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Comunicação e Sociedade

versão impressa ISSN 1645-2089versão On-line ISSN 2183-3575

Comunicação e Sociedade vol.42  Braga dez. 2022  Epub 25-Fev-2023

https://doi.org/10.17231/comsoc.42(2022).4107 

Varia

A Narrativa Jornalística no Twitter de um (Não) Atentado em Portugal

iDepartamento de Filosofia, Comunicação e Informação, Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal


Resumo

Quinta-feira, dia 10 de fevereiro de 2022, “um estudante de 18 anos foi detido esta quinta-feira pela Polícia Judiciária suspeito do crime de terrorismo, já que estaria há meses a planear atacar os colegas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa” (Henriques et al., 2022, para. 1). Um caso sem grande paralelo em Portugal, num contexto mediático caracterizado pelo que é imediato e pela crescente importância das redes sociais e média sociais, como o Twitter, inclusive para a circulação de informação. Parte-se de um entendimento do Twitter como uma plataforma relevante para o jornalismo contemporâneo que conecta fluxos de informação entre partes (Bennett & Segerberg, 2012; Sadler, 2018). Foram extraídos 3.577 tweets no espaço de 1 semana desde o caso, das cinco contas oficiais no Twitter com mais seguidores, de cariz jornalístico/informativo em Portugal. Desses, apenas 104 tweets se focam neste particular caso, destacando-se o facto de o Correio da Manhã apresentar o triplo de tweets do Expresso. Este trabalho utiliza uma abordagem qualitativa para realizar uma análise discursiva, com recurso a nuvens de palavras, que representam visualmente a frequência de termos. A identificação de narrativas, inclusive macro e micronarrativas (Lits, 2015; Motta, 2013), orienta este trabalho, que resulta na identificação da macronarrativa da existência de um ataque numa faculdade da Universidade de Lisboa. A narrativa do terrorismo, apesar de comum no corpus geral, não é central, já que se encontra de forma não uniforme entre as cinco nuvens de palavras, sendo identificada nas nuvens de palavras da SIC Notícias, do Jornal de Notícias e do Correio da Manhã. A análise desenvolvida procura auxiliar o desenvolvimento de entendimentos sobre as narrativas utilizadas para dar e construir sentido à cobertura mediática deste caso específico sem grande comparação em Portugal.

Palavras-chave: narrativa; Twitter; Portugal; terrorismo; orientalismo

Abstract

Thursday, February 10, 2022, “an 18-year-old student was arrested this Thursday by the Judiciary Police suspect of the crime of terrorism, as he had been planning to attack his colleagues at the Faculty of Science of the University of Lisbon for months” (Henriques et al., 2022, para. 1). A case without parallel in Portugal, in a media context characterised by immediate consumption and the growing importance of social networks and social media, such as Twitter, even in information dissemination. We start from the perception of Twitter as a relevant platform for contemporary journalism that connects information flows between parties (Bennett & Segerberg, 2012; Sadler, 2018). Some 3,577 tweets were extracted within 1 week since the occurrence from the five official Twitter accounts with the most followers of journalistic/information nature in Portugal. Of those, only 104 tweets focus on this particular case, with Correio da Manhã showing three times as many tweets as Expresso. This work uses a qualitative approach to perform a discourse analysis using word clouds, visually representing the frequency of terms. Determining the narratives, including macro and micro-narratives (Lits, 2015; Motta, 2013), serves as guidelines for identifying the macro-narrative of an attack on a faculty of the University of Lisbon. Although common in the general corpus, the terrorism narrative is not central since it is found in a non-uniform way among the five-word clouds, only identified in the word clouds of SIC Notícias, Jornal de Notícias and Correio da Manhã. The analysis seeks to help develop insights about the narratives employed to provide and construct meaning to the media coverage of this unmatched case in Portugal.

Keywords: narrative; Twitter; Portugal; terrorism; Orientalism

1. Introdução

O mundo atual é progressiva e rapidamente cada vez mais tecnológico e, em particular, assume formas e formatos digitais. Os espaços digitais podem ser entendidos como diferenciados dos espaços físicos mediáticos, nomeadamente, pelo facto de serem espaços que podem ser acedidos a partir de uma, cada vez maior, miríade de objetos físicos. A digitalização acarreta mudanças nos processos de consumo mediático, nomeadamente ao nível do consumo de informação. Os média podem ser vistos como formas de codificar e transmitir informação, que se distinguem entre si quer pelo tipo de informação codificada, quer pela forma como a informação é transmitida (Ryan, 2021b). Atualmente, a informação é também transmitida e retransmitida nas plataformas sociais, como as redes sociais (van Dijck & Poell, 2013), o que leva a que exista interesse em identificar e, até, perceber as narrativas mediáticas em plataformas sociais na cobertura de casos mediatizados.

Em particular, dentro das plataformas sociais, o Twitter destaca-se neste âmbito, ao permitir uma enorme e imediata disseminação de informação (Kwak et al., 2010; Maireder & Ausserhofer, 2014). O Twitter destaca-se ainda por essa elevada capacidade de circulação de informação se dar num novo canal de comunicação que tem uma base, sobretudo informal, tratando-se, assim, de um fenómeno mediático inteiramente novo (Ryan, 2021a; Zhao & Rosson, 2009) ao contrário de outros fenómenos digitais que substituíram formatos analógicos anteriores.

