enfatizaram o importante papel desempenhado pelos hashtags durante o processo de propagação da informação. Surpreendentemente, apenas um estudo observou as mensagens alarmantes divulgadas em plataformas de media sociais. E um estudo mencionou o tom irónico existente no Twitter.

Em relação aos públicos, 14 dos estudos incluídos investigaram as características dos utilizadores através de pesquisas online ou da análise de dados relevantes ao nível de envolvimento do público. Os objetivos centrais desses estudos envolvem explorar a motivação dos utilizadores para o uso de media sociais e para a procura ou partilha de informações. Por outras palavras, a análise de público é útil para autoridades de saúde e promotores de políticas públicas, para gerar conteúdo atraente, fornecer recomendações e orientações e satisfazer as necessidades públicas. Embora as pessoas usem plataformas de media sociais não apenas para procurar informações, mas também para encontrar ajuda, existem apenas dois estudos focados em grupos vulneráveis nestas plataformas.

Quanto ao efeito e impacto, quase metade dos estudos incluídos forneceu evidências empíricas para a afirmação de que as plataformas de media sociais apresentam vantagens óbvias para divulgar informação científica, fornecer apoio social, sensibilizar o público e promover comportamentos preventivos. No entanto, algumas evidências encontraram uma associação próxima da exposição às media sociais com tendências depressivas e maiores níveis de stress dos utilizadores. Da mesma forma, o debate sobre sobrecarga de informação e desinformação nas plataformas de media sociais ganhou novo destaque na luta contra a covid-19. Apesar dos estudos existentes terem reconhecido o efeito das media sociais nas atitudes, crenças e comportamentos públicos relacionados com a situação pandémica, dos estudos incluídos poucos foram realizados com base em modelos comportamentais (ver resumo das principais conclusões de 76 estudos em Apêndice, Tabela A1).

4. Discussão

De modo geral, há um grande volume de estudos publicados que descrevem as plataformas de media sociais como ferramentas importantes, tanto para os cidadãos como para os governos, nestes tempos de crise da covid-19. Em relação às vantagens óbvias do uso das media sociais na luta contra o coronavírus, foi demonstrado que a abertura e a natureza participativa, bem como os recursos multimédia dos media sociais, podem ser fatores que contribuem para fornecer informações úteis, facilitar a comunicação interativa e melhorar a compreensão do público, e influenciam as crenças de saúde (Manganello et al., 2020). Os estudos existentes também concluíram que as informações fornecidas pelos media sociais oferecem benefícios ao influenciar a consciencialização das questões de saúde pública e a importância dos fatores comportamentais no controle da covid-19 (Bowles et al., 2020).

Nesse sentido, vários estudos se propuseram a examinar que mensagens são disseminadas com mais frequência e como os níveis de envolvimento do utilizador podem ser aumentados nas plataformas de media sociais. Estas conclusões estão de acordo com observações já realizadas durante uma emergência de saúde global anterior, que mostrou que, no contexto de uma epidemia global, os fatores que influenciam a comunicação de saúde eficaz via media sociais incluem tipo de conteúdo, temas de conteúdo, uso de hashtag e confiança na fonte de informação (Wong et al., 2017). Nesse contexto, esses estudos também confirmam que a transmissão do vírus, medidas de precaução, política e economia são os tópicos mais discutidos nas media sociais durante o surto de covid-19 (Mutanga & Abayomi, 2020; Thelwall & Thelwall, 2020). Ao contrário dos estudos anteriores, uma conclusão inesperada derivou destes estudos - sugerem que a diversidade e dimensão da rede não é um determinante importante para encorajar comportamentos de envolvimento. Este resultado indicou que o público é mais propenso a prestar atenção aos aspetos práticos do conteúdo para além do entretenimento quando enfrenta uma ameaça à saúde sem precedentes (Chen et al., 2020).

