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Media & Jornalismo

versão impressa ISSN 1645-5681versão On-line ISSN 2183-5462

Media & Jornalismo vol.21 no.38 Lisboa jun. 2021  Epub 30-Jun-2021

https://doi.org/10.14195/2183-5462_38_12 

Varia

Os estudos de framing no contexto da investigação em comunicação: uma análise a partir das principais revistas científicas de Brasil e Portugal

The framing studies in the communication research context: an analysis of the main Brazilian and Portuguese scientific journals

1 Universidade da Beira Interior/LabCom, Portugal. rafael.mangana@labcom.ubi.pt

2 Universidad de Salamanca, Facultad de Ciencias Sociales, Observatorio de los Contenidos Audiovisuales, Espanha. vale.naval@usal.es

3 Universidade da Beira Interior/LabCom & IADE-EU, Portugal. ricardo.morais@labcom.ubi.pt


Resumo

A teoria do enquadramento (ou framing) tem ganho, desde o seu aparecimento, uma preponderância crescente no vasto campo das Ciências Sociais e Humanas. Estudos internacionais comprovam-no e sublinham a importância dada a esta teoria no contexto da investigação em Comunicação. Trata-se de uma teoria utilizada para estudar diversas temáticas, mediante variadas técnicas metodológicas, constituindo-se como um instrumento importante de compreensão dos fenómenos mediáticos.

Neste trabalho realçamos a importância que a teoria adquiriu nos estudos realizados em Brasil e Portugal, representando, na década de 2007 a 2016, a publicação de 135 artigos em 34 das principais revistas de expressão portuguesa da área das Ciências da Comunicação.

Mediante os resultados da análise de conteúdo efetuada, emerge a força do paradigma, que é trabalhado preferencialmente em associação com os temas de política e questões de género, de forma empírica e tendo como objeto de estudo a imprensa tradicional.

Palavras-chave: teoria do Framing; web of science; scopus; qualis; análise de conteúdo

Abstract

The theory of framing has gained, since its emergence, a growing preponderance in the vast field of Social and Human Sciences. International studies support this and underline the importance given to this theory in the context of communication research. It is a theory that is used to study various themes, through various methodological techniques, constituting itself as an important instrument for understanding the media phenomena.

In this paper we point out the importance this theory has gained in Portuguese and Brazilian studies, representing, for 2007-2016 decade, the publishing of 135 papers in 34 of the main Portuguese language magazines of the communication sciences.

Through the results of the content analysis here performed, the force of the paradigm emerges, which is preferably worked in association with political and gender issues, in an empirical way and having as object of study the traditional press.

Keywords: framing theory; web of science; scopus; qualis; content analysis

Introdução

Vários estudos (Bryan & Miron, 2004; Van Gorp, 2007; Weaver, 2007) têm sustentado a importância da teoria do enquadramento nos estudos de comunicação, sendo uma das mais abordadas nas últimas décadas do século XX e nos primeiros anos do século XXI. No contexto lusófono, a tendência mantém-se, com vários autores (Porto, 2004; Motta, 2007; Correia, 2016; Gradim, 2017) a debruçarem-se sobre o paradigma, sob diferentes ângulos, metodologias e objetos de estudo.

Este manifesto interesse pela teoria do framing justifica, per se, o presente estudo, que tem como principal objetivo mapear a presença e a utilização desta teoria no Brasil e em Portugal. Com esta análise esperamos conseguir preencher uma lacuna existente, nomeadamente no que diz respeito à sistematização deste relevante preceito teórico, analisando para esse efeito não apenas a quantidade de trabalhos produzidos nos dois países, como também os meios escolhidos para a sua divulgação.

Neste sentido, foram consideradas as revistas científicas com maior impacto em 2016 nas bases de dados Web of Science, Scopus e Qualis, na área de Comunicação/Informação, e analisados os artigos publicados numa década de investigação (de 2007 a 2016). No final do trabalho, para além de se apresentarem dados que corroboram o uso crescente da teoria do enquadramento, ficamos ainda a conhecer as temáticas e o tipo de trabalhos que mais recorrem ao framing, o que acreditamos pode representar um importante contributo para a evolução dos estudos na área da Comunicação.

Framing: origens e evolução de um conceito

Os estudos sobre enquadramento têm ganho, ao longo dos anos, bastante relevância no vasto âmbito das Ciências Sociais e Humanas, tendo estimulado diversas investigações (Reese, 2007; Van Gorp, 2007; Weaver, 2007; Matthes, 2009), com incidência nos mais variados objetos de estudo, desde campanhas eleitorais, fenómenos migratórios ou estudos de discurso, e utilizando diversas metodologias.

Para compreendermos as origens do framing devemos começar por considerar a ideia de construção social da realidade e, no seguimento desta, a teoria dos efeitos, ou seja, a ideia de que “as audiências fundamentam a sua perceção da realidade a partir da experiência pessoal, da interação com pares e da interpretação de seleções efetuadas pelos media” (Neuman et al., 1992, p. 120). Neste sentido, o efeito de framing, como alude Correia (2016), “não se refere tanto a diferenças sobre aquilo que é comunicado, mas antes a variações acerca do modo como a informação é apresentada ou enquadrada e percecionada no discurso público” (p. 7). É a partir deste entendimento que devemos abordar o conjunto de trabalhos que abordam o conceito e contribuem para a sua evolução e sistematização.