A narração mediática ganhou, nos últimos anos, novos formatos e consequentemente novos usos por força das próprias características de plataformas como o Twitter (Lits, 2015), nomeadamente pela restrição de número máximo de caracteres em cada tweet (Bhattacharya & Ram, 2012). Essa transformação aponta à ideia de Ryan (2012) de que as capacidades linguísticas, a capacidade narrativa, e a cultura humana evoluem numa relação simbiótica. As plataformas sociais como o Twitter permitem chegar a um vasto número de recetores (Reis, 2018). O Twitter, em particular, reduz-se, mais do que outras plataformas sociais, à linguagem escrita - porém circunscrita a um pequeno limite máximo de caracteres, como referido - o que é também relevante numa perspetiva das capacidades e limitações narrativas deste meio. Deste modo, cresce o interesse no estudo narratológico do Twitter tendo em conta o seu impacto na sociedade, como nas narrativas discursivas de políticos (Tellidis & Kappler, 2016), e tendo em especial consideração o facto de o próprio Twitter ser um importante locus de radicalização online (Bastug et al., 2020).

Em particular, este trabalho debruça-se sobre o caso ocorrido no dia 10 de fevereiro de 2022, em que “um estudante de 18 anos foi detido ( … ) quinta-feira pela Polícia Judiciária suspeito do crime de terrorismo, já que estaria há meses a planear atacar os colegas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa” (Henriques et al., 2022, para. 1). Parte-se da ideia de Motta (2013) que vincula importância a trabalhos sobre narrativas, já que “estudá-las e recontá-las dá sentido à vida humana” (p. 62). Através da análise discursiva procura-se identificar macro e micronarrativas nos tweets das cinco contas portuguesas oficiais do Twitter de âmbito jornalístico/informativo com maior número de seguidores. Nesse sentido, este estudo é orientado pelas seguintes questões de investigação:

  1. De que forma foi caracterizado no Twitter esse acontecimento?

  2. Destaca-se uma narrativa jornalística associada ao terrorismo?

  3. Há nuances nas narrativas seguidas pelos diferentes meios de comunicação?

2. Estado da Arte

2.1 O Jornalismo, a Narrativa e o Twitter

A alarmante ideia de que o jornalismo está “a morrer” (Neveu, 2014) tem sido proclamada e disseminada. Mesmo que esta ideia seja, em si, reflexo do sensacionalismo que, por vezes, se apodera do próprio jornalismo, há uma reflexão a fazer. O jornalismo tem sido desafiado, nomeadamente pelas mudanças nos processos de transmissão, retransmissão e circulação de informação nos espaços digitais. Autores como Lits (2015), mas também Neveu (2014) defendem a necessidade de uma redefinição da profissão de jornalista que dê ênfase ao modelo narrativo. Já Keeble (2018) procura a valorização do jornalismo narrativo - também designado de “jornalismo literário” - através da consideração de que todo o jornalismo é, tendencialmente, narrativo. Nesse sentido, é possível indicar que “a narrativa é, de facto, o modo privilegiado pelo discurso de imprensa” (Peixinho, 2014, p. 1). Porém, essa ideia não é unânime, aliás, citando vários autores, Fulton et al. (2005) abordam a ideia que associa as narrativas ao conceito de soft news, ligadas às estórias, mas não às hard news, ligadas aos factos.

A proliferação tecnológica teve impacto na organização das redações e desencadeou transformações profissionais no trabalho de jornalista, alterando a própria escrita jornalística (Lits, 2015). Essa proliferação tecnológica, que resultou em novos média, permitiu aumentar a transmissão de narrativas e o seu alcance, inclusive pelas possibilidades de interatividade que o digital oferece (Reis, 2018). O próprio jornalismo narrativo, que pode ser entendido como um género jornalístico, pode ser potencialmente visto como uma estratégia competitiva face ao imediatismo do acesso às notícias totalmente gratuitas - pelo menos aparentemente - do mundo online (van Krieken, 2018).

O panorama mediático alterou-se profundamente com a introdução e, sobretudo, a propagação da internet (van Krieken, 2018), tornando-se um espaço mais abrangente (Couldry, 2012) e interativo (Erjavec, 2014). O desenvolvimento de websites (e consequentes plataformas online e aplicações móveis) de redes sociais e média sociais “revolucionou a forma como a informação é partilhada e consumida online” (Bhattacharya & Ram, 2012, p. 966), inclusive ao ponto de estas poderem ser fontes de informação para notícias (Lits, 2015). Nesse sentido, até pode ser colocado em causa o conceito de “notícia de última hora”, já que uma informação tem um elevado potencial de ser disseminada rapidamente nas redes sociais e média sociais antes de ser identificada e transformada em notícia por qualquer órgão jornalístico (Alejandro, 2010).

No contexto das redes sociais e média sociais, o Twitter tem sido progressivamente entendido como importante para o jornalismo (Sadler, 2018), ou para a ideia mais geral de partilha de notícias (Papacharissi, 2015). É uma plataforma que conecta fluxos de informação entre partes (Bennett & Segerberg, 2012) e que se destaca pela rapidez da viralidade que as suas publicações alcançam, já que permite célere e fácil disseminação de informação, o que a torna uma plataforma atrativa, inclusive, para usos políticos (Howard, 2010). O potencial de viralidade existe, apesar de esta ser uma plataforma que reduz a centralidade das ações possíveis à partilha de pequenos pedaços de informação, restringidos por reduzidos números de caracteres máximos (Bhattacharya & Ram, 2012). Essa restrição de caracteres leva a que o Twitter seja, desde o seu início, descrito não só como uma rede social ou um média social, mas também como uma plataforma de microblogging (Java et al., 2007). Designa-se de “tweet” o tipo de publicações desta plataforma que, apesar de permitir imagens e vídeos, continua a privilegiar a escrita. Apesar da restrição de caracteres, o Twitter “apresenta elementos chave de narratividade” (Sadler, 2018, p. 3266), existindo autores como Dawson (2020) que defendem que as características específicas do Twitter possibilitam a criação de fenómenos narrativos, como o “storytelling emergente”.