Além disso, os estudos existentes reforçam a ideia de que os media sociais são um meio útil para que as autoridades governamentais entendam a opinião pública, criem fontes de informações credíveis, dissipem rumores e construam relações de confiança com os cidadãos (Sutton et al., 2020). Esses resultados também estão de acordo com os de estudos prévios em emergências de saúde pública anteriores, que indicaram que os governos poderiam aproveitar o potencial dos media sociais para promover comunicações públicas e transformar os serviços públicos de forma eficaz (Kang et al., 2018). Apesar de as autoridades governamentais estarem a dar mais atenção aos recursos de alavancagem dos media sociais durante a luta contra a covid-19, ainda existem muitas limitações apontadas pelos investigadores. Por exemplo, conforme a exigência pública por transparência de informações e envolvimento direto se tornou muito maior, governos e autoridades de saúde devem desenvolver mais estratégias de comunicação destinadas a promover o envolvimento dos cidadãos em vez de apenas divulgar informações em plataformas de media sociais (Chen et al., 2020; Eghtesadi & Florea, 2020).

No entanto, muitas pesquisas recentes enfatizaram os efeitos adversos relacionados com o uso das media sociais durante a crise da covid-19. Evidências mais quantitativas sugerem que a exposição repetida aos media sociais está intimamente associada a situações de depressão e medo (Pahayahay & Khalili-Mahani, 2020; Zhao & Zhou, 2020). Porém, outros estudos mencionaram que a ansiedade e o stress do utilizador estão associadas à frequência da exposição aos media sociais (Kligler-Vilenchik et al., 2020). Esse resultado indica que os utilizadores podem ligar-se com outras pessoas e diminuir a solidão, partilhando suas histórias, ao mesmo tempo que são afetados por sentimentos negativos de outros utilizadores. Até o momento, a relação entre a exposição aos media sociais e a saúde mental no contexto da ameaça covid-19 tem levado a interpretações contraditórias.

Além disso, foi demonstrado de forma conclusiva que mensagens alarmantes repetitivas e rumores excessivos podem desencadear efeitos negativos (Rao et al., 2020). De acordo com resultados anteriores, estudos atuais revelaram que rumores foram partilhados, nomeadamente no Twitter, com mais frequência durante a crise da covid-19, influenciando substancialmente não apenas o conhecimento dos utilizadores, mas também os seus comportamentos mais relevantes (Bowles et al., 2020). A este respeito, várias investigações começaram a analisar a geração, transmissão e amplificação de desinformação em plataformas de media sociais, bem como a analisar os seus efeitos. Esses resultados estão de acordo com estudos prévios, que mostraram que os media sociais podem ser consideradas um canal primário, tanto para a partilha como para o combate à desinformação durante a crise global de saúde (Galhardi et al., 2020). Ficou claro que os determinantes que influenciam o impacto do boato incluem o período do seu lançamento, as relações interpessoais dos utilizadores e o tipo de conteúdo (Bruns et al., 2020). Mais recentemente, surgiu na literatura uma perspetiva com um olhar contraditório sobre a partilha de informações falsas nos media sociais durante a pandemia de covid-19. Vários estudos revelaram que informações falsas são menos replicadas do que informações baseadas em evidências (Pulido et al., 2020). Por outro lado, alguns autores defendem a visão de que informações fiáveis para combater esses rumores circulam de forma menos consistente do que as informações originais de rumores realizadas por meio de plataformas de media sociais (Rodríguez et al., 2020). Portanto, os responsáveis das plataformas ou contas anti rumor devem responder às fontes de boatos oportuna e diretamente usando a função @ nos media sociais, bem como fortalecer a cooperação com líderes de opinião, de forma a contribuir não apenas para a rápida disseminação de evidências científicas, mas também para controlar efetivamente o alcance dos rumores (Wu et al., 2020).

Em articulação, esses resultados fornecem informações importantes sobre o uso dos media sociais durante o controle da covid-19. Em relação às lacunas de conhecimento existente, como os media sociais têm sido consideradas acessíveis e convenientes para que os utilizadores expressem os seus sentimentos e obtenham apoio social, há muito pouca pesquisa publicada sobre como equilibrar a frequência do uso de media sociais e saúde mental, durante a crise sanitária em curso. Além disso, ainda falta uma compreensão sistemática de como a literacia digital em saúde dos indivíduos e nível cultural/qualificações influenciam a eficácia da comunicação em saúde através dos media sociais. Até o momento, embora os estudos tenham reconhecido a viabilidade do uso dos media sociais para promover campanhas de saúde em grande escala para a população, o problema das disparidades de informação tem recebido pouca atenção nas pesquisas já realizadas. Além disso, há uma escassez notável de pesquisas empíricas com foco especificamente no uso de media sociais por parte de grupos vulneráveis durante o surto de covid-19, como pessoas que vivem em áreas rurais, famílias de baixos rendimentos, idosos e grupos de alto risco para covid-19.