Gregory Bateson é tido como um dos pioneiros na utilização do conceito de framing no campo das Ciências Sociais e Humanas, designadamente, no âmbito da psicologia cognitiva. Em “A Theory Of Play and Fantasy” (1954, 1972), o autor toma o frame como um conceito psicológico, procurando enfatizar a importância das mensagens enquanto elementos fulcrais no condicionamento da construção e definição do próprio conceito. Bateson (1972) defende que “qualquer mensagem que implícita ou explicitamente defina um enquadramento, ipso facto dá instruções ou ajudas ao receptor na sua tentativa de compreender as mensagens contidas no enquadramento” (p. 188), considerando assim que enquadrar não é mais que circunscrever um conjunto de mensagens que ganham sentido para os interlocutores num contexto que é partilhado. Neste contexto importa também fazer referência à Gestalt, enquanto teoria da psicologia que se dedica a estudar a forma como o cérebro humano funciona em termos de perceção das formas. Esta dimensão é fundamental no framing, uma vez que neste paradigma é precisamente “(...) a moldura do quadro, o frame, que organiza a perceção do sujeito, incitando a que se tenha em conta o que está dentro e se ignore o que está fora” (Correia, 2016, p. 8).

Depois dos primeiros trabalhos enfatizarem a natureza mais psicológica do enquadramento, nos seguintes destaca-se uma abordagem no campo da sociologia. Erving Goffman é o autor que, nos anos 70, apresenta um olhar mais sociológico sobre o conceito. Para o autor, enquadramentos são construções mentais da realidade, ou seja, o uso de quadros de interpretação da realidade, socialmente construídos e legitimados, que, colocando os indivíduos sob referências comuns, lhes possibilitam dar sentido às relações sociais. Os enquadramentos são, então, seleções, exclusões, contextualizações e recontextualizações de factos, tendo em conta regras e normas do campo do jornalismo. O resultado desse processo são as tais representações que contribuem para a construção de parte da realidade social.

A partir desta abordagem sociológica o conceito vai consolidar-se no âmbito dos estudos em comunicação, ainda que num momento inicial os frames sejam definidos de forma ambígua, ou seja, com o mesmo sentido que outros efeitos dos meios de comunicação, como o agenda-setting. Importa por isso destacar que apesar de estarem ligados, existem também diferenças entre os efeitos de agenda e de framing. O enquadramento começa por ser definido como um efeito secundário do agendamento, o que constitui uma interpretação limitada do conceito, uma vez que, tal como alertam Kim, Scheufele e Shanahan (2002), enquadrar é mais do que simplesmente enfatizar um determinado assunto em relação a outros. Neste contexto talvez o framing se aproxime mais de uma extensão do agenda-setting, sobretudo se considerarmos, na linha de McCombs, Shaw e Weaver (1997), que existe um segundo nível de agenda-setting, que diz respeito à interpretação que as audiências fazem em relação à cobertura mediática dos acontecimentos. Não se trata de destacar um assunto em relação a outro, nem já de dizer às audiências sobre o que pensar, mas de lhes dizer como pensar. Neste sentido, podemos compreender por que motivo “os efeitos do enquadramento não se determinam pela acessibilidade, mas pela aplicabilidade, isto é, a capacidade de gerar esquemas de interpretação que podem aplicar-se a muitas situações diferentes” (Correia, 2016, p. 10).

Ainda que partindo do segundo nível do agenda-setting, a teoria do enquadramento diz respeito a algo distinto na medida em que tem que ver com a forma como determinados assuntos que foram previamente agendados, podem ser pensados. É por isso que alguns autores (Kosicki, 1993; Scheufele, 1999) consideram que o framing não deve ser entendido como uma extensão da teoria do agenda-setting, porque já não trata da seleção e destaque das notícias, mas de uma perspetiva mais complexa de âmbito cognitivo. Os frames - quadros de experiência - definem assim premissas da ação e são, deste modo, representações mentais que “(...) auxiliam o seu utilizador a localizar, perceber, identificar e classificar um número infinito de ocorrências aparentemente semelhantes” (Goffman, 1986, p. 21). Por outro lado, assumem uma influência determinante na construção das identidades sociais. Como nos faz notar o autor: “todos os frames implicam expectativas de tipo normativo que mostram como o indivíduo está implicado de modo profundo e total na atividade organizada pelo próprio frame” (Goffman, 1986, p. 345).

Gay Tuchman (1978) adapta os estudos de enquadramento ao jornalismo, utilizando o conceito como sinónimo de ideia organizadora, utilizada na atribuição de sentido aos acontecimentos. A socióloga norte-americana defende que as notícias não se limitam a refletir a realidade; constroem-na, agindo dialeticamente, isto é, ao mesmo tempo que expõem certas conceções da realidade, contribuem para alterar a perceção dessa mesma realidade. As categorias da experiência social, os factos e as significações sociais são determinadas pela “atitude natural”, tal como Alfred Schutz (1975) a teorizou, e, portanto, apesar de se apresentarem como a-históricos e naturalmente reificados, são histórica e socialmente construídos pelas interações sociais, pelas instituições sociais e, obviamente, pelas notícias. Estas, apesar de condicionadas e codificadas pelas instituições sociais continuarão, como conclui Tuchman (1978), “a reproduzir-se a si mesmas como factos históricos indiscutíveis; não só definindo e redefinindo, constituindo e reconstituindo as significações sociais, mas também definindo e redefinindo, constituindo e reconstituindo modos de fazer coisas - os processos existentes nas instituições existentes” (p. 182).