O Twitter insere-se num contexto digital de rápida disseminação de informação, em que “as notícias circulam de boca em boca em esteroides” (Alejandro, 2010, p. 12). Os órgãos jornalísticos necessitaram e continuam a necessitar de se adaptar a este contexto, aprendendo a utilizar o Twitter como um elemento da sua atividade comunicacional (Papacharissi, 2015). Frequentemente, essa utilização tem estado limitada à repetição de notícias, neste caso condensada, entre mais e diferentes plataformas, sobretudo nos casos de notícias sobre crime e assuntos públicos (Armstrong & Gao, 2010).

2.2 A Radicalização Digital

Os média digitais podem ser vistos como recursos que auxiliam os processos de rápida mobilização (Papacharissi, 2015), porém, há quem defenda que essa mobilização necessita de extrapolar o espaço online para se solidificar (Howard, 2010). Em particular, as redes sociais e média sociais podem ser importantes instrumentos para a mobilização que contraria as ordens de regimes autoritários (Tufekci & Wilson, 2012).

O potencial mobilizador das redes sociais e média sociais também aumenta a conflitualidade das relações e interações comunicacionais (Simões & Camponez, 2020), gerando espaços mediáticos que podem ser aproveitados para o desenvolvimento de radicalismos na sociedade (Miranda et al., 2020; Thompson, 2011) tais como movimentos terroristas (Dean et al., 2012; Huey, 2015; Ummah, 2021). Esse potencial mobilizador pode justificar a popularidade das temáticas da radicalização e recrutamento online nos estudos que cruzam o terrorismo e as redes sociais/média sociais (Antunes, 2022). Nesse sentido, grupos radicais, sejam estes de índole supremacista, nacionalista ou religiosa, utilizam de forma muito literal o conceito de “revolução online ( … ), apropriando-se das tecnologias e opções online para o seu próprio interesse e para a disseminação de comentários odiosos e de (des)informação com os derradeiros objetivos proclamados de separatismo e aniquilação de outros grupos sociais” (Quandt & Festl, 2017, p. 1).

A utilização da internet é estratégica e fulcral, na atividade contemporânea de grupos terroristas e radicais, já que os espaços online “podem também substituir o papel dos média mainstream que os grupos terroristas e radicais não podem ter” (Ummah, 2021, p. 234). Em especial, as redes sociais e média sociais são propositadamente utilizadas “por grupos extremistas de modo a manufaturar um processo de ódio online” (Awan, 2017, p. 139). As células terroristas utilizam um vasto conjunto de plataformas, porém destaca-se, a nível de popularidade, o Twitter, nomeadamente por esta plataforma enfrentar menos obstáculos tecnológicos para o seu bom funcionamento em zonas geográficas cuja utilização de internet passa, sobretudo, pela utilização da rede móvel em telemóveis (Klausen, 2015). Por conseguinte, o Twitter pode ser considerado um importante locus de radicalização online (Bastug et al., 2020).

Espaços online como as redes sociais e média sociais tornaram mais acessível o conteúdo radicalizado, o que corrobora a normalização da violência, social e política (Huey, 2015). Essa violência que prolifera online pode ter a forma de discurso de ódio, o que leva a que se aborde até o fenómeno do “ciber-ódio” (Assimakopoulos et al., 2017), que, tendencialmente, é estratégico e tem como alvo um grupo específico - diferenciando-se do termo “ciber-bullying” por não se dirigir a uma só pessoa (Quandt & Festl, 2017).

No particular caso em estudo neste trabalho o foco está nas narrativas jornalísticas que acompanham a mediatização do caso em si. Porém, para o entendimento do (não) atentado, pode ser importante também abordar os processos de radicalização online individualizados, por vezes solitários, que caso resultem em atentados são, tendencialmente, menos letais e perigosos do que os organizados por grupos (Cohen et al., 2014). Fala-se, aqui, de pessoas das quais é desconhecida qualquer história antecedente de ligação ou vinculação extremista, mas que agem - ou planeiam agir - de formas que tendem a ser designadas como “terroristas”. Johnson et al. (2016) sugerem que esses processos de radicalização individualizados podem ser justificados pela falsa sensação de pertença a um grupo terrorista.

Porém, o terrorismo também é pensado e concretizado sem um grupo ou sequer a falsa sensação de pertença a um grupo terrorista. Nesse contexto, popularizou-se o termo de terrorismo de “lobo solitário” (Cohen et al., 2014; Phillips, 2011) - em que se tem como referência casos como o de Anders Breivik, que a 22 de julho provocou a morte de 77 pessoas, na Noruega (Jordán, 2011) - que, porém, não é unânime (Paixão, 2019). Este é um fenómeno que, apesar de tipicamente menos letal, é altamente imprevisível e complexo de prever ou de se traçar perfis-tipo (Paixão, 2019; Spaaij, 2010).