5. Conclusão

O nosso estudo foi desenhado para uma revisão detalhada da pesquisa sobre o uso de media sociais durante a pandemia de covid-19, resumir as conclusões e os conflitos existentes, bem como perceber o potencial dos media sociais para campanhas de saúde pública contra a covid-19.

Na revisão da literatura, há um grande número de estudos publicados que consideram os media sociais como o canal mais utilizado para os indivíduos obterem, gerarem e trocarem informações durante esta crise de saúde sem precedentes. No entanto, são necessários mais esforços para garantir a fiabilidade das fontes de informação. Além disso, vários estudos analisaram as mensagens online ou processos de desinformação relacionados com a covid-19, que são mais amplamente discutidas nos media sociais. Essas conclusões podem ser usadas para desenvolver uma comunicação de saúde direcionada, com o objetivo de combater rumores e aumentar o envolvimento do utilizador. Como as pessoas são muito mais propensas a depender dos media sociais quando enfrentam um vírus desconhecido, as conclusões destes estudos destacam a utilidade potencial das plataformas de media sociais em termos de fornecimento de suporte emocional e apoio social. Uma das implicações dessas conclusões é que tanto o tom das mensagens como o tipo de conteúdo devem ser considerados ao desenvolver campanhas de comunicação de saúde nos media sociais.

A conclusão mais óbvia que emerge deste estudo é que os governos e autoridades de saúde desempenham um papel central na melhoria da transparência da informação, dissipando rumores e aumentando a consciência pública nos media sociais. Por sua vez, o uso dos media sociais para rastrear as reações do público pode tornar os processos de decisão política mais adequados, o que pode contribuir para melhorar os resultados de saúde pública. Portanto, estratégias de comunicação objetivas devem ser usadas no planeamento do governo para atrair mais utilizadores dos media sociais.

Na literatura estudada, o debate também incide sobre o impacto do uso dos media sociais na saúde mental. Outra questão muito debatida é se os rumores são colocados e partilhados com mais frequência do que as informações baseadas em evidências. Uma pesquisa de literatura atualizada revelou que os estudos sobre as disparidades de informação e grupos vulneráveis são bastante limitados. Assim, no futuro, seria interessante resolver os conflitos referidos nesta pesquisa e preencher as lacunas de conhecimento existente. Além disso, será também crucial envolver mais investigadores em processos de multidisciplinaridade, incluindo as ciências comportamentais e a psicologia, para investigar os fatores de influência que são relevantes na eficácia da comunicação de saúde relacionada com a covid-19 por meio dos media sociais.

Este projeto teve, naturalmente, algumas limitações. Em primeiro lugar, a limitação mais importante reside no fato de não termos realizado uma meta-análise para comparar ou avaliar o impacto de diferentes plataformas de media sociais. Em segundo lugar, o estudo não comparou os dados sobre o estado/grau de pesquisa científica no período correspondente em epidemias globais anteriores, como a ébola e a Mers-CoV. A esse respeito, vale a pena fazer uma revisão sistemática adicional comparando estudos sobre a covid-19 com crises de saúde globais anteriores. Finalmente, o nosso trabalho teria sido enriquecido por uma pesquisa de estudos relevantes em mais bases de dados. Assim, revisões futuras, abrangendo uma gama mais ampla de estudos, poderiam lançar mais luz sobre a comunicação em saúde por meio dos media sociais durante o surto de covid-19.

Agradecimentos

A versão inglesa deste artigo foi publicada (revisão) com o apoio do governo português, através da FCT, Financiamento Estratégico da Unidade de RD UIDB/03126/2020.

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Apêndice

Tabela A1: Resumo das conclusões-chave dos 76 estudos analisados 

Recebido: 25 de Janeiro de 2021; Aceito: 13 de Abril de 2021

Tradução: Rita Espanha

Cheng Cheng é doutoranda em ciências da comunicação no Instituto Universitário de Lisboa. Email: cuchelena@163.com Morada: Instituto Universitário de Lisboa, Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal

Rita Espanha é professora auxiliar com agregação do Instituto Universitário de Lisboa. Email: rita.espanha@iscte-iul.pt Morada: Instituto Universitário de Lisboa, Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal

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