Em “Framing: Towards the Clarification of a Fractured Paradigm”, Entman (1993) defende a ideia de “paradigma fraturado” e expressa, de forma clara, a noção de enquadramento como conjunto de regras que organizam um comportamento ou discurso.

(...) enquadrar é selecionar certos aspetos da realidade percebida e torná-los mais salientes no texto da comunicação de tal forma a promover a definição particular de um problema, de uma interpretação causal, de uma avaliação moral, e/ou a recomendação de tratamento para o tema descrito. Enquadramentos, tipicamente, diagnosticam, avaliam e prescrevem (Entman, 1993, p. 53).

A partir do trabalho de Entman, foram vários os autores (Scheufele, 1999, 2000; D’Angelo, 2002; Reese 2001, 2007) a tentarem clarificar o paradigma, fortalecendo-o. O conceito de framing vai assim acabar por se consolidar, ao mesmo tempo que se afasta de outras teorias semelhantes.

[o framing] como conceito, consolidou a sua diferença em relação a outras semelhantes e ganhou popularidade porque as suas múltiplas nuances permitem que seja colocado em qualquer nível de comunicação. Os frames podem ser localizados tanto nos comunicadores quanto no conteúdo das notícias, na cultura e nas audiências (Garraza et al., 2012, p. 110).

Nesta tentativa de clarificação do paradigma não podemos deixar de referir o trabalho realizado por de Vreese e Boomgaarden (2003), que introduziram uma dimensão distinta para se pensar a teoria do enquadramento. De acordo com os autores, as diferentes questões podem sempre ser enquadradas de modo positivo ou negativo, em função daquilo a que chamam enquadramentos de valência, ou seja, a cada quadro está inerente uma determinada valência, positiva ou negativa, boa ou má. Através de trabalhos empíricos, de Vreese, Boomgaarden e Semetko (2011) conseguem mesmo demonstrar que os distintos enquadramentos sobre um mesmo tema estão relacionados com as mudanças de atitudes por parte das pessoas. Este entendimento de que os enquadramentos noticiosos são dotados de valências próprias, constituiu um importante contributo para o desenvolvimento da teoria e realça a importância de se estudarem as “molduras” construídas pelos media, uma vez que elas antecedem a própria compreensão e interpretação que os indivíduos fazem sobre as diferentes temáticas.

Os estudos de Framing e a investigação em comunicação no Brasil e em Portugal

Também no contexto lusófono de investigação, mas sobretudo em Portugal e no Brasil, os estudos de framing têm despertado o interesse da comunidade científica, como, de resto, atestam os 135 papers publicados nas mais bem cotadas revistas científicas de expressão portuguesa no âmbito das Ciências da Comunicação entre 2007 e 2016, e que servem de base a este estudo. Nos últimos anos, este é um preceito teórico que, no âmbito da investigação em Ciências da Comunicação realizada nestes dois países, tem sido aplicado para o estudo de um vasto leque temático, desde fenómenos migratórios (Mangana, 2018), política (Lima & Teixeira, 2015), questões de género (Castilho & Romancini, 2018) ou direitos humanos (Rothberg, 2014), entre outros.

Porto (2004) descreve os enquadramentos como sendo “marcos interpretativos mais gerais construídos socialmente que permitem as pessoas fazer sentido dos eventos e das situações sociais” (p. 78). De entre os vários tipos de enquadramento, Motta (2007) enfatiza a importância dos enquadramentos “dramáticos ou narrativos” associados à política, na medida em que este estes:

sugerem uma tensão entre o objetivo e o subjetivo na comunicação jornalística. Essa tensão torna a análise mais desafiadora. A racionalidade e a referencialidade da linguagem jornalística não a eximem de certo nível de simbolismo: a representação objetiva do real não é, nem será nunca, o real; estará sempre mais ou menos sujeita a contaminações do imaginário (Motta, 2007, pp. 22-23).

Mais recentemente, Gradim (2017), reforçando a pluralidade dos estudos de framing, debruça-se sobre a teoria, na sua dimensão semiótica.

(...) se, quando falamos de framing, falamos essencialmente de significação, de como fazer sentido do real, é evidente que este trabalho é do domínio da semiótica. Daí considerarmos que tem a semiótica um papel a desempenhar nos estudos de framing, podendo ser entendida não só como linha genealógica desses estudos, mas mesmo como paradigma que permitisse reencontrar-lhe, enfim, uma unidade epistemológica por sobre a diversidade das suas origens (Gradim, 2017, p. 25).

Percebemos desta forma que o framing tem sido abordado não apenas considerando a sua genealogia, mas também o cruzamento com diferentes áreas do saber, reforçando desta forma a sua importância enquanto teoria em crescimento no campo das Ciências Sociais e Humanas.

Objetivos e Metodologia

Na primeira parte do trabalho tivemos oportunidade de abordar as origens do framing enquanto teoria, mas também a sua evolução, realçando alguns dos principais autores que contribuíram para o desenvolvimento deste paradigma. Este enquadramento teórico foi determinante para os momentos que se seguiram no estudo, nomeadamente a definição do desenho da investigação e das escolhas metodológicas.