Os processos de radicalização são individualizados, mas não são únicos (Pisoiu et al., 2020), nesse sentido, e para se procurar identificar padrões para essa radicalização, é relevante a ideia de que a internet “aparenta ser o mais importante elemento motivador para os processos de radicalização individual” (Koehler, 2014, p. 131). No corpus deste trabalho, não se foca o potencial de radicalização da internet, já que a internet se revela tendencialmente apenas como um local digital para a realização do trabalho jornalístico e, em particular, as redes sociais/médias sociais assumem-se, sobretudo, como espaços de divulgação desse mesmo trabalho jornalístico.

3. Estudo Empírico

3.1. Metodologia

Através de uma abordagem qualitativa, este trabalho tem por base a capacidade narrativa mediática, no geral, e dos média digitais, em específico, como as redes sociais e média sociais. Entendendo o discurso como “o principal instrumento no processo de construção de sentido” (Figueira, 2014, p. 25), realiza-se uma análise do discurso (Assimakopoulos et al., 2017; Leeuwen, 1995) atenta ao estudo de narrativas (Motta, 2013). Deste modo, tem-se em consideração a ideia de que qualquer medium seleciona determinados aspetos de um mundo, o que implica que os mundos narrativos são entidades fundamentalmente incompletas (Ryan, 2021a). Procura-se, neste estudo, identificar as narrativas utilizadas no Twitter em relação ao caso em foco, ocorrido a 10 de fevereiro de 2022.

Foram recolhidos os tweets das cinco contas oficiais do Twitter de âmbito jornalístico/informativo em Portugal com mais seguidores: SIC Notícias (887.400 seguidores), Público (848.600 seguidores), Expresso (537.600 seguidores), Jornal de Notícias (535.300 seguidores) e Correio da Manhã (455.100 seguidores)1. Estas cinco contas oficiais do Twitter correspondem às contas de cinco órgãos informativos de comunicação em Portugal, apesar de, entre si, estes possuírem características editoriais e até periodicidades distintas. Os cinco órgãos em questão assumem um caráter informativo generalista e nacional. A SIC Notícias é um relevante canal televisivo temático de informação em Portugal, cuja grelha de programas é, desde a sua criação, sobretudo “composta por noticiários alargados, noticiários breves e programas de informação” (Gaspar, 2004, p. 45). O Público e o Expresso são jornais considerados como órgãos informativos de referência (Araújo & Lopes, 2014). Por sua vez, o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã carregam “orientações editoriais mais próximas, com temáticas e estilos narrativos que tendem a suscitar a participação do público, ainda que o primeiro se aproxime mais do formato tabloide” (Lima & Reis, 2014, p. 669).

A extração dos tweets foi feita nos 7 dias a partir do caso estudado. Deste modo, estuda-se a cobertura jornalística durante o período entre os dias 10 de fevereiro de 2022 e 16 de fevereiro de 2022, inclusive. Este estudo tem como objetivo a identificação de macro e micronarrativas (Lits, 2015) nos tweets das cinco contas portuguesas oficiais do Twitter de âmbito jornalístico/informativo com maior número de seguidores. Nesse sentido, este estudo é orientado pelas três questões de investigação explicitadas na introdução deste trabalho.

O motor de busca de pesquisa avançada fornecido pelo próprio Twitter apresentou 881 tweets da SIC Notícias; 846 tweets do Público; 661 tweets do Expresso; 590 tweets do Jornal de Notícias e 599 tweets do Correio da Manhã. Curiosamente, a pesquisa avançada do Twitter não forneceu qualquer tweet da conta oficial do Expresso referente ao dia 10 de fevereiro de 2022 - o dia em que foi mediatizado o caso em questão. Os tweets foram extraídos, posteriormente, com recurso ao PhantomBuster2 e compilados num ficheiro “csv”. Desta forma, chega-se a um total de 3.577 tweets no corpus para análise, cuja distribuição por cada conta pode ser verificada na Tabela 1.

Tabela 1: Número total de tweets extraídos de acordo com as contas oficiais e os respetivos dias 

Após a extração dos 3.577 tweets do corpus inicial, foram identificados os tweets que não abordavam o caso estudado, reduzindo-se o corpus para 104 tweets merecedores de análise, que se distribuem em 33 tweets do Correio da Manhã; 29 tweets da SIC Notícias; 18 tweets do Jornal de Notícias; 13 tweets do Público e 11 tweets do Expresso, cuja distribuição por dias pode ser verificada na Tabela 2.

Tabela 2: Número de tweets sobre o caso em estudo, extraídos de acordo com as contas oficiais e os respetivos dias 

Os textos dos 104 tweets do corpus final sobre o caso em questão passaram por análises discursivas auxiliadas por nuvens de palavras, um instrumento de especial utilidade em análises discursivas (Heimerl et al., 2014)3. Foram criadas seis nuvens de palavras, com recurso à plataforma online Flourish4, sendo que uma das nuvens de palavras procura identificar as macronarrativas da cobertura jornalística neste caso, via Twitter, por força da identificação e análise das palavras mais frequentes. As restantes cinco nuvens de palavras correspondem a uma nuvem de palavras para cada conta de âmbito jornalístico/informativo. As nuvens de palavras possibilitam a identificação de narrativas, inclusive sob a forma de macro e micronarrativas, na cobertura do caso estudado. Entenda-se a macronarrativa como a narrativa geral que, aliás, se constrói através da conjugação de micronarrativas, isto é, narrativas particulares (Canilha, 2019). Todos os termos dos 104 tweets foram reescritos para a sua versão apenas com letras minúsculas, evitando-se, deste modo, erros na contagem da frequência dos termos, e foram ainda eliminados alguns conectores discursivos como “de”, “a”, “e”, “o”, “da”, “do”, “das”, “dos”, “que”, “é”. As nuvens de palavras deste estudo apresentam os 100 termos mais frequentes num determinado corpus, representados de acordo com uma escala linear.

