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Acta Portuguesa de Nutrição

versión On-line ISSN 2183-5985

Acta Port Nutr  no.32 Porto mar. 2023  Epub 20-Ago-2023

https://doi.org/10.21011/apn.2023.3201 

Editorial

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Nuno Borges1 

1Diretor da Acta Portuguesa de Nutrição


O título, que devemos a William Shakespeare mas que se tornou mais conhecido graças à extraordinária novela de Aldous Huxley, publicada em 1932, inicia uma história num futuro distópico, onde os avanços científicos vão sendo usados para determinar uma sociedade totalmente controlada, onde cada membro pertence a uma hierarquia rígida e da qual não pode, nem pensa em, escapar.

Serve este breve introito para enquadrar um dos artigos deste número 32 da Acta Portuguesa de Nutrição, da autoria de Mota e colaboradores, e onde é feita uma revisão sobre o papel das tecnologias digitais no tratamento das doenças do comportamento alimentar. As tecnologias abordadas no artigo são várias e apenas possíveis graças a avanços inimagináveis até há bem pouco tempo. Assim, são abordadas tecnologias desde as mensagens via telefone até à realidade virtual e conclui-se que, apesar de limitações nos estudos, os resultados até agora obtidos parecem ser promissores no tratamento, que sabemos difícil, deste grupo de doentes. A pandemia COVID-19 acelerou, indubitavelmente, alguns destes processos que podemos chamar globalmente de teleconsulta e proporcionou um salto quântico assinalável no uso destas tecnologias pelos profissionais de saúde, na qual se incluem, naturalmente, os Nutricionistas.

Mas, exceto para os mais atentos a estes fenómenos, nada nos preparou para o aparecimento, em novembro de 2022, do site de Inteligência Artificial, Chat GPT, empresa norte-americana OpenAI. Cremos que nem a mente brilhante de Aldous Huxley podia prever um salto tão radical na tecnologia, que pelo menos para a generalidade das pessoas, ficou disponível de um dia para o outro. As consequências da sua disponibilização quase universal estão ainda muito longe de ser percebidas e abarcarão muitos (todos?) os setores da sociedade. Interessará aqui, no contexto de uma publicação científica como a Acta Portuguesa de Nutrição, começar a perceber qual o papel desta tecnologia no processo de publicação de artigos. Em janeiro deste ano de 2023, uma notícia no website da prestigiada revista britânica Nature dava conta, por exemplo, das dúvidas dos editores em considerarem este programa como autor de artigos científicos. Por outro lado, devido ao seu modo de funcionamento (simplisticamente, o programa “apenas” prevê a melhor sequência de palavras para uma determinada resposta), as pesquisas de artigos científicos feitas por esta via têm revelado uma taxa de falibilidade relativamente elevada e que legitima dúvidas acerca do seu uso indiscriminado por investigadores. Este é também um desafio acrescido para todos os que têm por missão manter uma publicação científica como esta, onde as facilidades proporcionadas pela inteligência artificial não podem comprometer o rigor científico exigido. Pela sua relevância, este é um tema ao qual certamente voltaremos neste espaço.

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