O principal objetivo do trabalho é, como referimos, mapear a presença e a utilização desta teoria no Brasil e em Portugal, o que nos remeteu para a utilização da análise de conteúdo, enquanto técnica que nos permite “simplificar para potenciar a apreensão e se possível a explicação” (Vala, 1986, p. 110). Na utilização desta técnica existem, de acordo com os especialistas, três procedimentos fundamentais: a construção do corpus ou definição da amostra a estudar; a codificação dos dados e a categorização do material; e, por fim, a interpretação dos resultados (Coutinho, 2015). São precisamente estas etapas que apresentamos de seguida para que se perceba o caminho percorrido em termos metodológicos.

No contexto do processo de definição da amostra, Krippendorff (1990) sublinha que se deve definir o plano de amostragem de forma rigorosa e ao mesmo tempo o mais detalhada possível, para que o investigador possa obter uma amostra de unidades que, no seu conjunto, sejam representativas da população, ou do objeto que lhe interessa analisar.

Neste sentido, neste estudo foram identificadas, numa primeira fase, 32 revistas científicas de expressão portuguesa, que se constituíram como unidades de recolha de dados. A seleção foi feita tendo em conta o conjunto de revistas científicas que teve maior impacto no ano de 2016 nas bases de dados Web of Science, Scopus e Qualis (nos três primeiros patamares - A1, A2 e B1), na área de Comunicação/Informação. Para conferir rigor à seleção, foram consideradas as publicações que contivessem pelo menos um artigo científico relativo à teoria do framing no período em análise no estudo, ou seja, entre 2007 e 2016. Com base nestes procedimentos foi possível identificar as revistas que apresentamos na tabela, organizadas de acordo com o país de origem (ver Tabela 1).

Tabela 1 Revista científicas que compõem a amostra 

Fonte: elaboração própria

No seguimento do procedimento adotado foi possível verificar que o universo de artigos publicados por estas revistas científicas no período analisado foi de 10006 artigos (excluindo editoriais e revisões), dos quais 1,35%, ou seja, 135 artigos, aludem, mais ou menos explicitamente, à teoria do enquadramento.

Na etapa seguinte e como forma de proceder à definição da amostra de artigos a analisar, foram incluídos os termos “framing”, “enquadramento”, “teoria do enquadramento” e “framing theory” nos mecanismos de busca internos dos sites das revistas. Embora o rastreamento se tenha focado essencialmente no título, no resumo e nas palavras-chave de cada artigo, os motores de busca das respetivas revistas devolveram resultados com os termos localizados, não só nos locais acima mencionados, como, por vezes, em todo o texto. Por esse motivo, todos os resultados foram cuidadosamente conferidos, tendo sido criteriosamente selecionados apenas os artigos científicos relacionados efetivamente com a teoria do enquadramento. Através deste procedimento foi possível identificar 135 artigos que compõem a amostra que serviu de suporte ao presente trabalho.

Uma vez selecionada a amostra e antes de se apresentarem as categorias que foram definidas para a categorização dos dados, importa recordar algumas das questões de investigação que orientaram a análise e que surgiram na sequência das várias investigações que nos últimos anos têm abordado a temática do framing (Matthes, 2009; Borah, 2011; Ardèvol-Abreu, 2015; Saperas & Carrasco-Campos, 2015; Martinez-Nicolás & Saperas, 2011, 2016; Piñeiro-Naval & Mangana, 2018, 2019). Em primeiro lugar tentámos perceber quais os objetos de estudo e as temáticas dominantes nos artigos sobre framing. De seguida, centrámos a nossa atenção nas metodologias privilegiadas, mas também na abordagem da teoria do enquadramento, ou seja, nas especificidades consideradas em cada artigo, tendo em conta que, como vimos no enquadramento teórico, existem várias influências, entendimentos e aplicações da teoria. Por fim, procurámos perceber qual o peso que a teoria do enquadramento tem nos artigos analisados, quando comparada com outras teorias utilizadas nos estudos. Depois de definirmos a amostra, no ponto seguinte apresentamos, de forma sucinta, os procedimentos adotados na categorização dos artigos analisados.

Categorias de análise

Definidos os objetivos do trabalho e recolhida a amostra, o percurso metodológico prossegue com a elaboração de um “livro de códigos (codebook), onde se especifique com grande detalhe como se deve avaliar cada critério ou variável” (Igartua, 2006, p. 204). Neste sentido, procedemos à definição das categorias que permitiram efetuar a análise dos artigos científicos selecionados. Importa realçar que todas as variáveis, bem como as suas múltiplas categorias, foram pensadas a partir de critérios aplicados por outros autores que desenvolveram trabalhos na área (ver Anexo I). Foram assim consideradas um total de dez categorias que se desdobram em várias dimensões (ver Tabela 2).

Tabela 2 Categorias de análise que integram o livro de códigos 

Fonte: elaboração própria

As categorias apresentadas na tabela foram traduzidas, de forma esquemática, numa ficha de codificação onde se registaram os valores correspondentes a cada unidade de análise, sendo os valores digitalizados e tratados estatisticamente no programa SPSS. A codificação dos 135 artigos da amostra foi realizada entre os dias 14 de dezembro de 2017 e 22 de dezembro de 2017. Para a verificação da fiabilidade intercodificadores selecionou-se, de forma aleatória, uma sub-amostra de 20% de unidades de análise, ou seja, n = 27 papers analisados por dois codificadores independentes. À posteriori, utilizou-se o índice mais robusto que existe para calcular o acerto e a atribuição de valores às diversas variáveis: o alfa de Krippendorff, calculado graças à “macro kalpha” para SPSS (Hayes & Krippendorff, 2007). No total, a fiabilidade média das 11 variáveis1 que integram o livro de códigos foi satisfatória: Mαk = 0,75.