4. Resultados e Discussões

Os resultados demonstram que, apesar de este caso específico aparentar, a priori, elevado interesse mediático, na verdade, dos 3.577 tweets inicialmente recolhidos, apenas 104 abordavam esse mesmo caso, o que resulta numa percentagem de tweets incluídos no corpus final que é inferior a 3%. Apesar de a pesquisa ter estipulado 1 semana como o horizonte temporal de possível relevância mediática, não foram identificados quaisquer tweets sobre o caso específico nos dias 15 e 16 de fevereiro. O dia 11 de fevereiro, com 63 dos 104 tweets do corpus, foi o dia com mais tweets sobre o caso específico.

A Figura 1 apresenta a nuvem de palavras para a representação visual dos 100 termos mais frequentes no conjunto dos 104 tweets do corpus. Nesta análise discursiva com recurso visual às nuvens de palavras, destacam-se os termos “ataque”, “jovem”, “universidade”, “lisboa”, “faculdade”. Nesse sentido, esses termos que se destacam visualmente centralizam o discurso mediático analisado na ideia de um “ataque de um jovem a uma faculdade da Universidade de Lisboa”. Esta narrativa mediática central pode ser entendida como a macronarrativa no corpus em análise. A ideia resultante desta macronarrativa não destaca, pelo menos com igual frequência e centralidade, motivos ou adjetivações que contextualizem esse “ataque”.

Figura 1: Nuvem de palavras do corpus de 104 tweets 

Podem ser salientados outros termos da nuvem de palavras da Figura 1 como “vídeos”, “suspeito”, “ciências”, “Portugal”, “estudante”, “terrorista”, “atentado”, “terrorismo”, “massacre”, “preparava” ou “planeava”. Estes termos podem sugerir outras narrativas presentes no corpus dos 104 tweets sobre este caso específico. As narrativas mediáticas que cada conta oficial de cariz jornalístico/noticioso utilizou para a cobertura deste caso podem ser mais aprofundadas através da análise discursiva com recurso às nuvens de palavras respetivas.

A Figura 2 é a representação visual dos 29 tweets extraídos da conta oficial da SIC Notícias. Nessa nuvem de palavras destacam-se, inicialmente, as palavras “ataque”, “faculdade”, “jovem”, “universidade”, “Lisboa”. São exatamente os mesmos cinco termos encontrados com maior destaque na Figura 1 e na macronarrativa identificada de um ataque de um jovem a uma faculdade da Universidade de Lisboa. Os termos “tentativa” e “ciências” também se destacam, porém, com menor representatividade visual, o que corresponde a uma menor frequência de ambas as palavras. No que toca a palavras que acrescentam à identificação do “suspeito” ou “detido”, encontra-se “18” - a idade deste jovem.

Figura 2: Nuvem de palavras dos 29 tweets da SIC Notícias 

A nuvem de palavras da Figura 3 corresponde à representação visual da frequência dos termos encontrados nos 13 tweets do Público. Destacam-se quatro termos, de forma acentuada, que até permitem compor uma simples frase que pode caracterizar este caso: “ataque travado na FCUL”5. Outras palavras como “jovem”, “faculdade”, “estudantes”, “não”, “exames”, “ciências” ou “plano” podem ser destacadas, contudo esta nuvem de palavras suscita uma centralidade dos quatro termos mais destacados na narrativa utilizada pelo Público. Não se identifica o nome nem a idade do jovem.

Figura 3: Nuvem de palavras dos 13 tweets do Público 

A Figura 4 é a representação visual da nuvem de palavras dos 11 tweets do Expresso, a conta oficial do Twitter de cariz jornalístico/informativo com menos tweets sobre o caso em estudo. Contrariamente às nuvens de palavras anteriores, a Figura 4 destaca, de forma significativa, apenas os termos “faculdade” e “um”. Não se encontra, de forma proeminente, a macronarrativa da Figura 1 do “ataque de um jovem a uma faculdade da Universidade de Lisboa”. De todo o modo, e apesar de a frequência não ser comparável à encontrada nas figuras anteriores, encontram-se os termos “lisboa”, “jovem”, “foi” ou “uma”. Esses termos têm semelhante preponderância à de palavras que, em conjunto, descrevem com maior pormenor o sucedido, tais como “encontrou”, “besta”, “pj” (Polícia Judiciária), “rede”. Contudo, a frequência destes termos é de tal forma reduzida, possivelmente pelo menor número de tweets da conta do Expresso, que não têm particular relevância para a identificação de narrativas.