Resultados

Depois de termos apresentado os procedimentos metodológicos, neste ponto apresentamos os principais resultados obtidos com a análise realizada. Começando pela modalidade de estudo mais utilizada, verificamos que há um predomínio dos estudos eminentemente empíricos (80,7%), sobre aqueles que se debruçam teórico-conceptualmente sobre o paradigma (18,5%) e, mais ainda, sobre as investigações estritamente metodológicas (0,7%). De um total de 135 papers, constatamos que 109 se dedicam a estudos práticos, 25 a estudos de formulação teórico-conceptual e apenas 1 paper é dedicado a um estudo de cariz puramente metodológico. Os dados parecem assim indicar-nos que os autores privilegiam o uso da teoria do enquadramento para a realização de trabalhos com uma forte componente empírica e que tem um objeto de estudo definido. Neste sentido, podemos considerar que o framing serve como teoria que dá aos investigadores o suporte teórico necessário para a realização de trabalhos eminentemente práticos. Estes trabalhos estariam assim no segundo nível da classificação metodológica estabelecida por de Vreese (2003) em relação aos estudos de framing. Os dados obtidos indicam também, de forma clara, que apenas cerca de um quinto dos trabalhos se centra numa abordagem do paradigma em si, o que se pode explicar pelo facto de nos últimos anos a teoria do enquadramento ter vindo a ser bastante trabalhada em termos de definição e conceptualização teórica.

Em relação aos objetos de estudo predominantes e aos temas de investigação com maior incidência, a tabela aponta na direção, por um lado, de uma predominância de objetos de estudo que remetem para trabalhos no campo do jornalismo impresso e, por outro, para temáticas essencialmente da esfera da política (ver Tabela 3).

Tabela 3 Objetos e temas de investigação abordados nos artigos 

Fonte: elaboração própria

Através da observação da tabela podemos constatar que, apesar do aparecimento e crescimento de outros meios de comunicação, a imprensa tradicional (nomeadamente os jornais impressos) continua a ser o objeto de estudo preferencial dos investigadores nos trabalhos analisados (36,3%). Os dados mostram assim que o campo dos estudos jornalísticos permanece como um dos que mais recorre à teoria do enquadramento. Importa também realçar que o segundo objeto de estudo que se destaca nos artigos analisados é o dos artigos científicos/investigação académica (20%), o que ajuda a explicar a percentagem de estudos de caráter teórico-conceptual. Já em relação aos temas privilegiados nos trabalhos analisado, a política (34,1%), o estado da investigação científica (12,6%) e as questões de género (12,6%) são os mais visados, perfazendo 59,3% da amostra total. No caso dos temas privilegiados nos artigos, a política destaca-se e, de certa forma, podemos deduzir que os trabalhos que têm a imprensa como objeto de estudo acabam por abordar este tema, seguindo assim uma linha de estudos de framing que produz trabalhos empíricos centrados no papel do jornalismo e sobretudo dos conteúdos produzidos pelos jornalistas e que podem servir aos atores do campo político como os assessores e os “spin doctors”. Neste contexto importa também perceber quais as técnicas metodológicas mais utilizadas, uma vez que as ferramentas usadas para a recolha dos dados nos permitem compreender, de certo modo, o intuito dos trabalhos que recorrem à teoria do enquadramento.

Fonte: elaboração própria

Gráfico 1 Técnicas metodológicas utilizadas nos artículos empíricos 

Os dados apontam, assim, no sentido de um equilíbrio entre duas técnicas que têm origem em paradigmas distintos. Se no caso da análise do discurso, falamos de uma ferramenta essencialmente qualitativa, já no caso da análise de conteúdo, é a vertente quantitativa que é privilegiada. Neste sentido, e apesar da diferença ser de apenas 5 artigos, é interessante verificar que as análises discursivas são privilegiadas, talvez porque a análise de discurso compreende ela própria aquilo a que se chama frame analysis, ou seja, funciona enquanto um tipo particular de análise discursiva. É ainda importante referir que, no caso dos estudos centrados na análise de conteúdo, quando aferida a existência de fiabilidade intercodificadores - algo que deve estar sempre presente numa análise de conteúdo - a esmagadora maioria dos trabalhos (89%) não cumpre este importante preceito do protocolo, face àqueles que o têm em conta (11%). Estes dados revelam alguma falta de rigor na aplicação da análise de conteúdo, uma vez que a fiabilidade é fundamental enquanto critério que garante a validade e fidelidade de um determinado trabalho, ou seja, garante que o trabalho pode ser replicado e os resultados não serão afetados.

No que concerne à amostra, e no caso de estarmos a analisar um estudo empírico, verificámos que uma grande percentagem de papers (78%) são desenvolvidos tendo por base uma amostra não probabilística ou de conveniência. Na linha do que vimos anteriormente, estes dados podem explicar-se, por um lado, pela forte dimensão qualitativa dos trabalhos, onde é muitas vezes difícil garantir amostras representativas, e, por outro, pela ausência de procedimentos metodológicos que garantam a possibilidade de extrapolação dos resultados obtidos.

Depois de analisarmos as questões de cariz metodológico, centramo-nos agora no tipo de estudos realizados e na especificidade dos trabalhos sobre framing. Relativamente ao tipo de estudo predominante, há um equilíbrio entre os trabalhos de índole indutiva (51,1%) e de tipo dedutivo (48,1%), com ligeira vantagem para os primeiros. O maior número de trabalhos onde se destaca a indução está ligado ao facto, que vimos anteriormente, de a grande maioria dos artigos ter uma dimensão empírica, ou seja, proceder a uma análise de casos particulares, com o objetivo de identificar um padrão que ajude posteriormente a explicar um conjunto maior de dados. No caso dos trabalhos dedutivos, parece-nos que estes dados estão intimamente associados ao facto de existir um número considerável de artigos centrados em análises mais qualitativas, onde muitas das conclusões não são em muitos casos imediatas e diretas, mas retiradas por dedução.

Já no que diz respeito às dimensões particulares dos estudos sobre framing, verificamos que existem tendências bem vincadas em termos de tipologia e abordagem dos frames (ver Tabela 4).

Tabela 4 Especificidades dos estudos sobre framing 

Fonte: elaboração própria

Os dados recolhidos permitem-nos concluir que a maioria dos artigos (63%) privilegia o framing textual, indo assim ao encontro do conjunto de trabalhos que marcou o início do uso da teoria do enquadramento, mas os dados revelam também que quase um terço dos trabalhos (28,1%) trabalha tanto frames textuais como visuais. O facto de um número considerável de artigos combinar as dimensões textuais e visuais é revelador da forma como os investigadores entendem que a teoria do enquadramento pode servir os seus objetivos e ser aplicada em análises cada vez mais complexas, mas sobretudo complementares.

Quanto à abordagem, a percentagem relativa à abordagem mediático-sociológica (78,5%) presente nos trabalhos é esclarecedora. Nos estudos analisados, podemos ainda constatar que a grande maioria (71,9%) se centra em enquadramentos de tipo específico, ou seja, desenvolvidos especificamente para trabalhar uma determinada temática. Este dado é particularmente interessante porque vai ao encontro da ideia de Gradim (2016) de que existe uma grande variação nos quadros.

“(...) há um grau de subjetividade e variabilidade grande nas molduras que podem ser empregues por diferentes sujeitos numa mesma situação. Frames não são estáticas, são suscetíveis de evolução e de alterações, através de um processo que Goffman metaforicamente apelida de keyings, centrais na transformação de frames...” (Gradim, 2016, p. 38).

Neste contexto, os frames cuja aplicabilidade é válida para vários tipos de estudo, ou seja, que se configuram como genéricos, apresentam uma percentagem reduzida (21,5%).

Concluímos a secção de resultados, com a análise da preponderância da teoria do framing na amostra analisada, relativamente a outras teorias utilizadas nos artigos.

Fonte: elaboração própria

Gráfico 2 Relevância da Teoria do Framing 

Através dos dados do gráfico constatamos que 58% dos papers analisados se desenvolvem teoricamente a partir da teoria do framing, quer como teoria única (20,7%), quer como teoria principal (37,8%). De referir que 11,1% dos papers utilizam a teoria do framing como teoria complementar a outros preceitos teóricos2, sendo que em 37,8% dos casos, a teoria é utilizada como teoria de background ou de contextualização conceptual. A teoria do enquadramento é dominante enquanto teoria principal, ainda que não seja a única, mas funciona também, num número considerável de trabalhos, como background, ou seja, como ponto de partida para a posterior análise empírica que é realizada, como vimos anteriormente.

Em termos multivariáveis, aplicámos uma estratégia utilizada em estudos anteriores (Piñeiro-Naval & Morais, 2019, 2020), denominada Two-Step Cluster Analysis. Este procedimento estatístico, válido quer para variáveis continuas, quer categóricas (Rundle-Thiele et al., 2015), operou com os 6 itens mais significativos, ou seja: a modalidade do estudo; o objeto em que se centra a investigação; a temática; a técnica metodológica; a fiabilidade intercodificadores; e a amostra. A partir desta operação verificámos que o valor em termos de coesão e separação entre os clusters é “0,6”, um valor que garante a qualidade do modelo (Norušis, 2012).

No que diz respeito ao peso dos itens preditores, o método é o elemento mais destacado (valor 1), seguido da modalidade (0,60), a fiabilidade (0,58), a amostra (0,55), o objeto de estudo (0,41) e, finalmente, a temática (0,20). Os três clusters que derivam da análise apresentam um coeficiente de tamanho de “2,15”, um dado que remete para a relativa homogeneidade dos grupos (Tkaczynski, 2017). Na tabela apresenta-se de forma sucinta a caracterização de cada uns dos três modelos de publicação.

Tabela 5 Modelos de publicação (Two-Step Cluster Analysis

Fonte: elaboração própria

Finalmente, estes três padrões foram cruzados com as revistas onde se publicam os artigos, sejam do Brasil ou de Portugal, tentando verificar se existem diferenças relevantes entre as publicações dos dois países.