Figura 4: Nuvem de palavras dos 11 tweets do Expresso 

A nuvem de palavras da Figura 5 corresponde, sob a representação visual, à frequência dos 100 termos mais encontrados nos 18 tweets do Jornal de Notícias. A palavra “estudante” é a que mais se destaca, em conjunto com “ataque”, “faculdade”, “ciências” e “suspeito”. Este último termo - “suspeito” - remete, discursivamente, para um contexto mais criminal e até jurídico, do que as anteriores, que correspondem à macro-narrativa identificada na Figura 1. Nesta nuvem de palavras encontra-se “João”, o nome do jovem que é a personagem principal, no sentido de construção narrativa e discursiva, deste caso.

Figura 5: Nuvem de palavras dos 18 tweets do Jornal de Notícias 

A nuvem de palavras da Figura 6 é a representação visual dos 33 tweets do Correio da Manhã, a conta oficial no Twitter de cariz jornalístico/informativo com maior número de tweets sobre este caso específico. São destacados os termos “jovem”, “universidade”, “Lisboa”, “ataque”, “Portugal” ou “estudante”, que remetem para a macronarrativa identificada desde a Figura 1. No caso desta particular nuvem de palavras, encontra-se com elevada frequência o termo “massacre”, e com menos proeminência nestes 33 tweets, mas ainda de forma frequente, o termo “terrorista”. Estes dois temos - juntamente a “ele”, “suspeito”, “planeava” e “atentado” - permitem representar este caso através de uma narrativa que, apesar de não contrariar a macronarrativa identificada desde a Figura 1, a complexifica sob a conotação de um planeado atentado/massacre terrorista. Não se encontram, com relevância, termos que identifiquem com maior detalhe o jovem em que se centra o caso em questão.

Figura 6: Nuvem de palavras dos 33 tweets do Correio da Manhã 

Este trabalho assume a capacidade narrativa de redes sociais e média sociais como o Twitter, em particular, com uma abordagem qualitativa com foco nas contas oficiais de cariz jornalístico/informativo em Portugal com maior número de seguidores. Entende-se que qualquer objeto comunicacional, jornalístico e informativo, passa por uma construção que narra, sempre, qualquer acontecimento segundo uma seleção de determinados aspetos, que implica que todo o objeto narrativo é, necessariamente e fundamentalmente, incompleto (Ryan, 2021a). A restrição de caracteres a que obriga o Twitter (Bhattacharya & Ram, 2012) pode ser uma particular característica que implica ainda mais limitações na seleção de aspetos, palavras e termos, para a descrição e narração de algo. De todo o modo, a importância que o Twitter tem assumido no jornalismo e na partilha de informação mantém-se, particularmente, relevante (Bennett & Segerberg, 2012; Papacharissi, 2015; Sadler, 2018).

Assumiu-se, a priori, que o caso estudado poderia ter elevado interesse mediático e, por isso, poderia ser objeto de tweets das cinco contas de cariz jornalístico/informativo selecionadas. Todavia, como visível nas Tabelas 1 e 2, apenas 104 tweets dos 3.577 recolhidos no espaço de uma semana desde 10 de fevereiro de 2022 - a data de acontecimento do caso estudado - eram sobre este caso, ou seja, menos de 3% do corpus inicial. Aliás, nos dias 15 e 16 de fevereiro de 2022, este acontecimento não esteve presente nos tweets de qualquer uma das cinco contas do Twitter analisadas, o que pode revelar uma tendência unânime no corpus na consideração de que este caso perde potencial de relevância mediática após 5 dias do seu acontecimento. Apesar do caráter imediato que caracteriza o espaço digital, as redes sociais e média sociais, não foi do próprio dia do acontecimento que se encontraram mais tweets sobre este caso, mas sim do dia seguinte, 11 de fevereiro de 2022 (com 63 dos 104 tweets do corpus), o que corrobora a ideia de que “normalmente, a narrativa surge depois do acontecimento” (Lits, 2015, p. 20), mesmo no espaço digital. Uma perspetiva crítica aos tweets do corpus sobre este caso, reforça o entendimento de que os órgãos informativos de comunicação, por detrás das cinco contas em questão, utilizam o Twitter essencialmente como mais uma plataforma para a disseminação e difusão do trabalho jornalístico que exercem, numa tendência de subutilização das capacidades conversacionais que o Twitter oferece (Puebla & Gomes-Franco, 2015).

Encontram-se diferenças, a nível quantitativo, na cobertura mediática deste caso para cada órgão jornalístico conectado às cinco contas de Twitter inseridas no corpus, conforme exposto na Tabela 2. A SIC Notícias e o Público publicaram, respetivamente, 881 e 846 tweets entre os 7 dias do corpus, sendo as duas contas com mais tweets recolhidos. Contudo, dos 881 tweets da SIC Notícias, são 29 os que abordam o caso estudado. Por sua vez, dos 846 tweets do Público, são apenas 13 os que são sobre este caso, isto é, menos de metade dos tweets da SIC Notícias incorporados no corpus de 104 tweets em análise, apesar do número total semelhante de tweets nos 7 dias do corpus. Por sua vez, a conta do Correio da Manhã tem o maior número de tweets sobre o caso (33), e o segundo menor número total de tweets recolhidos nos 7 dias de análise (599). Existe a possibilidade de essa prevalência constituir um possível indicador de maior relevância percebida deste caso, para este órgão jornalístico, por via de uma maior frequência de tweets, em comparação com os restantes órgãos jornalísticos por detrás das contas analisadas, o que pode ser um mero reflexo da matriz informativa do Correio da Manhã, considerada como mais próxima do formato tabloide (Lima & Reis, 2014).