Tabela 6 Distribuição dos clusters em função das revistas (% coluna) 

Fonte: elaboração própria

Em função dos valores apresentados na tabela, podemos observar diferenças, mas que não são estatisticamente significativas [χ 2 (2, N = 135) = 4,24; p = 0,12; v = 0,177]. No entanto, há uma certa tendência por parte das revistas de Portugal para publicar mais artigos cujo perfil seria o cluster 1 (análise de conteúdo de imprensa tradicional em termos políticos), e nas revistas do Brasil divulgariam mais os modelos 2 (análise do discurso de imprensa tradicional e também em termos políticos) e 3 (revisões teóricas de artigos académicos para fazer um estado da arte na investigação em framing).

Considerações finais

Neste trabalho procurámos mapear a presença e a utilização da teoria do enquadramento nas revistas que mais se destacam no Brasil e em Portugal. Os dados recolhidos não deixam dúvidas quanto à utilização crescente do framing por parte dos autores que publicam nas revistas dos dois lados do Atlântico. A grande maioria dos trabalhos publicados nas revistas científicas analisadas são de cariz empírico, com a teoria a ser utilizada para ajudar a compreender os mais variados fenómenos mediáticos. Apesar das suas raízes interdisciplinares e do seu uso diversificado, não podemos ignorar o facto de serem reduzidos os trabalhos teórico-metodológicos que recorrem a esta teoria. A dimensão analítica que surge associada ao framing, com as suas diferentes tipologias e abordagens, mas também a própria frame analysis, ajuda a explicar o recurso a esta teoria por parte de artigos predominantemente empíricos.

Verificámos também que nos artigos analisados se destacam, em termos temáticos, as questões de teor político e de género. Tal facto pode-se perceber pela importância que estas duas temáticas adquiriam particularmente na última década nos dois países onde as revistas são publicadas. Do ponto de vista político, importa relembrar os vários casos que têm marcado o cenário político brasileiro, destacando-se neste contexto o impeachment de Dilma Rousseff, mas também a Operação Lava Jato. Por outro lado, em Portugal a última década também trouxe várias mudanças em termos políticos, com a entrada da Troika no país e a formação de uma solução governativa que ficaria conhecida como “Geringonça”, a merecerem destaque e a serem alvo que intensa cobertura mediática. Em relação às questões de género, para além dos vários casos relacionados com discriminação e violência doméstica que mereceram destaque pelos media, convém realçar que esta é uma temática que surge nos artigos não apenas de forma isolada, mas muitas vezes também associada a outros assuntos, como a própria política.

Do ponto de vista temático convém ainda realçar o reduzido número de artigos que aborda os fenómenos migratórios. Consideramos que este dado é relevante, por um lado, porque se tem verificado uma tendência de utilização do framing para análise desta temática, mas sobretudo se considerarmos que a Europa vive aquele que é o maior fluxo migratório desde a II Guerra Mundial. O facto de o boom da crise dos refugiados ter sido registado em 2015 pode ajudar a explicar os resultados, pelo que acreditamos que a tendência de afloramento deste tema através do framing será crescente nos próximos anos.

Concluímos também que o framing é ainda uma teoria privilegiada sobretudo para o estudo dos media tradicionais. O aparecimento e a evolução dos meios tecnológicos e de comunicação e informação (Web 2.0, redes sociais, Internet, TIC’s), não têm atraído os investigadores, que continuam a considerar a imprensa escrita como objeto principal dos seus estudos empíricos.

Por último, mas certamente um dos aspetos mais relevantes que os resultados nos permitem concluir, está relacionado com o peso que o framing tem nos artigos analisados, sobretudo quando comparado com outras teorias. Nas revistas da área de Comunicação/Informação analisadas em Portugal e no Brasil verifica-se que esta teoria tem ganho preponderância relativamente a outras, sobretudo no contexto dos estudos dos efeitos de longo prazo. Registamos ainda que este paradigma, que durante muitos anos surgiu sobretudo associado a outras teorias - nomeadamente a agenda setting, o priming ou a teoria dos usos e gratificações -, se tem autonomizado, ganhando força enquanto teoria única ou principal dos artigos. Consideramos que esta tendência está relacionada com o facto de este ser um preceito teórico adaptável a muitos objetos de estudo, temáticas e metodologias, tendo ainda sido utilizado em áreas tão diversas como a Psicologia, a Sociologia, a Linguística ou mesmo a Saúde. No entanto, esta é uma teoria que, por ser utilizada em contextos de investigação tão díspares, poderá ter ainda alguns problemas de operacionalização. O futuro da investigação neste domínio das teorias dos efeitos, deve passar por uma preocupação crescente em termos de rigor da sua utilização. Concluímos ainda que o conjunto de fenómenos mediáticos que marcaram, e continuam a marcar, as sociedades contemporâneas, têm sido terreno fértil para a aplicação desta teoria. Acreditamos que a prossecução de estudos desta natureza, em que se procede a um mapeamento da utilização de uma teoria por investigadores de dois países numa lógica comparativa, contribui para a consolidação dos estudos sobre o paradigma, ao mesmo tempo que abre portas para abordagens distintas e inovadoras.

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1 No apêndice final podem-se ver os dados de fiabilidade de cada uma das variáveis do codebook.

2Dos 15 papers que utilizam a teoria do framing como complemento a outros paradigmas, em n = 9 associam-na à teoria da agenda setting, ou seja, em 60% dos casos.

Anexos

Anexo 1. Variáveis de análise

Objeto em que se centra a investigação, seja um meio de comunicação, um suporte documental ou, inclusivamente, os próprios recetores da informação. Esta variável podia adotar os seguintes valores: 1 = imprensa tradicional; 2 = imprensa online; 3 = revistas, suplementos; 4 = televisão; 5 = rádio; 6 = Internet, TIC’s; 7 = redes sociais, elementos Web 2.0; 8 = spots publicitários; 9 = videojogos; 10 = artigos científicos, investigação académica; 11 = outros objetos; 12 = vários objetos; 13 = recetores da comunicação; 14 = agência de notícias.

Temática do estudo, cujas opções de resposta são: 1 = cobertura informativa em geral, temas variados; 2 = política, campanhas eleitorais, movimentos de ativismo político; 3 = movimentos sociais e ativismo cívico; 4 = saúde; 5 = economia, finanças; 6 = Conflitos bélicos, processos de paz, terrorismo ou violência; 7 = fenómenos migratórios, multiculturalismo ou minorias étnicas; 8 = comunicação estratégica e corporativa; 9 = conteúdos persuasivos e publicitários; 10 = ecologia e meio ambiente; 11 = estado da investigação académica; 12 = outras; 13 = questões de género.

Modalidade do estudo (Martínez-Nicolás e Saperas, 2016), onde se contempla: 1 = empírico (quando se analisa uma realidade ou fenómeno associados ao framing); 2 = teórico-conceptual (quando se expõem e discutem teorias e conceitos ou se elaboram estados da arte); 3 = metodológico (propostas sobre métodos, técnicas ou procedimentos de investigação); 4 = misto, combinando várias modalidades; 9 = não aplicável.

Tipo de estudo (de Vreese, 2005; Semetko e Valkenburg, 2000), podendo ser: 1 = indutivo, descritivo (os enquadramentos emergem do material analisado no decurso da análise); 2 = dedutivo, explicativo (são definidos e operacionalizados mediante investigações prévias); 3 = ambos; 9 = não aplicável.

Técnicas metodológicas utilizadas (Saperas e Carrasco-Campos, 2015), onde se incluem: 1 = análise de conteúdo manual; 2 = análise de conteúdo computadorizado; 3 = inquérito; 4 = investigação experimental; 5 = análise de discurso; 6 = entrevistas de profundidade; 7 = grupos focais; 8 = meta-análise; 9 = análise bibliométrica, cibermétrica; 10 = estudo qualitativo de caso; 11 = várias técnicas; 12 = não aplicável.

No caso de efetuar uma análise de conteúdo, são reportados os dados relativos à fiabilidade intercodificadores? As respostas são: 0 = não se reportam; 1 = sim, reportam-se; 9 = não aplicável.

A amostra de casos/indivíduos contida no estudo é: 1 = não probabilística, de conveniência, não representativa; 2 = probabilística, aleatória, representativa; 9 = não aplicável.

Outras especificidades dos estudos considerados foram as seguintes:

Trata-se de um estudo centrado em (Muñiz et al., 2008): 1 = framing textual; 2 = framing visual; 3= ambos; 9 = não aplicável.

Trata-se de uma investigação cuja aproximação é (de Vreese, Peter y Semetko, 2001; Scheufele, 1999): 1 = mediática, sociológica (media frames ou frames in communication); 2 = individual, psicológica (frames in thought, audience frames ou individual frames); 3 = ambas; 9 = não aplicável.

No estudo trabalha-se com enquadramentos (Entman et al., 2009): 1 = genéricos (generic frames); 2 = específicos (issue-specific frames); 3 = ambos; 9 = não aplicável.

Construção teórica da investigação (Borah, 2011; Saperas e Carrasco-Campos, 2015), cujas opções são: 1 = teoria única e exclusiva; 2 = teoria principal; 3 = teoria complementar ou secundária; 4 = teoria com uma função contextual ou de background; 9 = não aplicável.

Anexo 2 Fiabilidade das variáveis do livro de códigos 

Fonte: elaboração própria

Rafael Mangana é Mestre e Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior. É, atualmente, doutorando em Ciências da Comunicação na mesma instituição, onde é também investigador no LabCom - Comunicação e Artes. ORCID-ID: https://orcid.org/0000-0002-5900-2217 Endereço institucional: Universidade da Beira Interior - Rua Marquês de Ávila e Bolama, 6201-001 Covilhã (Portugal)

Valeriano Piñeiro-Naval é Doutor em Comunicação Audiovisual, Revolução Tecnológica e Mudança Cultural pela Universidad de Salamanca, onde trabalha como Professor Auxiliar no Departamento de Sociología e Comunicação. ORCID-ID: http://orcid.org/0000-0001-9521-3364 Endereço institucional: Av. da. Francisco Tomás y Valiente s/n, 37071, Salamanca (España)

Ricardo Morais é Doutor em Ciências da Comunicação e Mestre em Jornalismo pela Universidade da Beira Interior (UBI). Atualmente é Professor Auxiliar no IADE - Universidade Europeia e Professor Auxiliar Convidado na Universidade da Beira Interior. ORCID-ID: https://orcid.org/0000-0001-8827-0299 Endereço institucional: Universidade da Beira Interior - Rua Marquês de Ávila e Bolama, 6201-001 Covilhã (Portugal)

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