De acordo com a análise de discurso, com recurso à representação visual das nuvens de palavras, é identificada uma macronarrativa na Figura 1, que permite responder à primeira questão de investigação - “de que forma foi caracterizado no Twitter esse acontecimento?”. O discurso do corpus de 104 tweets centra-se numa ideia que liga os termos mais frequentes: “ataque”, “jovem”, “universidade”, “lisboa”, “faculdade”. Esta macronarrativa jornalística está, de alguma forma, presente em cada nuvem de palavras referentes aos tweets de cada uma das cinco contas de cariz jornalístico/informativo. A exceção é a nuvem de palavras do Expresso (Figura 4), já que o pequeno número de tweets (11) possivelmente não constitui corpus suficiente para a identificação de narrativas sob a forma de nuvens de palavras que representam visualmente os 100 termos mais frequentes.

Na Figura 1 encontram-se, ainda com relativa frequência, termos como “terrorista” ou “terrorismo”, que permitem começar uma resposta à segunda questão de investigação que orienta este trabalho - “destaca-se uma narrativa jornalística associada ao terrorismo?”. Identifica-se uma narrativa que associa este caso ao terrorismo, porém não é uma macro-narrativa central no corpus.

As nuvens de palavras referentes a cada conta no Twitter de cariz jornalístico/ informativo, permitem responder de forma positiva à terceira pergunta de investigação - “há nuances nas narrativas seguidas pelos diferentes meios de comunicação?”. Encontram-se nuances, isto é, subtilezas nas narrativas aplicadas, nomeadamente, ao nível da utilização da narrativa do terrorismo, já que termos que remetem para essa ideia se encontram nas nuvens de palavras da SIC Notícias, do Jornal de Notícias e do Correio da Manhã, mas não nas restantes.

A própria construção discursiva da personagem central neste acontecimento é diferenciada entre as cinco contas de cariz jornalístico/informativo no Twitter. Há casos em que a abordagem mais jurídica, em que essa personagem é construída como um suspeito de qualquer tipo de atividade ilícita, é particularmente frequente em termos comparativos. Essa abordagem pode ser um reflexo do cumprimento do Código Deontológico dos Jornalistas, em especial do Ponto 8, que aborda a necessidade de o jornalista salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos (Sindicato dos Jornalistas, 2017). De qualquer modo, a utilização do termo “suspeito” difere entre as nuvens de palavras, surgindo com relativa frequência nas nuvens de palavras da SIC Notícias, do Expresso e do Correio da Manhã. Há casos em que é destacada a idade (SIC Notícias) ou o nome (Correio da Manhã) deste jovem, o que constitui relevantes nuances discursivas na construção da personagem central deste caso - já que, inevitavelmente, a figura real de um acontecimento passa por um trabalho de composição e construção narrativa e jornalística (Peixinho, 2014).

Uma outra nuance possível ao nível de micronarrativas prende-se com a elevada frequência da palavra “travado” - por associação, por exemplo, a “ataque travado” - na nuvem de palavras do Público. Apenas com este termo, o Público coloca elevada importância nesta micronarrativa, que passa pela ideia de que o acontecimento em si não chegou a ocorrer pois foi travado, isto é, um não acontecimento. Não se encontra esta micronarrativa nas restantes nuvens de palavras, pelo menos com semelhante nível de destaque, sendo que a frequência da palavra “tentativa” na nuvem de palavras da SIC Notícias, pode corresponder a uma micronarrativa muito semelhante à identificada no Público, pois também expressa a ideia de que o ataque não chegou a acontecer.

Este estudo permite a identificação de narrativas, o que, por sua vez, levanta necessárias reflexões sobre estas mesmas narrativas. O historial de casos representados como atentados terroristas em Portugal é particularmente reduzido. O caso específico aqui estudado pode encaixar em várias definições de terrorismo, inclusive na de “lobo solitário” (Cohen et al., 2014; Phillips, 2011; Spaaij, 2010) apesar de essas mesmas definições estarem envolvidas em controvérsia (Paixão, 2019). Há, inclusive, quem fale de “velho terrorismo” e “novo terrorismo” (Neumann, 2009) e de como o “novo terrorismo” como conceito ganhou visibilidade após os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos da América (Rezende & Schwether, 2015). Esses atentados contribuíram para a associação e vinculação estereotipada, orientalista e islamofóbica do terrorismo ao Islamismo (Altheide, 2006; Nayak, 2006). Aliás, inclusive num país como Portugal, em que os casos descritos como “terrorismo” são uma minudência, a generalidade das representações mediáticas de muçulmanos reproduz discursos de poder eurocêntricos (Rodríguez Maeso, 2018), relacionados com uma tradição orientalista (Matos, 2002). Por conseguinte, seria interessante perceber como seria representado um caso totalmente semelhante a este, porém, cuja personagem fosse muçulmana ou percebida como tal - já que termos como “árabe” ou “muçulmano” são comummente, porém erradamente, utilizados como sinónimos em variadas narrativas mediáticas (Shaheen, 2001).

5. Conclusões

As nuvens de palavras elaboradas servem de ferramentas para a análise discursiva face à cobertura das cinco contas de âmbito jornalístico/informativo de Portugal com mais seguidores no Twitter. Entende-se que esta abordagem analítica qualitativa pode contribuir para o desenvolvimento de entendimentos científicos sobre as narrativas utilizadas para dar e construir sentido à cobertura mediática, em particular, jornalística no Twitter, deste caso específico sem grande paralelo em Portugal. Identifica-se uma macronarrativa jornalística central aos 104 tweets, que passa pela ideia da existência de um ataque numa faculdade da Universidade de Lisboa. A narrativa do terrorismo, apesar de comum - mas não de forma uniforme entre as cinco nuvens de palavras -, não é a mais central no corpus, como demonstra a Figura 1. Aliás, a narrativa jornalística que associa este caso ao terrorismo não está altamente presente nas cinco contas, apesar de se destacar em três das cinco (a saber, os casos de SIC Notícias, Jornal de Notícias e Correio da Manhã). Assim sendo, o estudo aponta no sentido de existirem nuances do ponto de vista das narrativas mais frequentes em cada um dos cinco órgãos informativos de comunicação associados às contas oficiais no Twitter. A propósito, identificam-se outras nuances narrativas, seja a ênfase atribuída à ideia de “ataque travado”, sobretudo presente no Público, ou até do ponto de vista da construção da personagem central ao caso, já que as nuvens de palavras demonstram, entre si, diferentes destaques dados a aspetos como a idade ou o nome da personagem deste caso.

Entende-se que este trabalho possa ser um contributo para o estudo das narrativas mediáticas, em particular, jornalísticas, neste tipo de casos em Portugal. A análise crítica aos 104 tweets permite ainda adensar o entendimento de que os órgãos informativos de comunicação em Portugal revelam uma tendência de utilização do Twitter como um espaço para a disseminação do seu trabalho e não, pelo menos de forma vincada, pelo potencial conversacional e interativo desta plataforma (Puebla & Gomes-Franco, 2015). Outros estudos que se foquem neste caso poderão analisar outros objetos mediáticos e até outros objetos jornalísticos, indo além do caráter imediato que caracteriza a forma como a informação circula no online, e em particular, caracteriza o Twitter.

Contudo, este trabalho permanecerá com a inquietação sobre qual seria a macro-narrativa central no corpus se este caso em estudo tivesse como personagem um jovem muçulmano, ou sequer percebido como muçulmano? Permanecerá, ainda, também a inquietação sobre se as micronarrativas identificadas nas contas do Público e até da SIC Notícias, que aparentam querer demonstrar que o ataque não chegou a acontecer, foi “travado” e não passou de uma “tentativa”, teriam frequências semelhantes? Sobretudo caso o perfil identitário do jovem que é personagem central neste caso tivesse a religião - em especial, não católica - como elemento de destaque.

Tendo por base as nuvens de palavras das publicações - tweets - das cinco contas oficiais correspondentes aos cinco órgãos informativos de comunicação em Portugal com mais seguidores no Twitter, o presente estudo permitiu a identificação de uma macronarrativa jornalística que se centra num ataque numa faculdade da Universidade de Lisboa. No que toca à personagem central neste caso, não se destacou particularmente qualquer narrativa focada num elemento identitário desta personagem, ao contrário do ocorrido em vastos relatos de representações mediáticas associadas a ataques e atentados que tipicamente seguem uma tradição orientalista e islamofóbica (Altheide, 2006; Nayak, 2006). Essa tradição representativa, que se foca num elemento identitário, tende a contribuir para a associação religiosa - particularmente, islâmica - ao terrorismo. De todo o modo, no caso estudado neste trabalho, e apesar de ainda ter uma frequência relevante, a narrativa jornalística do terrorismo não se destacou de forma uniforme e central aos 104 tweets do corpus, o que auxilia ao entendimento da cobertura mediática, em especial jornalística, deste caso específico sem grande paralelo em Portugal.

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1Os números de seguidores aqui apresentados remetem aos números de seguidores destas contas em abril de 2022.

2Mais informação em https://phantombuster.com/.

3As nuvens de palavras são também utilizadas noutros tipos de análise de conteúdos (Vilela et al., 2020) e para qualquer identificação de foco de um dado material escrito (Atenstaedt, 2012). Compõem representações visuais da frequência de qualquer termo num corpus específico, como os termos mais frequentes nesse corpus são graficamente destacados.

4Mais informação em https://flourish.studio.

5“FCUL” é uma sigla que significa Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

6The number of followers shown here refers to the number of followers of these accounts in April 2022.

7More information at https://phantombuster.com/.

8Word clouds are also used in other types of content analysis (Vilela et al., 2020) and for any focus identification of a given written material (Atenstaedt, 2012). They compose visual representations of the frequency of any term in a specific corpus, as the most frequent terms in that corpus are graphically highlighted.

9More information at https://flourish.studio.

10“FCUL” is the acronym for the Faculty of Sciences of the University of Lisbon.

Recebido: 29 de Julho de 2022; Aceito: 05 de Outubro de 2022

Eduardo Antunes é investigador bolseiro do projeto MyGender, estudante do doutoramento em ciências da comunicação da Universidade de Coimbra, onde concluiu o mestrado em jornalismo e comunicação. É locutor na Rádio Universidade de Coimbra, rádio onde coordenou o Departamento de Programação entre 2021/2022. Tem experiência prévia como tradutor e marketeer, contando com uma passagem profissional de 3 meses no Cairo, Egito, por via de estágios internacionais da AIESEC. A música, a comunicação e a investigação são três dimensões muito fortes na sua vida. Procura desenvolver investigação sobre as dinâmicas do orientalismo e de género nos média. Email: eduardo.antunes@fl.uc.pt Morada: Largo da Porta Férrea, Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra, 3000-370 Coimbra

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